O personagem desta poesia
É Tomás
Um arrumado rapaz
Que se desengonçou certo dia.
Nas suas constantes idas ao centro da cidade
Tomás negociava itens de grande variedade
Era representante
E para isto se fazia elegante.
"Bom dia, senhorita!"
Cumprimentou a cliente
O nome dela era Dona Rita.
Dona Rita era rica
Mas não sabia se vestir
Ela até que era bonita
Mas enfeiava a si
Com toneladas de maquiagem
Que dariam para abastecer uma carruagem
Chega o pó caía
Quando ela sorria
E o vestido bufante
A deixava em formato de tanque.
"Bom dia, meu amor!"
Rita respondia
Resplandecendo em alegria
Ela era afim do vendedor
Pena que era casada
Com um velho empreendedor
Dono de uma empreiteira de estradas.
"Trouxe coisa boa!"
Disse o representante
"Que bom, estava aqui à toa
Volto num instante"
Retrucou a bonita coroa.
Quando voltou
Tomás se arrepiou
Parecia o Gasparzinho
De tanto pó que passou
O batom vermelho
O lábio borrou
Certamente no espelho não se olhou.
"Meu querido, me mostre"
Quase uma súplica sexual
Tomás abriu a mala com cheiro de jornal
E tirou um maço de papel
Uma caneta e um manual
Rita o fitava, girando no dedo o anel.
"Este móvel é lindo", ele apontava
Rita nem atenção prestava
Completava: "É mesmo!"
Afirmava a esmo.
Então, sem saber o que comprava
A mulher comprou
E Tomás a venda encerrou.
Rita ofereceu um almoço
Educadamente o homem aceitou
Era arroz, feijão, legumes, bisteca e purê
Agradeceu, e ela disse: "Não há de quê!"
Despediu-se dela quando a refeição terminou
E um beijo no rosto e no ombro levou
A mulher com força o apertava
E quase um pum ele soltava.
Saiu de lá aliviado
Odiava ser mimado
Mas fazia tudo pela profissão
Que adorava, até então.
No meio do caminho
Uma dor de barriga veio
No coitadinho
Dando logo um aperreio.
As tripas se retorciam
As pernas se espremiam
Fechando a porta de evacuação
Que situação!
No meio da rua
Sentiu vergonha de ir ao banheiro
Achou que aguentaria o percurso inteiro
Os gases já saíam quentes pelo traseiro.
Entrou no carro
A bunda sentou
Um peido soltou
A barriga doeu
Ele quase morreu
Com o fedor que sucedeu
Abriu as janelas do veículo
Não aguentaria muito naquele cubículo.
Acelerou o automóvel
Achou que merecia o Prêmio Nobel
Por dirigir com aquela peidaria
Como desejava sua privada, como queria!
Pensou que já estava na hora
De inventarem um banco sanitário
No caso desse acontecimento involuntário
"Vamos carrinho, bora! Bora!"
A tortura era quando ficava vermelho o sinal
A dor era cruel no canal retal
O vendedor passava muito mal
E urrava como um animal
Buzinando para os que estavam bem
E não precisavam segurar o marrom trem
Nem dar a luz à um castanho neném.
Chegou em casa num alívio
Relaxou
Saiu do carro com um suspiro
Cagou...