MORDE E ASSOPRA

By mariiafada

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#1 em chicklit 02/05/21 Dez coisas que você precisa saber sobre a Maria Madalena: 1. Ela teve seu coração re... More

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CATORZE
QUINZE
AIDAN
DEZESSEIS
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
VINTE E UM
VINTE E DOIS
VINTE E TRÊS
VINTE E QUATRO
AIDAN - PARTE I
AIDAN - PARTE II
VINTE E CINCO
VINTE E SEIS
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VINTE E OITO
VINTE E NOVE
TRINTA
TRINTA E UM
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TRINTA E CINCO
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QUARENTA E TRÊS
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QUARENTA E CINCO
09/09
QUARENTA E SEIS
QUARENTA E SETE
QUARENTA E OITO

DEZESSETE

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By mariiafada

x x x

— Luciano? — Balbucio, lívida. — Oi...

Ele apenas me responde com um sorrisinho contido, querendo que eu aceite as flores.

Porém a sua visita me pega completamente desprevenida, não estava esperando por isso. Fazia pouco mais de uma semana que terminamos, mas vê-lo ali na minha porta me desestabilizou.

Uma bolha de sentimentos sobe pelo meu peito: Receio, tristeza, ansiedade... Foram tantos, tanta coisa juntos.

É difícil descrever exatamente o que vê-lo de novo significa para mim, mas acima de tudo me sinto triste, especialmente pelo fato de que tenha acabado.

E Luciano parece abatido, como se ainda estivesse mal e não dormisse direito.

É tão estranho vê-lo assim, estou acostumada a vê-lo sempre impecável — pois ele acredita que é mais fácil um cliente confiar em um advogado que parecesse saudável e arrumado do que alguém descuidado e bagunçado.

Seus cachos escuros estavam meio que desgrenhados e até a barba que fazia sagradamente a cada dois dias já estava dando crescendo no seu rosto.

Seria mentira dizer a mim mesma que eu não o acho mais bonito, porque acho.

Finalmente me forço a parar de encará-lo feito uma idiota e pego as flores das suas mãos. É claro que se trata de um buquê de rosas brancas.

Desde que começamos a namorar, se tornou uma tradição que ele me presenteasse com rosas brancas no meu aniversário.

Sem mais saber o que fazer, abro a porta e dou um passo para o lado. Essa era a minha oportunidade de ter a conversa honesta que queria desde voltei para Salvador.

— Entra, por favor.

— Desculpa, não vim para ficar. Só vim trazer as flores... E isto — Ele tira uma caixinha retangular do bolso e dá os ombros. — Já tinha comprado faz tempo, mesmo antes de... Você sabe, de terminar comigo. Não fazia sentido guardar para mim.

A minha garganta se fecha em angústia. Sei que não deveria, mas no momento me sinto um pouco mal e culpada por terminar com ele.

— Lu, você não precisava, realmente...

— Está tudo bem, eu só queria te dar isso. E ver como você está. — Seus olhos castanhos escuros focam os meus, mas logo desviam. — Tchau, eu preciso ir.

Ele coloca a caixinha na minha mão e se vira para ir embora.

— Espera! Por favor!

Luciano balança a cabeça.

— Está tudo bem, Madá. Não estou mais bravo, não precisa se desculpar, tá legal?

— Você precisa me ouvir...

— Eu perdoo você.

Paro, confusa.

— Você me perdoa?

— É, pelo o que fez. Por um momento até achei que te odiava... Mas eu não poderia odiar você. Nunca. Mesmo que tenha dormido com outra pessoa.

Respiro fundo, ajeitando as flores e o presente no meu colo.

Não quero que aquela nossa conversa acabe em discussão, mas me irrita o fato de que ele e Míriam tenham decidido julgar sem se quer ter me dado a oportunidade de explicar o que aconteceu.

— Eu agradeço a sua benevolência, mas se tivesse parado para me escutar ou atendido as minhas ligações, já estaria ciente de o que você ouviu naquela noite não passou de um mal entendido.

Luciano franze o cenho, confuso.

— Mal entendido? Madalena, um cara pegou o seu celular e disse que você não poderia falar porque estava com a boca ocupada!

Fecho os olhos, odiando aquele momento. E obrigada por isso, Aidan, obrigada mesmo.

— Era mentira! Ele só estava brincando.

— Ele? — Luciano entra no apartamento, agora decidindo que vai ficar. — E quem seria ele? Esse cara tão legal com quem você anda passando o tempo agora?

Deixo as coisas que estavam no meu colo em cima da mesa e ando até Luciano.

— O nome dele é Aidan. E ele é... um amigo.

Luciano cruza os braços.

— Um amigo? Amigo que faz esse tipo de brincadeira? Aposto que ele quer ser bem mais que seu amigo. Não, eu aposto que até já sei o que ele quer você faça com a sua boca!

Trinco o maxilar. O jeito como a sua voz indica ciúmes me incomoda.

— Aidan não importa aqui nessa discussão! Eu estou dizendo a verdade.

— Tem certeza?

— Por que eu mentiria? Não aconteceu nada naquela noite e mesmo que tivesse acontecido, nós não estávamos mais juntos. Então pode parar com isso! Não tem o direito de ter ciúmes.

— O sentimento não vai embora do nada só porque terminamos, Madá — Ele se aproxima um passo, a pergunta clara em seus olhos duvidosos. — Ou vai? Você já me superou? Não me ama mais?

Fico em silêncio, deixando os ombros caírem. Para ser completamente sincera, eu estava bem melhor em relação ao meu término do que nos primeiros dias.

Ficar sozinha não era o pesadelo que achei que seria, a única coisa que me deixava triste era saber que o Luciano nunca mais olharia na minha cara por causa do mal entendido com Aidan.

Não queria que existisse esse tipo de fim trágico entre nós e por isso estou tentando ser o mais cuidadosa e paciente possível com as minhas palavras.

O meu ex namorado toma o silêncio como uma hesitação da minha parte.

De repente sua mão alcança o meu rosto e o seu toque só me deixa triste, mas também me faz perceber que o que eu sentia mudou e esse tempo separados só me ajudou a ver as coisas com mais clareza.

A minha decisão não foi de uma hora para outra, o amor já estava desgastado fazia muito tempo.

O carinho pelo o que vivemos sempre vai estar aqui, mas o amor não. Por mais que doa admitir, o amor se foi.

Não consigo me ver seguindo com o Luciano.

Ele obviamente pensa diferente, porque me puxa para perto de si e aperta a minha cintura, apoiando a testa no meu ombro.

Fico automaticamente tensa, sem saber o que fazer.

É estranho demais ter aquela proximidade, é mais estranho ainda não gostar dela tanto quanto eu gostava antes.

No começo pareciam fogos artifícios explodindo dentro de mim toda vez que ele estava por perto.

E agora não sobrou nem mais um restinho daquela pólvora.

— Eu senti tanto a sua falta, Madá.

Meu coração diminui até o tamanho de um caroço de feijão quando o ouço dizer isso.

— Lu...

— Shhh, não precisa dizer nada. Está tudo bem.

Ele ergue a cabeça para me beijar e eu me esquivo. Tiro suas mãos de mim e coloco uma distância segura entre nós dois.

— Não está tudo bem, Luciano. Nós terminamos, isso é completamente sério!

Seus olhos se inflamam, magoados e irritados.

— Por que não, Madá? Por que de repente você me enxerga como se eu fosse um monstro?!

Massageio as têmporas, sem acreditar que ele está mesmo fazendo aquilo no dia do meu aniversário.

— Não é nada disso...

— Então o que mudou?! O que tanto eu fiz de errado? Sempre deu certo entre nós dois, sempre funcionou! De repente não sirvo mais para você?

— Muita coisa mudou. E você cometeu muitos erros, mas eu também errei... Esse relacionamento simplesmente não vai mais dar certo e preciso que entenda isso de uma vez por todas.

Ele passa as mãos pelos cachos escuros, inconformado.

— Eu posso melhorar, posso tentar ser o cara que você quer que eu seja...

Encaro-o, percebendo como seu comportamento oscila de raiva para arrependimento em apenas alguns segundos. Nunca tinha notado isso enquanto namorávamos, mas ele sempre muda de abordagem quando percebe que a outra não está funcionando.

Parece que agora que decidi me libertar dele, uma venda caiu dos meus olhos...

E Luciano tem a audácia de querer que eu a coloque de volta.

— Eu não me sinto mais da mesma forma que antes.

Agora ele entra no modo advogado.

— Todo relacionamento passa por crises, amor. Você não pode desistir de nós dois assim tão fácil...

— Posso — Eu digo duramente, tentando não chorar. — Posso e vou. Para de tentar fazer a minha cabeça! Eu não quero voltar, não quero tentar consertar algo que sinto que não tem conserto. Nosso relacionamento não ficou ruim de uma hora para outra. Ele sempre teve coisas ruins que me afetavam, simplesmente cansei de aguentar calada. Eu não mereço isso!

— Tudo bem, acho que você precisa de mais alguns dias para pensar.

— Você me fazia mal! — Grito, perdendo a paciência. — Eu estava completamente infeliz ao seu lado. É isso que quer ouvir? Durante meses a única coisa que eu conseguia pensar era em terminar com você mas eu simplesmente não sabia como!

Luciano pisca, perplexo e magoado.

— Entendi, você acha que não me ama mais — Ele murmura ao se afastar de mim. — Eu só estou pedindo para que pense à respeito, tome o tempo de quiser. Eu não me importo em esperar... O que é isso?

Sua atenção se desvia rapidamente para o meu notebook, que ainda está aberto no vídeo de Aidan e eu.

Meu coração pula do peito e trato de alcançar o aparelho na mesma hora para fechá-lo. Definitivamente o meu ex não quer ver aquilo e nós dois não precisamos de mais esse drama para discutir.

— Isso não é nada importante. Acho melhor você ir embora agora, está tarde.

— Okay, eu vou. Vou respeitar o seu espaço, leve o tempo que for para pensar.

— Eu não vou fazer você ficar me esperando, isso é loucura! Dá para parar com isso? Não tenho nada mais o que pensar.

— Eu não me importo em esperar, Madá! Você é a mulher da minha vida!

Mais uma vez preciso controlar as lágrimas de frustração. Antes, se ele tivesse me dito isso, eu teria ao menos lamentado que percebeu tarde mais, teria cogitado a ideia de que talvez tudo pudesse ter sido diferente.

Só que agora não desejo nem um por segundo que as coisas tenham acontecido de outra forma.

A cada dia que passa, me sinto mais confortável na minha própria pele de novo. E simplesmente não posso abrir mão de mim mesma, essa possibilidade está fora de cogitação.

— Se eu fosse a mulher da sua vida, você não estaria aqui tentando me convencer disso. Eu já saberia.

Luciano respira fundo, como se estivesse preparado para debater comigo a noite toda.

— Madá...

— Já chega, por favor. Eu não vou mudar de ideia. E se você realmente me ama e quer me ver feliz, vai parar de insistir nesse assunto... Sei que é difícil, mas vai ser melhor assim.

— Eu... — Ele engole em seco e balança a cabeça. — Não sei o que dizer. É só que não imaginava uma vida sem você.

É claro que não. Para Luciano era muito mais fácil, eu estava li ao seu lado para o que precisasse. Agora entendo, deveria ser realmente confortável ter alguém tão solícito e disposto ao seu lado, formando acima de tudo um casal carismático.

Mas nós dois não passávamos de uma ilusão bonita na qual eu não estava mais disposta a acreditar.

— Acho que é melhor deixá-la em paz, então — Ele decide, falando baixinho. — Posso pedir uma última coisa à você?

— Claro.

— Quando eu for embora, abra o seu presente. E pense a respeito da resposta.

— Tá, eu farei isso.

— Tchau, então. — Ele se aproxima e me envolve em um abraço apertado que dura mais do que eu gostaria. — Obrigada... e feliz aniversário.

Um pouco tensa, apenas concordo com a cabeça enquanto o vejo andar até a porta.

— Não se esquece de abrir o seu presente, ok? É importante.

O meu ex para na porta, esperando que eu responda. Forço um sorriso.

— Pode deixar, vou abrir. Obrigada, vou amar não importa o que seja.

Ele assente.

— Eu sei que vai. Tchau, Ma.

Quando Luciano finalmente vai embora, eu caio no sofá e deixo todo que todo o ar que estava prendendo sair dos meus pulmões.

Foi uma conversa exaustiva, mas durou menos do que eu esperava.

Contemplo o teto do apartamento por alguns minutos em silêncio, sabendo que algo não está certo.

Isso foi fácil demais.

Se tem uma coisa que sei ser uma característica de Luciano é não abrir mão do que ele quer e acredita com facilidade.

Desconfiada, levanto e vou até a mesa, onde estão as flores e o tal presente.

Sem cerimônias, abro a caixinha de veludo e encontro uma linda pulseira de ouro encrustada com pontos brilhantes que – espero – não sejam diamantes de verdade.

Ao lado da pulseira há um bilhete.

Desdobro o papel sentindo o meu estômago embrulhar de nervoso. Está escrito:


Quase deixo a caixinha cair das minhas mãos, sentindo que a vida acabou de me dar uma rasteira pela qual eu não esperava.

Puta merda.

Luciano estava pretendendo me pedir em casamento?

Mal tenho tempo para mastigar esse fato o bastabte quando há outra batida na minha porta.

Só que não consigo me mexer rápido o suficiente, todo o sangue parece que subiu para a minha cabeça e está latejando nos ouvidos.

Casamento. Casamento? Ele perdeu o juízo?! Tirou essa carta da manga por puro desespero ou já tinha isso em mente antes?

Em transe pela descoberta, ando até a porta e abro de novo. Não há ninguém no corredor.

Olá? — Coloco a cabeça para fora, procurando por alguém, mas não uma alma se quer lá fora.

Estou quase fechando a porta quando avisto a caixinha vermelha deixada no meu tapete de bem-vindo.

Subitamente curiosa, pego a caixa e a inspeciono. É pequena e tem um laço branco no topo. Sacudo e ouço um barulhinho metálico vindo de dentro.

Abro a caixa e franzo o cenho mas demora só cinco segundos para que eu entenda.

É um lindo chaveiro em forma de bola de sinuca, mas não qualquer bola.

A bola oito.

— Aidan — A resposta é óbvia. — Espera, Aidan?!

Não pode ser, como ele sabe onde eu moro?! Como sabe que hoje é meu aniversário?

Eu saio para o corredor.

— Aidan?

Corro até a outra ponta, vendo que o elevador da esquerda está descendo para o térreo. Chamo o elevador da direta que por sorte estava no mesmo andar e entro, apertando o botão T freneticamente.

Eu não posso deixá-lo ir assim.

Preciso saber como ele descobriu o meu endereço, como entrou no meu prédio e acima de tudo o porquê veio até aqui.

Balanço o corpo para frente e para trais enquanto o elevador desliza poço abaixo, ainda com a caixinha vermelha nas minhas mãos.

As portas finalmente se abrem e saio no hall vazio do prédio. Não tem ninguém ali, muito menos saindo com o carro na rua.

Solto um suspiro frustrado, encarando o chaveirinho com a bola oito.

Ele já se foi.

x x x


EU SEI, TAMBÉM ESTOU COM SAUDADE DO AIDAN, QUEM É O LUCIANO NA FILA DO PÃO PERTO DELE????

NOSSO CAFAJESTE FAVORITO VOLTA NO PRÓXIMO CAPÍTULO! 💛

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