𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒
CAPÍTULO TRÊS
RACHEL GOLDWING ADMIRAVA A FILHA e acariciava seus cabelos, após um abraço apertado. Elas não se pareciam, de todo; enquanto a pele da mãe era bronzeada, a da mais nova era branca, quase pálida. Seus olhos eram menores e verdes, diferente das grandes íris acastanhadas de Margot. Mas ambas tinham os mesmos cabelos dourados, caindo pelas costas em ondas.
─ E você deve ser o namorado dela, certo? ─ ela se virou para o rapaz, dando lugar para o pai abraçar a filha. ─ Sirius, não é?
─ Sim, senhora. ─ ele concordou, dando um sorriso irônico, vendo-a o medindo com uma cara não muito feliz. ─ Sirius Black, muito prazer.
O sorriso que já quase não existia no rosto da mulher se desmanchou. Rachel era uma sonserina, e admirava a família dos Black por ter mantido a pureza de seu sangue por tantas gerações. E ali, na sua frente, estava o garoto que renegara a família.
E era o namorado de sua filha.
A mulher esperava a filha vomitar a qualquer momento; conhecemdo Margot, não duvidaria se tivesse contratado aquele rapaz para fingir ser seu namorado. Para a infelicidade de Rachel, no entanto, a filha não vomitou ao contar as novidades. Era verdade, mesmo.
Sirius aumentou o sorriso, ao perceber a expressão não muito feliz da sogra. Tinha um trato com Margot ─ teria de ser insuportável ─, e se esforçaria para o cumprir.
─ Você cresceu! ─ o pai exclamou, ao soltar a menina, como se não tivessem apenas três meses que não se viam. ─ É nesse garoto que eu preciso bater?
─ Não, papai. Eu já faço isso. ─ ela juntou as sobrancelhas, dando de ombros. ─ Pessoal, esse é meu namorado, Sirius.
A garota sentiu um nó se formar em sua garganta ao dizer aquilo. Não era uma mentira; eles estavam namorando. Mas ela ainda se sentia tentada a vomitar.
─ Muito prazer, pessoal. Fico feliz de estar aqui, é a primeira de muitas vezes. ─ sorriu, passando um braço pelos ombros de Margot. ─ Quando nos casarmos, vamos vir morar aqui!
─ Casar?!
Rachel se engasgou com o champanhe, e o garoto balançou a cabeça em concordância.
─ Sim, mamãe! Você não queria que eu me casasse aos 18?
A mulher não respondeu, apenas abriu a boca, e fechou repetidas vezes.
─ Eles me prometeram que eu serei o padrinho do primeiro filho deles. ─ Aaron sorriu, se aproximando dos dois. ─ Mal posso esperar!
─ Filho? Margot está grávida?! ─ Scott, o pai da garota se aproximou, quase que gritando.
─ Ainda não. ─ Sirius levantou as sobrancelhas. ─ Talvez daqui a algum tempo.
─ Sirius! ─ ela sussurrou, dando uma risadinha e um leve tapa no peitoral do rapaz. ─ Não diga essas coisas perto de papai.
Rachel se aproximou do marido, ambos tão vermelhos quanto o suéter de Louise, que bebericava whisky de fogo no fundo da sala, dançando sem música.
Algumas crianças corriam pela sala, gritando coisas que ninguém estava interessado em entender, e Aaron prendia o riso, sentado no enorme sofá. Estava com medo dos tios infartarem, é claro, mas era uma cena engraçada.
─ É brincadeira, papai. ─ Margot revirou os olhos. ─ Não leve as coisas tão a sério!
Scott fechou os olhos, contando até três lentamente e os dando as costas, indo para a cozinha. A esposa riu fraco, se aproximando do novo casal.
─ Vou levar vocês aos quartos. ─ anunciou, tocando as costas dos dois suavemente e os levando escada acima. ─ Separamos uma suíte para os dois, mas depois disso acho melhor ficarem separados, ou ficarão sem pai e sogro!
─ Oh, que pena, mamãe. ─ disse, comprimindo os lábios. ─ Mas não tem problema nenhum, vamos passar os dias juntos!
─ Claro, amor! ─ Sirius exclamou, feliz.
Rachel entrou em um quarto com a filha, e apontou o do lado para Sirius, que entrou e não tardou a encostar o rosto na parede, tentando pescar a conversa das duas.
"O que achou, mamãe?"
"Não era o que eu esperava." respondeu, com um resmungo. "Eu estava esperando alguém como o filho dos Malfoy. Bom, Sirius não é tão ruim; parece um vira-lata, mas podemos dar um jeito."
─ Vira-lata?! ─ Sirius murmurou para si, indignado.
Pôde ouvir a risada de Margot, e logo a voz da mais velha se fez presente de novo: "Yvette chegará pela manhã. Esteja pronta para recepcioná-la, ela deve estar com saudades!"
"Claro, mamãe. Eu também estou." Mesmo no outro quarto, Sirius conseguiu perceber o tom da mentira, e franziu o cenho. Logo, o barulho dos passos de Rachel se distanciando e da porta batendo foram ouvidos, e ele foi ao quarto da loura.
A encontrou se debruçando sobre o chão, vomitando. Ele fez uma careta, e ela se levantou, indo em direção ao banheiro.
─ Não estou com saudades de Yvette. ─ ela explicou, e bochechou água enquanto colocou pasta em sua escova. ─ Ela é a irmã mais nova de Aaron, estuda em Beauxbatons. E honestamente, não nos damos muito bem.
─ Entendi. ─ ele se sentou na cama. ─ Fiz um bom trabalho lá embaixo, né? Seu pai já deve me odiar!
─ É difícil papai odiar qualquer pessoa. Ele ficou meio bravo, mas no fundo gostou de você, porque acha que eu gosto. ─ deu de ombros, e o rapaz a olhou indignado. ─ Ele é lufano, sabe? É um homem bonzinho.
─ Entendi. Mas você está dizendo que não gosta de seu próprio namorado?!
Margot abanou a cabeça para cima e para baixo, escovando os dentes. O sorriso de Sirius se alargou, indo até a mesma no banheiro e os observando no espelho, enquanto ela revirou os olhos.
─ Olhe para nós, somos o casal perfeito! É exatamente assim que me sinto sobre você, amor. ─ ele falou, quando ela se baixou para cuspir a pasta. Quando se levantou, o rapaz pôde sentir um cheiro adocicado, vindo de seu cabelo. ─ O seu cabelo tem um cheiro bom.
─ Não vou te emprestar meu shampoo.
O rapaz levantou as sobrancelhas, a olhando com deboche.
─ Agora fiquei triste, amorzinho. Vou tirar uma soneca, nos vemos depois.
✸
─ Acorde, Sirius. ─ O corpo do rapaz foi sacudido, e ele abriu os olhos levemente, emitindo um curto grito ao encontrar os olhos de Scott o encarando. ─ Qual é, eu não sou feio!
─ Beleza é algo relativo, senhor. ─ sorriu, se recuperando do susto.
Scott franziu o cenho, cruzando os braços.
─ Você é um rapaz engraçado, Sirius. ─ falou seu nome arrastando, e cerrou os olhos, o medindo. ─ Tem um humor ácido, vai se dar bem nessa família.
Black sorriu em concordância, e o sogro colocou uma mão em seu ombro, comprimimdo os lábios e pensando por um tempo.
─ Eu deveria lhe dar um sermão, sabia? Mas você já sabe o que acontecerá caso machuque minha filha. ─ ele avisou. ─ Nossa família protege muito uns aos outros, garoto. Tenho certeza que não iria gostar de ter todos nós com sede do seu sangue. Sabia que somos meio-vampiros?
O rapaz arregalou os olhos, dando um risinho desentendido e abrindo a boca para dizer alguma coisa relacionada a ele já desconfiar daquilo, já que Margot gostava bastante de deixar chupões em seu pescoço.
Mas aquilo seria insuportável demais, mais até do que Margot pediu, e Sirius não queria ter sua bunda chutada para fora da mansão.
─ É brincadeira. ─ Scott gargalhou, com uma mão no peito. ─ Você acreditou?
─ Claro! ─ concordou, apenas para deixar o simpático homem feliz. ─ Fiquei muito assustado.
─ De qualquer jeito, eu não estava brincando sobre o resto. ─ Goldwing se levantou, e Sirius sorriu fechado. ─ Sei que você não vai magoar Margot, mas é sempre bom passar a mensagem, não é?
─ Sim, senhor. Quando eu e Margot tivermos filhos, vou falar coisas piores, não se preocupe. ─ contou, e o mais velho levantou as sobrancelhas, saindo do quarto antes que o rapaz pudesse dizer mais alguma coisa inconveniente.
Scott Goldwing era um homem verdadeiramente bom. Estava sendo engraçado insinuar coisas sobre sua filha, e vê-lo confuso entre a raiva e a vontade de rir, acreditando ser uma brincadeira.
Sirius torcia para que as próximas duas semanas fossem assim; apenas chateando os pais de Margot e pouco vendo a garota. Nas poucas horas que passou na casa, Black conseguiu perceber o quão divertidos os Goldwing's e Harper's eram. Não paravam de gargalhar no andar debaixo nem por um minuto, e pareciam se dar extremamente bem.
Mais engraçado ainda era ver a mãe de Margot o encarando com desgosto o tempo inteiro. Ele não se sentia desconfortável, na verdade ─ apenas sentia uma enorme vontade de rir ─, mesmo sendo comparado à um vira-lata.
Seriam duas longas semanas. Mas pelo menos sabia que nao sentiria tédio nem por um segundo.
─ Não está sendo tão ruim. ─ murmurou para si mesmo.
Marlene que o perdoasse, mas aproveitaria a França enquanto estivesse lá, mesmo que fosse com a família de sua namorada.
Sirius não avisou Marlene sobre estar namorando, e não fazia idéia se ela fora informada por outro alguém. Ela não ficaria chateada, certo? O que tinham era apenas casual, sem compromisso. Mckinnon não gostava dele, isso era certeza ─ O rapaz já a pedira em namoro, quando começaram a ficar juntos, e ela o rejeitou. Com o tempo, Black percebeu que não gostava da menina de verdade. ─, ela apenas o considerava um bom passatempo.
E se Sirius também se divertia, não iria reclamar de ser um passatempo.