O anjo da guarda

By _Bibysilence_

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"Neste momento estou cercada pelas pessoas mais preciosas da minha vida, prestes a decidir sobre o destino de... More

Introdução pessoal da autora
Prólogo
Capítulo 2

Capítulo 1

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By _Bibysilence_


19:00

Em uma cidade chamada Nurvines, Spencer estava cantarolando pela sala de estar enquanto gentilmente e calmamente procurava pelo telefone de um táxi, que de acordo com ele: sabia que havia anotado em algum lugar.

E sua esposa Cristhine respirava calmamente e contava até 10 com a esperança de que não fosse dar à luz a seu filho primogênito na sala de estar de sua casa, às onze e meia da noite.

E eu? Bom, estava ali do lado observando tudo.

-Amor! -disse Cristine- você poderia ir rápido com isso?

-Estou indo rápido - disse Spencer- estava por... aqui! Achei!

Eu não sei o que se passa na cabeça de humanos, principalmente a de Cristhine mas algo me diz que se ele não tive proferido essa última palavra, agora ela estaria grudada no pescoço dele.

23:40

Eu não gosto de presenciar partos, sempre permaneço do lado de fora.

Para que eu vou ver mais sangue? Sangue é algo cansativo quando se tem 1.500 anos e já foi o anjo da guarda de muitas pessoas.

00:01

Ele nasceu, eu posso sentir isso, literalmente minhas asas se abrem e a cada nova vida ela assume uma aura diferente, essa aura me parece forte, mas delicada também.

Agora começa uma das tarefas de se ser um anjo da guarda, não se aproximar do seu humano.

É bem tosco eu sei, mas é assim que se sobrevive hoje em dia, imagine se eu me apegasse a mais de cinquenta vida que já cuidei... seria bem bizarro e deprimente. Afinal foi ontem que presenciei a morte do meu antigo humano, se eu já não fosse acostumada como muitos anjos de primeira viagem, agora eu estaria inconformada ou em prantos (apesar de que sou impossibilitada de chorar), mas a realidade é que não me dói mais.

Depois de um tempo vou até o quarto aonde o pequeno está, a mãe está dormindo e ele logo ao lado.

Ele é pequeno, bochechas rosadas, de uma pele de extrema delicadeza, me parece saudável e bem perspicaz. Ele me vê e sorri.

Sim, crianças vem anjos. Podem nos enxergar até uma certa idade, até suas lembranças serem apagadas para que não tenham um colapso com o nosso mundo e deles. Isso é extremamente importante porque somos nós que guiamos eles em conselhos como "não coloquem o dedo nessa tomada". E é claro que apenas guiamos, afinal a maioria não escuta, mas pelo menos ganhamos boas histórias no futuro porque uma certeza é que nunca são as mesmas reações, elas só evoluem e isso é engraçado.

Me aproximo mais da criança, seus olhos são... violetas? Ok, a primeira criança que possui os olhos da mesma cor dos meus, gostei disso, afinal como eu disse, vocês só evoluem.

Dia 31/12/2019

O aniversário de 18 anos de Victor, ele estava...discutindo com Cristhine, só espero que não sobre para mim.

-Não vou usar! - gritou Victor.

Cristhine era o tipo de pessoa que nunca deixa com que sua plenitude seja abalada e mesmo aos gritos de Victor, ela se mantinha concentrada em seu propósito de pedir a ele que usasse o terno de seu pai na festa em família que ela havia planejado. Cristhine possuía olhos castanhos e cabelos escuros como eu disse anteriormente, sempre calma então isso se passava para suas roupas todas com cores, como branco, creme, azul... core que nos transmitem e em sua maioria vestidos sempre fora apaixonada por vestidos.

Ela respira fundo.

-Victor, esse foi um pedido de sua avó... só pense nisso é uma comemoração importante.

-É só mais um aniversário!

Eu não tirava as razões de Victor, era só mais um aniversário e ele nunca foi de usar terno ou qualquer coisa do tipo, suas roupas se resumiam a moletom e tênis. Mas eu sabia o significado de usar aquele terno, não era qualquer terno, era de Spencer... seu pai faleceu quando tinha apenas sete anos e... bom foi de uma falta tremenda...

- Olhe, tenho que organizar umas últimas coisas – diz Cris se retirando do quarto- só pense nisso.

Com isso fecha a porta atrás de si e Victor se vira para mim.

- Consegue imaginar isso? - diz.

Ah claro! Lembra o que eu disse sobre os humanos não poderem nos ver depois de um certo tempo, isso sempre deu certo... só não agora. Victor conseguia me ver e eu realmente achava espetacular, nunca pude me comunicar com humanos e ele me dava liberdade para isso. Eu não sabia por que aquilo ocorria, mas eu amava... era nosso segredo.

- Não a leve a mal- respondi- ela sente falta do seu pai.

-Eu também, mas... isso é bizarro!

Ele está certo.

- É galanteador o terno- disse.

-Galanteador? Violeta!

Ri.

- Talvez ela precise de alguma coisa, algo para que sinta seu pai aqui. Sei que você não costuma ser tão sentimental, mas faz um esforço, sabe mais do que qualquer um como Spencer fez falta.

- Ok...

Ele não estava "ok", mas é renunciar a certas coisas por quem amamos eu entendia isso, nosso lema de anjo e era só um terno, ia ficar tudo bem.

O pôr do sol, merda.

- Tenho que voltar.

- Mas já? - disse Victor- não que eu precise tanto que me ajude em casa, mas... vai vir mais tarde.

Corri até a varanda.

-Primeiro essa pergunta me ofende, sabe quantas vezes mais você bateria o mindinho do seu pé nos móveis se não fosse por mim?

- As vezes em que eu bati...você deixou!

Ri.

- Eu já disse para não correr e eu também perco a paciência.

E haja paciência com esse moleque.

- Mas continuando... eu venho sim, até parece que vou perder uma festa.

Ele riu e meu único pensamento foi "Eu vou sentir falta desse garoto...".

Abri minhas asas e me lancei pelo céu.

Eu sempre amei voar, a sensação de liberdade e é lógico amava meus irmãos.

Não era meus irmãos, afinal não posso ter uma família, mas Jennifer e Rick eram o que eu possuía de mais perto de ter uma. Falando neles, lá vem a Jenni.

- Atrasada! - disse.

- Eu sei!

Todo dia nós possuíamos uma "reunião" para "melhorar nosso desempenho", para mim era apenas um jeito de nos vigiar, afinal se errarmos algo nossa imortalidade é tirada e nunca foi bom chegar atrasada pois não agradava aos nosso Angelus Patrem.

Angelus Patrem eram os nossos comandantes, responsáveis por nos dar dicas e instruções ou nos cortar quando tiver dado nosso tempo, para ser sincera um bando de velhos que nunca saíram de seus tronos e fingiam acompanhar o avanço do mundo lá fora.

Nos reuníamos em um enorme pátio, com belas poltronas e tronos aonde ficavam os Angelus tudo branco, com detalhes dourados e com lindos relances do azul. Me sentei ao fundo, Rick havia guardado o meu lugar e o de Jenni. Nenhum Angelus havia chegado ainda... isso soava estranho eu é quem devia estar atrasada... havia uma inquietação e sussurros por todos os lados.

- O que houve? - perguntei a Rick.

-Não sei... fizeram tantos boatos e estão dizendo tantas coisas, disseram que o Grande pai chamou Fyero para uma conversa.

Ok, muitos nomes... Fyero era o Angelu em treinamento, muito severo em seu trabalho, mas um ótimo amigo em horas que se precisa de um, a minha maior esperança. Grande Pai? Ele é basicamente nosso rei? Acho que assim fica bem mais fácil de explicar, mas ninguém nunca o viu então as chances de isso ser uma grande mentira era quase que cem por cento.

Quando os Angelus chegaram nos levantamos e fizemos a reverência. Fyero estava atrás, seu olhar cruzou com o meu e o desespero era nítido.

Prince veio a frente, ele era nossos Angelu mais velho e com maior autoridade ali, se você o desrespeitasse eu nem sei o que aconteceria a você.

- Olá! - seu tom era sempre claro e objetivo- hoje recebemos umas notícias importantes, primeiramente um de nossos anjos estava mantendo contato com um humano...

Eu congelei, não. As leis eram claras. Vários demônios apareceram, eles eram bem assustadores, mas carregavam alguém pela corrente... Thiago? Ele era um de nós, nesse momento totalmente machucado, provavelmente torturado. Os olhos de Prince eram severos e alguns momentos até mesmo cruéis. Eu sabia o que estava por vir e queria vomitar.

-... nossas leis dizem que contato com um humano é uma das coisas mais perigosas para nós, nos coloca em perigo! E sua punição é a perda do nosso bem mais precioso.

Minha visão estava turva. Fyero apareceu ao meu lado.

-Violeta? Tá tudo bem?

Eu não conseguia responder, congelei. Eu queria correr, mas não podia, eu não queria ver aquilo... o machado levantou e eu fechei os olhos, ouvi os gritos de dor...

Durante todo o discurso, Thiago ficou ali, se contorcendo e gritando. Prince fingia que nada ocorria, mas eu sabia por que o abandonaram ali, era uma lição. Para que isso não ocorresse mais e funcionou, meus olhos não desviaram um minuto de Thiago.

Mas não era o final, era um aviso para algo muito maior que estava ocorrendo.

Era um aviso pois quem quer que desviasse das regras, acabaria assim ou pior.

Ao final quando todos saíram eu me aproximei de Thiago, ele ainda se revirava. Fyero estava ao meu lado, eu corri para pegar algum pano que cobrisse as feridas e vi meu reflexo, olhos violetas, cabelo cacheado e uma pele morena, eu estava exausta. O cansaço dos meus olhos mostrava isso.

Cobri as feridas dele e Fyero lhe deu água. Eu só consegui perguntar uma coisa.

- Por quê?

Thiago levantou seus olhos para mim e com toda a dor nele, respondeu.

- Ele... ia pular... ia desperdiçar uma vida... Violeta... eu precisava impedir.

Ele não possuía forçar para explicar tudo, mas eu entendi.

Impedir alguém de tirar a própria vida, isso era digno? Ou só um desperdício para um anjo? Renunciar algo por quem amamos, era nosso lema... é o que sempre fizemos... foi um ato bom..., mas custaria algo e ele sabia disso e mesmo assim o fez.

Esse é o mau de amar demais.

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