Sweet Argument • JJK

By SUGANIAC

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[CONCLUÍDA] Mesmo conhecendo as melhores táticas de argumentação e debate, Jeon JungKook e Fernanda Jills não... More

Prólogo: Jujubas, Marshmallows e Chocolates
2. Um primeiro encontro rock 'n roll
3. Jeon e sua Teoria do Kookiecentrismo
4. A cabeça de JK em uma bandeja de prata
5. Seria Kookie um pervertido fofo?
6. Só à base de muito doce
7. Altos vs Estão Crescendo
8. Jogo do Ciúmes ou da Vingança?
9. Jeons Fantásticos e Onde Habitam
11. Bons o Suficiente
12. Estrago de Aniversário
13. Um (quase) Dia de Pobre
14. Fermento de Neurônios
15. Causa da Minha Euforia
16. Jeon em: O Genro Maravilha
17. Pegos Pulando a Cerca
18. O Espírito Masterchef e Tereza Ramsey
19. Quebrando o Gelo
20. Vou cuidar direitinho
21. Preparem-se, FeKook está chegando
22. Kookiecêntricos e Fernancêntricos
23. Efeito Jeon JungKook
24. Missão Mãe Cumprida
25. Caipiras em Nova Iorque
26. Um Psicólogo Swag e Muita História
27. Hashtag Fekook on GMA
28. O Octeto Fantástico
29. Respeito seu posicionamento, mas é burro
Epílogo: A tal cama de casal
AGRADECIMENTOS
RECOMENDAÇÕES

10. Rainha das Bandejas e Tiros

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By SUGANIAC

Jeon JungKook's POV

Certamente, o fato de Fernanda Jills só querer fazer faculdade de história me indigna tremendamente. Começamos com o fato de que eu, para vocês terem uma ideia, conheço muito bem as teorias de ecologia, mas, quando ela me explicou, tudo pareceu ficar ainda mais claro.

Com uma aula daquelas gratuitamente, prestei o máximo de atenção que eu pude, compreendendo todos os rabiscos que ela colocava em meu quadro-negro sem maiores problemas e, ao mesmo tempo, tentando não reparar no quão linda ela estava.

"Uau, Jeon JungKook está admitindo na cara dura que acha Fernanda Jills bonita?"

Entendam: ela é bonita, mas... Não significa que eu goste dela. Por exemplo, a Mary de Kakegurui é bonita também, e eu a odeio, sua personalidade é horrível e a sua ideia de rebaixar as pessoas por ser popular é tenebrosa... Espera, não que a Fernanda seja tão má assim, muito menos popular. Enfim, espero que vocês tenham entendido que ela é bonita, sim, e o fato de eu admitir isso não se relaciona em nada com o fato de eu gostar dela e... Eu não gosto!

— Fez sentido para você? — questionou-me, tirando-me de alguns pensamentos relacionados a ela.

— Você explicou ecologia para mim de uma forma melhor que qualquer outro professor de biologia já fez. — Desviei o olhar, sorrindo de uma forma um pouco envergonhada ao me tocar que, falar isso em voz alta, além de ser estranho, só deixava mais claro que eu a considerava... Considerava o quê, mesmo? Ah, sim. Inteligente... Era exatamente isso que eu ia dizer. — Sério!

— Então... — Esfregou uma mão na outra, enquanto eu finalmente voltava a fitá-la. — Eu realmente espero que a gente fique com o posicionamento de que os homens não vieram do macaco.

— É? — Semicerrei os olhos, tentando entender o porquê de uma afirmação assim tão repentina. Era fato de que não deveríamos ir para a competição com o ideal de achismo, porque eles podiam (e deviam) simplesmente colocar qualquer tema para nós. — Por quê?

— Foi o que eu falei, né? — Apontou para uma parte do seu esquema. — É cientificamente correto dizer isso, além de existirem termos mais complicados para o assunto, você sabe como a bancada adora dificuldades... — Ela tinha mesmo dito isso? No que eu estava pensando, ou o que eu estava fazendo quando isso aconteceu?

— A bancada também gosta que a gente a convença do "inconvencível". — Fiz aspas com os dedos, falando aquilo que acabei de explicar a vocês. — O que você acha que o lado de lá usaria como argumento para convencê-la de que realmente viemos do macaco?

— Talvez, especificar alguns ossos que evoluíram, falar sobre a evolução do "homus", até a chegada do sapiens.

— Fez o total sentido. — Balancei a cabeça verticalmente, fazendo um bico e pensando melhor sobre o assunto. Bom, era fato que mostrar a evolução dos ossos era uma ótima saída, sair com os ideais de especiação, aplicando um pouco da teoria de Lamarckismo tinha até um nexo. Entretanto, o que me preocupava era que, simplesmente, a dupla oposta poderia lançar o argumento de que Lamarck já foi superado por Darwin. Logo, eu tive uma ideia que poderia ajudar-nos em uma formulação de tese: — O que acha de procurarmos um documentário sobre o "outro lado"? Temos argumentos mais que suficientes para a teoria de que não viemos do macaco, no entanto, não temos tanto de que viemos.

— Pode ser. — Ela espreguiçou-se, fazendo com que sua barriga, que já estava um pouco de fora por conta do casaco curto, ficasse ainda mais aparente, enquanto eu me levantava. Mas não que eu tenha reparado nisso, por favor. — Quer ajuda para alguma coisa?

Hum... O que pode ser melhor que comida, cobertor e um documentário renomado?

— Naquele armário ali. — Apontei para o local onde os edredons, mantas e qualquer outro tipo de coisa quentinha ficava. — Tem como pegar um cobertor? Está esfriando... Eu vou procurar algum documentário enquanto isso.

— Posso sim — ela falou, enquanto eu pegava o meu MacBook e conectava da televisão, já ligando-o e caçando os sites que hospedavam documentários que eu gostava de assistir. —Kookie, só tem de casal.

— Você vê algum problema em dividirmos um? — perguntei, virando-me para ela. Fernanda me encarou por alguns segundos e eu já tinha pensado em completar a frase com algo tipo "Se quiser, pode pegar dois, não tem problema", mas ela já respondeu com outra coisa e, também, os longos olhares que estávamos nos acostumando em trocar faziam com que ficássemos um pouco birutas.

Se bem que eu tenho certeza de que aquela bandejada e aquele tiro devem ter feito meu Q.I. cair alguns pontos.

— Não, não vejo problema — afirmou, enquanto eu apenas voltei a procurar algum documentário.

Assim que achei o mesmo, deixei-o carregando e segui para onde tinha deixado a chave do carro e algumas outras coisas, como os famosos cookies Jills, que eu tive o prazer de experimentar e ganhar outros para trazer, e as jujubas roxas que eu tinha ido comprar mais cedo em uma loja de doces, já imaginando que Fernanda gostaria. Era o mínimo que eu podia fazer, afinal, após ouvir que ela estava indo à minha casa a contragosto várias vezes — porque essa garota parece que faz questão de me deixar desconfortável, principalmente na frente de sua mãe —, eu deveria, ao menos, deixá-la confortável ali.

Falando em Tereza Jills, acho bom eu deixar registrado aqui que eu simplesmente a amei. Primeiro, ela é uma cozinheira de mão cheia, o que faz com que o meu estômago faminto de um adolescente vibre de emoção. Segundo, ela é louquinha, o que faz com que eu goste ainda mais dela.

Claro que ela me deixou em algumas situações complicadas hoje de manhã, com a questão de pedir ajuda com os biscoitos — o que eu até consegui fazer, mas me enrolei um pouco por não ter a menor prática nisso — e o momento em que ela perguntou se eu aceitava ser seu genro, enquanto a Jills chata trocava de roupa.

Sim, ela me perguntou isso. Fiquei tão chocado quanto vocês ficaram agora.

Como solução, eu apenas soltei um sorrisinho sem graça e cocei a minha nuca, porque... O que eu poderia fazer? Pegar o meu celular, colocar no gravador e pedir para ela repetir, a fim de mostrar para Fernanda mais tarde, comprovando a minha total certeza — e de Linda Mufrey — de que ela era completamente apaixonada por mim?

Bom, mas era óbvio também: Quem resiste aos encantos de Jeon JungKook?

Assim que eu estava com tudo em mãos, voltei para a sala de estar e me joguei ao lado de Fernanda, cobrindo-me com o cobertor marrom e pegando o controle da televisão que, de alguma forma — não me perguntem como, coisas de Jeon Sarah —, conseguia controlar o computador também e dei o play. Ajeitei-me, pegando algumas almofadas e também entreguei para a Fê, que colocou-se de uma forma confortável ao meu lado.

Eu gostei do documentário que peguei e admito ter ficado orgulhoso, visto que, em algumas vezes, eu selecionava uns horrorosos e odiava aquilo. Imagina se escolhesse um desses logo com Fernanda? Ela iria me achar mais babaca do que já sou — e ela já acha que eu sou — e me julgar para o resto da vida.

Durante boa parte daquele momento conhecimento, eu e a Jills permanecemos sem problemas, quem visse dali, acreditaria que somos bons amigos e... Forçando um pouco — ou talvez demais — poderia achar que somos namorados.

— É um pouco canibalesco da sua parte comer cookies, não, Kookie? — Sim, Fernanda Jills soltou essa no meio do nada, encarando meu perfil, enquanto eu prestava total atenção àquelas imagens e explicações da tevê.

— Você é ridícula... — Ri soprado de sua observação, negando com a cabeça. Que tipo de comentário aleatório e sem nexo é esse que ela manda no meio do nada? Só Fernanda mesmo...

Estava tudo perfeito e o nosso "lanche improvisado" estava bem melhor do que o esperado. Fernanda parecia feliz com as suas jujubas roxas e eu estava muito mais que satisfeito com os cookies Jills, que perfeição poderia se encaixar como um sinônimo ideal para tais biscoitos.

Admito que, mais para o finalzinho, o documentário começou a ficar tedioso, repetitivo e sem conteúdo novo que pudesse acrescentar para nossa argumentação, mas eu só realmente me toquei que isso estava acontecendo quando Fernanda virou-se de lado no sofá e me abraçou, dormindo, como se eu fosse um bichinho de pelúcia, ou um travesseiro, feito especialmente para isso. Olhei para a menina que dormia serenamente e velei por alguns minutos seu sono, até ser picado pelo mesmo bicho que a picou, cedendo também ao mundo de Morfeu.

...

Não sei por quanto tempo eu e a Jills ficamos naquela posição, dormindo, mas sei que nós acordamos com uma movimentação na casa e eu já estava quase me preparando para dar um pulo no estilo voadora e expulsar o que quer que estivesse atrapalhando meu momento soneca.

Se bem que Fernanda é a rainha das bandejas e tiros, ela com certeza se sairia daquela situação melhor que eu.

— O quê? — sussurrou, levantando-me junto a menina e vendo minha mãe caminhando sorrateiramente até o corredor que levava ao seu quarto. Ok, era apenas Jeon Sarah, cancela o plano da voadora. — Mãe?

— Oh, crianças... Eu acordei vocês? Estavam tão fofos dormindo... — Ela fez uma cara triste e eu estreitei os olhos, tentando entender o que estava acontecendo.

— Você acordou a gente, o que aconteceu? — questionei.

— Eu fui liberada um pouco tarde do trabalho, mas cheguei e vi vocês dois aí, então resolvi não acordá-los. — Comecei a ouvir sua explicação com a maior cara de tédio do mundo, até notar que Fernanda mexia no seu celular e, levando o olhar até o aparelho, eu me deparei com as horas e admito não ter ficado nem um pouco satisfeito com isso. Meia-noite, Jeon Sarah?

— Isso são horas de chegar em casa, mãe? — indaguei, percebendo a expressão de culpa que se apossou de seu rosto. Sarah abriu a boca para falar alguma coisa, no entanto, eu fui mais rápido, cortando-a sem nem mesmo ter começado. — Não quero suas desculpas, ok? Aparentemente, sua presença não está mais fazendo tanta diferença na minha vida.

— Kookie, não fala assim... — Ela usou o apelido que, coincidentemente, além de ser o meu de infância, era o que Fernanda usava comigo. Falando nela, a mesma nem dava atenção para o que estava acontecendo, apenas fuçava seu celular como se fosse questão de vida ou morte.

— Claro que falo, a senhora chega meia-noite em uma segunda-feira. Ao menos sabe que o campeonato de argumentação é esse sábado? — perguntei, vendo-a negar com a cabeça. — Pois é... Com certeza a sua "arqui-inimiga" sabe, porque ela se importa com a filha dela e...

— Senhora Jeon, Kookie, desculpa incomodar a conversa de vocês... — Fernanda me interrompeu, o que eu admito que foi até bom, seria constrangedor caso eu começasse a brigar com a minha mãe e ela estivesse no meio. — Mas eu tenho que voltar para casa.

— Você não vai voltar a essa hora, Fê. — Fui curto e sucinto, virando-me para ela. Nem por cima do meu cadáver Fernanda sairia a essa hora de minha casa e cruzaria a cidade. — É perigoso.

— Ele tem razão, querida. — Minha mãe aproximou-se um pouco de nós e eu apenas arqueei as sobrancelhas. Ia pagar de mãe boazinha agora? — Mande uma mensagem para a sua mãe e diga que o Kook te leva para a escola amanhã. Eu te empresto uma roupa e você toma café aqui.

— Mas a minha mãe...

— A sua mãe é incrível, duvido que ela se importe — cortei a sua fala imediatamente, aproveitando do assunto para jogar uma grande indireta para a minha mãe que, inteligente do jeito que era, com certeza pegou a ideia.

— Eu preciso avisar a minha mãe, pelo menos — ela suspirou, voltando a tela de seu celular para mim, que não ligava mais. Baterias... O maior problema dos adolescentes atuais.

— Pode usar o meu. — Peguei o meu celular que não estava mundo longe e entreguei a ela, que pegou e já foi salvando o contato da mãe.

Voltei meu olhar para minha mãe, que apenas gesticulou algumas coisas sem nexo, as quais provavelmente diziam que ela iria para o seu quarto, confirmei coma cabeça e apenas esperei que Fernanda terminasse com tudo.

— Gostei da foto de fundo — a menina falou logo depois de me entregar o aparelho. Franzi o cenho.

— Hã? — Encarei-a de maneira confusa e voltei meu olhar para o celular logo depois, sentindo o meu coração falhar uma batida ao simplesmente ser pego no flagrante quanto àquilo, uma vez que a foto era do nosso primeiro encontro. Merda, agora ela só teria mais certeza de que eu sou apaixonado por ela, o que não é algo verídico, deixando explícito! — Tá... Que tal a gente subir logo? — Isso, finja que não se importa que é a melhor opção para tudo.

— Eu não vou dormir no seu quarto, vou? — questionou, enquanto eu me levantava. Sério mesmo que chegamos nesse ponto? Acabamos de dormir juntos em um sofá e ela está se importando com o fato de dividirmos uma cama?

— Visita não escolhe — soltei de uma forma um pouco mais agressiva que gostaria e só me toquei disso depois, quando a garota apenas me olhava com um olhar vazio e desconexo. Será que fui grosseiro demais? Bom, um pouco preocupado com isso, eu resolvi acordar a menina de seus devaneios, estendendo a mão para mesma com a intenção de ajudá-la a levantar e, claramente, cortar seus pensamentos em relação a um novo possível ataque. Panelas e balas de paintball, o que mais poderíamos colocar na lista? Guarda-chuva? Melhor eu nem dar a ideia. — Fernanda?

— Hã? — Ela balançou a cabeça de um lado para o outro (algo que sempre fazia quando se perdia nos próprios pensamentos) e aceitou a minha ajuda.

Andamos pelos corredores da casa em direção ao meu quarto e, assim que chegamos até a porta do mesmo, ela ficou aguardando no batente, enquanto eu seguia para uma parte do quarto — que a minha mãe transformara em um closet extremamente excêntrico — e parei para pensar um pouco em quais roupas eu daria para a Fernanda... Ela gosta de conjuntos de moletom, então... É, são confortáveis, vai ser isso mesmo.

— Vai ficar um pouco grande, mas acho que você vai preferir um conjunto de moletom meu às roupas de minha mãe, que são pequenas demais... — admiti, voltando para o quarto e vendo que ela estava na mesma posição, entregando-a as roupas. — Sei que você gosta de um bom moletom, então... Eu vou tomar um banho no banheiro social, assim você fica mais à vontade para trocar de roupa. — Deixei claro, apontando para uma outra porta dentro de meu próprio quarto. — Ali tem um banheiro, pode...

— Eu não vou te privar de tomar banho no seu banheiro — ditou, impedindo-me de passar para o meu corredor. — Onde é o outro?

— É... — Tentei entender o que ela queria'com aquilo, no entanto o horário e a minha mente cansada não me permitiram chegar a uma conclusão melhor que "ela quer privacidade". — Fica ali. Eu vou arrumar a cama enquanto isso, fica à vontade.

— Ok, Kookie. Obrigada.

— Nada... — respondi, voltando-me par ao meu quarto e rindo ao ver que a minha cama já estava feita. É, eu realmente sou um idiota. Nem para falar uma coisa com sentido eu sou capaz.

Rumei ao meu closet enquanto a menor ia no banheiro social e logo peguei a minha calça de moletom preta e uma blusa branca de algodão... Claramente, a última coisa que eu quero usar na minha vida são os pijamas caros de seda que minha mãe insistia em comprar e eu insistia em deixar no fundo do armário, fingindo que não existiam.

Meu banho não demorou muito, só tomei mesmo por desencargo de consciência e para conseguir dormir mais relaxado, afinal, um sono com um banho tomado é outra coisa. Cheiro de sabonete e de limpeza são mais que o suficiente para mim. Contudo, é claro que um perfume não fazia tão mal, só que, como eu sou uma daquelas pessoas enjoadas com cheiros, para dormir, a melhor coisa é somente o cheirinho de banho.

Saí do box com uma toalha na cabeça, já secando o meu cabelo, e coloquei a minha roupa logo em seguida.

Já de volta ao meu quarto, ri nasalmente ao ver a tentativa de Fernanda em separar a minha cama em dois eixos. O que ela estava pensando que era aquilo? A "Cortina de Ferro" da Guerra Fria, denominada assim pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill no seu discurso em Fulton? Enfim, acho que criei uma barreira grande demais para as proporções dali, Muro de Berlim se encaixa de uma forma melhor.

Ignorei completamente aquela separação que a menina tinha criado. Tínhamos dormido junto no sofá, qual o problema de dormimos juntos na cama? Além do mais, com aquele bando de travesseiro no meio, nem dava para eu puxar a coberta, e eu, logicamente, não iria descer até aquele armário — ou o sofá — para pegar uma outra. Portanto, apenas peguei aquele bando de travesseiros, deixando apenas a quantidade necessária sobre a cama, e coloquei-os em uma poltrona, voltando logo depois e me cobrindo. Olhei para Fernanda deitada sobre a minha cama e sorri para mim mesmo, sabendo que ela não veria pelo seu estado, que parecia sereno em seus sonhos.

Aproximei-me dela com cuidado, a fim de não acordá-la e, como se fosse uma boneca — eu até poderia considerá-la uma naquele momento, devido ao fato de que estava dormindo —, com todo cuidado, a abracei de um jeito que dormiríamos juntos e, como os bregas gostavam de dizer, "de conchinha". Eu não tenho culpa se gosto de dormir abraçado.

— Boa noite, Fê — falei, sabendo que ela não responderia, caso contrário, tenho certeza que ela viraria com uma bandeja, dando-me um belo murro pela "ousadia".

— Boa noite, Kookie — ela respondeu e meu coração gelou, um frio tomou conta de meu interior e, por fim, eu consegui me tocar em uma coisa:

Fernanda Jills tinha deixado que eu dormisse abraçado com ela, ou seja, ela gostou disso.

...

Acordei com a merda do despertador berrando ao meu lado, e admito que não queria me levantar de jeito nenhum. Enfim, lembram-se de como fomos dormir, não é? Bom, misteriosamente, acordamos de uma forma diferente, no caso, agora era Fernanda quem abraçava minhas costas, e quem sou eu para reclamar? Com cuidado, estiquei-me até a mesinha de cabeceira e desliguei aquele barulhinho incessante. Saí do abraço de Fernanda e levantei-me, notando que, magicamente, meu uniforme e o da menor — ou as roupas que serviriam como os mesmos — encontravam-se juntos na poltrona, aparentemente limpos. Teria minha mãe...? Não, é impossível.

Espreguicei-me com calma e fitei a menina que ainda dormia serenamente. Sorri discretamente com aquela cena e, sem levantar suspeitas, peguei o meu celular, tirando uma foto dela na minha cama. Pois é, eu a usaria mais tarde.

— Fernanda... — Depois de guardar o aparelho, abaixei-me ao lado da menor e fiz um breve carinho em seu rosto, ouvindo-a resmungar. — Ei, vamos acordar?

— Não... — ela falou com a voz abafada por conta do travesseiro. — Sua cama é boa demais.

Boa demais para fazermos várias coisas, podemos tentar se...

Pera, no que eu estou pensando?

Definitivamente, meus neurônios não devem estar com 100% de certeza de seus atos para me fazerem pensar em uma cena dessas.

Eu e Fernanda?

.

.

.

É... Eu acho que não!

— Você pode dormir aqui mais vezes, mas... Vamos logo? — perguntei, rindo para mesma quando ela me encarou. — Seu uniforme já está limpo. Vai querer tomar banho? — Ela aquiesceu, e eu a descobri, vendo o enorme bico que tinha se formado em seu rosto. — Então, levanta. Pode ficar à vontade aqui no meu banheiro e no quarto, eu vou resolver algumas coisas.

— Tá. — Ela coçou os olhos. — Quinze minutos e eu estou pronta.

— Daqui a pouco eu volto. — Pisquei para ela, vendo-a sentar-se na cama. Levantei-me com calma e peguei o que seria meu uniforme, seguindo para o banheiro social.

Eu e Fernanda não tardamos a nos organizar, tomar café e sairmos em direção à escola. Obviamente e já como o esperado, minha mãe não estava em casa, ela tinha deixado um bilhete sobre a bancada da cozinha, avisando que tinha pego o meu carro e desejando um bom dia.

Suspirei ao confirmar que a minha Mercedes realmente fora arrancada de mim sem dó nem piedade, mas, claramente, eu não iria a pé para o colégio — além de ser longe, a preguiça do horário não permitia tal feito —, por isso, fui obrigado a ir com o Audi prata conversível de minha mãe, o mesmo que eu usei pra levar Fernanda ao nosso primeiro encontro.

Não bastasse o fato de estarmos indo juntos para o colégio — que já chamava atenção, uma vez que éramos conhecidos por nos odiarmos —, ainda tínhamos que chegar com um conversível e, devido à claridade matutina, fui acompanhado de meu óculos escuro, o qual a marca não sou obrigado a fazer propaganda. Como tudo bom nunca acaba, a única vaga que eu consegui achar foi bem no local onde os famosinhos estacionavam, ou seja, todos olharam para mim, o que me deixou um pouco tenso e duvidoso em relação às minhas habilidades de manobra.

Enfim, o problema em si não era a vaga, sim a questão dos tais caras já terem me chamado inúmeras vezes para participar do "squad", e eu neguei, claramente. Acham que eu não sei que eles só querem se aproveitar para saírem com meu carro e fazerem festinhas na minha casa? Eu não vou dar para minha mãe esse desgosto.

— E aí, JK... Namoradinha nova? — Um dos caras (nem sei o nome, para vocês verem o quanto eu quis entrar no grupo) colocou uma intonação ridícula em seu tom de voz e, enquanto eu esperava que o teto do carro fechasse e tudo mais, percebi o seu olhar em Fernanda. Já não bastasse Min Yoongi... — Até que é bem gostosinha...

— Ela não é minha namorada. — Ajeitei minha mochila nas costas e, rapidamente, entreguei a de Fernanda para a dona. — E mais respeito ao falar dela.

— É, eu te disse que os nerds da nossa escola estão evoluindo. — Dessa vez, uma das líderes de torcida, a que tinha me passado seu telefone ontem, lançou-me um olhar constrangedor. — Se Porfen High não é uma beleza, a ponto dos nerds terem um bom corpo, nem sei qual outra escola é! É uma pena que esses dois estejam andando com aquele grupinho estranho de "aventureiros". — Gesticulou aspas com os dedos de uma forma extremamente irônica, e eu pude perceber pela expressão da menor próxima a mim que ela não gostou nem um pouco que falassem de seus amigos. — Ficando do lado deles, já entram automaticamente para o time dos perdedores.

— Exatamente. — Fernanda se colocou ao meu lado e fitou a líder de torcida. — Mantenho o meu corpo sem precisar ir para a academia, ao contrário de você que já está com a voz grossa de tanto hormônio que está tomando... Se frequentasse mais a aula de biologia, como eu, o Kook e o "grupinho estranho de aventureiros". Sabia que anabolizantes fazem os pelos crescerem mais rápido, os seios diminuírem, menstruação irregular e problemas sérios com acne? É... Parece que alguns efeitos colaterais já se instalaram aí. — Ela parou uns segundos para avaliar a menina (que eu tenho quase certeza que se chama Izzy).

— Nerd, no grupinho dos aventureiros de meia boca e formadora de opinião... Está pedindo para sofrer bullying, não está? — lançou, fazendo-me unir as sobrancelhas com tamanha cara de pau.

— E você está pedindo para ser presa — respondi sem hesitar. — Bullying e suas derivações, como o cyberbullying, são crimes. Não tente fazer um nada com ela e com os meninos. Você sabe muito bem quem é a minha mãe.

— Cuidado quando for falar dos meus amigos — Fernanda completou, não deixando que a loira respondesse. — A minha mãe e a dele, juntas, são piores que as bombas de Hiroshima e Nagasaki!

Dito isso, Fernanda ajeitou-se e saiu, arrasando biologicamente, historicamente e psicologicamente com a provável Izzy, que ficou sem resposta, recebendo vários comentários sem graça de seus "amiguinhos populares".

Antes de segui-la, virei-me para o cara que ousou chamar a menor de "gostosinha" e falei:

— E você, amigo, quando for tentar secar a Fernanda mais uma vez, lembre-se que ela é um oceano inteiro, não esse riachinho com pouco água que você tem do lado. Precisa de muito esforço para abalá-la — Referi-me à menina-anabolizante, retirando-me dali logo após, apressando os passos para alcançar a morena que já estava quase que na porta da escola. — Ei, calma!

— Que saudades da minha bandeja, nunca quis bater tanto na cabeça de alguém — admitiu, fazendo-me rir. — Não sei como o Yoongi consegue ser apaixonado por esse ser.

— O Yoongi é apaixo... — Interrompi a minha fala no mesmo momento em que as coisas começaram a fazer sentido para mim. Se o Min era apaixonado pela Izzy (eu realmente espero que esse seja o seu nome), isso quer dizer que... Ele não é caidinho pela Fernanda. Ou seja... Ela e ele fazem isso só para me tirar do sério!! Como eu não reparei nisso antes? — Fernanda, eu... Esqueci a minha garrafa d'água no carro, vou comprar uma ali na lanchonete e já volto, ok?

— Você não precisa me dar satisfação de nada. — Ela me olhou de uma forma estranha, adentrando a sala de aula de sociologia.

Dei de ombros quanto a isso, acelerando os passos em direção ao refeitório logo em seguida. Ele tinha que estar ali... Ele sempre ficava! Ele e o resto de sua gangue.

— Min Yoongi! — Coloquei um enorme sorriso no rosto ao me aproximar do de cabelos pretos, que apenas franziu o cenho ao perceber a minha felicidade. Ignorei a sua confusão e comecei a mexer na minha mochila, pegando um papelzinho em especial que estava lá dentro.— Cara, eu tenho um presente para você.

— Ih... Cuidado para não ser uma bomba. — Aquele tal de Jimin, fofoqueiro e "instigador de tretas", como sempre, jogou uma lenha no fogo.

— O que é? — O Min apenas permaneceu confuso.

— Bom. Por mais que eu a ache uma sem caráter e interesseira... — Estendi o papel para ele, que logo pegou. — Ouvi dizer que você se interessaria em ter o telefone da Izzy, então...

— Izzy? — Ele uniu as sobrancelhas e ficou olhando para o papel. Segundos depois, seus olhos arregalaram e ele compreendeu tudo. — Você está falando da Lizzie?! Elizabeth? A líder de torcida?

Ah, então é esse seu nome...

— Ela mesma. — Dei uma breve piscada para ele. — Ela é uma pessoa... Complicada, então eu recomendo cuidado.

— Eu conheço a cria. — Min Yoongi colocou no bolso da calça o papel, fitando-me depois. — Tem alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar?

— Só continue atuando, que eu finjo que acredito. — Lancei no ar, percebendo a expressão de surpresa de Namjoon, que entendeu de primeira o que eu quis dizer.

— Como assim? Você quer alguma coisa? — O moreno ainda não tinha entendido.

— Ele quer a Fernanda — Taehyung soltou, fazendo meus olhos se arregalarem.

— Ah, mas com isso podemos te ajudar. — Seokjin colocou um sorriso no rosto, enquanto eu apenas ouvia tudo sem compreender de que lugar essa ideia maluca tinha surgido. — É só tirar o Yoongi do caminho.

— Para que tirar, se os dois só fazem para debochar da cara do JK? — Hoseok admitiu, fazendo com que meu ego interno, mais conhecido como mini Sherlock Holmes que habitava dentro de mim, se inflar.

— Uma aventura romântica? — Namjoon questionou. — Já temos isso em nosso currículo?

— Ah, você quer a Fernanda... — Min Yoongi fez uma cara sarcástica. — Aquela menina é cabeça-dura, mas posso ver o que consigo para você.

— Você não precisa fazer nada para fazê-la me querer — cortei-o, colocando o melhor sorriso debochado do mundo. Ele ia pagar de Wikipédia agora? Conhecedor e desbravador dos sentimentos da menina? Não na minha frente. — Ela já é apaixonada por mim.


Oi, gente! Desculpa não falar muito com vocês por aqui, mas eu ainda estou tentando me adaptar ao wtt akjskansjaja! Espero que estejam gostando da história e do POV do nosso jjk, porque terão mais alguns por aí!

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