Lost In Your Eyes | ✓

By rafletee

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ROMANCE GAY Você iria contra tudo o que acredita para viver um grande amor? More

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By rafletee

TRAVIS

Durante o resto do fim de semana, minha mãe não comentou nada do que aconteceu no sábado de manhã. Eu muito menos, não queria tocar naquele assunto porque sabia que dona Margareth Lewis era boa em extrair da pessoa tudo que ela queria saber, minha mãe é boa de lábia.

Mas no domingo à noite, quando ela bateu na porta do meu quarto enquanto redigia um texto a Benjamin Franklin para a aula de história, ali estava dona Margareth Lewis na minha porta.

— Querido? — disse ela.

— Oi mãe. — disse.

Ela entrou no quarto, usava um vestido azul escuro e os cabelos tinham bobs. Meus pais nunca obrigaram a gente a ir à igreja em momento algum de nossas vidas, mas Aydan era mais religioso que eu, e meus pais vão a maioria das missas aos domingos a noite.

— Er... Sei que você não quer conversar sobre isso. — começou ela. — Formulei essa base, pois você não tocou no assunto em nenhum momento durante essas últimas trinta e seis horas.

— Mãe...

— Travis Lewis. — cortou ela. — Não venha com esse papo. — ela se sentou na cama e me olhou no fundo dos olhos. — Tem alguma coisa acontecendo entre você e Noah Hammond?

— Não. — respondi sem desviar o olhar.

Ela respirou fundo.

— Reformulando a pergunta. — disse ela. — Você e Noah Hammond já tiveram alguma coisa?

— Er...

— Não minta Travis, não ensinei você a fazer isso. — comentou ela, e de alguma forma sinto que minha mãe começou a fazer pressões psicológicas.

— Rolou. — não podia mentir para ela agora.

— Você gosta dele? — perguntou ela sem piscar. Mãe, me ajuda também com essas perguntas, né? Pelo amor de Deus.

— Gostar, gostar, não. — respondi. — Acho que é apenas atração. — balanço a cabeça. — Mas por que tocar nesse assunto agora? Vai passar mesmo...

— Travis. — ela começou, e sabia que agora viria um discurso de mãe. — Atrações podem ir e vir. Paixões vêm e vão. Não me engano quando vejo um olhar de alguém que vai além de atração. Não era chamado de Cupido no ensino médio à toa. Eu sabia reconhecer quando alguém estava apaixonado, e olhar que você lançou a Noah sábado de manhã...

— Desculpa. — disse. — Mãe, me recuso a continuar escutando esse discurso. Eu. Não. Gosto. Daquele. Troglodita. — respirei fundo. — Noah Hammond é um poço de egocentrismo e machismo, e outros “ismos”, não estou apaixonado por ele, e nem vou me apaixonar.

— Não diga isso, ninguém sabe o que acontece no dia de amanhã. — comentou ela.

Olhei para ela arqueando uma sobrancelha.

— Mãe, a senhora está do lado de quem? — perguntei, porquê sinceramente não sei se ela está do meu lado.

— Querido. — disse ela. — Eu estou do lado que te faça feliz, e você nunca trouxe um genro para mim...

— Por que eu vou fugir para a Califórnia e trabalhar em estúdios pornôs, não posso ter amores na minha terra natal. — respondi.

Minha mãe sorriu.

— Espero que esteja blefando em dizer que vai virar ator pornô. — diz ela.

— Talvez. — respondo, mas estou blefando mesmo, sou tímido demais quando o assunto é eu e mais alguém dentro de quatro paredes, imagina fazendo isso e sendo gravado e sendo liberado na internet para qualquer um ver... Meu Deus, eu já piro só de imaginar.

— Bem. — ela deu um tapinha na minha coxa. — Não consegui tudo que eu queria, mas uma hora eu volto, talvez outro dia, mas irei querer saber de tudo que você anda me escondendo. E se já começou a transar, precisa usar...

— Camisinha. — assenti. — Eu sei mãe, a senhora não vai pegar a banana e ensinar como se coloca, não é?

Minha mãe ri e nega com a cabeça.

— Não. — responde ela. — Não dessa vez, Travis, por que não tenho tempo. A igreja me chama.

Assinto. Ela se levanto.

— Se quiser falar qualquer coisa, é só me procurar. — ela vai fechando a porta. — Eu sou a sua mãe e não importa o que acontecer, irei te amar eternamente.

Sorrio.

— Também irei te amar eternamente. — respondo.

Então ela fecha a porta. Olho para o texto sobre Benjamin Franklin e não sinto mais vontade alguma de continuar a falar sobre a vida dele, apenas me solto na cama e encaro o teto pensando em algumas coisas que minha mãe me disse.

NOAH

— Noah, meu anjo, vamos sair desse quarto. — escuto a voz abafada de minha mãe do outro lado da porta.

— Vai embora. — resmungo.

— Faz mais de um dia que não vejo o seu rosto...

Levanto e caminho a passos largos até a porta e a abro.

— Oh. — diz ela assustada a me ver. — Quando foi que você fez a barba pela última vez?

Passo a mão pelo rosto e sinto os pelos grandes, largo a mão que balança ao lado do meu corpo.

— Er... Sexta? — saiu mais como uma pergunta, nem eu lembro quando fiz a barba.

— E está tomando banho e trocando de roupa? — perguntou ela. — Não é saudável ficar deitado o dia todo de roupão. E se não tomar um banho, se barbear e descer para jantar conosco essa noite, falarei para as empregadas não trazerem mais suas refeições até seu quarto.

Reviro os olhos.

— Tá, tanto faz. — digo.

— Noah...

— Já acabou? — perguntei.

Os olhos dela lacrimejaram, uma das coisas sobre minha mãe, ela é muito sensível.

— Mãe...

— Nunca fale coisas assim para as pessoas que mais querem o seu bem. — ela se virou e começou a caminhar. — O jantar é daqui trinta minutos. — e começou a descer a escada.

— MÃE! — chamei mais alto, mas ela não olhou para trás.

Respirei fundo. Loretta apareceu e olhou para mim com desgosto.

— Tsc, tsc. — disse ela. — Além da aparência está agindo como um porco.

— Ah cala a boca. — disse e bati a porta.

Assim que estava de volta ao refúgio do meu quarto caminhei até meu banheiro e me olhei no espelho, eu mesmo não me reconheci. Respirei fundo. Não deixaria as palavras e atitudes de um Pé Rapado me deixar para baixo.

Abri a torneira e peguei um creme de barbear. Eu iria voltar a ser como antes.

TRAVIS

Quando Nora e Oliver vieram me buscar na segunda de manhã eu deveria estar com uma cara péssima. Por que ela começou assim...

— Travis Lewis de quem você levou o fora?

— Nora...

— Tudo bem se não quiser me falar, mas sua cara está horrível, e não vem botar a culpa que é apenas sono. — disse ela. — Não caio nessa. Não mais, desde Dwayne Darren no nono ano.

Balanço a cabeça.

— Nada que você precise se preocupar, Nora. — digo.

Ela me fuzila com os olhos. Antes de dizer mais alguma coisa, Oliver fala antes que a namorada.

— Entra logo nesse carro Travis. — diz ele. — Não quero me atrasar para a escola hoje, a Sra. Larsson vai passar um teste na aula de música, estou fodido para cacete.

Assinto com a cabeça e entro no carro de Oliver. Nora não me faz mais perguntas durante o caminho.

COLTON

Fecho a porta do meu armário. Vim com meu pai. Noah disse que não poderia passar para pegar nós em nossas casas. Dei carona para Jamie, Denver disse que a mãe dele iria trazê—lo.

Viro para o lado e dou de cara com Nathaniel White me olhando. Ele está usando uma calça jeans clara, moletom cinza e tênis Adidas. O cabelo está úmido e penteado para trás, bem bonitinho até... Esse não é o Colton que eu conheço. Saio da análise da aparência de Nate White.

— Er... Oi. — digo, não sabia outra coisa para dizer a não ser isso.

Ele sorri.

— Olá. — diz ele. — Pensei sobre aquele nosso encontro na sexta a noite, e bem... Relaxa, não vou contar para ninguém.

Devolvo o sorriso.

— Obrigado. — digo e começo a caminhar. — Se era só isso.

Ele dá de ombros.

— Era. — responde.

Assinto.

— Então a gente se fala por aí. — digo.

— É, a gente se fala. — diz ele.

Começo a caminhar e antes de virar o corredor lanço um olhar para trás e vejo que Nate está encarando a minha bunda. Caminho mais rápido fugindo do campo de visão dele.

Denver me mandou uma mensagem dizendo que estaria com os meninos atrás do ginásio fumando umas verdinhas com os rapazes, então é até lá que eu vou. Assim que chego, eles estão sentados um ao lado dos outros, e dois cigarros enrolados passam de mão em mão.

Além de Denver, tem Tristan Prescott, que fornece a maconha, um cara alto e magro com cabelo longo e amarrado em rabo de cavalo. Tem Benjamin “Benny” Toshiro, um japonês baixo e com os cabelos cortados em estilo militar.

— E aí. — falo.

Tristan olha na minha direção e sorri.

— Por que não nos disse que gostava de rola também? — perguntou Tristan.

— Que? — perguntei.

— Ah cara, não precisa se estressar. — disse Benny. — A gente não tem nada contra.

— Eu não gosto, tá legal! — disse alto.

— Calma esquentadinho. — disse Tristan.

— Afinal, quem contou essa mentira? — perguntei.

— Ah, eu ouvi alguém dizendo no banheiro, nem lembro mais de tão brisado que eu estava. — respondeu Tristan. — Tô fumando maconha desde sexta à noite.

Fecho a mão em punho. Ele disse para mim que não contaria a ninguém. Viro de costas e começo a caminhar pelo caminho do qual eu vim.

— Aonde você vai cara? — ouvi Denver gritar atrás de mim.

— Resolver esse problema. — digo firme.

E não escuto mais o que Denver grita, meu foco está apenas em um cara no corredor, que tinha que ter pedido para nunca ter esbarrado comigo no balcão do bar no Rainbow.

TRAVIS

— Estranho, Noah ainda não chegou. — disse Oliver quando saíamos do carro dele.

Olho o relógio do meu celular.

— Ainda tem quinze minutos para dar o horário. — comento. — É normal pessoas chegarem quinze minutos depois do horário.

Oliver sorri na minha direção.

— Já está defendendo o namorado... — comentou ele.

Mostrei o dedo do meio.

— Esse é meu namorado. — disse balançando o dedo.

Oliver riu, e Nora sorriu ao lado dele.

— Bem, não quero segurar mais vela e já vou andando... — começo.

Mas nesse momento várias pessoas estão correndo para dentro da escola, todas animadas e com os celulares na mão. Sebastian passa por mim e agarro a camisa manga longa dele.

— O que está havendo? — pergunto.

— Está tendo uma briga. — dito isso ele continuou seguindo a multidão.

Tinha que ver quem estava metido nessa briga. Caminhei apressado entre os corpos exprimidos das pessoas nas portas duplas da escola. Devo ter pisado em vários pés, mas não me importo agora.

Quando chego no corredor principal vejo todos os celulares a postos, e no meio do círculo Colton Richards segurando um menino menor que ele contra os armários, o nariz do menino menor está sangrando. Colton está com a mão erguida para desferir mais um golpe.

— ... Vai continuar a espalhar as fofocas, seu viadinho de merda? — gritou Colton.

Ah não... Odeio isso.

Passo pelas pessoas que estava na borda e empurro Colton que larga a gola do moletom do menino. Colton olha na minha direção com raiva extrema no olhar.

— Para com isso, porra! — digo.

— Não se mete, bichinha. — grita ele. — Meu papo é entre mim e o Nathaniel aí!

Olho para o menino atrás de mim, Nathaniel, e depois olho para Colton.

— Já viu o tamanho dele? — perguntei.

Colton ri.

— Sei que a língua dele é duas vezes maior, ele é uma bicha fofoqueira. — Colton praticamente cospe as palavras.

Olho no fundo dos olhos dele.

— Por quê? — pergunto bem alto. — Repetir essa palavra toda hora, “viadinho” e “bicha”. Tem vontade de ser um? Não para de repetir.

— Oh, cala essa boca... — ele ergue a mão.

— Vai me dar um soco...

E bum. Não é que ele me dá um soco mesmo. Meu rosto vira para a direita e por um momento perco o sentindo de tudo que nem sei mais onde é o chão e onde é o teto. As pessoas ao meu redor começam a girar. Colton Richards tem uma mão muito pesada.

Sinto mãos me puxarem para o lado e só vejo alguém de cabelos loiros e tão alto quanto Colton passar na minha frente. E quando meus olhos tornam a ter foco vejo Noah Hammond em cima de Colton, e as pessoas ao nosso redor gritando alucinadamente.

— Mas que porcaria é essa? — os gritos param quando todos olham para o homem de idade com mãos na cintura olhando todos nós no meio do círculo.

Diretor Farrington.

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