Touching Paradise • Beauany

Autorstwa abeaushine_

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Any era uma adolescente extrovertida e cheia de alegria até o pior acontecer. Quando perde sua mãe em um terr... Więcej

Elenco + playlist
The lake
Beautiful smiles
Going back to our lives
First on the list
Aquarium of the Pacific
Old and new friends
Just friends
Shoulder to cry
Good night, Any!
Plans for the saturday
It's a crazy party
Friendly advice
No powers
Tedious but interesting
Nervous
Nostalgic day
Feelings
Enlightening conversations
She drives me crazy
Twins day
Theories
I miss you
Like the sky
Screams, hugs and tears (1/3)
Not everything is as it seems (2/3)
Bad dream (3/3)
Know better
Caution
A small wager
Dinner invitation
You're not the only one
Revelations
Ups and downs
Trying
Sofya's party
I'm not crazy
Sensations (+16)
Decisions
The truth (parte 1)
The truth (parte 2)
Did I screw it up?
Shiv being Shiv

City of Angels x Twilight

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Autorstwa abeaushine_

28.09.2019 - 17:30
Los Angeles, California
Música: Eyes off you (PRETTYMUCH)

Joshua

— Pode me ajudar a escolher uma roupa? — Sabina diz ao invadir meu quarto. — Joalin ficou de me ajudar, mas parece que está muito ocupada com a Shivani e a Hina. — ela revira os olhos.

— Por que você pronunciou essas palavras como se a dedicação de nossa amiga a sua missão fosse algo ruim? — pergunto fitando-a através do reflexo do espelho, onde estou ajeitando os cabelos. A morena se posiciona atrás de mim e faz careta.

— Por que você já está pronto? A festa só começa às oito.

— Não estou arrumado para a festa. — me viro de frente para ela. — Agora responda a pergunta que te fiz.

— Bem... Não é que a dedicação da Joalin seja ruim. Pelo contrário! Eu acho ótimo. Ela realmente precisa obter êxito em sua missão. O problema é que agora ela passa tanto tempo com a Shivani, que quase não nos falamos. — os olhos castanhos recaem sobre a bandana em meus cabelos. — Se não está arrumado para a festa, então qual o motivo?

— Sabina, nós estamos aqui na Terra para nos dedicar aos nossos protegidos. Quando terminarmos nossas respectivas missões, você e Joalin poderão se falar por toda eternidade. Não precisa ter ciúme. — me afasto alguns passos, indo até a cômoda pegar o perfume que separei. A fragrância amadeirada, com notas frutais, é uma das favoritas de Any. — E respondendo a sua pergunta, vou sair.

— Eu não estou com ciúme da Joalin. Anjos nem sentem esse tipo de coisa. É um sentimento egoísta e nós somos seres abnegados. Só estou sentindo falta da minha amiga. Nada mais. — ela cruza os braços e observa atentamente enquanto borrifo a essência aromática em meu corpo. — Vai sair sozinho? Você não deveria acompanhar Any Gabrielly a festa?

— Vou acompanhá-la, mas em outra coisa. — coloco o frasco de volta na cômoda. — Ela ainda não está pronta para ir a esse tipo de evento, então vamos apenas passar o tempo juntos.

— Parece legal. Eu adoraria tentar algo assim com o Bailey, mas não consigo me aproximar. Em todas as vezes que tentei um diálogo, ele me cantou. Parece que terei que mudar minha estratégia. Vou precisar que Joalin me ajude nessa.

— Boa sorte então. — pego a carteira e guardo no bolso da calça antes de começar a seguir em direção a porta do quarto.

— Ei! Volte aqui! Ainda preciso de ajuda com as roupas. — diz Saby, vindo atrás de mim.

— Peça ao Noah. Não quero deixar a Any esperando.

— Não vai dar. Ele comeu metade do patê de maionese que fiz mais cedo e está trancado no banheiro há uma hora. Tem que ser você, Joshua! — ela choraminga. Passo rapidamente pelo corredor do segundo andar, desço as escadas e sigo até a entrada da nossa casa.

— Lamento, Saby. Fico te devendo uma. — abro a porta. — Comporte-se durante a festa, ok? Não se esqueça de que nosso lado humano não pode falar mais alto que o angelical.

— O mesmo para você. Cuidado para não confundir as coisas com a Any. — ela diz em tom debochado e eu faço careta diante da atitude nada celeste.

A quem estamos tentando enganar? É óbvio que nossa humanidade está cada vez mais forte. Solto um suspiro.

— Eu não vou. — respondo.

A distância entre a minha casa e a de Any é razoavelmente curta, entretanto, dessa vez levo um pouco mais de tempo para chegar até ela. Tudo porque, mais cedo, tive uma ideia e preciso fazer um pequeno desvio no percurso para executá-la.

Quando nos falamos noite passada, a garota comentou que me faria cookies, um gesto muito gentil de sua parte. Isso me lembrou do quanto Any é apaixonada por esses biscoitos acompanhados de sorvete de morango, então quis comprar um pote para ela.

Diferente das outras vezes em que cometi pequenos deslizes e deixei escapar informações que, na mente de Any, eu não teria como saber, agora posso dizer que a ideia do sorvete foi apenas por saber que ela gosta. Os cookies podem ser vistos como mera coincidência.

Após passar pela sorveteria, apresso-me em seguir meu caminho. Não quero que a sobremesa derreta. Minutos depois estou em frente a bela casa verde. Toco a campainha e aguardo. A porta logo se abre.


— Oi! — ela diz.

Any se encosta no batente, cruza os braços sobre o tronco coberto pela blusa preta e me encara, sorrindo. Os cachos recaem sobre os ombros, como de costume. Sorrio de volta enquanto pergunto-me silenciosamente quão inspirado o Criador estava no momento em que a idealizou. Ela é simplesmente...

— Ei! — ela ri, chamando minha atenção. — Eu disse "Oi".

— Desculpa. — balanço a cabeça. — Oi, Any! Demorei?

— Não, você chegou bem na hora. Entra. — diz, dando-me espaço. Quando cruzo a porta, a morena a fecha. — Os cookies estão quase prontos. Espero que esteja com fome, porque fiz bastante apesar de sermos só nós dois.

— Estou sim. Mal posso esperar para prova-los. Aliás, eu trouxe um acompanhamento. — ergo a sacola para que ela veja. — Sorvete de morango. Imagino que seja uma combinação fantástica.

— É mais que fantástica. Você não faz ideia do quanto sou apaixonada por essa maravilha! — o rosto se ilumina. — Me dê isso aqui antes que derreta. Vou deixar no freezer até a hora de desligar o forno. — entrego a sacola a ela. — Só um segundo. Eu já volto.

Any me dá as costas e segue pelo corredor até desaparecer por uma entrada à esquerda, onde fica a cozinha. Penso em me dirigir até a sala para esperar seu retorno, entretanto, os cômodos da casa ainda não me foram apresentados. Não posso agir simplesmente como se conhecesse todo o espaço há anos, ainda que seja verdade.

Enquanto aguardo a garota, vejo Gaya animada, vindo em minha direção. Quando nossa distância é quase nula, abaixo-me o suficiente para acariciar o pelo dourado. Ela parece gostar do meu toque, tanto que ergue as patas dianteiras e as apoia em meus joelhos, claramente na intenção de receber ainda mais carinho.

— Ela gosta de você. — Any volta a se aproximar.

— É, estamos nos dando bem. Eu também gosto dela. — digo. Ela sorri.

— É engraçado, porque a Gaya costuma ser mais tímida perto de quem não conhece direito. Nem pro Lamar ela dá mole.

— Nossa! — ajeito a postura. — Desse jeito vou ficar pensando que sou especial.

— Mas você é, Josh. — ela diz timidamente. — É um amigo muito especial. — se apressa em dizer, me arrancando um sorriso. — Venha, vamos até a sala. Deixei as caixas de jogos e filmes separados para escolhermos alguma coisa.

Any indica o caminho e seguimos até o cômodo razoavelmente amplo. As paredes, num tom de azul bem claro, exibem dois quadros de tamanho mediano, escolhidos por Priscila alguns anos atrás. Any não gostava deles a princípio. Achava a paisagem bucólica e a cesta de frutas duas das coisas mais bregas que já viu na vida. Depois da perda da mãe, entretanto, sua visão sobre as peças de arte um tanto peculiares acabou mudando. Agora os quadros são um meio de preservar a memória dela.

Nos sentamos lado a lado no sofá de camurça. Any se inclina para pegar duas caixas retangulares que estão na mesinha de centro — uma com os jogos e outra com uma coleção de DVDs — antes de voltar sua atenção a mim.

— Sei que ninguém mais assiste filmes em DVD hoje em dia, mas meu pai adora e faz questão de preservar sua coleção, então aqui está. Dê uma olhada. — ela me entrega uma das caixas. — Também podemos usar a Netflix se quiser, mas eu, particularmente, prefiro esse filmes. Vou gostar de assistir qualquer um deles. Agora se quiser escolher um jogo... — Any aponta a caixa que está em seu colo. — Tenho baralho, uno, dominó, jogo da memória, banco imobiliário, pega varetas.

— Vou olhar os filmes primeiro.

— Tudo bem. — ela devolve a caixa de jogos a mesinha de centro e fica de pé. — Vou ver se já posso retirar os cookies do forno. Fique a vontade.

Concordo com um aceno de cabeça e a garota sai da sala, deixando-me na companhia de Gaya, deitada no tapete cor de creme. Começo a revirar a caixa de DVDs do pai de Any. Encontro títulos como Dirty Dancing, De Volta Para o Futuro, Edward Mãos de Tesoura, Ghost e muitos outros. Fico um pouco confuso, pois não faço ideia do que escolher.

Penso que talvez um jogo seja a melhor opção, então pego a outra caixa e observo seu conteúdo para logo depois soltar um suspiro. Não sei brincar com nada disso. Já vi Any usando algumas dessas peças em momentos de descontração com os amigos no passado, mas nunca me atentei as regras. Será que ela vai achar estranho se eu disser que nunca joguei nenhum desses na vida?

Deixo as duas caixas de lado quando ouço os passos da cacheada se aproximando outra vez. Logo ela está novamente sentada ao meu lado, com um prato repleto de cookies numa das mãos e duas taças com o sorvete que eu trouxe em outra, equilibradas entre o braço esquerdo e o peito. O aroma que exala dos biscoitos me faz salivar.

— Que cheiro delicioso! — comento.

— Modéstia parte, só não é mais delicioso que o sabor. — ela exibe um meio sorriso e me entrega uma das taças antes de estender o prato em minha direção. — Vá em frente, prove.

Sem pensar duas vezes, pego um dos cookies e levo a boca. Any me observa em expectativa enquanto a maravilha com gotas de chocolate desmancha em minha língua. Definitivamente, o sabor é ainda melhor que o cheiro.

— Isso pode ser facilmente comparado a um pedaço do céu. — digo após engolir o biscoito. — É perfeito.

— Que bom que gostou. — ela sorri abertamente dessa vez. — Era uma receita da minha mãe. Nós costumávamos cozinhar juntas de vez em quando. Enfim... — Any dá de ombros. — Agora você precisa experimentar com o sorvete. Fica ainda mais perfeito. Mergulhe o cookie na taça desse jeito. — ela demonstra, fazendo exatamente o que diz. Eu repito seu gesto. — Experimente. — ela manea a cabeça, incentivando.

Levo o biscoito a boca e mastigo devagar. Dessa vez, o sabor é ainda melhor. A combinação entre a crocancia do cookie e a cremosidade do sorvete de morango é divina. Acabo de encontrar meu novo alimento favorito.

— Você tem razão. É ainda melhor! — afirmo, ainda mastigando. O gosto é sensacional. — Você precisa me ensinar como fazer esses cookies, porque depois de prova-los, acho difícil conseguir viver sem eles.

— Não exagera. — ela ri um pouco. — Obrigada pelos elogios. Talvez eu te ensine algum dia. Mais? — oferece os cookies.

— Com certeza. — pego mais um. Ela faz o mesmo antes de fitar as caixas com jogos e DVDs.

— E então? Gostou de algo?

— Dei uma olhada, mas não sei o que escolher, então pensei que poderíamos apenas ficar conversando por enquanto. Mal nos falamos ontem. Eu senti sua falta. — digo com sinceridade.

No dia anterior, por algum motivo, nos desencontramos no horário de almoço. Consequentemente, não nos vimos como de costume. Pela primeira vez senti como se faltasse algo em meu dia.

— Sério? — Any se senta em cima de uma perna, de forma relaxada, e apoia o cotovelo no encosto do sofá, a mão pequena envolvendo a taça. Com a outra mão, ela mergulha um cookie no sorvete e o leva a boca.

— Sério. O que andou fazendo? — pergunto realmente interessado na resposta.

A fim de naturalizar nossas interações, tenho evitado "espionar" minha protegida, bem como seus pensamentos. Prefiro que ela me diga o que tem se passado. Não sou muito bom com fingimentos e cheguei a conclusão de que saber tudo sobre ela o tempo todo pode se tornar um problema caso eu me distraia e fale demais. De agora em diante só usarei meus poderes quando for extremamente necessário.

— Eu estava na biblioteca em busca de fontes complementares para um trabalho de literatura. No fim das contas acabou levando mais tempo do que eu previa.

— Ah, literatura! Então estava com Bailey May. — concluo.

— Como sabe disso? — ela estreita o olhar em minha direção. — Não me lembro de ter te contado que somos parceiros nesse trabalho.

— No dia em que você e sua irmã se desentenderam, Joalin comentou a respeito durante nosso almoço. — recordo. — Mesmo depois, ela voltou a falar sobre algumas vezes.

— Claro, eu me lembro. — sua expressão se suaviza. — Vocês dois falam muito sobre mim, não é?

— Como?

— No dia em que nos falamos pela primeira vez, Joalin disse que era bom finalmente me conhecer. Diante da minha confusão, ela explicou que era sua amiga e que você havia falado de mim. Agora isso... Quer me contar alguma coisa, Josh?

Um calafrio percorre minha espinha ao mesmo tempo em que a sensação de pânico me invade. Fico sem saber o que dizer. Será que Any tem desconfiado do que realmente sou? Será que Joalin disse mais do que deveria? Oh, céus! E se ela souber mais do que imagino? Decido ouvir sua mente. Só assim posso me precaver.

— O que está insinuando, Any? — busco seus olhos. Ela corresponde.

"Que talvez você sinta muito mais do que demonstra em relação a mim." — ela pensa. — "Você não me trata como o Lamar ou a Sofy. Como pode estar interessado em ser apenas meu amigo?"

Mas o que seus lábios externalizam é:

— Nada. Só esqueça o que eu disse. — ela ri, nervosa. As bochechas coram um pouco. — É bobagem.

Ok, talvez eu não devesse mesmo ouvir os pensamentos de Any. Não quando sei que não posso lidar com sua complexidade. Pensei que, depois de tanto reafirmar nossa amizade, ela deixaria de me ver como um possível envolvimento amoroso, mas parece que isso só serviu para confundir sua mente.

Pergunto-me se tenho tido uma conduta inadequada em relação a ela, se dei a entender que possuo segundas intenções, mas nada me ocorre. Pelo menos agora sei que preciso reavaliar minhas atitudes e ter mais cautela ao lidar com Any. Não posso deixar que ela se iluda dessa forma.

— Sim, nós estávamos juntos. — a voz da garota chama minha atenção.

— O que disse? — pergunto, pensando ter perdido algo que tenha dito.

— Bailey e eu. Nós estávamos juntos ontem, no intervalo.

— Ah...

Ouvir sua confirmação faz com que eu me lembre do que Joalin e Sabina pediram. Preciso evitar que Any e Bailey se aproximem. Só não sei como fazer isso enquanto os dois estiverem trabalhando juntos. Não posso mantê-los afastados, muito menos controlá-los.

— Não gosto dele. — digo na esperança de que minha opinião tenha alguma importância para Any.

— Eu também não gosto. Se pudesse, estaria fazendo dupla com a minha irmã, mas como foi o professor quem nos quis juntos, não tive opção.

— Entendo. — pego outro cookie. — Como tem sido as coisas entre vocês? Estão se dando bem?

— Sim, estamos. Apesar da péssima fama, Bailey tem sido legal comigo. — ela solta uma risada baixa e balança a cabeça em negativa.

— O que foi? — fico confuso. — Qual a graça?

— Sofya e Lamar acham que ele gosta de mim. Considerando algumas frases que ele solta, eu diria que é verdade. Ou não, né? — ela dá de ombros. — Ele também pode me querer apenas como mais uma em sua lista. Afinal, é do May que estamos falando.

Então ela sabe... sabe das intenções que o protegido de Sabina tem em relação a ela. Mas Any também sabe dos sentimentos que a irmã nutre em relação a Bailey e não seria capaz de se envolver com ele. Não a minha Any.

— E você? Gostaria de ser mais uma na lista dele? — pergunto apenas para me certificar de que tenho razão.

— Josh! É claro que não! — ela me repreende com uma careta enquanto eu respiro aliviado. — Acabei de dizer que também não gosto dele. Que pergunta é essa? — a morena pega mais alguns cookies.

— Desculpa. Foi um questionamento Idiota.

— Realmente, foi bem idiota. — ela suspira. — Por que esse interesse repentino em relação a mim e ao Bailey?

— Eu me preocupo com você, Any. Não quero que se magoe. — digo, ainda que não seja toda a verdade.

— Hmm... — a garota volta a se ajeitar, sentando-se sobre os calcanhares dessa vez. Ela mergulha um dos cookies na taça para, então, devorá-lo de uma só vez. — E é só isso?

— Só isso?

— É... — Any coloca alguns de seus cachos atrás da orelha. — Só está preocupado? Não tem mais nenhum motivo? — os olhos escuros fitam os meus, repletos de dúvida.

— Na verdade, tem mais uma coisa. — dessa vez sou em quem me ajeito. Me inclino o suficiente para que fiquemos frente a frente no sofá. — Não quero me meter na sua vida nem diminuir ninguém, não me entenda mal, eu só acho que você merece um cara melhor do que aquele delinquente.

— Um cara melhor... — ela leva uma colherada de sorvete a boca. Em seguida, umedece os lábios, me encarando. Há um certo brilho em seu olhar, algo que, por poucos instantes, faz meu coração acelerar. — Pode me dar um exemplo?

— Bem, eu não sei. Mas, com certeza, alguém que não seja o traficante da escola. — ela ri.

"Prefiro alguém como você." — ela pensa. Sei que não deveria, mas ouvir isso me faz sorrir.

— Tem razão. Meu pai morreria de desgosto ao me ver chegando na delegacia para visitar alguém que não seja ele. — brinca.

— E com razão.

— É... — nossos olhos se encontram por alguns segundos, enquanto sorrimos um para o outro. Meu peito se aquece lentamente e só consigo pensar em como gosto de estar aqui, com Any. Faz com que eu me sinta genuinamente feliz. É a melhor sensação que experimentei até agora.

— Mais sorvete? — ela pergunta. Só então noto que nossas taças estão vazias.

— Não, obrigado. Estou bem assim. — lhe dou um meio sorriso.

— Então me dê isso. — ela pega minha taça e coloca na mesa de centro, assim como o prato com os últimos dois cookies. Me apresso em pegá-los.

— Eu fico com isso. — aviso, fazendo-a rir. — Não me culpe. São deliciosos demais para que eu os deixe assim.

— Você é um amor. Obrigada! — ela sorri abertamente, satisfeita pelo meu comentário.

Sinto uma leve ardência em meu rosto, as mãos ligeiramente úmidas e pergunto-me como algo tão simples como o sorriso de uma garota pode fazer com que eu fique assim. A sensação é boa, mas chega a ser assustadora. Quando isso começou a acontecer? Esfrego minhas palmas na calça jeans a fim de dissipar a estranha sensação e me ajeito no assento. Encaro as caixas na mesa de centro.

— O que foi? Ficou estranho de repente.

— Não foi nada. Só estava pensando numa coisa.

— Que tipo de coisa? Vamos lá, se abra comigo. — ela coloca as pernas no chão para se sentar na mesma posição que eu, e então, se aproxima consideravelmente. Ficamos praticamente ombro a ombro dessa vez.

— É que sentimentos humanos são meio complexos. Você não acha?

— Sim. Na verdade, seres humanos são muito, muito complexos. Sentimentos fazem essa nossa característica tomar proporções ainda maiores.

— Acho que estou descobrindo isso agora.

— Do que estamos falando, exatamente? — a morena me encara, o cenho franzido demonstra sua dúvida.

— Você já sentiu algo sem saber o motivo? Não sei se estou sendo claro o bastante. Entende o que quero dizer?

— Acho que entendo. Talvez eu já tenha sentido. — diz, pensativa. — Pode me descrever as sensações? Pode ser que eu consiga te ajudar a entender.

Pondero por algum tempo. Seria prudente revelar a ela como me sinto? E se eu disser a coisa errada? Se nossa situação se tornar ainda mais complexa? A missão será comprometida? Diante da incerteza, opto por me calar. É provável que eu esteja sentindo apenas os efeitos de uma boa amizade. Deve ser normal para os humanos.

— Quem sabe um outro dia? — digo a fim de encerrar o assunto. — Não estou aqui para te encher com minhas questões internas. Deveríamos estar fazendo algo divertido. — a empurro de leve com o ombro. Ela ri um pouco.

— Se você diz. — Any suspira e se inclina para frente, pegando a caixa de DVDs do pai. — Vamos ver um filme, então. Eu escolho.

Enquanto ela vasculha a caixa, um barulho chama minha atenção. Alguém acaba de girar a chave na porta de entrada. Any também ouve, pois ergue a cabeça no mesmo instante e se vira para saber do que se trata. Segundos depois, Edward Paliwal entra na sala. Ele força um sorriso ao me ver, mas os olhos estão repletos de desconfiança. Está me avaliando, como se eu fosse uma ameaça à sua filha.

— Pai! — a garota se põe de pé e caminha até o policial. Ele a abraça sem tirar os olhos de mim. — O que faz aqui? Não estava de plantão?

— Tive uma dor de cabeça horrível. Liguei para o Morris e ele aceitou me substituir.

— Como está se sentindo agora?  — eles se soltam. — Quer que eu pegue um remédio para você?

— Não precisa. Tomei um comprimido agora há pouco. Vou ficar bem, querida. — ele sorri para ela antes de voltar a me encarar. — Não vai me apresentar seu amigo?

— Claro. Esse é o Josh. — Any faz um gesto em minha direção. — E Josh, como você pode notar, esse é o meu pai, também conhecido como Oficial Edward Paliwal.

— É um prazer conhecê-lo, senhor. — fico de pé e estendo a mão para cumprimentá-lo.

— O prazer é meu, rapaz. — ele corresponde ao meu gesto, usando mais força que o necessário. Tento sorrir, apesar do incômodo em meus dedos e quase suspiro aliviado quando ele me solta. — E então? O que estavam fazendo antes de eu chegar?

— Estávamos em busca de um filme para assistir. — Any volta a se sentar. Eu me posiciono ao seu lado, como antes. — Mostrei sua coleção de DVDs para o Josh. Ele adorou.

— É mesmo? — os olhos de Edward voltam a se fixar em mim. — Qual o seu favorito?

— Hm... É... Acho que Dirty Dancing. — cito o primeiro título de que me lembro. Ele está me testando. Farei o possível para não desapontá-lo.

— Interessante. É o que escolheram para ver?

— Na verdade, ainda não chegamos a uma conclusão. Que tal nos ajudar?

— Será um prazer, querida.

O pai de Any sorri e se aproxima para vasculhar a caixa junto da filha. Não leva mais que dois minutos para que ele selecione um título.

— Pai, por favor! Esse filme é ridículo. — a garota dá risada.

— Olha bem como fala dessa preciosidade. Era um dos favoritos da sua mãe. — ele a repreende.

— É, eu me lembro. Ela achava a coisa mais linda. Pena que não passa de uma grande besteira.

— Qual é o filme? — pergunto.

— Cidade dos Anjos. Já assistiu? É um verdadeiro clássico. — Sr Paliwal mostra a capa. Balanço a cabeça negativamente.

— É bem idiota, na verdade. — Any me olha. — É a história de um anjo que, em meio ao seu "trabalho" diário, se apaixona por uma humana. Ele fica tão louco por ela, que simplesmente desiste da eternidade. Fala sério! Tem coisa mais boba?

— Parabéns pelo spoiler! Agora o garoto não vai achar a menor graça.

— Papai, vai por mim. Não é pelo spoiler que o Josh não vai achar graça no filme, é pelo enredo. Que tipo de anjo seria idiota o bastante pra deixar o paraíso por uma mortal? — ela franze as sobrancelhas.

— Any Gabrielly, você é fã de Crepúsculo. Já te vi sofrer pelo triângulo amoroso entre um vampiro, uma humana e um lobisomem. Quer mesmo falar mal de Cidade dos Anjos?

— Ah, não! Você não vai envolver Edward, Bella e Jacob nisso. — ela repreende o pai, que ri de sua reação.

Os dois continuam sua pequena discussão por mais um tempo, mas confesso que mal reparo. Minha atenção se volta quase que inteiramente para a capa do filme sugerido pelo Sr Paliwal. Um anjo que se apaixona por uma mortal. Um anjo que desiste da eternidade. Seria possível?

Bem... É claro que não.

***

Oi, oi, oi...

Quem aí já assistiu Cidade dos Anjos?
Pra quem ainda não sabe, a fic é inspirada nesse filme. Eu, particularmente, concordo com o pai da Any. É um clássico! Se ainda não viram, vale a pena conferir.

Estou fazendo o possível para agilizar os capítulos, ok? Estou aproveitando a quarentena pra isso. Já adianto que o próximo capítulo será um pouco diferente. Vocês verão pontos de vista de outros personagens e saberão o que está rolando na festa da Heyoon. Preparem-se!

E por falar em quarentena, previnam-se. Fiquem em casa, protejam-se, cuidem uns dos outros e façam o possível para concientizar quem ainda pensa que é brincadeira. Estou fazendo o mesmo.

Beijinhos e até mais!

Czytaj Dalej

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