MUTATIS MUTANDIS

By Fernandes_Alexandre_

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Eu escrevo em linhas tortas, inspirado por alguém Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem Escuto os co... More

PRÓLOGO
Aira
Chizaine
Anderson
Janett
Miriam
Bendú
Majo
Stelvio
Kamia
#Bónus

Mário

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By Fernandes_Alexandre_

"Na vida. aprendemos que existem sete pecados capitais. Nós sabemos os mais importantes: gula, soberba, luxuria. Mas o pecado que você não ouve falar muito é a ira. Talvez porque nós pensamos que a ira não é tão perigosa assim... Isso nós podemos controlar. A questão é: talvez não damos à ira créditos suficientes, talvez seja mais perigoso do que pensamos. No final das contas, quando falamos de comportamentos destrutivos, ela chegou nos sete mais destrutivos.
Então o que faz a ira diferente dos outros pecados capitais? Na verdade é bem simples, se você cometer um pecado como inveja ou soberba, apenas você será afetado. Com luxuria e cobiça, você apenas afetará você e talvez mais uma ou duas pessoas. Mas ira, ira é pior. A mãe de todos os pecados. A ira pode fazer você passar dos limites e quando passar, pode levar varias pessoas contigo."

Mário mora no mesmo bairro de Cássia, é um cliente extremamente fiel, nunca usou uma camisa comprada em lojas, também optou por visual bem social desde a sua adolescência. As pessoas falam que ele é um "almofadinha" porque ele está sempre com roupa arrumadinha.
Bem, Mário tem 38 anos e nunca se casou, ele é muito exigente com mulheres, mas gosta de mulheres sim, só está a espera da moça perfeita. Lá vem Mário com uma sacola cheia de tecidos para Cássia confeccionar e também com histórias para contar.

- Cássia quando me sinto esquecido logo compro uns tecidos, para você transformá-los com suas mãos mágicas em roupas lindas e assim não me sinto deprimido!

Disse Mário a brincar com a rima.

- Olá, Mário fico feliz que está de volta, há muito não tinha noticias suas!

Exclama Cássia.

- Como está a fila de clientes a espera?

Pergunta Mário esperançoso por uma resposta que o agrada.

- A fila não está muito grande Mário, creio que não demorarei muito para fazer suas roupas.

Disse Cássia a  tentar agradar seu cliente.

- Que bom Cássia, eu fico contente, na verdade estou meio triste, por isso quero renovar meu guarda roupa.

Disse Mário com ar de quem quer conversar mesmo.

- Então, senta aí no sofá e me conta tudo, enquanto pedalo te escuto.

Disse Cássia sabendo que tinha algo a incomodar o rapaz.

- Bem Cássia a história que vou te contar é sinistra, nem eu acredito ainda que estou a passar por isso!

Disse Mário com um pouco de vergonha.

- Que curiosidade Mário, me conta tudo!

Exclama Cássia que a está altura já não consegue nem guiar o tecido na máquina, põe os óculos na cabeça e encara o rapaz.

- Então, mas seja forte porque não é fácil de acreditar que alguém passe por isso.

argumenta Mário.

- Homem de Deus fale logo, estou a ficar com urticária de tanta curiosidade.

Comenta Cássia.

- Eu fui remanejado para outro local de trabalho, lá no bairro do Miramar, meu autocarro tem um ponto ao lado do cemitério alto das cruzes. Para ganhar tempo e andar menos eu resolvi cortar caminho por dentro do cemitério, faço isso há um bom tempo, mas de uns dias para cá eu tenho uma companhia, ou melhor, uma moça que me acompanha todos os dias.

Conta Mário já desconfiando que Cássia possa não acreditar no que vai ouvir.

- Que bom Mário você precisa arrumar uma namorada.

Disse Cássia sem ter muito no que falar.

- Então, ela não fala quase nada sobre si mesma, está sempre com o mesmo casaco de ginástica e o mesmo tênis de caminhada, dá impressão de que está a fazer caminhada e que também corta por dentro do cemitério assim como eu.

Disse Mário encarando Cássia que já estava a dar sinais no rosto de que está duvidar da historia.

- O pior é que sou eu quem mais fala, ela sempre mantem certa distância física de mim e sempre me alcança na entrada e para de andar ao meu lado na saída, isso me deixa muito intrigado.

Completa Mário.

- Que moça estranha você conheceu, não acha?

Disse Cássia arranjando os óculos e acertando o tecido na máquina.

Isso deixou Mário sem jeito, que desconversou perguntando quando poderá vir experimentar as roupas.
Então, Mário agradeceu Cássia e foi embora.

Um mês depois

Cássia colocou as roupas do Mário para experimentar em menos tempo que o habitual, na verdade estava muito curiosa para saber o que deu a tal história dele.

- Que bom que já posso experimentar minhas roupas.

Disse Mário.

- A história da tal moça que você conheceu me deixou muito intrigada.

Disse Cássia desejando que Mário continue a falar sobre o assunto.

- Bem Cássia então, já tem alguns meses que nos encontramos no mesmo trajeto curtíssimo e somente neste trajeto, eu a convido para sair e ela sempre dá desculpas que não pode.

Comenta Mário com tristeza na voz.

- Muito estranho Mário, quem sabe ela é casada e fica a dar desculpas porque não quer trair o marido.

Disse Cássia querendo ajudar o amigo.

- Eu também penso assim, mas ela insiste em dizer que não é casada.

Comenta e mostra que está envolvido com a moça mais do que queria realmente.

Cássia entrega as roupas para Mário Experimentar na esperança de animá-lo.
Mário fica a desfilar na frente do espelho, mas não demonstra muito alegria.

- Cássia as roupas ficaram todas na medida certa, não tem nada que ajustar, pode fazer os acabamentos, você é sempre perfeita.

Disse Mário sem muito ânimo.

- Então, pode vir buscá-las na próxima semana e dá um jeito de desenrolar esta história da moça misteriosa, a fila tem que andar.

Comenta Cássia.

- É verdade, darei um jeito ou partirei para outra.

Disse Mário.

- É assim que se fala meu amigo.

Disse Cássia que deu um abraço apertado em Mário.

Uma semana depois.

Cássia colocou as roupas do Mário numa sacola, num canto da mesa e ficou só a pensar nele, estava bastante ansiosa para saber o que deu aquela história.

Quando Mário chega, Cássia vai até a porta recebe-lo, nem sempre ela faz isso, seus clientes vão até o canto onde fica a máquina, mas ela está muito curiosa para ficar sentada, estica os braços para abraçá-lo e então, percebe muito tristeza em seu olhar.

- Me conta as novidades Mário, estou aflita para saber.

Disse Cássia.

- Então, Cássia é melhor você sentar para ouvir e seja forte o final da história é de arrepiar!

Disse Mário num estado quase de depressão.

- O quê que aconteceu?

Pergunta Cássia com um tom de espanto, sentando no sofá que geralmente é o cliente quem senta.

- Foi assim, na sexta-feira eu a convidei para sair e ela me disse não outra vez, então, eu perguntei qual era a intenção dela com relação a mim e disse que estava apaixonado por ela e que pensava nela o tempo todo, então, ela me pediu desculpas e disse que não era possível.

Comenta Mário.

- Por que não era possível?

interrompe Cássia angustiada.

- Então, foi assim que o mundo desabou sobre mim, ela me pediu perdão e disse que já tinha partido do mundo físico e que vagava pelo cemitério porque seu desligamento foi de uma forma muito bruta e ela não aceitava que não fazia mais parte deste mundo.

Disse Mário olhando nos olhos de Cássia a espera pela pior reação dela.

- Meu Deus, Mário não sei o que dizer!

Exclamou Cássia.

- Não diga nada porque nem eu acredito que passei por isso.

- E você deixou quieta a história não foi averiguar?

Pergunta Cássia apavorada.

- Até então, ela tinha dito que seu nome era Daniela, era tudo que eu sabia a respeito dela. Fui trabalhar naquela sexta quase a morrer de tristeza e passei o pior final de semana da minha vida.

Disse Mário.

- Mas ela não apareceu mais?

Pergunta Cássia.

- Sim na segunda-feira eu estava com medo de fazer o mesmo trajeto, mas enfim eu passei novamente e lá estava ela, então, ela me perguntou se eu queria ver seu túmulo, eu aceitei e lá tinha seu nome inteiro, então, quando cheguei ao meu serviço fiz pesquisa e descobri, no começo deste ano um adolescente trafegava em alta velocidade e atropelou uma moça que fazia caminhada numa ciclovia, atingindo a pelas costas, ou seja, Daniela morreu sem ver.

Comenta Mário.

- Que história! Estou toda arrepiada e não sei o que te dizer.

Disse Cássia que não estava a duvidar do moço, porque o conhece há muito tempo.

- Cássia não há o que dizer numa hora dessas. Eu voltei no mesmo dia no período da tarde e acendi velas e coloquei flores e rezei muito, era tudo que eu podia fazer e nunca mais cortarei caminho dentro de um cemitério.

Disse Mário com muita tristeza na voz.

Cássia não conseguiu segurar suas lágrimas, abraçou fortemente seu cliente e amigo.

Mário pagou a conta pegou a sacola e despediu-se de Cássia.

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