Regras Mais Selvagens |1| ✓

By PricillaCaixeta

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¨ Vencedor do prêmio Wattys 2020 na categoria Young Adult ¨ © 2019 por pricilla caixeta | todos os direitos... More

prelúdio
elenco
os sete céus
um.
dois.
três.
quatro.
cinco.
seis.
sete.
oito.
nove.
dez.
onze.
doze.
treze.
quatorze.
quinze.
dezesseis.
dezessete.
dezoito.
dezenove.
vinte.
vinte e um.
vinte e dois.
vinte e três.
vinte e quatro.
vinte e cinco.
vinte e seis.
vinte e sete.
vinte e oito.
trinta.
trinta e um.
trinta e dois.
trinta e três.
trinta e quatro.
trinta e cinco.
trinta e seis.
trinta e sete.
trinta e oito.
avisos + continuação

vinte e nove.

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By PricillaCaixeta


Volte uma casa se você perdeu a atualização surpresa de quinta!

_


― Me desculpem!

Empurro a porta com as costas. Estou fazendo o melhor que posso para segurar os meus cadernos, o meu copo de chá de hortelã e os lenços de papel para meu nariz, enquanto entro no auditório da St. Vincentti. Mas o que mais me pesa é a culpa. Eu odeio estar atrasada.

― Eu não sei se viram a minha mensagem...

Paro de falar porque não há ninguém no auditório além de Seth Rowan. A luz do retroprojetor inunda as cortinas de tecido carmim puído que cobrem o palco. Estou dividida entre o choque de olhar para ele e para uma imagem congelada na tela.

Eu não o vejo desde que voltei para casa. A minha casa, eu quero dizer. Já se passaram cinco dias desde que voltei a ser uma Wilder, mas ainda me lembro de cada detalhe sobre estar de volta. Nossa casa recém reformada cheirando à tinta fresca e madeira nova. Os porta-retratos em cima dos móveis. E as desculpas do meu pai e a promessa de nunca mais voltar a erguer a mão para mim ou para minha mãe.

― Foi um erro, Liv. ― Ele dissera. ― Você é minha filha. Não importa o que o sangue disser. Você é minha e eu te amo. Tudo o que importa é o quanto amo vocês.

O meu coração pesa de medo sobre ele ser tão incisivo sobre eu pertencer a ele. Mas decidi dar uma chance à minha única família. O que significou cortar qualquer tipo de laço afetivo que mantive com os Rowan. Não que Carson ou seu pai fossem se importar. 

Seven Heavens está fervilhando de novos executivos enviados por James Rowan para falar diretamente com o prefeito sobre o projeto de modernização da cidade. E o caçula da família tem se mantido ocupado elevando as perspectivas dos Ice Cage sobre ganharem jogos fora do circuito local.

Mas nós ainda temos uma questão sobre o exame de DNA. James não retornou de sua viagem de negócios e ainda há um enorme e doloroso ponto de interrogação entre mim e Seth. Que ele tenta disfarçar apontando a mão de forma despretensiosa na minha direção.

― Por que está vestida como a Gwen Stacy?

Meus olhos descem para o meu jaleco de laboratório. Saí muito apressada do novo experimento que tenho trabalhado para o caso de repensar a entrevista em Stanford. Por isso estou à caráter, esqueci de deixar minha vestimenta para trás. Não que eu esteja considerando Stanford de verdade, mas eu quero ter algo conciso para apresentar a eles se mudar de ideia. Então, tenho trabalhado na formação dos sete céus da nossa cidade. E tenho tido resultados interessantes sobre isso.

Enfio o meu sorriso entre os meus dentes e volto a tomar conta de todas as coisas que estou carregando. Mas antes que eu pareça muito envaidecida, um espirro me suspende. Estou com o pior resfriado dos últimos tempos. O que é uma ótima desculpa para me sentar na última fileira. Longe o bastante de Seth.

Ele desiste de olhar para mim e a projeção volta a ganhar vida. Meus olhos lacrimejantes e doloridos pousam por alguns segundos nas cenas que seguem, mas então vasculho o auditório. Não há mais ninguém da comissão de formatura ali.

― Pensei que eu estivesse atrasada. ― Me justifico para a nuca dele a metros de distância. ― Onde estão os outros?

― Georgia estava aqui. ― Os ombros de Seth sobem. Sinto inveja do modo límpido como ele respira. Estou completamente congestionada e puxando o ar pela boca como um cão. ― Mas a sua amiga Cherie a levou para dar uma volta de ― o vídeo para novamente e Seth se vira para mim ― vinte e oito minutos, para ser mais exato.

Pisco para o temporizador do vídeo e concluo que Seth está assistindo a um filme porque ele ficou sozinho e sem nada o que fazer. Estou meia hora atrasada e não posso fazer nada além de me desculpar.

― E, ah, Marie não vem?

― Hmm... ― Um de seus olhos se fecha, pronunciando algumas rugas em sua pele azulada pela luz artificial da tela. Seus lábios se retorcendo e seu sorriso culpado me lembram uma lontra fofinha que fez alguma coisa errada. ― Quem pode saber? E Conor vai se atrasar porque está tentando quebrar o meu irmão de alguma forma no rinque. Georgia disse que iria procurar por Eloise, a propósito.

Espirro mais uma vez, afundando meu rosto em lenços de papel.

― Você está bem?

Recuperando a minha dignidade após expulsar uma grande carga de catarro, abano a cabeça afirmativamente e tomo um gole do meu chá. O modo como Seth espera alguns segundos pela minha resposta diz que ele está se referindo ao fato de eu ter voltado para os Wilder. Mas desvio os olhos para o vídeo. Respondê-lo implicaria em perguntar de volta. E me custa imaginar o que Seth tem feito nos dias em que sumiu de St. Vincentti. Não quero saber em quais sofás ele tem transado, muito menos com quem.

― Você se importa se eu continuar assistindo?

― Não. ― Continuo encarando a mulher bonita na tela projetada nas nossas cortinas. Ela está vestindo roupas de época e seus cabelos são tão castanhos quanto os de Seth. Há uma certa familiaridade em seu rosto e eu demoro alguns segundos até perceber quem é. ― Ei, é a Cinderela?

― Ah. ― Ele apoia a cabeça na mão. Consigo ver um sorriso quando ele se endireita na cadeira. ― É Lily James. Então, sim. É a Cinderela. Mas nesse filme ela se chama Juliett.

A lembrança de tio Nolan recitando Romeu e Julieta para nós desce com dificuldade pela minha garganta. Sou acometida por um acesso de tosse e rezo para que Seth não pense que me engasguei pela minha grande pretensão de achar que ele está assistindo a um filme com uma Juliett que fez a Cinderela por minha causa.

― Você pode resumir meia hora de filme? ― Falo entre um gole e outro de chá. ― Já que vamos esperar a comissão aqui, eu não gostaria de estar perdida.

A mão dele deita lateralmente por seu rosto, cobrindo toda a sua boca e apoiando seu nariz redondo. Seth Rowan me encara daquele jeito que ele tem de olhar para as pessoas de baixo para cima. Acho que ele está pensando, mas se rende ao meu pedido no segundo seguinte e me põe a par de tudo o que eu perdi em meia hora de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata.

É o primeiro filme fora da TV aberta que eu assisto em muito tempo. A internet que tínhamos em casa não era tão boa e eu levava dias até conseguir ter alguns downloads ilegais. E, por serem ilegais, o meu pai nunca poderia saber. O que dificultava ainda mais a minha grande missão de assisti-los. Mas agora, com a internet dos Rowan, há um mundo de possibilidades se abrindo para Seven Heavens. A sociedade literária da torta de casca de batata me captura completamente.

― Olivia? ― Seth olha por cima do ombro, algumas horas depois. ― Está chorando?

Puxo o ar pelo nariz em vão. Ele pisca pesadamente e seus olhos se conectam com os meus. O quão estúpida eu pareço tentando esconder minhas emoções atrás de um resfriado? Seth me observa e eu juro, todo o gelo entre nós derreteu de seu rosto. Isso me impulsiona a sorrir.

― É que eles são tão bonitinhos, não é? ― Eu soo como uma criança, o que o faz rir de volta. ― E eu realmente, realmente não gosto de estudar história. Mas eu adoro quando contam o passado através de outras perspectivas. Como nesse filme sobre as consequências que a Segunda Guerra trouxe para uma variedade de pessoas tão distintas.

― Foi exatamente sobre isso que conversei com a senhorita Bennet. História, literatura, linguagens... Tudo isso seria muito mais valorizado em Seven Heavens se houvesse uma interdisciplinaridade maior. St. Vincentti tem um ótimo laboratório e uma excelente monitora. Mas não temos nada parecido com as ciências humanas.

Não consigo esconder um sorriso atrás da ardência que se espalha pelo meu rosto quando ele elogia o meu trabalho no laboratório. 

― Então você está selecionando filmes para os professores de história?

― Só para começar. ― Seth dá de ombros, puxando um caderno. ― Há tanta gente velha em Seven Heavens com tanta história e cultura local também. Eu acho que por um lado é ótimo que o meu pai tenha um plano de modernização para a cidade. Mas estou correndo na contramão para preservar algumas coisas.

Não sei quando tenho a ideia, mas repentinamente estou caminhando na direção de Seth. Caio na cadeira ao seu lado e reviro a minha mochila, puxando uma pasta de lá. São os últimos capítulos do livro de receitas da senhora Jolene Dixie. Conto a ele sobre a trajetória da senhora Dixie de nossa cliente mais fiel à quase escritora e em sua vontade de preservar memórias que não serão passadas adiante porque ela não tem nenhum filho.

― O seu tio Nolan diz coisas muito parecidas. ― As sobrancelhas de Seth se unem enquanto ele folheia as receitas. ― É muito esquisito que as pessoas não estejam repassando suas memórias, mas ao mesmo tempo continuem presas aqui. Você disse que não é todo mundo que sai de Seven Heavens.

― Se você é velho todas as suas memórias irão sumir. E se você é jovem, todas as suas memórias só existirão aqui.

― Você acha que a senhora Dixie conversaria comigo sobre o livro dela?

― Acho que sim. ― Volto a encará-lo. ― Ela gosta muito do seu pai.

Há um momento esquisito entre nós. Aquela grande incógnita sobre os pais de novo. Eu me sinto pesada, como se não pudesse me mover. Tento acreditar que é culpa do resfriado, mas acho que é culpa de Seth. Olho novamente para a tela congelada nos créditos finais. Conheci um pequeno pedaço da Europa em duas horas de filme que talvez eu nunca verei pessoalmente. É isso que muda o foco dos meus pensamentos.

― Há muita beleza na Europa. ― Minha voz soa anasalada quando tento mudar de assunto e volto a encarar o telão. ― O filme todo combina com você.

― Quer dizer que há muita beleza em mim?

A voz de Seth faz a curva até o meu ouvido, seu sotaque ganhando tons mais graves. Não resisto em fitá-lo novamente e meu peito se agita.

― Acho que sim. ― Digo. ― Definitivamente sim.

Não posso ficar nervosa em admitir que Seth Rowan é lindo. Quero dizer, se ele for o meu irmão, isso seria algo absolutamente natural. Então por que minha boca fica seca quando ele levanta uma sobrancelha e analisa todo o meu rosto na penumbra?

Um grande sorriso convencido estica seu rosto. Seth é bonito de uma maneira infantil, o que o torna peculiar e ao mesmo tempo intenso. Um rastro carmim se espalha de seu nariz até as maçãs de seu rosto e começo a me sentir ainda mais febril quando sorrio timidamente de volta.

― Olivia. Não quero ser seu irmão. ― Ele diz com tanta sinceridade que prendo o ar. Seus olhos se concentram na minha boca entreaberta, no meu nariz inchado e nos meus olhos lacrimejantes. ― Eu tomei uma decisão sobre isso. Se formos irmãos... Independente de quem sejam os nossos pais... Eu voltarei à Inglaterra. O mais rápido possível.

― E se não formos irmãos?

Seth entreabre os lábios, mas desiste das palavras. A sua mão empurra meus cabelos para longe do meu ombro e encontram o meu pescoço. O ar perde o caminho e fica preso dentro de mim,  sufocando-me quando o polegar dele desenha o osso do meu maxilar e alcança o alto da minha bochecha. Ele molha o lábio inferior com a língua e detenho meus olhos ali durante o longo tempo em que ele demora para dizer:

― Eu serei obrigado a contar, no caso de você ainda não saber, que eu sou louco por você.

Não consigo resistir ao impulso de esconder meus dedos entre os cabelos de Seth. Ele fecha os olhos ao meu toque, sua respiração deslizando de seus pulmões no ritmo que a minha mão se encaixa na curva de sua nuca. Meu coração está em frangalhos e eu o sinto pulsar na minha garganta. Antes que o meu cérebro possa agir, no entanto, a porta do auditório se abre e a luz do corredor nos inunda.

É automático o modo como seguro o pulso dele e coloco sua mão na minha testa. Meus olhos ardem procurando por ajuda e Seth compreende.

― Eu acho que você está muito doente e com febre também. E que deveria ir à enfermaria. Talvez tomar uma aspirina.

Todas as luzes se acendem de uma vez enquanto Georgia, Conor e Marie ocupam o auditório. Estou completamente desnorteada e tropeço em Seth quando me levanto, caindo do outro lado e levando seus livros comigo pelo chão. Ele me puxa de volta, mas o exemplar de Romeu e Julieta fica preso entre nossos dedos. Ergo as sobrancelhas para ele.

― Estávamos esperando o Conor. ― Georgia sobe no palco e se senta. ― Eloise Flume está em Nova York, acreditam? Ela vai começar algum curso de moda antes da faculdade. Na verdade, acho que ela deveria ir direto para o ramo. Já viram a estrutura óssea daquela garota? Só o modo como ela esnoba toda a população de Seven Heavens do jeito mais gentil do mundo pode render as passarelas do mundo a ela. 

É esquisito o fato de que todos estão constrangidos enquanto Georgia Dayrell fala sem parar. 

― Você quer ir embora ou algo assim, Liv? Está se sentindo muito mal? Eu vi você espirrando uma grande quantidade de meleca em Mischa hoje, na fila do almoço. E, no meu atual estado de felicidade, não quero ser contaminada porque isso atrapalharia os meus planos.

Georgia está forçando naturalidade. Chego a pensar que ela está tentando acobertar a situação em que Seth e eu fomos flagrados. Mas pelo modo como Marie se senta de costas e pelo barulho de seus pés impacientes batendo no assoalho, tenho certeza de que a história da febre foi ridícula.

Saio da fileira e caminho para a frente do auditório.

― Então. ― Conor se estica ao lado de Georgia. Ele parece exausto. ― Vamos logo determinar a viagem de formatura. O pessoal está ansioso. Só que os Ice Cage estão fazendo um percurso pelo norte. Não seria exatamente legal se repetíssemos o trajeto.

― Como está o nosso saldo? ― Os olhos de carvão puro de Georgia recaem sobre mim. ― Temos dinheiro o suficiente para irmos até onde?

― Eu fiz uma lista dentre os lugares que vocês sugeriram da última vez. ― Olho para trás. ― Está no meu caderno eu só...

― Cabe Califórnia no orçamento? ― Seth abre os braços sobre duas cadeiras. ― Um pouco de sal e areia seria ótimo. E, você sabe, Georgia. Cherie está indo para o último destino dela. Rumo ao oeste. Seria caminho.

― Eu gosto da sua ideia, Seth Rowan. E, então, Liv?

― Vocês fazem ideia de quanto tempo de ônibus do Colorado até a California? ― Marie finalmente explode. ― Vamos ter que atravessar Utah, Nevada e uma parte do Arizona!

― Algo como um dia e seis horas, fazendo algumas paradas. Marie tem razão.

― Nós podemos ir de avião. Vamos lá, só os formandos. E Cherie. ― Seth sugere. ― Talvez a gente consiga alguma promoção.

― Não temos dinheiro para uma viagem dessas e um baile. ― Marie não faz questão de olhar para ele. ― E eu não quero abrir mão da minha última festa como estudante e deixar que o baile de primavera tenebroso seja a minha última lembrança.

― O baile de primavera foi incrível. ― Conor suspira. ― Cara... Incrível. Eu e duas garotas. Por mim teríamos outro baile também.

Reviro os olhos antes de espirrar.

― Teríamos que dobrar o que temos para fazermos as duas coisas. Ou viajamos para perto, ou só ficamos com um grandioso baile. Talvez Marie tenha razão...

― Eu sei por que está me dando razão o tempo todo, Liv! ― Ela aponta o dedo na minha direção. ― Você acha que eu vou acobertar o seu incesto?

― O que?

― Marie, por favor. ― Seth se levanta. ― Pare de falar merda.

― Não, Seth. ― Marie suspira, fechando os olhos com veemência. ― Estamos sendo verdadeiros aqui, não estamos? Então vamos admitir: California é uma rota ridícula! Assim como é ridículo vocês estarem aqui sozinhos há horas se pegando sabendo que há uma grande chance de serem irmãos!

― Marie! ― Georgia salta do palco, aproximando-se da amiga. ― Qual o seu problema?

― O meu problema? É que eu levei um fora de um idiota que quer transar com a irmã dele. Enquanto a minha melhor amiga está enfiando a língua na vagina de uma intercambista australiana!

― Cala a boca!

― Ei! ― Estou no meio de Marie e Georgia antes que eu me dê conta. Isso impede que Georgia ataque Marie, mas não impede que Marie me empurre. ― Você entendeu tudo errado, Marie! Ficamos aqui esperando vocês e só!

― Olivia, você não tem que explicar absolutamente nada a ela. ― Lanço um olhar de indignação à Seth. Marie foi seu peixinho, assim como eu fui o de Henry. Acho que ele percebe, porque parece rendido quando encara o rosto de Marie novamente. ― Marie eu nunca disse a você que teríamos mais do que diversão juntos. Você disse que estava tudo bem.

― Se não estivesse apaixonado por ela... ― Marie arrasta algumas lágrimas de raiva do próprio rosto. ― Teria se apaixonado por mim?

― Marie?!

Seth está começando a se aproximar, mas Marie se afasta pelo outro lado.

― Já entendi! A resposta é não! Lidem com o fardo do próprio DNA. Espero que vocês sejam muito infelizes! E isso inclui você, Georgia! Que passou uma vida inteira olhando para os meus peitos querendo algo a mais com eles!

― Isso é uma mentira absurda, Marie Belcher!

― Espera... Você é lésbica?

Georgia, Seth e eu nos viramos para Conor. Por um breve momento havíamos esquecido de que ele estava ali. Marie termina seu show batendo a porta após sair, mas estamos encarando a expressão divertida de Conor. Ele segura o próprio queixo e seus olhos descem por toda a extensão do corpo de Georgia de um jeito nojento.

― E quanto eu tenho que pagar para ver você e Cherie Murphy se pegando na minha frente?

― Você acha que eu sou algum tipo de prostituta, Conor? Se atreva a chegar perto de mim ou de Cherie para ver se eu não corto o seu pinto com o bisturi do meu pai.

― Georgia Dayrell e sua língua afiada. ― Ele pisca. ― Literalmente.

― Conor dá o fora daqui! ― Grito. ― Você é um grande imbecil.

― Isso aqui é o maior pornô ao vivo que eu já vi. Irmãos que se pegam e lésbicas. Por que eu iria embora?

― Porque eu tenho provas concretas do tipo de conteúdo pornô que você baixava na loja do meu pai e acho que os Ice Cage odiariam saber com o que você gosta de brincar no escuro quando ninguém está vendo! E se você sair por aí dizendo qualquer tipo de merda sobre qualquer um de nós, Seven Heavens inteira vai saber sobre o maior fetiche de Conor Maynard em grande estilo!

Conor pula de pé em segundos. Seu corpo gigantesco me intimida quando ele me enfrenta.

― Que porra é essa que você está falando, Wilder?

― Você sabe do que estou falando, Maynard.

Seus olhos negros são quase cruéis quando perfuram os meus. Mas ele recua, me empurrando para o lado e saindo em disparado para fora do auditório.

― Deus. ― Georgia quebra o silêncio que Conor deixou. ― Estou perdida. Se Conor...

― Ele não vai dizer nada, Georgia.

― O que você tem contra ele, afinal?

Mexo os ombros, me desculpando.

― Eu não tenho nada. Eu estava blefando.

O ar escapa do nariz de Seth em um sorriso de lado ao mesmo tempo que Georgia Dayrell me abraça. É tão estranho que não me movo. Ela se afasta assim que percebe o que fez e balança as mãos na frente do próprio rosto.

― Droga, espero não ter pego os seus vírus. E temos que decidir sobre a maldita viagem logo. E... ― Ela olha de mim para Seth. ― Eu sempre soube que isso ia acontecer um dia. Você é uma babaca, Wilder. Henry Hastings? Sério? Olha só para isso que esteve diante dos seus olhos o tempo inteiro!

Georgia e Seth se empurram amigavelmente. O constrangimento começa a me queimar e levo a mão até minha testa. 

―  Ah, preciso mesmo de uma aspirina.

Estou quente o suficiente para que eu tenha uma desculpa e escapar dali. Agarro minhas coisas e atravesso o corredor o mais depressa que posso, sem olhar para trás. 

Seth pode ser meu irmão. E está louco por mim. Mas o que mais me surpreende em tudo isso é em como esqueci todo o meu sofrimento por Henry Hastings ou o amor que eu achei sentir por ele. Porque tudo o que o meu corpo exala além de vírus e febre é a certeza absoluta de que estou louca por Seth Rowan de volta.

Eu queria ter palavras para agradecer a vocês por tantas leituras e comentários! Aos leitores novos, sejam bem-vindos! Aos velhos de casa, ontem passei a madrugada escrevendo algumas cenas maravilhosas! Estou realmente muito empolgada com essa história e muito feliz que tenha conseguido terminar a nova versão de Toda Coragem Que Puder. 

Por favor, não se esqueça de ler o capítulo anterior antes desse se você perdeu a minha atualização surpresa! 

Espero que vocês percebam o quanto o ciclo da violência doméstica é sedutor e convidativo. Ele acontece de diversas formas, não apenas com a violência física. E por vir de alguém que se ama, é a batalha mais difícil que a vítima tem que travar. 

Sobre um possível spin-off da história de Carson e Felicity que vocês viram no conto de natal, não tenho previsão de escrevê-lo porque quero me dedicar à história da Olivia primeiro. Também estão suspensas as ideias de contar sobre o passado de Seven Heavens, mas logo vocês terão mais informações. 

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