INVERNO ARDENTE | Bucky Barne...

By DixBarchester

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Guerra. Hidra. Assassinatos. Pronto para obedecer... O mundo de James Buchanan Barnes estava congelado em vio... More

✎ INTRO
▶ MÍDIA
❝EPÍGRAFE❞
01. SOZINHO
02. SAVANNAH
03. JAMES
04. VIZINHOS
05. SAM
06. CELULAR
07. STEVE
08. ALPINE
09. ABBY
10. QUEBRA-CABEÇAS
11. GUS
12. SOLDIER'S
13. MÚSICA
15. AMIGOS
16. JOALHERIA
17. PESADELO
18. MUDANÇAS
19. CONVERSAS
20. ADEUS
21. RECONCILIAÇÃO
22. AMOR
23. IMPREVISTO
24. LUCIA
25. BEVERLY
26. PRISIONEIROS
27. FOGO
28. ARDENTE
29. TREINAMENTO
30. HERÓIS
31. PEDIDO
32. COMPENSAÇÃO
33. FIM

14. VERDADES

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By DixBarchester

E aqui estou... Antes de começarem eu queria dizer que fiquei em dúvida se colocava um Alerta de Gatilho nesse capitulo, mas como não tinha um tema especifico pra apontar eu não coloquei o alerta especial. Mas leiam sabendo que pode ser em capitulo pesado emocionalmente. 

A mente de alguém que passou por uma porção de traumas e que sente grande ódio por si mesmo tem sua própria forma de interpretar as coisas, e as vezes pode ser um pouco confuso. Como narro por perspectiva esse capitulo pode ser exatamente como a cabeça do Bucky algumas vezes, confuso, cheio de perguntas e muito perdido. 

Então leiam com calma. 

Bucky não conseguia se mover, era como se estivesse na criogenia novamente, como se o gelo lentamente penetrasse em seus ossos, formando estalactites afiadas de pura dor em seus músculos.

Não conseguiu olhar para Savannah, não suportaria ver o sol sumir do sorriso dela enquanto a decepção alagava as íris avelãs. Sua atenção permaneceu em Dominic Castillo, o policial por sua vez tinha a dele na ruiva, mas isso era superficial, pois sua mão pousada na lateral da cintura indicava que ele estava pronto para sacar uma arma caso fosse preciso.

Caso o Soldado Invernal resolve atacar...

Queria sentir raiva do homem, mas como poderia? Ele não estava errado afinal, Bucky era um assassino, um risco, alguém que direta ou indiretamente era uma ameaça para Savannah...

Desviou o olhar, a pasta com arquivos do Soldado Invernal queimava sua visão periférica, queria sair dali e ir embora para sempre, porque sentia vergonha, a mesma que tinha sentido quando Steve lhe encontrou em Bucareste, naquele apartamento caindo aos pedaços...

— Entendi... — O som da voz de Savannah veio lentamente. Bucky não teve coragem de olhar nos olhos dela, mas viu quando fechou a pasta de modo simples, ser ter analisado por tempo bastante. — Boa noite.

Ela deu um passo para trás, decidida a entrar no prédio e Bucky fechou os olhos, sentindo que as estalactites de gelo perfuravam seu coração aos poucos. Ele não tinha entendido a reação, então julgou ser apenas o choque falando mais alto e teve certeza que Savannah nunca mais olharia em sua cara novamente.

— Você ouviu o que eu disse? — Dominic não pareceu satisfeito com a forma como a jovem reagiu. — Eu disse que...

— Eu ouvi perfeitamente. — Savannah deu meia volta e cinco passos irritados na direção do policial — Eu não sou surda. Eu escuto tudo que você diz... Por exemplo, quando você disse pra mim "Devenport, eu não posso fazer nada para impedir o Ryan de chegar perto da esposa, porque não existe uma denúncia formal contra ele, e a denúncia de alguém de fora da situação não é o bastante nesse caso". Eu escutei muito bem.

Bucky piscou três vezes sem entender o que um assunto tinha a ver com o outro e quando olhou para Dominic ele parecia ainda mais confuso.

— Eu não... — O policial tentou dizer, mas foi brutalmente interrompido.

— Então me diz, oficial Castillo: existe uma denúncia que levou a essa investigação "tão minuciosa" ou isso foi apenas um stalker problemático abusando de sua autoridade como policial para se meter na vida das pessoas? — Savannah estava brava, muito brava, isso ficava explicito em cada palavra e na postura que ela tinha, um misto de sarcamo e deboche misturado com ódio.

Podia vê-la de costas, e entendeu que certamente a ruiva estava apenas descontando em Dominic a raiva que sentia do próprio Bucky. A raiva que sentia do Soldado Invernal.

— Devenport, o que você tem que entender é... — Castillo ergueu a mão em um tom apaziguador, mas foi cortado outra vez.

— Tem alguma ordem de prisão ou algum caso aberto que justifique isso? — Savannah balançou a pasta no ar. — Porque se tem, então é seu dever como policial informar a acusação, além de citar os direitos do suspeito. — Ela parou por um segundo, cruzando os braços com a pasta de arquivos do Soldado Invernal entre eles. — Então temos que chamar um advogado? Ou isso é só você sendo um babaca, perseguindo pessoas que não tem qualquer pendencia com a lei?

Dominic se calou, negou algumas vezes com o maxilar contraído em desgosto e lançou um olhar nada amigável para o Soldado. Bucky sentiu pena do homem, porque certamente estava recebendo um ódio que não era dele fato dele...

— Foi o que eu pensei. — Savannah jogou seca. — Boa noite, oficial Castillo.

Virou intempestivamente, agarrando a mão direita de Bucky, o puxando com ela em direção ao prédio, deixando o policial para trás.

O contato repentino fez com que o Soldado apenas cedesse, como se seguisse uma ordem muda. Seguiu Savannah, cortando o gramado e subindo as escadas do bloco dela.

Dada a forma dura como a ruiva pisava no chão, Bucky presumiu que ela o estava arrastando porque queria respostas. Devia estar furiosa com ele por ter escondido algo tão importante e perigoso por tanto tempo. E ela estava totalmente certa.

Bucky não queria aquilo, não queria olhar para ela e ver a raiva e a decepção, queria guardar na memória a sua Savannah-Sol, assim como guardava o seu Pequeno Steve do Brooklyn... mas ao invés de se esquivar ele continuou subindo os degraus atrás dela, porque no fundo sabia que merecia ouvir tudo que Savannah teria a dizer, merecia que ela brigasse com ele e o odiasse para sempre.

Sua mão direita foi solta quando pararam na frente da porta do apartamento, Savannah caçou a chave e passou pelo batente sem seguida, jogando a pasta de arquivos em cima da mesa e arrancando a jaqueta.

— Entra. Deixa o Red aí em qualquer lugar... — Ela apontou, absurdamente normal para a situação, enquanto jogava a peça de roupa em cima da cadeira.

Bucky só então lembrou que ainda estava com o violão nas costas e o tirou devagar, colocando a peça ao lado das caixas de som. Savannah estava de costas tirando as botas e ele não soube se devia fechar a porta atrás de si ou não. Será que ela ficaria confortável estando em um apartamento de portas fechadas com um assassino?

Por mais que Bucky quisesse fechar, para que nenhum vizinho ouvisse o Savannah diria, ele não quis de forma alguma que ela se sentisse ameaçada ou acuada, por isso manteve a porta aberta.

A viu empurrar as botas e as meias para um canto qualquer e engoliu em seco quando ela se virou. Bucky desviou o rosto imediatamente, antes que seus olhos se encontrassem.

Ela se aproximou alguns passos e ele viu o corpo feminino bem próximo ao seu quando Savannah simplesmente ficou ao lado dele para fechar a porta. O coração de Bucky dava saltos dolorosos, enquanto seu estômago tinha um buraco, na expectativa do que viria.

— Vamos ver um filme? — Savannah jogou em um tom surpreendentemente casual, enquanto se afastava dele.

O que? Bucky franziu as sobrancelhas, desnorteado com a postura amigável, olhou para a ruiva então... Ela se afastava em direção ao sofá, enquanto parecia procurar algo com os olhos, talvez o controle da televisão.

Aquilo era algum tipo de tortura? Bucky tentou encaixar as peças em sua mente e tudo que conseguiu foi ficar ainda mais confuso e ansioso para que Savannah dissesse de uma vez tudo que ele merecia ouvir.

— Você não vai perguntar se o que o policial disse é verdade? — As palavras sairiam tremidas da boca dele e seu punho de vibranium se fechou como se isso fosse ajuda-lo a suportar a dor.

E então Savannah se virou, e Bucky juntou toda a coragem que tinha no corpo para erguer os olhos e enfrentar o que estivesse nas íris castanho-esverdeadas... Mas não encontrou ali nenhum pingo da raiva ou decepção que pensou que encontraria. Na verdade, era como se absolutamente nada tivesse acontecido ou mudado.

— É verdade? — Ela questionou então, dizendo a pergunta como se a resposta não importasse de verdade.

Bucky sentiu a cabeça rodar em confusão, mas tentou focar naquilo que era, e não no que ele gostaria que fosse...

— É verdade. — Ele afirmou, engolindo a própria saliva como se fosse veneno. — Eu sou a pessoa que ele disse que eu sou. Eu sou um assassino.

O olhar de Savannah mudou pela primeira vez, ela franziu as sobrancelhas, de repente pareceu confusa e absurdamente triste, mas ao contrário do que Bucky imaginou, ela deu um passo para frente ao invés de se afastar.

— Você acredita mesmo nisso? — Perguntou e dessa vez sim parecia interessada na resposta.

— É a verdade. — Ele repetiu e viu os olhos avelãs se alagarem de uma tristeza que ele não entendeu. — Melhor eu ir agora...

Se virou em direção a porta, porque apesar de achar que merecia qualquer coisa terrível que Savannah tinha a dizer, Bucky soube que não aguentaria ouvir. Não dela.

Foi só então que se deu conta que jamais deveria ter se permitido gostar de Savannah Devenport da forma como gostava.

— James? — A voz feminina falou seu nome com doçura, e Bucky parou com a maçaneta entre os dedos da mão direita. — Eu já sabia.

— O que? — Ele se virou então, pensando ter ouvido errado, ou talvez entendido de forma equivocada o contexto da frase. — Sabia de quê?

— Eu já sabia de tudo isso. — Savannah moveu os ombros e apontou a pasta de arquivos jogada sobre a mesa para que não restassem dúvidas sobre o assunto.

— Desde quando? — Tudo que Bucky conseguiu fazer foi franzir as sobrancelhas enquanto digeria o choque e sua mente se amontoava de perguntas sem resposta.

— Desde de que você defendeu a Bev e o Mike olhou na sua cara. — Ela respondeu com uma naturalidade tão leve que o fez duvidar que estavam mesmo falando do Soldado Invernal. — Eu estava repassando a briga aqui depois, quando Bev estava dormindo, e Mike acabou me contando, que sabia quem você era.

Um garoto de seis anos tinha contado toda a verdade para Savannah semanas atrás? Bucky tentou entender isso, mas só conseguiu com que mais perguntas se espremessem dentro de sua mente cheia.

— Ele é fanático pelo Capitão América, já era antes do blip, com certeza foi naquela exposição chata que tem no museu umas mil vezes, e depois que ele voltou do blip ficou ainda mais fã, então... — Savannah moveu os ombros como se isso explicasse tudo. — Mas se não fosse ele seria o TJ ou a Abby, eles são infectados por essa coisa de "Vingadores".

Ela revirou os olhos, nada estranha, absolutamente Savannah em cada gesto ou palavra.

— Todo mundo sabe... — Bucky constatou, sentindo que suava frio.

Como ninguém tinha dito nada? Como todas aquelas pessoas tinham simplesmente se aproximado dele mesmo sabendo da verdade?

— Era um segredo? — Savannah perguntou e riu de canto. — Você não foi muito discreto bancando o super-herói em toda oportunidade e falando russo por aí... Era russo, não é?

— E por que você não disse nada? — Ele não conseguia mais deter as perguntas dentro da própria mente. — Por que ninguém disse nada?

— Eu mandei eles te deixarem em paz, você não parecia querer falar sobre isso, e não era da nossa conta. — Ela respondeu, agindo como se aquilo fosse simples normal e... bom? — E você já percebeu que meus amigos não têm muito filtro, certo? Se eles começassem a fazer perguntas sobre isso nunca mais iam parar. Eles têm aquilo que eu chamo de "febre do herói".

Bucky processou aquela informação devagar; o modo deliberado como Savannah nunca fazia perguntas comprometedoras; o fato de todos os amigos dela se referirem a ele como "famoso" ou algo assim...

— Então desde o começo você... — Ele começou e isso fez com que um gosto amargo invadisse seus lábios. — Então todas as coisas que você me disse era por causa disso?

Só tinha um motivo para que Savannah tivesse se aproximado dele, para que todos eles tivessem, mesmo sabendo quem Bucky era...

— O que? — Ela pareceu confusa com as palavras dele.

— Você acha que eu sou algum tipo de Vingador, por isso você se aproximou de mim? — Ele fez a pergunta com os olhos nos dela, quase bravo por isso.

Era simples entender até. Herói, Vingador... Savannah tinha se interessado por uma parte dele que não existia, algo que ela tinha criado em sua mente apenas.

— Isso é o que você pensa? — Ela soou ofendida, estreitando as sobrancelhas e dando um passo para trás.

— Me diz qualquer outro motivo pra você ter feito algo tão estúpido como virar amiga de alguém que você sabia que era um assassino... — Bucky respondeu acusatório. — Isso tudo é porque você pensa que eu sou um Vingador e posso...

— Okay, eu vou desconsiderar que você me chamou de estúpida e me reduziu a uma garotinha fútil que só se importa com coisas superficiais, também vou desconsiderar todo o resto porque você claramente está nervoso. — Savannah o interrompeu erguendo o dedo em riste.

Bucky passou a mão direita pelos cabelos nervosamente, apesar de tudo ele não queria ofender Savannah. Mesmo que naquele momento só conseguisse pensar que aquilo que tinham se baseava apenas nos motivos errados, de forma alguma queria ser rude com ela.

Porém mal conseguia controlar suas próprias emoções naquele momento, não tinha qualquer capacidade de pensar direito, era como se tivesse sido jogado no meio de um mar revolto e lutasse para não se afogar.

— Você está certa, me desculpa. — Ele pediu, achando que aquela conversa dos dois não daria em nada. — Boa noite, Savannah.

Ele fez menção de se virar, mas a voz dela o deteve.

— Eu não sei sobre os outros, não posso falar sobre eles. — Moveu os ombros e deu dois passos na direção de Bucky. — Mas eu acho que nesse ponto você já me conhece o bastante para saber bem que eu jamais seria amiga de alguém por coisas fúteis como "fama", status ou sei lá... Não me importo se você é um herói, um espião, um alien ou um viajante do tempo. Me tornei sua amiga por causa da pessoa que você se mostrou ser enquanto nos conhecíamos, eu não dou a mínima para os Vingadores. Se eu desse ficaria me gabando por aí que conheci o Capitão Rogers.

O sobrenome do melhor amigo estralou na mente de Bucky como um alerta.

— Espera... Você conhece o Steve? — Questionou, quase desconsiderando todo o resto.

— Ele tinha um grupo de apoio durante o salto. — Ela revirou os olhos como se a pergunta lhe irritasse um pouco. — E era um péssimo grupo, só pra constar, porque estava na cara que ele próprio desconhecia o significado de "seguir em frente". De toda a forma, não foi nada demais. Eu o encontrei uma vez. Tivemos uma conversa e isso é tudo.

A explicação de Savannah foi rápida e desinteressada, mas algo entrou na mente de Bucky e ele focou apenas nisso.

— Então ele falou pra você sobre mim, é por isso você foi tão legal. — Ele riu com amargor, talvez fosse incapaz de conseguir qualquer coisa boa por si mesmo naquele século. — Isso faz muito sentido. Aquela noite no terraço, quando...

— Cala a boca, Bucky! — Savannah cortou e o choque de ouvir um "Bucky" irritado da boca dela fez com ele parasse totalmente. — Acha que eu contaria sobre meus pais pra você, só porque um cara qualquer que eu encontrei uma vez por aí mandou?

Quando percebeu os olhos azuis assustados sobre si ela riu nervosamente.

Agora eu consegui sua atenção, parece que só assim... — Ela suspirou e passou a mão pelo rosto. — Você quer que eu fique puta com você, não é?

Ele não disse nada, mas com certeza pensou que era exatamente isso que merecia.

— Pelo amor de Deus, será que você pode parar só um segundo e me ouvir? — Savannah pediu e como tudo que conseguiu em resposta foi o silêncio ela continuou: — Esquece essa coisa de Steve Rogers, certo? Ele sequer citou seu nome... Pra mim você é só o vizinho que salva gatinhos em noites de chuva, defende as pessoas de babacas e que não julga alguém por ser quem é. Você é educado, respeitoso, fofo e se preocupa de verdade. Isso importa pra mim. — Ela enfatizou dando outro passo para perto dele. — Eu sei que você tem um passado e respeito isso, mas o seu presente me interessa muito mais. Escolhi ser sua amiga por tudo que você disse e fez depois que nos conhecemos, não me ofenda pensando que eu sou tão superficial pra me importar com você por causa de algo como "Vingadores".

Bucky suspirou, deixou os ombros caírem e desviou os olhos, claro que acreditou em Savannah... Acreditou em cada palavra porque a verdade estava nos olhos dela, e isso pareceu ainda pior...

Ele entendeu enfim que ela tinha acabado de bater de frente com um policial sem pensar duas vezes apenas para defendê-lo. Isso era terrível.

Seria mais simples de entender e aceitar se tudo fosse uma mentira e se ela tivesse se aproximado por todos os outros motivos. Saber que ela via quem ele era, sem o filtro colorido dos Vingadores, e que não se importava com o evidente passado negro que tinha, confundiu ainda mais o coração dele.

Por que o Soldado Invernal não merecia alguém como Savannah.

— Olha, eu sei que está chateado agora, mas não liga para o que o Dominic Castillo disse, ele é um babaca. — Ela tentou um tom apaziguador dando um passo mais perto.

— Ele só disse a verdade. — Bucky deu de ombros. — Eu sou perigoso e sou um assassino.

— Você é uma vítima. Você foi sequestrado e sofreu lavagem cerebral, Abby me contou a história. — Savannah rebateu no mesmo momento. — Além disso o governo te deu uma anistia, está na internet pra todo mundo ver.

Bucky fez uma careta de desgosto algo assim podia ser encontrado tão facilmente na internet.

— Isso é só o que as pessoas dizem pra eu me sentir melhor. — Ele riu amargamente, porque não queria ouvir de Savannah o mesmo que Steve e Sam diziam. — E a anistia é um favor que fizeram ao Steve, não veio de um julgamento justo.

Savannah tinha que odiá-lo, era o certo.

— Você acha que merece punição... — Ela constatou certeiramente e o olhar dos dois se encontrou. Bucky viu o quanto Savannah parecia angustiada com aquela afirmação. Ela estava triste pelo Soldado, mas ele sabia que não merecia nada de bom que viesse dela.

— Dominic estava certo. Ele me tratou como um criminoso, porque é isso que eu sou. — Bucky declarou firme, desviando os olhos dela. — É isso que eu mereço.

— Você é um homem só, James. — Savannah rebateu, dando o último passo para perto dele. — As pessoas que te sequestraram, eram uma organização secreta, eles se infiltraram dentro da agência que supostamente foi fundada pra acabar com eles. Como você, um único cara, poderia lutar contra isso? Você estava sendo controlado e sofrendo coisas que eu... eu sequer posso imaginar.

O maxilar de Bucky endureceu, não queria ouvir aquelas coisas, não queria que passassem a mão na cabeça dele, porque sabia que era culpado. Savannah ergueu a mão para tocar seu rosto, mas Bucky a deteve por puro instinto, segurando-lhe o punho, só percebendo que tinha usado a mão de vibranium pra isso, quando sentiu o pulso dela por baixo da luva de couro.

— O Steve teria dado um jeito de não ferir ninguém. — Foi o que respondeu, soltando o braço imediatamente para não machucá-la e afastando a mão de vibranium dela.

Era o que pensava constantemente, era o que ás vezes o mantinha acordado a noite. Steve teria dado um jeito de escapar, de reverter os efeitos daquele controle mental. De destruir a Hidra por dentro.

— Foda-se o Steve Rogers. — Savannah rebateu irritada e ganhou um olhar surpreso e chocado. — Desculpa. Não quis desrespeitar seu amigo. Mas você não é ele, e você não tem que ser.

Bucky respirou devagar, os pulmões cansados e o corpo doendo, percebeu que aquela conversa não levaria a lugar nenhum, porque ele nunca mudaria de ideia sobre sua própria culpa e Savannah não parecia entender o bastante para admitir que o Soldado Invernal não era inocente.

— Eu tenho que ir. — Disse, dando um passo para trás e girando a maçaneta com a mão direita, sentia uma necessidade empírica de sair dali e se afastar por motivos que ele próprio não entendia realmente.

Na verdade, ele não entendia quase nada do que se amontoava em sua mente naquele momento.

— Não vai... — Savannah pediu, segurando-lhe o braço. O braço esquerdo, porque era o que estava mais perto. O braço de vibranium. — Se você sair agora, você vai se afastar de mim, e eu não quero isso.

Bucky mal ouviu as palavras, ele apenas afastou de Savannah o motivo de sua vergonha, o que era ridículo porque é claro que ela já sabia. Por isso não tinha se surpreendido quando ele tocou nela rapidamente aquele dia no telhado.

— Fala comigo, James. Por favor. — Ela implorou, sem tocá-lo outra vez.

— Eu não tenho nada pra falar. — A resposta dele fez com que os olhos castanhos-esverdeados ficassem nublados por lágrimas contidas.

E Bucky se odiou um pouco mais por isso, por tudo que tinha feito e por tudo que estava ali dentro de si e que o sufocava aos poucos, por causar qualquer tipo de sofrimento para alguém como Savannah. No fundo era como se ele ainda não conseguisse controlar as próprias vontades...

— Desculpa ter deixado chegar nesse ponto... — Foi a única coisa que disse, antes de abrir a porta e sair sem olhar para trás.

Mesmo no corredor, sentindo que os olhos de Savannah estavam sobre si, ele não se virou. Apressou o passo como se estivesse fugindo, mesmo que não soubesse de quê ou porquê, nada fazia sentido em sua mente naquele instante.

Tudo que tinha era uma avalanche de imagens desconexas de passado e presente o atingindo e soterrando sua sanidade em mais lembranças e sentimentos do que Bucky podia controlar ou processar.

Entrou no próprio apartamento e bateu a porta, seguindo direto para o banheiro, enquanto tudo dentro de si se contorcia de uma dor quase física que vinha de todos os lugares e de lugar nenhum.

Por que? Era tudo que Bucky conseguia perguntar a si mesmo. Por que tinha que ter todo aquele passado como bagagem? Por que tinha passado por tudo aquilo? Por que não podia apenas ter morrido quando caiu daquele trem ou em qualquer outra missão? Por que teve que voltar no estralo? Por que teve que conhecer Savannah? Por que se permitiu sentir por ela algo tão forte?

Tudo que Bucky queria era ser um cara sem passado, sem uma bagagem tão grande de problemas, sem um braço de vibranium e sem um alter ego assassino.

Era mais fácil aceitar o verão que vinha com Savannah quando pensava que ela não sabia de nada. Porque entendia que ela podia gostar de quem ele queria ser, mas não aceitava que ela gostasse de quem ele era.

Porque o Soldado Invernal não merecia alguém como Savannah Devenport... Ele não merecia nada de bom; nenhum alento; nenhuma paz; ele sequer merecia a morte.

Bucky encarou o próprio rosto no espelho e tudo que viu foi um assassino sem alma. O ódio lhe corroeu por dentro, danoso e amargo, logo não havia mais espelho nenhum, apenas cacos no chão, porque o punho de vibranium destruiu tudo. Porque era pra isso que ele existia afinal.

Ao baixar os olhos para o chão viu dezenas de pequenos fragmentos de si mesmo refletidos nos pedaços espelhados. E era assim que se sentia, quebrado em tantos pequenos pedaços cortantes que jamais poderiam ser colados novamente.

Deu alguns passos para trás e deixou que o corpo ceder ali mesmo, no meio do banheiro, batendo o joelho no chão em meio aos cacos. Sua respiração ia e vinha, cortando os pulmões cansados como se respirasse pó de vidro, Bucky só percebeu que chorava quando uma lágrima pingou no azulejo claro.

Sequer entendia a carga emocional que transbordava de si, talvez fosse o gosto amargo do fim na ponta de sua língua, talvez fosse a frustração por ter ignorado a verdade, por ter fingido que estava tudo bem e que era alguém que não mais seria... Ou talvez fosse apenas cansaço, porque lidar com a própria mente era exaustivo de formas que Bucky ainda não conseguia entender.

O miado fraco de Alpine fez com que virasse os olhos, a gata branca estava parada na porta do banheiro as grandes orbes especulativas. Bucky deu um sorriso triste, enquanto se movia através do vidro para impedir a felina de entrar no ambiente.

— Não quero que se corte. — Segurou Alpine com a mão esquerda e cuidou dos cacos com a de vibranium.

A arrumação do banheiro lhe tomou alguns minutos, mas ajudou que recuperasse um pouco do foco. Quando entrou no banho logo depois, tentou não pensar mais nas coisas que era incapaz de mudar. O que havia afinal, a não ser seguir em frente?

— Seguir em frente para onde? — Perguntou a si mesmo, vendo a espuma escorrer de seu corpo direto para o ralo.

Sentia-se andando na neve, cada passo fazia com que afundasse alguns metros e, no fim, tudo que havia era gelo e mais gelo, nunca chegava a lugar algum, porque não tinha destino.

Savannah lhe veio à mente, mas Bucky a afastou, dizendo a si mesmo que não podia ceder à tentação de orbitar o sol dela outra vez. Foi um erro se deixar levar daquela forma. Devia saber que não poderia esconder quem era...

E quem era, não era digno de Savannah.

Quando saiu do banho ainda não sabia o que fazer. Devia ir embora? Talvez voltar para Buchareste, pelo menos lá tinha vivido nas sombras por dois anos.

Não... Aquilo não era vida...

Jogou-se na cama, vestindo nada mais que uma regata e uma calça de moletom. Encarou o teto, sua mente era como um novelo de lã embolado e Bucky se sentia incapaz de encontrar uma linha de raciocínio que fizesse algum sentido.

Ouviu o som de algo caindo no chão e se levantou no susto. Alpine estava sentada na bancada que separava sala e cozinha, olhando para o celular de Bucky jogado no piso.

Ele riu de forma trise, Alpine tinha essa mania de derrubar as coisas no chão, será que todos os gatos faziam isso?

Recuperou o aparelho e acariciou o pelo da gata, olhando a tela por puro instinto. Eram quase duas da manhã e o nome de Sam encabeçava a única notificação. A mensagem em questão tinha sido mandada há algumas horas. Provavelmente quando ele deixou o Soldier's.

Ela é boa, Bucky,
e eu não estou falando isso com duplo sentido,
eu falo sobre ela te fazer bem,
mesmo que você não esteja preparado
ou mesmo que não queira algo mais...
pessoas como a Savannah a gente mantém por perto,
precisamos de amigos como ela.

A mensagem vez com que desse um suspiro pesado. Olhou para o apartamento da frente através da janela e estava tudo iluminado, mas Savannah não estava em parte alguma.

Talvez eu não mereça ter uma amiga como ela.

Foi o que Bucky digitou em resposta, se arrependendo logo que mandou... Sam não tinha que ouvir suas lamurias.

Mas a mensagem foi visualizada tão logo chegou e Sam começou a gravar um áudio. Bucky reproduziu a mensagem assim que ela apareceu na tela.

— A vida não é sobre o que a gente merece ou não, Bucky, a vida é sobre fazer o melhor com aquilo que a gente recebe, bom ou ruim. — Sam tinha a voz de quem estava bem desperto, mesmo que fosse alta madrugada. — Além disso, amigos de verdade não são aqueles que aparecem quando a gente merece, são aqueles que escolhem ficar, mesmo quando a gente não merece.

Bucky encarou o nada enquanto absorvia as palavras. E se Sam estivesse certo? Algo em seu íntimo desejou que ele estivesse, desejou que as coisas pudessem ser daquele jeito, mais simples e claras, não tão turbulentas como estavam em sua própria mente naquele instante.

Caramba, eu pensei que você nem tinha bebido tanto...

Teclou de volta, como se tudo estivesse bem, porque certamente não queria perturbar Sam com seus problemas. A resposta chegou por áudio cerca de um minuto depois.

— Vai se ferrar, Barnes. — Sam riu e Bucky se encostou na bancada para terminar de ouvir a mensagem. — Já que você com certeza deixou passar a oportunidade de dar uns bons beijos na rainha da sinuca, acho que vou ter que continuar buscando uma candidata para tirar suas teias de aranha. Vou te inscrever no Tinder, mas com certeza é melhor omitir que você já passou dos cem anos, as garotas não gostam de velhos decrépitos.

Bucky não riu, queria ter achado graça na piada, porém tudo que conseguiu pensar foi em como uma noite tão boa tinha virado um pesadelo...

Apenas respondeu a mensagem por educação e para que Sam não pensasse que tinha algo errado:

Vai dormir, Sam.
Esquece essas caraminholas.

Mas outro áudio chegou quase em seguida:

— Você não manda em mim, Sargento. — Outra risada de Sam, que acabou em um silêncio de três segundos, antes que ele retomasse o áudio em um tom mais sério. — Mas falo sério, Bucky. Quando sentir a necessidade insana e inexplicável de se autossabotar e de afastar as coisas boas da sua vida, só não faz isso, certo?

Bucky não respondeu, mas algo ali o fez ouvir a mensagem mais três vezes.

"Autossabotar..."

Se sentou no chão, embaixo da janela da sala, e jogou a palavra no google, mesmo que soubesse mais ou menos o que significava.

Depois de ler algumas páginas em diversos sites sobre o assunto, Bucky encarou o nada por algum tempo. Será que era isso que estava fazendo? Criando barreiras inconscientes que o impediam de ter qualquer pingo de felicidade, porque não acreditava que merecia isso?

Não foi muito difícil encontrar a resposta. Afinal, durante aquela noite tinha dito a si mesmo que não queria que Savannah soubesse de nada, para que as coisas não mudassem. Depois tinha pensado em contar tudo, porque não queria que ela descobrisse sozinha e isso a afastasse.

E então descobriu que ela sempre soube e que nunca se importou. Significava que as duas coisas que quis durante aquela noite se realizaram então. Nada mudaria, afinal ela sempre soube de toda a verdade.

Ela sabia e o aceitou mesmo assim. Isso devia ser bom, certo?

Sua incapacidade de reconhecer isso talvez fosse a dita sabotagem...

Desde o começo quis aquilo, quis o sol de Savannah em sua vida, mas sempre disse a si mesmo que aquela amizade nunca duraria, que ela nunca aceitaria a verdade quando soubesse.

E então Savannah, e todos ao redor dela, sabiam a verdade, e estavam bem com isso. Por que então Bucky continuava dizendo a si mesmo que não podia ficar perto dela? Por que continuava buscando desculpas pra fugir quando tudo que queria era ficar?

Respirou fundo. Quando disse a Steve que não podia confiar na própria mente, estava se referindo a Hidra e as palavras-gatilho que o controlavam, porém naquele momento, sentado no chão de seu apartamento, Bucky percebeu que era mais que isso... Não podia confiar na própria mente porque era seu pior inimigo.

Savannah ofereceu de bandeja tudo que Bucky dizia para si mesmo que queria e ele simplesmente não aceitou. E o pior de tudo, ele duvidou dela e a magoou, virou às costas quando ela nunca fez isso...

Passou a mão pelo rosto e cabelo nervosamente, quando enfim enxergou o que tinha feito. Como podia ser tão estúpido?

— Ela nunca vai me perdoar... — Murmurou para si mesmo, ganhando a atenção de Alpine.

Teve que controlar a respiração então, duas metades se si brigavam em um debate interno violento. Metade de Bucky queria se levantar e pedir desculpas, mesmo que fosse tão tarde, mesmo que Savannah sequer abrisse a porta... Porém a outra metade de si, dizia que era melhor daquele jeito, que jamais mereceria o sol de Savannah em sua vida e que, o mínimo que podia fazer por ela, era dar-lhe a chance de se afastar e de fugir da confusão que ele era.

E se não fosse autossabotagem e se fosse apenas sensatez?

Então, como um tipo de sinal divino, alguém bateu na porta sutilmente duas vezes. Bucky se colocou de pé, alerta, sempre pronto para uma batalha, mas quando mirou através do olho-mágico o que viu foi sua paz encarnada.

Savannah... Foi impossível não sorrir, ele segurou a maçaneta, prestes a girar o trinco, quando notou a mão de vibranium totalmente exposta.

Paralisou. Ela bateu de novo e ele não abriu. Savannah nunca tinha estado ali, nunca tinha visto seu apartamento vazio demais e, mesmo que soubesse do braço de vibranium, ela nunca o tinha visto de fato.

E se ela se assustasse? E se ao ver o braço metálico a ficha finalmente caísse?

— James... — A voz feminina veio através da porta. — Olha eu sei que você não quer falar sobre isso. Então a gente não fala, simples. A gente nunca precisa falar sobre o que você não quiser falar...

Bucky ergueu a cabeça para o olho mágico novamente, Savannah tinha a mão apoiada na porta e encarava o chão.

— Eu só... Você é meu amigo, eu me importo com você. — Ela continuou, e ele encostou a mão direita na porta também, mantendo a esquerda na maçaneta. — Me importo de verdade. Eu não sei como aconteceu, ou por que aconteceu... mas aconteceu.

Podia ter respondido, podia ter dito para ela esperar e então ir vestir casaco e luva, mas por algum motivo que nem ao mesmo o próprio Bucky entendia, ele ficou ali parado no mesmo lugar, ouvindo tudo que Savannah tinha a dizer.

— Quando eu te vi a primeira vez, achei que você era muito solitário, e ninguém devia ser solitário assim, então eu só quis te conhecer melhor... E quando conheci, soube que você valia a pena e eu quis ser sua amiga... É só isso, simples assim. — Bucky pode ouvir o suspirar pesado do outro lado da porta. — E agora eu quero que você faça parte da minha vida e gostaria de fazer parte da sua também, se você quiser é claro... mas você tem que me deixar entrar, porque eu não tenho superforça pra derrubar a porta ou as barreiras que você criou, então só...

Savannah parou, suspirou. Bucky observou através do olho-mágico outra vez e a viu se virar e encostar na porta.

— Eu só queria que você soubesse disso. — Ela continuou, e tinha a voz tão embargada que um nó se formou na garganta de Bucky. — Só queria que soubesse que você não tem que ficar sozinho, se não quiser, e que... minha porta vai estar sempre aberta pra você. Quando você estiver pronto. Boa noite, James...

Sentiu quando ela se afastou, ouviu os passos leves no corredor e apenas não pensou antes de girar a maçaneta e abrir a porta.

— Savannah...? — Chamou, fazendo com que ela parasse onde estava.

Bucky se deu conta do que tinha feito enquanto ela se virava, encostou na porta então, o braço de vibranium escondido para o lado de dentro e o outro apoiado no batente.

Os olhos avelãs tocaram os seus, as lágrimas contidas neles tornando seu brilho ainda mais intenso. Savannah sorriu, não o sol de verão de sempre, algo leve, quase aliviado...

Caminhou lentamente de volta, parando na frente da porta outra vez, sem que seus olhos abandonassem os de Bucky por um só segundo. Dois ou três passos de distância, ela não se moveu mais, não disse nada, apenas esperando pacientemente pela decisão dele.

Ficou claro que Savannah só entraria se Bucky permitisse. Se ele quisesse isso... E não era sobre entrar no apartamento, era sobre entrar na vida dele.

— Se eu te deixar entrar, talvez você não goste do que vai ver... — Ele murmurou, engolindo em seco e remexendo os dedos de vibranium atrás da porta. — Depois de cem anos muitas coisas estão quebradas nessa casa, ela pode parecer vazia, mas é uma bagunça, e às vezes nem eu mesmo entendo.

Savannah esticou a mão, tocando o braço direto de Bucky que permanecia apoiado no batente, bloqueando a passagem.

— James... Eu já disse pra você. Tudo que eu quero é ser sua amiga. — A voz dela era doce e carinhosa. — Isso inclui todas as partes de você, as bonitas e as que você julga feias, as boas e as ruins, as vazias e as confusas... Todas elas. Além disso, você já viu meu apartamento, eu posso lidar com a bagunça.

O modo adorável como ela terminou aquela declaração fez com que Bucky sorrisse e com que seu braço lentamente deixasse o batente e a porta fosse aberta.

Savannah deu um passo para dentro do apartamento escuro e Bucky fechou a porta devagar. Azuis e avelãs estavam presos um no outro quando ele moveu a mão de vibranium para acender a luz.

Sabia que não teria mais como Savannah não ver seu braço, e ela fez isso quando acompanhou o momento em que ele afastava os dedos do interruptor.

O coração de Bucky batia acelerado em expectativa, mas a ruiva não disse nada, apenas lhe ofereceu um sorriso calmo e estendeu-lhe a mão. Bucky moveu a direita de encontro a ela, mas o movimento sutil que Savannah fez dizia que não era o que ela queria.

Bucky levou alguns segundos, mas enfim ergueu a mão de vibranium, fazendo com que os dedos deslizassem pela palma de Savannah devagar. Franziu as sobrancelhas então, porque algo que certamente não esperava aconteceu... Podia sentir a temperatura e a textura da pele dela através do vibranium.

T'chala e Suri tinham dito que ainda havia coisas sobre o braço que ele descobria, mas não pensou que aquela fosse uma delas. A tecnologia Wakandana podia reproduzir parte do tato humano.

A mesma sensação veio quando Savannah deslizou a mão por seu braço e se aproximou ainda mais. Ela fez com que Bucky pousasse a mão em sua cintura e por um segundo ele pensou que outra coisa aconteceria, mas, quando Savannah lhe abraçou, tão apertado como se pudesse juntar todos os pedacinhos dentro dele, Bucky soube que era exatamente aquilo — aquele braço — o que ele precisava de verdade...

Sim, tinha pensado em beijá-la mais cedo, quando achou que nunca mais ficariam próximos, quando achou que tudo mudaria pra sempre. Porém as coisas não mudariam, Savannah não se afastaria por causa de uma verdade que ela já conhecia. E ali, enquanto a abraçava tão forte quanto era abraçado e afundava o rosto nos cabelos macios, sentindo o perfume de mel e frutas vermelhas que ela tinha, Bucky decidiu que Savannah Devenport valia mais que um beijo de despedida.

Não podia correr o risco de estragar tudo com um algo tão fugaz e passageiro como um beijo. Ele precisava de Savannah por perto, sempre. Assim como a vida na Terra precisa do Sol para existir...



Eu amo muito meus bolinhos, só isso mesmo... (Mentira, tem um monte de coisa pra dizer kkkkkkk)

Como muita gente já tinha adivinhado, Savy sabia de tudo, enquanto o Bucky tava achando que era uma identidade supersecreta foi um menino de 6 anos que contou tudo kkkkk (tadinho do Bucky gente)

Bucky fez um progresso muito grande nesse capitulo, ele reagiu muito mal emocionalmente (e não o culpo) mas depois, com  ajuda da mensagem do Sam, fez uma analise mental e viu que tinha algo errado ali. 

Ele ter deixado a Savy entrar no apartamento e ver o braço teve uma simbologia muitoooo grande. Claro que ainda tem muito que trabalhar no emocional dele, mas aos poucos ele chega lá.  (Alias, bela surpresa essa do braço, foi a primeira coisa que eu pensei quando o Sebs falou que tinha coisas sobre o braço que não sabíamos ainda, e a Suri é foda, então acho mesmo que ela pensaria em implementar algum tipo de tato no braço.)

Savy conhece o Steve (e não baba muito ovo dele, pelo visto), isso não é uma informação jogada, vou falar mais em breve.

E por último: eu sei que todo mundo tá esperando o beijo, mas algumas coisas acabam significando bem mais pro casal que isso. Então cada coisa no seu tempo.

O próximo vem sob a perspectiva da Savy e acontece algumas semanas depois desse, pra gente ver como ficou a dinâmica dos dois depois disso tudo.

Beijos e até!

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