[Não se esqueçam de imaginar o Niall em versão feminina.
Palavras do capítulo antigo: 884 words
Palavras do capitulo reescrito: 1794 words
Boa leitura.]
O meu olhar estava posto nas duas mulheres de casa a deixarem a área dentro do carro, vendo-o cada vez mais distante, deixando-o do ver por fim. Sabem, aquele sentimento em que nada está a correr bem e a tua cabeça está num confusão de pensamentos e previsões? Bem, isso é neste momento a minha mente. Confusa e tentando prever o futuro. Nunca num futuro longínquo pensei em vir tornar-me num rapariga. Eu nem sabia que era cientificamente possível, provavelmente nem é, mas então como acordei assim?
Abanei a cabeça e suspirei. Eu estou a pensar muito e estes pensamentos só me vão fazer ainda pior. Subi as escadas para o meu quarto e fui tomar um banho para ver se conseguia relaxar e afastar estes pensamentos. Os meus dedos tocaram na superfície da água vendo a temperatura que estava amena. Despi todas as minhas roupas e entrei devagar para não escorregar. Por vezes, eu conseguia ser muito desastrado, e agora eu não sei se este corpo é também desastrado, mas pela fragilidade dele, vou supor que sim. Lentamente, mergulhei todo o meu corpo na água sentindo os meus músculos a relaxar com o efeito da água na minha pele. Mas espera? Que músculos? Eu agora só tenho banha e estrias! Mas que merda!
Mas pelo menos aquele banho deu para relaxar e não pensar muito naquilo por um pouco. Eu agora não sei como hei-de viver assim... Quer dizer, eu era o Niall Horan e agora sou uma rapariga sem nome que está à espera de respostas às suas perguntas. Isto é tão insano! Como é que eu sou uma rapariga? Como eu mudei de sexo da noite para o dia sem uma operação? Ser por escolha, isso é lá com eles, mas agora, eu não sei que mal fiz para merecer isto. Apenas, sei que o tempo dirá algo e se não disser, bem, aí estou tramado. Nunca pensei em estar num corpo de rapariga, muito menos agir como elas. Como se faz isso mesmo?
(...)
Estava a deprimir a ver séries na televisão e ao mesmo tempo comer as minhas bolachas preferidas. Mas já não parece ter a mesma emoção ao comê-las, já não parece ter o mesmo sabor. Será que estou diferente? Mas, que pergunta mais estúpida Niall. Tu agora és uma rapariga. Odeio pensamentos quando estou a deprimir.
Oiço o barulho das chaves na porta a abrir a porta de entrada e eu desvio o meu olhar do ecrã da televisão e olho por breves momentos para a minha mãe a entrar em casa.
"Olá, querido." Ela beija a minha testa e passa a sua mão por debaixo do meu queixo.
"Então como foi a conversa com o diretor? Não lhe contaste que eu virei uma rapariga por magia, pois não? Ele não iria acreditar." Pergunto parando a série no Netflix para prestar mais atenção à conversa com a minha mãe que acabou de sentar ao meu lado no sofá.
"Não. Eu inventei uma história assim para o estranha. E neste momento chamas-te Annie, és prima do Niall e da Jenna e és da Irlanda. Tu e o Niall fizeram uma troca." Ela fala e eu assinto.
"Ele acreditou nessa história?"
"Aparentemente, sim. Também disse que não sabia quando voltavas. E amanhã já vais às aulas." Ela fala levantando-se do sofá e andou até à sua mala.
"Que seca!" Grunho e como outra bolacha deixando algumas migalhas caírem em cima da minha camisola.
"A tua irmã irá ajudar-te. Não te preocupes."
"Mas porquê Annie?"
"Se tu fosses rapariga, irias chamar Annie."
"Ainda bem que sai rapaz."
"Mas não foi por muito tempo." Ela manda a piada seca e ri-se.
"MÃE!" Repreendi. "Não esperava um comentário desses vindo de ti." Finjo-me ofendido.
"É a verdade, querida." Fiz-lhe uma cara aborrecida pelo género do nome e ela riu-se. Acho que vou matar-me ali na esquina e já volto. Ela foi preparar o almoço enquanto eu continuei a ver séries e a comer as bolachas sujando tudo com migalhas. Continuo o mesmo de sempre.
(...)
"Acho isto demasiado exibidor. E que tal isto?" Junto umas simples calças de ganga com uma camisola branca sem nada na minha mão.
"Achas? Isso é muito simples, Niall. Se vais usar as minhas roupas, eu escolho." Ela diz e tira-me da mão a camisola. "Eu gosto das calças, mas que tal este top aqui?"
"Muito ousado. Eu quero algo que não dê nas vistas e que faça com que os rapazes não se queiram aproximar de mim." Bufo largando tudo em cima da cama da Jenna.
"Para isso precisavas de vestires-te à freira. E mesmo assim irias chamar à atenção. Veste aquilo que eu te dou, okay?" Assinto e suspiro derrotado. Acho que hoje o dia não vai correr nada bem. "Acho que precisas de aulas daqui da mestre."
"Aulas? Eu já tenho escola, não preciso de mais." Falo aborrecido.
"Eu estava a falar de aulas de como ser uma rapariga." Ela procura uns sapatos e quando vejo a pegar em saltos altos, eu impeço-a.
"Ténis, por favor."
"Pois, seria engraçado e ao mesmo tempo desastroso ver-te usar saltos altos pela primeira vez. Mas pensa sobre nas aulas, enquanto és rapariga. Talvez, possas adaptar-te um pouco e ser mais fácil para ti superar isto."
"Eu não vou ficar assim para sempre. Eu tenho a certeza que amanhã já serei o Niall."
"Mesmo assim, tu vais precisares de roupa para ti, portanto hoje depois das aulas, vamos ao shopping. E depois quando voltares a ser o Niall novamente, eu posso ficar com as roupas." Concordei e vesti aquilo que a minha irmã me deu. Ela ainda emprestou-me uma daquelas malas que as raparigas usam para pôr os livros e emprestou-me um caderno cheio de flores. Tomámos o pequeno-almoço à pressa e eu deixei-a conduzir o meu carro para não levantar suspeitas. No portão, eu sentia os olhares postos em mim. Como se tivesse a ser seguido pelos olhos de toda a gente. Jenna continuou a andar ao meu lado pela escola. Havia dois rapazes quaisquer que estavam literalmente a comer-me com os olhos.
"Estão a olhar para onde, idiotas?" Grito-lhes e Jenna deu-me uma cotovelada para eu controlar-me. Acalmei-me e continuei a andar até ao meu cacifo. Peguei no livro de biologia. Fechei o cacifo e umas raparigas estavam aos segredinhos umas com as outras olhando para mim. Acenei-lhes e sorri de forma sedutora. Elas ficaram a olhar para mim chocadas.
Sou tão estúpido. Eu agora sou uma rapariga! Merda. Já comecei mal.
Andei até à sala de aula já atrasado e ao entrar na sala reparo que o meu lugar estava a ser ocupado pelo Tomlinson. Pois, se aquele gajo pensa por eu ter faltado às aulas ontem pode sentar-se no meu lugar está muito enganado. Mas eu não posso chegar ao pé dele e dizer para ele sair. Ele é amigo do Niall, não da Annie e depois aquele lugar é do Niall e não da Annie. E lá se vão as minhas aulas perfeitas ao telemóvel e não ser apanhado.
"Bom dia. Deves ser a Annie." A professora cumprimentou-me e eu assenti.
"Bom dia, professora Jersey." Ela olhou espantada para mim.
"Como sabe o meu nome?" Ela perguntou.
Oh, foda-se! Só faço merda. E agora como saio desta?
"Foi só um palpite. É que na Irlanda todas as professoras de biologia são Jersey." Invento e ela olhou desconfiada e não acreditou. " Eu estava a brincar. Tenho aqui no meu horário o seu nome."
"Não voltes a fazê-lo. Agora senta-te ali ao lado da Sophie." Ela manda apontando para a morena sentada sozinha numa mesa. Sinceramente, não me admira. Mas, porra, ao lado dela? Ela é a culpada disto tudo, pelo menos, suponho que sim.
"Annie, fala-nos um pouco sobre ti." A professora pede escrevendo algo no quadro preto. Tentei lembrar-me da história que a minha mãe inventou e dizê-la.
"Olá, sou a Annie Horan, sou prima do Niall e da Jenna e vim da Irlanda. Eu e o Niall quisemos trocar para experimentar novas coisas e novas culturas, embora ele vá relembrar."
"Muito bem, nós vamos continuar a dar a aula." Ela começa por explicar a matéria e eu abstraio-me assim que oiço a voz da Sophie.
"Tu és prima do Niall?"
"Pelo menos acho que sim." Ignoro-a e volto a dar atenção à professora. Desde quando estou com atenção nas aulas, mesmo?
"Tu e ele são iguais." Ela comenta surpreendida. "Até a própria cor de pele." Ela tocou na pele da minha mão e eu retirei-a rapidamente. Mas quem lhe deu autorização para tocar-me?
"As nossas mães são gémeas." E desta vez não inventei, a minha mãe tem mesmo uma irmã gémea e vive na Irlanda, mas não tem filhas, apenas um filho. O meu primo Thomas.
"Sabes, fico feliz por ele ter ido embora."
"Porquê? Vocês davam-se mal?" Pergunto como se fosse um completo desconhecido, quer dizer eu para ela sou, mas ela para mim não é nada.
"Mais ou menos. Mas ele era um estúpido, desculpa que se diga. Pobres irlandesas que o vão ter de aturar." Mas esta gaja é estúpida? Ela está a chamar-me de estúpido indiretamente, mas diretamente, embora não saiba. Eu acho que vou gostar disto. Eu posso saber o que as pessoas pensam de mim, sem elas saberem que sou eu.
"Não o deves conhecer bem. Ele é fixe, aliás, é a melhor pessoa que já conheci."
"Só se for contigo que és prima dele." Ela murmura e suspira.
"Tu não o conheces verdadeiramente e se ele foi estúpido contigo é porque tinha os seus motivos."
"Não vamos falar mais desse idiota, quer dizer, do teu primo." Faço um olhar desaprovador e zangado para ela. Ela vai sofrer por ter falado mal do meu nome. Eu posso ser muita coisa, mas não admito que falem mal de mim nas minhas costas. Não posso permitir isso. E ela ficou no seu mundo o resto da aula e eu fiquei no meu. Não falo com cabras.
Assim que a campainha tocou pela escola inteira, eu arrumei as coisas e corri para o campo de futebol recebendo olhares e comentários de ser novato.
"Hey, falta um jogador." Liam grita para os rapazes e eu chego-me ao pé dos meus amigos.
"Eu quero jogar." Digo para eles. E eles desatáram-se a rir.
"Vai voltar a brincar com as bonecas, princesa." Louis goza.
"Eu juro que vos parto a cara." Jenna chegou e puxou-me para fora do campo, levando-nos até às bancadas.
"Mas tu estás doido?" Gritou-me, mas de uma forma de só eu ouvir. "Tu agora não podes jogar futebol com os rapazes, Niall."
"Mas eu adoro futebol!"
"Niall, não vamos discutir mais sobre isso." Assenti. "Anda vamos à biblioteca."
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