Ninety Days

By GeovanaJackson

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Ela tem noventa dias para render-se... **ADAPTAÇÃO** More

Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Are you ready for the part two?
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Do you have frameworks for part three?
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Epílogo

Capítulo 2

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By GeovanaJackson

Anastasia

O som do despertador retumbou pelo quarto, atrapalhando o meu sono.

- Acorda, querida, já são quase sete da manhã. Temos menos de uma hora para estarmos no aeroporto e passar os seus tão sonhados dias em Nova York. - Jack estava sentado na beirada da cama com um sorriso largo.

Abri meus olhos com relutância e gemi. Nem amanheceu completamente ainda, é praticamente madrugada e ele já está sorrindo como se acordar cedo fosse a melhor coisa do mundo.

Mesmo sonolenta eu chuto as cobertas e me arrasto para o banheiro. Abro o chuveiro e me olho no espelho enquanto a água esquenta. A ideia de voar tão cedo me apavora, mas é o preço por alguns dias de descanso com meus amigos em NY.

Desde que deixei meu emprego a cinco semanas atrás a vida parece ter perdido um pouco do seu sentido, pelo menos para mim. Meus horários estão todos descontrolados e eu nunca me senti tão entediada como ultimamente. Trabalhar no setor hoteleiro sempre foi um sonho que eu batalhei muito para conquistar, mas quando atingi o tão sonhado patamar de diretora de vendas eu simplesmente pedi demissão por ter perdido completamente o meu amor por aquilo.

Nunca passou pela minha cabeça que, aos quase vinte e cinco anos eu já estaria de saco cheio e exausta de coisas que até dois anos atrás eu jurava amar mais que minha própria vida mas foi assim.

Trabalhar no setor hoteleiro me rendeu bons frutos; um apartamento de alto padrão em um dos bairros mais luxuosos de Seattle, carro do ano, viagens para lugares inesquecíveis e um salário no mínimo atraente. Também era uma eterna massagem no meu ego. Cada negócio fechado, principalmente com homens mais velhos e mais experientes do que eu faziam maravilhas para o meu lado mais vaidoso, mas era entediante na mesma medida.

Eu tinha um apartamento de um andar só para mim, mas que eu mal podia aproveitar por estar sempre viajando. Um Porsche que raramente era pilotado porque eu sempre trabalhei demais. Dinheiro suficiente para renovar meus guarda-roupa com modelos da Chanel e Gucci, mas nunca aconteceu porque eu não tinha tempo de usá-los no sábado à noite num jantar com os meus amigos.

- Ana, você vai querer chocolate ou chá? - Jack gritou do outro lado da porta, cortando as minhas reflexões.

A água já estava quente o suficiente, vapor embaçando o espelho e meu tempo está curto para avaliar as minhas decisões tomadas no último mês.

- Dessa vez vou querer café, ainda estou com sono. - ele riu do outro lado.

- Claro, querida, eu vou preparar. Não demore muito, nosso tempo está apertado.

Eu bufo e faço um coque alto no meu cabelo antes de me aventurar em baixo do jato quente. Fecho meus olhos e esfrego meus ombros, me deixando imaginar como seria incrível mãos poderosas e possessivas me tocando ao invés das minhas. Jack é um homem poderoso, com cabelos loiros, olhos azulados e sorriso fácil. Ele tinha alguns músculos e uma animação impressionante, menos para aquilo que eu realmente queria.

O sexo era decepcionante as vezes e meus dedos que tinham mais acabar com aquilo que começamos, mas mesmo assim ele ainda era o melhor homem do mundo. Com seus vinte e nove ele já era dono do próprio negócio e fazia doações para hospitais infantis com frequência.

- Ana? - eu abri meus olhos e suspirei, fechando o registro e puxando uma toalha.

- Já estou saindo.

Passei minha mão pelo espelho e reparei como eu precisava de férias. Olhos azuis cansados me fitaram do outro lado. Soltei meu cabelo e vi eles caírem em uma cascata castanha até quase tocarem a minha bunda, mas mesmo eu parecendo uma merda eles ainda estavam brilhantes e saudáveis. Em circunstâncias normais eu me consideraria um pedaço de pecado, mas não agora.

As coisas pareciam não fazer muito mais sentido. O que vai ser de mim agora? Sem emprego, sem propósito e completamente exausta das coisas que um dia jurei serem a minha vida. Eu me sentia perdia e deslocada, principalmente sem um cartão de visitas e um celular comercial. Era como se uma parte de mim estivesse faltando.

Mas foi o melhor. Ou eu largava tudo ou a pressão me deixaria insana.

Suspirei e fechei os olhos, afastando a minha cabeça de assuntos sem importância agora. Eu estou saindo de férias com meu namorado, minha melhor amiga e o namorado dela para a cidade que eu não piso à quase vinte anos.

Escovei meus dentes, ajeitei meu cabelo com a escova, corrigi minhas olheiras com corretivo e base e puxei meus cílios com máscara. Isso é o máximo que eu posso fazer para uma viajem de quase cinco horas e um calor quase insuportável.

Saí do banheiro para o quarto vazio e puxei a roupa que tinha escolhido ontem; short jeans, blusa branca e sandálias plataforma. Eu tinha que estar perfeita na maior parte do tempo e os momentos que me permitiam me vestir informalmente eram uma bênção.

Me vesti rapidamente e deixei o quarto, puxando minha mala junto comigo. Nós ficaríamos por uma semana, mas a minha mala carregava quase metade do meu closet. Jack estava sentado na bancada da cozinha lendo o jornal. Mesmo que eu não estivesse em casa durante grande parte do tempo eu fiz questão de que tudo fosse moderno e bonito. Minha mobília era predominantemente preta e o apartamento bastante iluminado com janelas do chão-ao-teto. Mas por mais que fosse o meu lugar não se parecia em nada com a casa de uma mulher.

Jack percebeu a minha presença e largou o jornal, girando na banqueta e sorrindo para mim. Eu o conheci em uma das poucas noites em que eu conseguia estar em casa. Sua foto apareceu para mim enquanto eu vasculhava um site de relacionando sem nenhum motivo aparente e nós começamos a conversar. Desde o primeiro momento ele foi carinhoso e cordial e isso acabou por me conquistar.

Nosso relacionamento era tranquilo e equilibrado, eu com minha personalidade forte e autoritária e ele pacífico e compreensivo. Nossas diferenças foram atrativas e nos uniram, mas por mais perfeito que isso fosse ainda faltava a paixão que eu tanto sonhava. Nossa diferença de idade não era tão grande, mas Jack já se considerava velho demais para se aventurar e quem acabava saindo prejudicada era eu.

Enquanto ele era adepto de uma noite romântica com mais beijos e palavras bonitas eu era uma bomba de energia sexual desesperada para ser detonada. Meu caminho era me masturbar e idealizar um homem que Jack nunca seria, mas eu me sentia segura e protegida ao lado dele.

- Tudo pronto, querida? - eu assenti com um sorriso, entregando minha mala para ele.

- Pode ir descendo, só vou pegar minha bolsa e uma garrafa de água.

Jack assentiu e saiu puxando minha mala que facilmente me caberia dentro. Era sempre a mesma coisa; excesso de bagagens com mais roupas que o necessário e trinta pares de sapatos.

Pisar na área de embarque do aeroporto já foi suficiente para o pavor fechar suas garras ao redor do meu pescoço. Eu tinha uma claustrofobia desgraçada e se já não bastasse ainda herdei os pavores da minha mãe e a mania de perseguição.

No portão de embarque já estavam Kate e José. Os dois estavam juntos desde o ensino médio, mas nem de longe pensavam em casamento. Quando contei para Kate sobre Jack ela torceu o nariz, mas foi conhecê-lo melhor que ela mesmo admitiu que eu não poderia ter encontrado homem melhor.

Ela é loira e alta com impressionante olhos verdes, cintura fina e cabeça feita, tão diferente de José. Ele tem fortes traços latinos, assim como eu - graças a minha mãe e avó - mas pensa como uma criança de cinco anos. Para ser sincera é curioso como os dois estão juntos por tanto tempo sendo tão absurdamente diferentes.

- Ana! - ela grita o meu nome e corre até mim, me envolvendo num abraço apertado. Mesmo com minhas sandálias altas eu ainda sou um palmo mais baixa que ela. - Você está incrível.

Eu engoli dois calmantes e respirei fundo, dando o primeiro passo em direção ao avião. Nós faríamos uma escala em Chicago e depois iriamos direto para Nova York, graças a Deus pouco mais de duas horas de vôo. A última vez que eu estive em Nova York foi no meu aniversário de cinco anos quando minha mãe decidiu me mostrar a nossa cultura latina que tinha peso por lá. Eu me lembro de ter gostado, mas ao mesmo tempo não.

Nova York é uma cidade caótica, que nunca dorme. As pessoas estão sempre com pressa e quase nunca param para apreciar as coisas em volta.

Quando finalmente pousamos no aeroporto JFK já se passava da uma da tarde e o sol estava alto e potente. Nós puxamos a nossa bagagem para fora e nós aventuramos na fila de aluguel de carros. Jack suspirou, passando as mãos pelos cabelos enquanto iniciava uma conversa com José. Kate parecia uma adolescente tirando fotos de tudo a sua volta. Eu deixei minha mala e me afastei um pouco deles, atravessando as portas do aeroporto e observando o movimento louco de Nova York na hora do almoço.

Fui andando de cabeça baixa para proteger meus olhos do sol até que um homem de terno atravessou na minha frente. Eu parei na mesma hora, olhando para ele com curiosidade. Ele notou e eu rapidamente fiquei de lado, como se não tivesse me dado conta dele ali.

Mais dois caras surgiram. Um loiro que falava alguma coisa em italiano eu acho e outro com cabelos escuros e corpo impressionante. Ele parou ao meu lado por um momento e eu virei o rosto, envergonhada por tê-lo avaliado tão descaradamente.

Com o canto do olho eu vi ele puxar o cara loiro para dentro de um SUV impressionante e bater a porta com força.

Será que ele reparou e ficou bravo?

Eu rapidamente dei as costas e retomei a minha caminhada. O carro que os três homem tinham entrado passou por mim devagar e eu levantei a minha cabeça, mas as janelas escuras me impossibilitaram de ver melhor quem estava ali dentro.

- Ana! - Jack me gritou, balançando as chaves do carro na mão. Eu dei uma última olhada para o carro e fiz meu caminho até meu namorado e amigos.

Kate e José estavam abraçados e rindo de alguma coisa quando eu cheguei. Jack passou o braço esquerdo ao redor da minha cintura e me puxou para um Range Rover branco.

* * *

Nós estamos a três dias em Nova York e não dá para negar como esses dias de descanso já então me fazendo bem. Nós fizemos piquenique no Central Park, fomos a Times Square e assistimos Cats.

Eu desperto com o barulho de risadas vindo do corredor. Já são mais de duas da tarde e eu me condeno por ter ido dormir quase que com o dia amanhecendo. Ontem nós fomos numa balada aqui em Manhattan e eu acabei bebendo mais do que o indicado.

Minha cabeça e corpo protestam a cada movimento meu. Esfrego minha testa e gemo com a dor lancinante que já está dando as boas vindas. O lado de Jack na cama está vazio, mas há um bilhete sobre o travesseiro, além de uma garrafa de água e dois comprimidos para dor de cabeça.

Eu preferi não sair hoje, minha cabeça estava pesada demais para eu sequer pensar em dar um passo para fora do quarto. Eu acordo novamente depois das nove. Jack está secando o cabelo com uma toalha enrolada na cintura e sorri para mim, se inclinando na cama e me dando um beijo.

- Bem vinda de volta, querida. Como está a dor de cabeça? - eu estico meus braços e me sento no colchão.

- Já passou graças a você. Obrigado por cuidar de mim. - ele sorri e vem até mim, acariciando meu rosto.

- Tudo por você, Ana. Agora que tal se levantar dessa cama e ir tomar um banho? Há um lugar em que eu quero te levar.

City Vineyard é un restaurante sofisticado e romântico às margens do Hudson River. Com uma área aberta, iluminação suave e mesas muito bem preparadas se torna o ponto de encontro perfeito. A recepcionista sorri para nós e nos indica uma mesa na parte externa com uma vista impressionante para toda Nova York.

Amaldiçoei meu namorado por não ter me dito onde nós estávamos indo. Optei por um vestido longo preto e liso, com uma abertura sutil até pouco acima do joelho na perna esquerda, além de sandálias de salto brancas com brilho e uma maquiagem leve.

Por um momento pensei que minha roupa não combinava em nada com as das pessoas à nossa volta. Parecia que todos estavam olhando para mim.

- Algum problema, Ana? - Jack perguntou, afastando meu cabelo e dando um beijo no meu ombro.

- Não, só tive a sensação de estar sendo vigiada. Acho que todos estão olhando para mim. - ele me deu um dos seus sorrisos fáceis e puxou minha mão para seu lábios.

- Você tem mania de perseguição, querida. Não tem ninguém te vigiando e mesmo se tiver não se preocupe, você está espetacular.

Eu olhei a minha volta, mas ninguém realmente parecia reparar em mim. As pessoas estavam bebendo e rindo entre si, eu sendo só mais uma entre elas. Eu suspirei e afastei minha paranóia herdada da minha mãe. Localizei meu amado carneiro assado no molho de maçã no cardápio, acrescentei uma taça de sancerre e já estava pronta para fazer o meu pedido.

Os três mergulharam numa conversa qualquer e me deixaram de lado, sem nenhuma consideração. Assim que o garçom nos deixou com um sorriso no rosto e me inclinei para Jack, alcançando seu ouvido.

- Eu vou ao banheiro, não demoro. - ele assentiu e voltou a prestar atenção no assunto que compartilhava com José e Kate.

Atravessei o restaurante à procura do banheiro até chegar a uma porta preta um pouco afastada do resto das pessoas. Eu a empurrei aberta e entrei, pisando num deck de madeira escura. Era parecido com a área que estávamos, mas a iluminação era mais baixa e havia somente uma mesa.

Me virei para retomar a minha procura e bati com uma figura enorme parada na minha frente. Eu gemi quando a minha cabeça colidiu com um peito masculino largo e duro. Esfreguei minha testa e dei um passo para trás. O homem mais bonito que eu já vi na vida surgiu diante de mim me fitando com olhos cinzas brilhantes.

Eu não conseguia me mexer. Ele me olhava com adoração, como se registrasse cada traço ou cada movimento. Eu dei um passo para trás e tropecei nos meus próprios pés, sendo amparada por braços fortes que circularam a minha cintura.

- Você deve estar perdida. - ele disse com voz suave e sotaque britânico. - Se me disser o que precisa eu posso te ajudar.

Ele sorriu para mim com dentes brancos e perfeitos e me ajudou a ficar ereta novamente, colocando sua mão esquerda na minha lombar nua graças as costas do vestido e me acompanhou até a porta por onde entrei. Seu polegar esfregou na minha pele e estremeci, atrapalhando a minha caminhada.

Meu vestido se embaralhava com o salto fino das sandálias, me deixando nervosa enquanto o perfume do homem desconhecido ao meu lado me deixava entorpecida. Eu não consegui dizer nada para ele, só sorri e fui em direção a Jack assim que retornei ao espaço familiar.

Cheguei até eles esquecida completamente do motivo pelo qual eu me levantei. O garçom se aproximou de nós com uma garrafa de Moët & Chandon Impérial Rosé Brut e eu arregalei meus olhos. Uma garrafa dessas custa mais de mil dólares.

- Senhorita. - ele fez uma mesura e serviu uma taça para mim, enfiando a garrafa no balde de gelo.

- Mas o quê? - Jack olhou de mim para o garçom com sobrancelhas arqueadas.

- Um presente da casa, senhorita. - ele sorriu e se afastou. Jack ainda me olhava com uma expressão curiosa mas eu só dei de ombros e virei meu rosto em direção à água.

- Tudo bem. - escutei ele murmurar e em seguida o som de gelo contra o vidro e os três retomaram o seu assunto de antes.

Eu discretamente olhei em volta, procurando pelo homem impressionante de olhos cinza. Não seria difícil encontrá-lo entre os outros porque ele estava vestido como eu, completamente inadequado para o ambiente. Camisa social com três botões abertos, blazer e calças que abraçavam perfeitamente suas coxas, tudo negro.

- Anastasia, não fique encarando as pessoas. Apenas beba. - Jack sussurrou perto do meu rosto, segurando meu queixo com força.

Eu olhei para ele assustada. As vezes que ele ficava nervoso com alguma coisa ele tinha o péssimo habito de me segurar com mais força do que o necessário. Ele nunca me bateu, até mesmo porque ele não seria louco, mas mesmo assim não deixa de assustar o inferno fora de mim.

Ele sorriu e se inclinou, me dando um beijo casto.

- Eu te amo.

O garçom apareceu logo em seguida com os nossos pedidos. Eu suspirei aliviada e sorri para o meu namorado, agradecendo mentalmente por ter sido salva. Dei mais uma olhada discreta ao redor mas não consegui localizar o senhor olhos cinzas em lugar nenhum.

Nossa noite avançou tranquilamente, mas o homem misterioso ainda não tinha saído da minha cabeça. Como será que ele se chama? Ele me seguiu até aquela área privada ou será que fui eu quem invadiu o seu espaço?

- Merda. - Jack murmurou e saltou do sofá, puxando minha atenção para ele. - Sabe que horas são? Já se passou da meia noite, então, Ana. - ele sorriu abertamente e agarrou a minha mão, me puxando sobre meus pés. - Feliz aniversários, querida.

Kate e José também saltaram dos seus acentos e vieram até mim catando "parabéns pra você" em inglês e espanhol. As pessoas à nossa volta riam e se juntaram ao coro, batendo palmas e cantando cada vez mais alto. Vergonha subiu e coloriu as minhas bochechas.

Com um sorriso já um pouco bêbado eu agradeci a todos, olhando para Jack com raiva.

- Você não poderia deixar passar, não é? - ele riu e chamou o garçom que se aproximou de nós com um pequeno bolo vermelho e branco e uma vela brilhante no centro.

- Claro que não, eu te amo demais para não fazer você ficar envergonhada no dia do seu aniversário. - ele sorriu mais largo e segurou no meu rosto, beijando meus lábios delicadamente.

Outra garrafa de Moët apareceu na nossa mesa e eu pulei, batendo palmas como uma garotinha. Minha alegria não passou despercebida pelo nosso garçom que sorriu e colocou também uma garrafa de água e outra de cola-cola zero.

Depois da meia-noite o restaurante se transformou numa balada. Luzes coloridas piscavam no teto, pessoas cantando e dançando, música alta retumbando a cada esquina. Eu estava atravessando a multidão em direção ao banheiro quando o vi parado na plataforma.

Calmo e sem pressa ele me analisou dos pés à cabeça, demorando um pouco mais no meu rosto. Ele parecia ser italiano, mas era difícil dizer com precisão. Dessa vez pude analisá-lo melhor. Cabelos negros e bagunçados, músculos salientes, rosto forte, boca cheia e delineada. Seus olhos eram quentes e brilhantes, acompanhando cada movimento meu. Ele estava afastado das outras pessoas mas ainda assim se fazia enxergar. Deduzi que ele deve ter mais ou menos 1,90 de altura.

Não sei por quanto tempo nos ficamos nos encarando. O tempo parecia ter sido pausado. Um homem qualquer bateu com força no meu ombro e eu perdi o equilíbrio, indo ao chão de uma maneira nada elegante. Senhor olhos cinza cresceu sobre mim como um fantasma e agarrou meu cotovelo, me levantando com facilidade.

- Você está bem? - olhos preocupados percorreram o meu corpo e me tiraram a capacidade de falar novamente. - Se eu não tivesse visto que foi por culpa dele eu diria que esbarrar em estranhos é a sua forma de chamar a atenção.

O álcool no meu sistema ferveu e me deu coragem para dar um passo à frente e encará-lo de igual para igual, mesmo ele sendo bem mais alto que eu.

- E você é o herói que sai por aí ajudando as mocinhas indefesas? - ele olhou para mim com palpável diversão e agarrou meu pulso esquerdo, fazendo círculos lentos na pele. Seus olhos desceram pelo meu corpo e seu sorriso cresceu.

Ele me olhava como se não acreditasse que eu fosse realmente real.

- Você tem me encarado a noite inteira. - acusei com o queixo levantado. Por mais idiota que seja o meu sentimento de perseguição raramente falha.

- Eu estava olhando para o clube. Avaliando o atendimento, a satisfação dos clientes, salvando mocinhas indefesas. - sua resposta me confundiu e divertiu ao mesmo tempo.

- Bom, então obrigado por ter saído da sua batcaverna essa noite para me saltar de quedas não muito elegantes. - ele sorriu para mim, soltando meu pulso. - Tenha uma boa noite.

Eu dei um passo para trás e Girei em meus calcanhares, suspirando aliviada.

- Até mais tarde, Anastasia.

Eu arregalei meus olhos e me virei novamente, mas ele já tinha sumido em meio a multidão. Um arrepio subiu pela minha espinha e explodiu por todo o meu corpo.

Como diabos ele sabia o meu nome?

Fui e voltei do banheiro observando todas a minha volta, pavor colorindo meu rosto. Senti meu coração acelerar e respirei fundo para controlá-lo.

Agora não!

Quando voltei para a mesa uma garrafa impressionante de Moët & Chandon Dom Perignon esperava por mim. Jack sorriu e me estendeu uma taça.

- Veja, querida, esse ano teremos um aniversário rico. - ele riu e bebeu todo o líquido quase que de uma só vez.

- Não foi você quem pediu? - eu quase gritei, olhando ao meu redor.

- Provavelmente é um presente do restaurante. Venha, vamos beber e aproveitar a noite.

Eu até poderia estar enganada, mas algo em mim dizia que aquela garrafa era presente de outra pessoa.

* * *

Uma terrível dor de cabeça me acordou na manhã seguinte, pior do que a de ontem. Eu sou apaixonada por champagne, mas a dor explodidora de crânio que vem junto com o abuso dele sempre me faz repensar as minhas ações e preferência. Com o resto das minhas forças eu me arrastei até o banheiro para um banho revigorante. Engoli três comprimidos de advil e me joguei na cama novamente.

Quando acordei depois de algumas horas Jack já não estava no quarto, minha dor havia ido embora e o barulho de piscina me atraiu.

Eu estou de férias. Nada mais justo do que tomar um banho de sol e pegar alguma cor. Troquei meu vestido da noite anterior por um biquíni vermelho e vestido curto da mesma cor, apanhei meu óculos escuro e me aventurei pelos corredores do hotel.

Kate e José desfrutavam de mimosas na beira da piscina e eu estremeci com o pensamento de mais álcool no meu sistema. Pedi um suco de laranja com gelo e açúcar e me acomodei na espreguiçadeira.

- Vocês viram o Jack?

- Ele foi para o saguão porque no quarto a internet estava péssima. - Kate me respondeu e ajeitou o óculos escuro no rosto.

Eu suspirei. Nem nas nossas férias ele consegue deixar o trabalho de lado e aproveitar como uma pessoa normal. Passei o dia entre mergulhos na piscina e descansos na minha espreguiçadeira e quanto Kate e José quase transavam na frente de quem quer que estive aqui.

- Eu estou com fome. - minha amiga murmurou e se afastou do namorado, olhando para mim.

- Eu vou chamar o Jack. Que férias são essas que ele se entrega ao trabalho ao invés de aproveitar? - José se levantou e vestiu a camisa, indo em direção à entrada do nosso hotel.

Kate observou José se afastar e um suspiro triste saiu dos seus lábios.

- Kate? Algum problema? - ela deu de ombros.

- Eu nunca pensei que iria querer algo mais sério como casamento e crianças, mas o tempo está passando e minha cabeça mudou muito, Ana. Eu quero ter uma família, mas José não compartilha da mesma vontade que eu.

- Ei, você melhor do que ninguém sabe que eu sou péssima com concelhos, mas se você mudou de opinião já tentou sentar e conversar seriamente sobre isso com ele? Vocês fazem um casal lindo, já estão juntos a tanto tempo. Converse com ele, exponha as suas vontades e ouça o que ele tem a dizer sobre o assunto. Tenho certeza que vocês vão chegar a um meio termo que seja bom para os dois. - ele sorriu e passou os braços ao redor da minha cintura, me abraçando apertado.

- Você é a melhor amiga do mundo, sabia?

- Eu sei disso, agora vamos comer alguma coisa antes que eu morra de fome.

Nós duas rimos e deslizando em nossos vestidos de verão, fazendo nosso caminho até o restaurante do hotel.

Kate pediu outra mimosa, tentando me convencer de fazer o mesmo. Eu neguei fielmente, minha cabeça ainda protestando.

- Eu vou querer um suco de laranja.

- Isso é tudo? - ouvi uma voz masculina atrás de mim. - Pensei que seu paladar fosse mais apurado.

Eu girei no banco e paralisei. Senhor olhos cinza estava parando diante de mim novamente com um sorriso pequeno nos lábios. Hoje ele parecia menos formal, com calça jeans escura e camisa pólo branca que fazia seus músculos parecerem ainda mais impressionantes. Ele tirou os óculos negros do nariz e olhou para o barman que, desde que ele chegou passou a me ignorar totalmente.

Por trás dos meus óculos escuros eu senti a coragem crescer novamente e eu o encarei com desdém.

- Por que eu tenho a impressão de que você está me seguindo? - ele sorriu e levantou os olhos até os meus, um arrepio me percorreu e eu passei os braços em volta de mim mesma.

- Porque não é uma impressão. - ele esfregou o indicador nos lábios. - E também não é um acidente. Feliz vigésimo quinto aniversário, Anastasia. Que os próximos meses sejam os melhores da sua vida. - ele sorriu e deu um beijo no canto da minha boca.

Eu estava tão assustada e tão impressionada que palavra nenhuma saiu dos meus lábios. Ontem ele sabia o meu nome e hoje ele já sabe a minha data de nascimento. E como ele conseguiu me encontrar do outro lado da cidade? Nova York é uma cidade gigantesca! Como?

- Senhorita? - a voz do barman me tirou do topor. Ele colocou na minha frente uma garrafa de Moët Rosé, meu suco de laranja com bastante gelo e um cupcake cor de rosa com uma velinha entre o chantilly.

Eu me virei para ele novamente mas ele já tinha sumido.

Eu olhei nervosamente para o hall, mas ele não estava em lugar nenhum. Tirei meu cartão de crédito da minha carreira e entreguei a ele que negou com um sorriso dizendo que minhas despesas já haviam sido pagas. Olhei para a vela queimando no cupcake e a soprei, incapaz de colocar em palavras a bagunça que minha cabeça está.

Kate abraçou a garrafa de começou a beber enquanto murmurava o quão quente o senhor olhos cinza era. Minha cabeça criava teorias, nas nenhuma parecia fazer lá muito sentido. Pensei que ele seria um perseguidor tarado, mas ele é bonito demais para se enquadrar nessa definição.

- Ai estão vocês. - Jack e José apareceram no meu campo de visão.

Minha cabeça já cheia, aliada com as palavras e a presença constante do meu perseguidor misteriosos fizeram minha raiva explodir com força total.

- Foda-se, Jack. É o meu aniversário e você não pode deixar a sua empresa de merda nem por um instante. Já estou farta de ser colocada sempre em segundo plano. Você não se importa comigo, muito menos com os meus sentimentos então foda-se você. - agarrei a minha bolsa e o meu bolinho e saí pisando duro.

Assim que cheguei à rua lágrimas de merda embaçaram a minha visão. Eu empurrei algumas pessoas e saí andando sem rumo. Mesmo sendo uma cidade agitada Nova York tem seus pontos calmos e românticos, quase como a nova Inglaterra ou Paris ou a Itália.

O céu já não estava lá mais tão claro e eu continuava andando sem rumo. Parei e olhei ao meu redor. Havia muitas árvores e algumas mansões ao longe. Andei mais um pouco e vi um café francês típico com mesas de ferro branco e cheirinho de macarrons. Me sentei e pedi uma garrafa de vinho.

Foda-se a dor de cabeça.

Fiquei a tarde toda naquele café me negando a pensar em qualquer coisa que fosse Jack, meus amigos ou ao meu perseguidor desconhecido.

Já eram por volta das sete quando decidi que estava na hora de voltar a enfrentar a bagunça que eu deixei para trás. Meu celular não estava comigo e não havia forma de chamar alguém. Deixei o dinheiro em cima da mesa e caminhei em direção ao hotel. Nessa parte da cidade as ruas já estavam desertas e escuras. Desespero criou caminho no meu interior e eu olhei ao meu redor tentando me situar.

Era inútil, eu estava perdida.

Dois SUVs se aproximaram de mim com faróis altos e eu tive a ligeira impressão de já tê-los visto antes na entrada do aeroporto no dia em que chegamos.

A noite estava quente como o inferno. Eu estava completamente bêbada, cansada, sem celular e meu aniversário tinha sido um completo desastre.

Caminhei até o final da rua e virei, percebendo que sim, eu estava fodidamente perdida. Olhei em volta e a última coisa que eu registrei foram faróis altos e carros se aproximando de mim.

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