OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING...

By autoralotorino

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❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe u... More

SINOPSE COMPLETA
DISCLAIMER
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
Capítulo sem título 18
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
C A P Í T U L O XXI
C A P Í T U L O XXII
C A P Í T U L O XXIII
C A P Í T U L O XXIV
C A P Í T U L O XXV
C A P Í T U L O XXVI
C A P Í T U L O XXVII
C A P Í T U L O XXVIII
C A P Í T U L O XXIX
C A P Í T U L O XXX
C A P Í T U L O XXXI
EPÍLOGO
Notas Finais + Amazon

C A P Í T U L O XX

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By autoralotorino

Samantha inclinou a cabeça para o lado, pensativa. Seus olhos esverdeados estreitaram-se em um misto de curiosidade e desconfiança. Ela fitou lady Eliza que no momento terminava de dar instruções para a disposição das malas na carruagem. A terceira tinha objetos de porcelana, então não poderia ficar por baixo, e se a primeira fosse em cima poderia abrir e as roupas dela poderiam voar pela estrada. Havia uma ordem correta.

A Srta. Duncan pigarrou.

— Está tudo bem com você, Liz?

Eliza concordou imediatamente. Isso causou ainda mais estranhamento em Samantha, pois geralmente — a não ser em momentos mais acalorados — a amiga costumava pensar bem antes de qualquer resposto. Aquilo havia sido muito rápido.

— Liz...

Perfeitamente bem, Samantha. Por que tamanha preocupação repentina? Oras.

— Não sei. Você parece... Diferente.

Eliza enrijeceu-se momentaneamente nervosa, mas por fim deu de ombros, sorrindo. Ela estendeu para o criado a última bagagem e pegou sua maleta de mão com objetos pessoais e de uso diário.

— Estou diferente, pois estou entusiasmada para chegar a Somerset. Você sabe como ninguém como eu amo nossa casa de campo.

— Sim, sim... — Samantha sorriu fraco, um tanto desconfiada, mas decidindo que deixar aquela história era a melhor opção — deve ser isso mesmo.

Eliza assentiu. Ela desviou o olhar da amiga por um segundo, assistindo a amarração que os funcionários faziam com as malas no fundo da carruagem. Era melhor assistir aquilo do que encarar Samantha e entregar mais ainda que sim, havia algo muito diferente com ela. Eliza havia dormido com um homem. Não, não um homem qualquer. Frederick Morley.

E depois tinha o expulsado de sua casa. Sim, definitivamente ela era uma pessoa diferente do que a última vez que se viram. Em vários sentidos.

Entretanto a Srta. Hedwig apareceu para ajudar o rapaz com as malas. Ela sabia como ninguém organizar objetos em perfeito alinhamento e como as porcelanas não podiam mesmo ficar embaixo dos sapatos. O olhar da acompanhante, porém, cruzou-se rapidamente com o de Eliza. A jovem encolheu-se. Era melhor olhar para uma amiga curiosa ou para a criada que havia testemunhado de perto o escândalo com lord Morley? Nenhuma, Eliza pensou. 

A salvação de Liz, porém, foi outra pessoa. Eliza conseguiu ver um ser loiro, de bochechas rosadas e um metro e sessenta se aproximando aos pulos. Tratava-se sem dúvida da Srta. Hawkins que pela graça do bom Deus veio se despedir da amiga, salvando-a do eminente pânico. Ela sorriu, fazendo uma mesura cordial para todos na calçada.

— Olá, Liz. Fico feliz por ter chego a tempo. Não iria me perdoar se você partisse sem que eu me despedisse...

— Assim como você não se despediu de Ronnie, hum? — Samantha provocou com um sorriso divertido.

— Ah, sim. Infelizmente agora é tarde demais. Ela está no sul, não é? — Bridget indagou. E então, sem resposta, voltou-se diretamente para Eliza — Liz. Lady Ronnie está em Wiltshire, não está?

— A Sra. Paine, — lady Eliza corrigiu quase rispidamente — e sim. Está em Wiltshire.

Bridget estreitou os olhos azuis. Diferentes dos de Eliza não havia um tom vivaz e indiscreto em seu olhar. Os olhos de Bridget eram calmos e serenos. E por isso ela era Bridget Hawkins, sempre doce, calma e angelical. Um reflexo perfeito de seus olhos.

— Está tudo bem com você? Poxa eu...

— Desculpe, Bridie. É que me lembrei de que também não consegui me despedir de Ronnie, — explicou — mas ela volta no final da temporada. E irei escrever.

— Escreva para nós também! — Samantha sorriu — Quero saber tudinho sobre a viagem e sobre sua estadia lá. Espero que sejam dias ensolarados e alegres.

— Sem dúvida.

Eliza sorriu fraco. Somerset era sua esperança para esfriar a cabeça. Lá nunca havia preocupações. Era apenas ela e a família, sempre juntos e felizes, aproveitando o sol e o frescor que o campo tinha para oferecer. Tudo de ruim que Londres causava ficaria para trás. Frederick ficaria para trás. Sim, sim. Eliza tinha que garantir que nunca mais haveria nenhum vestígio de Morley em sua vida. Ela sabia as possíveis consequências de ter se deitado com ele, mas duvidava que estivesse esperando um filho do marquês. Pelo menos não era nem de longe seu desejo.

Seu desejo era esquecê-lo. Simplesmente.

— Hum... Ei, Bridie. — Eliza chamou.

A Srta. Hawkins voltou-se para ela no mesmo momento. Seus cílios claros cintilaram ao som enquanto a moça os piscava freneticamente.

— Sim?

— Passarei um tempo fora, mas não quero que Londres me esqueça. Não quero que Barclay me esqueça, — Liz disse fazendo o possível para esconder o descontentamento com as próprias palavras — você pode dizer a ele, por favor, que pensei nele antes de partir? E que sem dúvida alguma sentirei muito sua falta em meus dias afastada da sociedade.

Tanto Bridget quanto Samantha parecem surpresas com as palavras de Eliza. Bridget mais horrorizada do que surpresa. O olhar de Samantha recaiu sobre a amiga da maneira que Liz mais odiava. Com um olhar de pena. Por que diabos a Srta. Duncan estava com pena de Eliza? Ela estava perfeitamente bem e ao menos tinha um rapaz aceitável cortejando ela. Samantha nem isso tinha e...

— Bem... — Bridget franziu o cenho — Digo sim. Mas só para garantir, nós estamos falando daquele Barclay Jones, não é? O que te pediu em casamento, adora tons de marrom e gosta de fazer imitações?

Eliza concordou com a cabeça. Eram boas imitações. Exceto a da Sra. Permoly. Ele não deveria ter feito uma voz tão fina naquele dia. Ainda assim essa era sua resposta. Ela iria dar uma chance para o Sr. Jones e talvez se casasse com ele. Se não fosse Barclay, bem, não seria ninguém. O que também não seria muito ruim. Arrg! Eliza estava confusa.

De qualquer forma nem a Srta. Hawkins nem a Srta. Duncan tiveram chance de investir naquele assunto. Julian Stanley aproximou-se gloriosamente, trazendo Pippa em uma das mãos e uma mala na outra. O cãozinho animou-se ao ver a dona, mas rosnou para Bridget por alguma razão. A loirinha fez uma careta.

— Senhoritas... — Stanley as cumprimentou. Em seguida sorriu largamente para Eliza. — E minha querida Lizzy. Está pronta agora? Consegui encontrar minha última mala.

Ela concordou com a cabeça. Acariciou rapidamente o pelo curto de Pippa antes da Srta. Hedwig se aproximar para levá-la para casa. Havia sido muito doloroso para Eliza se despedir de todo mundo. Principalmente de Vieniamian Stanislav. Ele era um poodle tão frágil e delicado.

— Acho que está na hora de partir, — Liz sorriu fraco — obrigada por virem se despedir. Aproveitem todos os bailes enquanto eu estiver fora.

As duas concordaram. Elas aproveitariam como sempre aproveitavam: tomando chá de cadeira. Sem ser por essa razão, tentariam se divertir o máximo possível, assim como Eliza. Primeiro Samantha aproximou-se, atirando-se nos braços de Eliza e apertando-a com força. A morena chegou a tossir.

— Uau, Sam. São só algumas semanas.

— Sentirei sua falta. Traga flores de Somerset quando voltar, sim?

Lady Eliza sorriu.

— Montarei um buquê só para você.

Depois foi a vez de Bridget. Ela não foi tão calorosa quanto Samantha, mas foi capaz de abraçar a amiga. Porém seus olhos ainda estavam estreitos, não convencida da ideia de incentivar os sentimentos de Barclay. Por Deus, Eliza era filha de um conde rico e influente. Poderia conseguir alguém melhor do que ele.

— Até mais, Bridie. Tente não assustar nenhum rapaz.

A Srta. Hawkins arqueou uma sobrancelha sem achar graça. Realmente, a intenção de Eliza nunca tinha sido ser engraçada. A Srta. Duncan, porém, sorriu muito alegre. Ela tirou o chapéu para poder acenar para lady Eliza.

— Boa viagem! Boa viagem!

Liz concordou com um sorriso e entrou na carruagem. Stanley já estava bem acomodado, arrumando as cartas em cima de uma mesa colocada entre os bancos do veículo. Ao menos eles teriam uma boa distração no caminho. Eliza sentou-se e não tardou para que o condutor iniciasse o galope dos cavalos. Finalmente ela pôde relaxar. Estava na companhia de um homem especial, indo para um lugar especial para encontrar outras pessoas especiais. Estava deixando, aos poucos, Londres.

E isso era maravilhoso.

— Será um bom verão, Lizzy. — Stanley disse entregando as cartas para ela.

Lady Eliza concordou.

— Espero que sim, Julia. Espero mesmo... — A voz de Eliza ainda estava tensa.

Stanley era a melhor pessoa para descontraí-la. Ele sorriu, chutando-a de brincadeirinha por debaixo da mesa e atirando a primeira carta no centro. Liz mordeu o canto dos lábios, jogando seu nove de copas.

— Não se preocupe em deixar suas fiéis escudeiras em Londres, Lizzy. Elas vão sobreviver sem você.

Eliza riu.

— Ah, sim... — e descansou o corpo no estofado — sei que vão.

...

— As coisas sem Eliza conseguem ser piores do que quando estamos com ela — Bridget rosnou.

Samantha deu de ombros. Desde que chegaram ao baile dos Greaves, Bridget não havia parado de reclamar. Havia uma série de problemas listados por ela, mas nenhum deles chegava perto de ser real. Tudo no baile irritava a Srta. Hawkins pelo simples fato de que, mais uma vez, ninguém estava dando atenção para ela. E Bridget achou que iria arrasar corações usando um vestido laranja com verde limão...

— Ali! — ela apontou para o meio do salão.

Samantha estreitou os olhos. Ela estava sentada e comendo. Nesse momento a Duncan só tinha olhos para a torta de amoras que haviam servido. Nem se importava mais com danças ou flertes. Aquela torta de amora era tudo em sua vida.

— O que tem ali? — Samantha perguntou com os farelos voando para fora de sua boca.

Bridget fez uma careta de nojo, mas não se afastou da companheira. Ela discretamente inclinou a cabeça exatamente até o centro do salão onde uma figura conhecida conversava com Virginia Waldorf. Imediatamente Samantha entendeu o que Bridget quis dizer.

— Ah... Barclay. — A Srta. Duncan terminou seu pedaço de torta — Nós tínhamos que dizer algumas coisas para ele, não é?

— Sim, asneiras de Eliza — Bridget respondeu — será que ela não vê que consegue algo melhor do que ele? Um barão pelo menos...

— O amor não olha títulos.

— Mas ela definitivamente não está apaixonada. Não por Jones, ao menos. Nós conhecemos Eliza suficientemente para saber que ele não é o tipo de homem que atrai a atenção dela — Bridie disse, dando de ombros logo em seguida.

Samantha foi obrigada a concordar.

— Entretanto, foi um pedido dela. E eu adoraria salvar lady Virginia dessa. Ela não parece estar gostando nadinha da conversa.

A Srta. Hawkins arqueou uma sobrancelha.

— Aposto que é a imitação da Sra. Permoly — disse — agora venha. Vamos até lá.

Samantha concordou, levantando-se e tirando todas as migalhas do vestido. Bridget nem ao menos fez questão de esperá-la, ela partiu na frente e bufou ao perceber que Samantha não estava a acompanhando. Elas entrelaçaram os braços e continuaram avançando entre a mordaz multidão — que parecia sempre perfeitamente preparada para devorá-las vivas.

— Samantha, você não pode me deixar sozinha no meio de tanta gente — rangeu os dentes.

— Eu estava tirando as migalhas do meu vestido. Ou você acha que seria inteligente desfilar pelos salões londrinos com pedaços de torta de amora dent... — A Srta. Duncan grunhiu — Ei, você me beliscou? Nós...

Ela calou-se. Haviam chegado até Virginia e Barclay e ele com certeza estava fazendo a imitação da Sra. Permoly. Bridget suspirou. Aceitava passar mais uma noite tomando chá de cadeira, mas a imitação de Permoly já era demais.

— As senhoritas Hawkins e Duncan. Que maravilha! — lady Virginia parecia estar dando graças aos céus pela interrupção — Ótimo, pois eu já estava de saída e agora o Sr. Jones tem novas companhias.  Tenho uma dança.

Eles assentiram. Virginia provavelmente queria mesmo fugir de Barclay, mas não era de se admirar que ela tivesse realmente uma dança. Filha de um visconde, com um dote considerável, cabelos loiro-queimados e belos olhos acinzentados, Virginia Waldorf poderia ser considerada um dos sucessos da temporada. Não era atoa que foi vista dançando até com o desejado marquês de Normanbury.

— Foi uma ótima conversa, milady. Passar bem e tenha uma esplendorosa noite. — Barclay sorriu. Suas palavras pareciam exageradas, mas ele era sincero.

Um homem bom. Verdadeiramente bom, generoso e simpático. Não dono de uma grande fortuna, mas suficiente para ter uma vida confortável. Não arrebatadoramente bonito, mas com um charme natural no olhar e sorriso afetuoso. Um homem na medida. E por isso elas sabiam que ele não combinava com Eliza.

Nada em lady Gunning estava na medida correta. Ou faltava, ou transbordava. E tratando de uma paixão... Ah, ela deveria transbordar. Deveria ser arrebatadoramente transbordante. Se não... Se não, não seria Eliza Gunning.

— Lady Eliza deixou um recado para o senhor! — Samantha sorriu.

O Sr. Jones sorriu, visivelmente surpreso e entusiasmado.

— Deixou?

A Srta. Hawkins acenou no ar. Estava cansada e queria voltar para a mesa e para a torta de amoras.

— Sim, sim — Bridget respondeu — ela disse que pensou em você antes de partir e que sem dúvida alguma sentirá a sua falta nos dias que estará longe de Londres. Agora minha querida amiga está em Somerset, como deve saber.

Barclay sorriu mais ainda. Samantha e Bridget não conseguiram ser antipáticas e sorriram de volta. Graciosamente os três formaram um ciclo de cumplicidade no meio do salão. O rapaz mordeu os lábios, contendo o sorriso e pensando sabiamente nas palavras antes de proferi-las. Samantha achou graça.

— Escreverei para milady. Direi que também sinto sua falta. Londres não é a mesma sem ela. Perde todo seu brilho...

— Oh, Sr. Jones... — Bridget piscou inúmeras vezes — Isso é verdadeiramente romântico.

— Coloque isso na carta! — Samantha disse — Sem dúvida ela irá suspirar.

Jones concordou. Todos estavam atipicamente alegres e o momento tornou-se agradável por cerca de outros dez segundos. Em meio a sorrisos e suspirou alguém pigarreou bem ao lado deles. Os três voltaram-se em direção ao corpo alto e forte de um homem com vestes negras. Eles permaneceram em silêncio até que os olhos pesados de Frederick caíram sobre os três.

— Lord Morley. — Barclay, Samantha e Bridget murmuraram no mesmo instante.

— Srta. Hawkins. Srta. Duncan. Sr. Jones — lord Morley resmungou — boa noite.

Samantha pigarrou também. Ela sentiu que deveria tomar as rédeas da situação. Bridget era retraída demais para dirigir-se ao homem e Barclay... Ele poderia tomar conta de uma interação social caso um marquês imponente não estivesse olhando para ele de maneira sanguinária. A Srta. Duncan forçou um sorriso que saiu mais amarelo do que o previsto.

— Apreciando o baile, milorde?

— Escutei sem querer parte da conversa de vocês. Desculpem-me a indelicadeza, mas eu poderia saber quem deixou os cumprimentos para o Sr. Jones?

Barclay estreitou os olhos. De onde havia surgido o interesse repentino de lord Morley em sua vida? Eles nunca haviam sido próximos, nunca havia trocado cumprimentos e muito menos conversado abertamente sobre a vida pessoal. O que diabos ele queria? A Srta. Hawkins também ficou igualmente intrigada e não respondeu. Não surpreendentemente foi Samantha Duncan quem se pronunciou.

— Lady Eliza, milorde. — Samantha disse com a voz rouca.

Frederick assentiu, arqueando uma sobrancelha. Ele pareceu processar a informação por cerca de cinco segundos e depois seu olhar transformou-se. Agora definitivamente havia sede de sangue nos olhos de lord Morley. Ele cerrou o punho discretamente e esforçou-se para aparentar estar calmo, mas sua pele era clara e pálida. Era. Agora estava vermelha, pulsando de raiva.

— Então lady Eliza está mantendo a mente bem ocupada em Somerset, hum? — houve a impressão de que ele tentou soar divertido, mas passou bem longe disso.

— Infelizmente não posso oferecer um mísero penny pelos pensamentos dela nesse momento, lord Morley — O Sr. Jones disse esforçando para rir, aliviando o clima.

Nada foi aliviado para Frederick. Ele se aproximou do homem olhando no fundo de seus olhos.

— Eu pagaria um milhão de libras.

Jones franziu o cenho. As senhoritas começaram a cochichar.

— Como?

— Eu. Pagaria. Um...

— Lord Morley! — Uma vez feminina o chamou.

A voz suave e melodiosa da Srta. Scales foi suficiente para acabar com a pressão de Frederick sobre o pobre Sr. Jones. A moça estava há alguns metros deles, usando um vestido cor de rosa e se abanando com um leque da mesma cor. Sua intenção foi interromper um momento de tensão, mas sua beleza e majestosidade deixaram todos mais desconfortáveis ainda. As senhoritas sentiam-se inseguras perto dela e Jones... Ele era homem. O efeito de Cassandra Scales neles era completamente avassalador.

Frederick voltou-se para ela sem ânimo algum. Cassandra o fuzilou com o olhar.

— Boa noite, Srta. Scales. — Morley resmungou com a voz repleta de cinismo.

Por sorte Cassandra era a rainha do sarcasmo. Ela se aproximou com um sorriso falso e fez uma mesura afetada para os presentes. Inclusive, aproveitou-se do momento para olhar de cima abaixo para Bridget e fazer uma careta, completamente horrorizada.

— Laranja e verde limão. Sério, Srta. Hawkins?

Bridget se encolheu.

— O quê?

A Srta. Scales concentrou-se em qualquer coisa além do crime da moda que a Hawkins havia cometido. Ela arqueou uma sobrancelha, voltando-se para os rapazes e evitando contato visual com as senhoritas. Ao menos Samantha havia sido sabia em escolher um clássico tom esverdeado que ressaltava seus olhos.

— Nada, querida. A sua escolha de peças é intrigante demais para que eu possa ao menos olhar.

Bridget choramingou. Cassandra sorriu.

E Frederick revirou os olhos estratosfericamente.

— Algum problema, lord Morley? — Cassie indagou.

— A senhorita me chamou para comentar sobre o vestido da Srta. Hawkins? Não sou o melhor em moda feminina, sinto dizer.

— A última coisa que quero comentar é sobre aquilo. Sem ofensas, querida. — Ela disse. Obviamente ofendeu. — Eu só queria avisar que lord Alberdeen e lord Crosby estão pensando em ir para a outra sala com os cavalheiros.

— E eles não poderiam vir dizer?

Ela estreitou os olhos como se dissesse ''Ei, eu acabei de impedir que você fizesse uma besteira e você está sendo ingrato?'' e Frederick respondeu com ''Eu não pedi para que você me impedisse de nada''. Os dois continuaram se encarando com os olhos estreitos por outros bons segundos. Ninguém queria dar-se por vencido.

O Sr. Jones tossiu.

— A senhorita poderia me conceder a próxima dança?

Cassandra olhou para o homem de cima abaixo.

Infelizmente tenho a próxima dança reservada, mas porque não dançar com a Srta. Hawkins? Ela vai deslumbrar o salão com essa ótima escolha de cores.

Morley suspirou. Cassandra era cruelmente cruel. Sim, apenas cruel.

— Estou indo. — Frederick resmungou — Adeus.

A Srta. Scales piscou.

— Indo?

— Embora — completou — adeus.

Os quatro estranharam, mas não houve tempo para protestos. Lord Morley foi até os companheiros lord Alberdeen e lord Crosby com os olhos fervilhando. Entretanto os homens pareciam alegremente bem. Como a vida era injusta.

— Como estava a conversa? — Crosby perguntou com um sorriso simpático.

— Terrivelmente ofensiva. Vamos embora.

Crosby grunhiu. Alberdeen tomou o resto do vinho.

— Ir embora? —Aaron estreitou os olhos — Nós acabamos de chegar.

Nós precisamos ir embora, entendeu?

Não. Crosby não conseguiu compreender.

— Não.

— Estou convocando uma reunião. Lembra-se de Eton quando precisamos conversar sobre algo sério e uma reunião era convocada? Então. Está acontecendo.

Aaron assentiu. James, por outro lado, o analisava friamente.

— Ir embora porque, Morley? Qual o motivo da reunião?

E, envergonhado das próprias palavras, Frederick confessou:

— Lady Eliza Gunning.


~~~

Desculpe a demora e desculpe pelos comentários não respondidos. Leio todos, mas com os estudos e outras coisas tudo está muito corrido! Prometo que vou tirar um tempinho para responder todos eles <3 Continuem comentando, votando. Esse retorno é muito importante. Beijão.

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