Touching Paradise • Beauany

By abeaushine_

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Any era uma adolescente extrovertida e cheia de alegria até o pior acontecer. Quando perde sua mãe em um terr... More

Elenco + playlist
The lake
Beautiful smiles
Going back to our lives
First on the list
Aquarium of the Pacific
Old and new friends
Just friends
Shoulder to cry
Plans for the saturday
City of Angels x Twilight
It's a crazy party
Friendly advice
No powers
Tedious but interesting
Nervous
Nostalgic day
Feelings
Enlightening conversations
She drives me crazy
Twins day
Theories
I miss you
Like the sky
Screams, hugs and tears (1/3)
Not everything is as it seems (2/3)
Bad dream (3/3)
Know better
Caution
A small wager
Dinner invitation
You're not the only one
Revelations
Ups and downs
Trying
Sofya's party
I'm not crazy
Sensations (+16)
Decisions
The truth (parte 1)
The truth (parte 2)
Did I screw it up?
Shiv being Shiv

Good night, Any!

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By abeaushine_

25.09.2019 - 00:35
Los Angeles, California

Joshua

Enquanto o sono não chega, viro-me de um lado para o outro na cama. As palavras ditas por Any mais cedo, quando estávamos conversando, não saem da minha cabeça.

"Acho que enquanto estiver comigo, Josh, sim, eu ficarei bem." — ela disse.

Embora tenha se desculpado e ficado totalmente constrangida logo em seguida, sei que aquilo foi exatamente o que a garota quis dizer, não por ter lido sua mente, — eu não o fiz naquele momento. — mas pela espontaneidade com que cada palavra foi pronunciada.

Any se sente bem ao meu lado. Ela me quer por perto.

Sento-me na cama sem saber como me portar de agora em diante. Não posso me afastar dela outra vez. Isso atrapalharia o segmento da missão. Mas se não o fizer, quando eu for embora, pode ser que ela sofra ainda mais. Nesse caso, a missão terá sido uma grande perda de tempo.

Fico de pé e começo a andar pelo quarto, sentindo-me inquieto. Meus pensamentos se direcionam novamente a minha protegida. Pergunto-me se ela dorme em paz ou se está acordada, também pensando sobre os últimos acontecimentos. Bem, é claro que ela não está pensando sobre isso. Não faz a menor ideia da situação em que se encontra.

De repente, sinto a necessidade de vê-la, só para me certificar de que tudo está bem. Incapaz de conter esse instinto, decido fazer uma visita. Fecho os olhos, mentalizo o quarto de Any e estalo os dedos. Quando abro, vejo a garota na cama, dormindo serena. Me aproximo a passos lentos, tomando cuidado para não fazer barulho. Ela tem sono leve e não posso arriscar ser visto.

Ajoelho-me no chão, perto da cabeceira e a observo da mesma forma que fiz tantas outras vezes. A diferença é que antes, não podia tocá-la, nem ser visto por ela. Nunca estive aqui de corpo presente, era uma espécie de projeção astral. Sempre que a via sofrendo, sentia uma angústia enorme. Eu sentia sua dor, como hoje, quando estávamos juntos, só que de forma sutil. A experiência que tive mais cedo foi muito mais forte, tanto que agora é como se estivéssemos ainda mais interligados.

Quando vi suas lágrimas rolarem, finalmente pude ampará-la como sempre desejei. Pude confortá-la, mostrar que estava ali por ela. Naquele momento, tudo o que eu queria era vê-la sorrir, que ela se sentisse segura, que ficasse bem. Infelizmente, as coisas não são tão simples. Sentimentos não podem ser controlados.

Any sentia dor, vazio, abandono e, por mais que desejasse, eu não podia transformar tudo aquilo em emoções positivas. Somente ela tem esse poder. Ao pedir que se abrisse e contasse sobre sua mãe, minha intenção não era causar mais tristeza, embora soubesse que aconteceria. O que fiz foi iniciar sua jornada pelo caminho da cura.

Quando sofrem, humanos tendem a reprimir essas emoções, sem saber que na realidade, estão apenas alimentando seus demônios, tornando-os mais fortes. Para ser superada, a dor precisa ser sentida. Any só será capaz de voltar a ser o que era quando encarar de frente o que houve e finalmente entender que não teve culpa alguma pela morte da mãe.

Respiro aliviado ao constatar que, no momento, a garota encontra-se em paz, descansando em um sono profundo, ainda que sem sonhos. É melhor do que estar perdida em pesadelos. Contudo, decido presentea-la com algo que a fará sorrir ao despertar. Sim, Any terá bons sonhos essa noite. É o mínimo que posso fazer depois do que houve na escola. Satisfeito, deixo um beijo suave em sua testa e volto a me afastar, pronto para retornar ao meu quarto.

— Boa noite, Any! — digo num sussurro.

— Joshua, acorda! — ouço uma voz chamar, mas ignoro. A cama está confortável demais para que eu me atente a qualquer outra coisa. — Josh! Vamos nos atrasar! — dessa vez, mãos suaves me sacodem pelos ombros, causando-me um sobressalto. Abro os olhos e me deparo com Joalin a minha frente. — Você tem quinze minutos até que o ônibus escolar chegue, ouviu bem?

— Ouvi. — murmuro a contragosto. Só quero voltar a dormir.

— Ótimo. Então, se apresse. — ela diz e se retira do meu quarto.

Após suspirar pesadamente, salto da cama. Diferente do normal, sinto um mau humor terrível me atingir. Então é esse o efeito de uma noite mal dormida? Preciso me cuidar para que não volte a acontecer.

Pego uma toalha no guarda roupa e saio em disparada até o chuveiro. Sinto que um banho rápido me fará bem. Cinco minutos depois, estou devidamente vestido e arrumado para mais um dia na ESLA.

— Fiz panquecas. É bom que você as engula antes de sairmos por aquela porta. — Sabina avisa assim que boto meus pés na cozinha.

— Nossa, obrigado! — pego um prato e me sirvo apressadamente.

— E então... — Noah se senta na banqueta ao meu lado. — Já sabe o que fazer para convencer a Any a ir a festa da Heyoon?

— Eu não tenho ideia. — respondo em meio as garfadas.

— Sabe que ela precisa ir, não é? — Saby pergunta. — A garota não vai progredir se continuar evitando toda e qualquer interação social.

— Eu sei, mas ao mesmo tempo, acho que ela ainda não está pronta para algo desse tipo. Talvez seja melhor não apressar as coisas. Além do mais, Any não tem evitado interações sociais. Ela voltou a falar com o Lamar e a Sofya, falou com vocês ontem. Até agora, ela já saiu comigo duas vezes e em ambas, me certifiquei de que estivesse se divertindo.

— Quando falo sobre interações sociais, Josh, estou me referindo às que são feitas com seres humanos. Você não conta. — ela ergue uma sobrancelha. — E sobre os amigos dela, por mais que estejam se falando, ela não demonstrou interesse algum em sair com eles.

— Eu discordo. — Noah sai em minha defesa. — Até onde eu sei, antes de encontrar o Josh, Any só estava disposta a interagir com a cachorrinha dela. Os progressos nesse caso são evidentes.

— Você quer mesmo falar em progressos, Noah? — ela cruza os braços, o encarando. — Até agora só conseguiu que o Krystian te oferecesse entorpecentes.

— E você só conseguiu que o Bailey te desse olhares maliciosos. — ele também a encara. — Admita que nós dois estamos ferrados. Até a Joalin tem se saído melhor.

— Querem tirar o meu nome da boca, por favor? Obrigada! — a loira entra na cozinha, com a mochila nas costas. — Temos cinco minutos para ir até o ponto de ônibus. Todos prontos?

— Sim. — Saby e Noah respondem juntos. Estou ocupado demais para responder. Sabendo que não teremos mais tempo, pego o restante da panqueca com as mãos e saio andando.

Nos separamos de Joalin logo que chegamos a escola. Ela foi a única de nós que conseguiu entrar no segundo ano. Tudo por causa de uma confusão feita pelo cabeça de vento do Noah. Nosso plano inicial era que cada um se infiltrasse no ano de seu protegido, mas, na hora de fornecer as informações necessárias ao rapaz que iria confeccionar nossos documentos falsos, o anjinho de olhos verdes se confundiu com nossas supostas datas de nascimento. O resultado? Três anjos no terceiro ano e apenas um no segundo, enquanto há um protegido no terceiro ano e três no segundo. É mole?

Mais alguns metros, e Sabina também se separa de nós, por ter alguma aula no laboratório. Noah e eu seguimos juntos até a sala onde temos aula de filosofia.

— Ainda está pensativo por causa do que a Any disse? — ele pergunta enquanto ainda estamos no corredor. Ontem a noite, antes de eu me recolher, conversamos um pouco sobre o que tem acontecido entre minha protegida e eu.

— Eu não tinha pensado nisso desde que acordei, mas obrigado por me lembrar. — digo com ironia.

— Desculpa. É que fiquei preocupado. Parece algo bem sério e eu gostaria de ajudar. Seria horrível se sua missão tivesse resultados opostos aos que se espera.

— É, eu sei... — suspiro. — Mas o que posso fazer? Se quiser ajudá-la, preciso ser seu melhor amigo. Não posso me afastar.

— E se a Any tivesse um namorado? — ele me dá um olhar cheio de significado.

— Então ela teria mais alguém com quem criar laços profundos e não se ligaria tanto a mim. — paro de caminhar e o observo. — Se isso acontecer, poderei ajudá-la sem me preocupar com o futuro. Ela não sofrerá tanto com a minha ausência quando precisarmos partir. — sorrio um pouco. — Noah, você é genial!

— Ah, que isso... Não é nada demais. — ele sorri pelo elogio. — Agora só precisamos escolher alguém legal pra ela.

— Essa será a parte difícil. — levo uma mão ao queixo, pensativo. — Não conhecemos nenhum garoto bom o bastante para a Any.

— E aí, caras! — vejo Lamar se aproximar e parar ao nosso lado. Nos cumprimentamos com toques de mão.

— Lamar! Não sabe como estamos felizes em ver você. — Noah abre um sorriso enorme e passa um braço pelos ombros do garoto. Então ele me olha, triunfante. — O que dizia mesmo, Josh?

Embora eu saiba exatamente ao que Noah se refere, prefiro me fazer de desentendido no momento. Encontrar um namorado para Any é sim uma excelente ideia, mas o Lamar... Bem, ele é seu melhor amigo. E se as coisas não derem certo? Ela o perderia também?

Não sei muito sobre ele, pois não tenho contato algum com o anjo que o protege, mas o olhando de frente, posso ver que seu corpo emana energias positivas. É um bom garoto. Porém, acho mais prudente pensar melhor no assunto antes de qualquer interferência. Não quero ser responsável caso a vida de Any piore.

— Eu dizia que o Lamar deveria nos convidar para um dos seus jogos de basquete. — forço um sorriso. Noah apenas da risada.

— Mas é claro, irmão. Assim que o primeiro jogo for marcado, avisarei vocês. — o garoto diz, amigável. —  Tenho aula de arte agora. Vejo vocês no almoço?

— Com certeza. — concordo.

Assim que Lamar nos deixa, Noah se coloca ao meu lado e seguimos nosso caminho até a sala de aula. Para o meu tédio, o primeiro horário praticamente se arrasta. O sono me consome a cada segundo que passa e prometo a mim mesmo que chegando em casa, irei direto para a cama.

Ao fim da segunda aula, vou até meu armário para deixar o livro de filosofia e pegar o de inglês. Suspiro pesadamente só de pensar no que ainda precisarei enfrentar até o fim do dia. Sério, se um dia me perguntarem a missão mais desafiadora que já cumpri, a de ser um aluno do ensino médio será citada, sem sombra de dúvidas.

A monotonia das aulas que preciso frequentar fazem com que apenas influenciar meus protegidos pareça uma verdadeira colônia de férias. Não que eu tenha aversão aos conteúdos lecionados — eu não tenho. Inclusive, conheço a maioria. —, meu problema é o contexto. Gosto de ler ao ar livre, por vontade própria. Salas fechadas, repletas de adolescentes tão desinteressados quanto eu, definitivamente não são para mim. Ainda bem que essa tortura só se estenderá por algumas semanas.

Algumas semanas e voltarei a ser o que era. Voltarei a ser apenas a intuição de Any Gabrielly...

— Oi! — e por falar nela...

— Oi, Any. — fecho o armário e a observo, parada ao meu lado, com alguns livros nos braços. — Como vai?

Ela está sorrindo abertamente. Parece feliz. De repente, é como se todo o meu mau humor se esvaísse. Não há mais sono ou reclamações sobre as metodologias de ensino entediantes. Apenas sinto uma alegria me invadir. Acabo sorrindo também.

— Estou bem, obrigada. — ela ajeita os livros, um pouco tímida. — E você? Tudo bem? Parece cansado.

— Dormi pouco essa noite. Só isso. Mas está tudo bem. Vou tratar de recuperar o tempo perdido assim que chegar em casa. — mudo o peso de uma perna para outra, sentindo-me inquieto ao seu lado. — Ontem, quando nos despedimos, você ainda estava mal. Tem certeza de que agora está mesmo bem?

— Tenho sim, não se preocupe. Eu e a minha irmã conversamos ontem a noite. Ela pediu desculpas, nós nos entendemos. Depois disso, tive uma noite de sono incrível. Acordei como uma criança ansiosa por presentes na manhã de Natal. — ela ri. — Sério, nem me lembro da última vez que isso aconteceu. Foi como... mágica.

— É bom saber que um de nós dois teve uma noite tranquila. Fico feliz em te ver assim. — noto o corredor se esvaziando. — Acho que temos que ir ou vamos nos atrasar.

— Tem razão. — ela morde o lábio inferior, como se tentasse conter o sorriso. — Até depois.

A garota começa a se afastar, mas algo passa pela minha cabeça e sinto que não posso deixar para outra hora.

— Any? — chamo.

— Sim? — ela volta a se aproximar.

— Você... não vai a festa da Heyoon, certo?

— É, eu não vou. Tenho certeza de que não me sentirei bem se tentar, então...

— Entendi. — volto a olhar ao nosso redor. Estamos praticamente sozinhos agora. — Então, o que acha de fazermos alguma coisa? Assim você não fica em casa sozinha. Prometo que vai ser legal.

— É sério? — ela pergunta. Eu confirmo. — Você não quer ir a festa? Todos os seus amigos vão.

— Mas a amiga mais legal de todas não vai, então... — dou de ombros. Ela ri. — Não acho que seja divertido sem você.

— Certo. Acho que, nesse caso, podemos fazer alguma coisa. — ela diz. As bochechas levemente coradas e os olhos escuros cintilando fazem com que eu não consiga parar de sorrir. Simplesmente me sinto bem em vê-la assim. — Combinamos os detalhes depois? Eu preciso mesmo ir agora. A Sra García é ótima, mas odeia atrasos.

— Claro. Eu também vou indo. Até mais!

— Até mais, Josh! — ela beija o meu rosto e sai apressada pelo corredor.

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