Um Gamer em Outro Mundo

Por Marcellocas

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(異世界のゲーマー) Um gamer que vai pra outro mundo com elementos de RPG e percebe que as coisas não são tão colorida... Mais

Aviso
Parte 1
Capítulo 1: Não é só um jogo é minha vida
Capítulo 2: Quest!
Capítulo 3: Herói de Altinova
Capítulo 4: Raid Boss!
Capítulo 5: Vamos as compras!
Capítulo 6: Explorando o mapa
Capítulo 7: Tentáculos de novo?!
Capítulo 8: Pensamentos sombrios
Capítulo 9: Aprendendo
Capítulo 10: Batalha de Altinova
Na Parte anterior...
Parte 2
Capítulo 11: Procurado vivo ou morto
Capítulo 12: Uma vida segura
Capítulo 13: Ascensão do Herói açougueiro
Capítulo 14: São apenas negócios
Capítulo 15: Guilda Bravado
Capítulo 16: Primeira missão
Capítulo 17: Lute como uma garota
Capítulo 18: O sacerdote, o mago e o nobre
Capítulo 19: Parceiros de crime
Capítulo 20: A queda do Herói
Na Parte anterior...
Parte 3
Capítulo 21: Ascensão da capitã
Capítulo 22: Lição e aprendizagem
Capítulo 23: Um Herói e seus cavaleiros
Capítulo 24: O navio, o vampiro e o Herói
Capítulo 25: Santa
Capítulo 26: A ambição de um mago
Capítulo 27: Contradição afeta o Divino
Capítulo 28: Andy
Capítulo 29: Herói Traidor
Capítulo 30: Senhora da Guerra
Na Parte anterior...
Parte 4
Capítulo 31: Tramas
Capítulo 32: Nobre caótico
Capítulo 33: Maoe do gelo
Capítulo 34: Bruxaria
Capítulo 35: Amoebas vivas
Capítulo 36: Leilão
Capítulo 37: Luta entre Heróis
Capítulo 38: O dragão guardião das ruínas
Capítulo 39: Batalha no forte
Capítulo 40: Gelo e Fogo
Na Parte anterior...
Parte 5
Capítulo 41: Um novo objetivo
Capítulo 42: Vila Oni
Capítulo 43: Uma vida pacífica
Capítulo 44: O desmoronar da esperança
Capítulo 45: Lágrimas de sangue
Capítulo 46: Lá de volta outra vez
Capítulo 47: A flor entre os espinhos
Capítulo 48: Objetivos em andamento
Capítulo 49: O labirinto
Capítulo 50: Nasgar contra o labirinto
Na parte anterior...
Parte 6
Capítulo 51: Pai de Todos
Capítulo 52: Rainha dos Onis
Capítulo 53: Irmão juramentado
Capítulo 54: Início da guerra
Capítulo 55: Reyksland contra-ataca
Capítulo 56: Mestre da Batalha
Capítulo 57: Arte da Espada Maldita
Capítulo 58: Conquista
Capítulo 59: Mais cruel que um cão sarnento!
Capítulo 60: União com Orteis
Na parte anterior...
Parte 7
Capítulo 61: Vergonha pra tu, tua vaca
Capítulo 62: Relações
Capítulo 63: Sonhos interrompidos
Capítulo 64: Acima da honra
Capítulo 65: Cão de guerra
Capítulo 66: Tudo que vive, morre
Capítulo 67: A resposta
Capítulo 68: Batalha de Altinova
Capítulo 69: Futuro dos sonhos
Capítulo 70: Seja muito feliz
1º arco: "O Caminho da Vingança" concluído!
No arco anterior...
Parte 8
Capítulo 71: Lar doce lar
Capítulo 72: Sangue Maoe
Capítulo 73: Caça ao grimório
Capítulo 74: O passado da maga
Capítulo 75: A ninfa fora de casa
Capítulo 76: Auxílio a uma velha amiga
Capítulo 77: Duelo que traz verdades
Capítulo 78: Morte que vem do céu
Capítulo 79: Cavaleira da igreja fangirl
Capítulo 80: Estrela Vespertina
Na Parte anterior...
Parte 9
Capítulo 81: Lágrimas da Heroína flamejante
Capítulo 82: Herói gordo apaixonado
Capítulo 83: Magia Negra
Capítulo 84: Conspiração
Capítulo 85: Santa ao resgate
Capítulo 86: Herói soberano
Capítulo 87: O Divino do Senhor da Luz
Capítulo 88: Dragão longe de casa
Capítulo 89: Frio coração e sangue quente
Capítulo 90: Trama do culto obscuro em ação
Na Parte anterior...
Parte 10
Capítulo 91: Assombrado por um demônio
Capítulo 92: Aliança dos reinos do Sul
Capítulo 93: Invasão dos Heróis
Capítulo 94: Rainha do Caos
Capítulo 95: Reforço inesperado
Capítulo 96: Batalha noturna
Capítulo 98: General Maoe
Capítulo 99: Missão contra as Sementes
Capítulo 100: Lei de Noccius
Na Parte anterior...
Parte 11
BOAS FESTAS
Capítulo 101: Lunaris
Capítulo 102: De volta a um labirinto
Capítulo 103: A prisioneira
Capítulo 104: Missão concluída
Capítulo 105: De volta ao lar
Capítulo 106: Ano Novo
Capítulo 107: Caça
Capítulo 108: Domesticar a fera
Capítulo 109: Reino do deserto
Capítulo 110: Os Dez
Na Parte anterior...
Parte 12
Capítulo 111: Lar de sorriso
Capítulo 112: Tramas e tramoias
Capítulo 113: Força Maoe começa a agir
Capítulo 114: Libertador de reinos
Capítulo 115: Monstro
Capítulo 116: Devastação Maoe
Capítulo 117: Demônio em silêncio
Capítulo 118: Tristeza e pesar
Capítulo 119: Convocação dos reinos
Capítulo 120: Noccius e a Aliança dos reinos
Na Parte anterior...
Parte 13
Capítulo 121: Defesa do Norte
Capítulo 122: Difícil decisão
Capítulo 123: Missão suicida
Capítulo 124: Sem esperança
Capítulo 125: Descanso
Capítulo 126: Sem rendição
Capítulo 127: Nós ainda podemos ser salvos
Capítulo 128: Maou
Capítulo 129: Pecado Inocente
Capítulo 130: Futuro incerto
2º arco: "Rei de Noccius" concluído!
No arco anterior...
Parte 14
10 anos depois...
Capítulo 131: Bizarro
Capítulo 132: Amaterasu
Capítulo 133: Reencontro
Capítulo 134: Mágica!
Capítulo 135: Professor Mao
Capítulo 136: Caminho incerto
Capítulo 137: Em busca de uma nova vida
Capítulo 138: Vida nova
Capítulo 139: Agricultor
Capítulo 140: Verdadeiro Maou
Na Parte anterior...
Parte 15 (final)
Capítulo 141: Mãe e filha
Capítulo 142: Luta na neve
Capítulo 143: O Mago e o segredo
Capítulo 144: Grande rei e cavaleira cega
Capítulo 145: Unidos por uma causa
Capítulo 146: Heróis Unidos ao fim
Capítulo 147: Batalha no Portão Negro
Capítulo 148: O confronto dos Reis
Capítulo 149: Verdade de tudo
Capítulo 150(final): Mundo novo

Capítulo 97: Estradas sem fim

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Por Marcellocas


 Nós encontramos uma cidade de Flaks. Montamos acampamento em torno dela para começar o cerco. Camila chamou por uma reunião pra bolar a estratégia de como a conquistar, mas não fui, fiquei observando o muro da cidade por horas, tentando encontrar alguma brecha.

– Sua ausência foi questionada no conselho. – Disse Glain ao parar ao meu lado, acompanhado por Dan e Grant.

– Teve alguma ideia, Espadachim Sombrio? – Questionou Dan.

– Talvez.

– Então é melhor agir rápido, porque a Heroína Camila já está preparando as tropas e logo ordenará que os magos coloquem os muros a baixo na base da magia. – Disse Grant.

Respirei fundo, afastando as incertezas do que estou prestes a fazer, e fui a passos largos até rente ao muro, com os arqueiros inimigos já tensionando os arcos. Vanessa Velusca me disse que sou famoso no Norte, pelo que fiz no Sul. Dizem que "limpei" e "uni" o Sul. Espero que essa fama me ajude agora.

– Guerreiros de Flaks! Eu sou o Herói que chamaram de traidor. Dominic!

– Dominic é muito mais alto e tem aparência Maoe! – Disse um soldado inimigo.

– Sim, eu ouvi! Mata mil homens com um só golpe! E se ele estivesse aqui, destruiria todos vocês com uma chuva de meteoros das mãos e relâmpagos do cu! – alguns deles riram – Eu sou o Herói Dominic! E eu vejo diante de mim, um exército feito de homens servindo a criaturas que querem destruir os homens. Vocês estão prontos para combater pensando que são homens livres, mas livres vocês não são! Estão seguindo ordens de alguém que trama com Maoes maléficos e os usam como gado para abate! Se juntem a mim e ganhem a liberdade! – eles ficaram pensativos, se olhando entre si e cochichando – O que é que vocês vão fazer? Vão lutar contra mim, um Herói, ou por mim, contra os Maoes?!

– Como vamos lutar contra os Maoes?! Não há como vencer, e nós queremos viver!

– Verdade. Lutem contra os Maoes e poderão morrer. Se juntem a eles e viverão...pelo menos por um tempo. E morrerão em dor e arrependimento quando esses monstros não precisarem mais de vocês! – fiz questão de demonstrar ameaça em meu olhar – Vocês não estão dispostos a trocar o medo em seus corações por uma chance, apenas uma chance, de lutarem junto a mim e dizer para aqueles malditos monstros que eles podem tirar nossas vidas, mas nunca nos farão escravos!

Teve um momento de silêncio, com os soldados cochichando entre si, em dúvida. O silêncio foi quebrado pelo ranger do portão da cidade abrindo.

– Quem está abrindo o portão?! Feche! Feche!!

– Temos um traidor entre nós!

– Fechem o portão!! – Gritaram os oficiais.

O portão abriu totalmente, com um punhado de oito soldados de Flaks vindo até mim.

– Herói, nós lutaremos por vocês! Nós... – Trombetas soaram, então a cavalaria de Adam passou por mim, atingindo os oito em cheio, os matando, e já invadindo a cidade.

Fiquei com os olhos arregalados por um momento, não esperando por isso. O filho da mãe mancha meu nome pra conseguir a própria glória dele.

– Disparar!! – Os arqueiros começaram a dispara suas flechas.

Fogo!! – Ouvi a ordem mais atrás de mim, então bolas de fogo cruzaram o céu em direção ao muro, causando grandes explosões.

Virei as costas e saí, voltando pro acampamento.

– Diga pra nossas tropas relaxarem. Não vamos lutar. – Falei pra Bellona ao ir direto pra minha cabana.

Ela me seguiu.

– Como assim? Viemos aqui para isso. Nós...

Parei de supetão, a agarrando pelo colarinho.

– Faz o que eu falei. – A soltei com um leve empurrão pra trás, indo pra minha barraca.

– Você é má influência para os Heróis. – disse a ninja seguidora de Vivian, de pé no canto da barraca – Causa discórdia entre eles quando está por perto. Longe de você, são unidos e mais fortes. – ela puxou uma kunai de trás da cintura – Pelo bem de todos, eu o... – Não esperei ela terminar de falar, usei Passo Largo e Saque Rápido, afundando a espada em seu coração.

– Se for assassinar alguém, assassine, não fica falando merda. – Deixei o corpo da ninja cair.

– Dom, Bellona falou... – Nono parou na entrada ao ver o corpo da ninja no chão – Isso vai dar problema, não vai?

Dei um gole na garrafa de água sobre a mesinha e abri meu mapa.

– Tamo perto da montanha que tu falou, com os dois rostos de pedra e a escadaria.

– Sim... Alguns dias.

– Vem. – Peguei Nono pela mão e saí, reunindo meu pessoal.

A luta parece não estar sendo tão fácil quanto pensaram. As forças da Aliança ainda tentam dominar a cidade.

– Algum problema, Dom? – Perguntou Yulia, com todo meu pessoal diante de mim.

– Serei rápido. Vocês voltarão pra casa. Nossa participação nessa guerra, termina aqui. – olhei pras minhas oficiais, amigas, família, esposas – Vou ir até a montanha junto com um pequeno grupo. Provavelmente estaremos indo pra morte, e acabe sendo uma viagem só de ida. Quem virá comigo?

Houve um momento de silêncio.

– Eu irei. – Se prontificou Zeri.

– O seguirei onde for. – Disse Sheila.

– Eu vou. – Yulia deu um passo à frente.

– Eu também. – Alandra fez o mesmo.

– Obviamente, eu também, já que irei mostrar o caminho. – Disse Nono ao meu lado.

– Ótimo. É o bastante. Nós...

– Dominic! – virei, vendo Alabad se aproximando – Não está pensando em me deixar de fora?

– Quão boa é a tua audição?

– O bastante pra saber que tá mandando seu pessoal embora, e irá tentar fazer alguma loucura sozinho. – ele me deu um tapa nas costas ao parar ao meu lado – Então, qual o plano dessa vez?

– Subir uma montanha, acabar com as Sementes, morrer. – Resumi.

– Parece divertido! Conte comigo. Quero poder me gavar dizendo por ai que participei de uma de suas ideias idiotas.

Dei uma risadinha, dando um soquinho no braço dele.

– Babaca. – brinquei, virando pro meu pessoal – Então, os que não irão comigo, voltem pra casa. Fizemos nossa parte.

Isis levantou a mão.

– Mas Dominic, não iríamos salvar a mocinha Radhas?

– O irmão dela tá aqui, não preciso me preocupar. – passei um olhar rápido por todos – Minhas ordens estão dadas. – Saí andando.

Dei uma olhadinha para trás, vendo o grupo que me acompanhará, se despedindo dos demais antes de me seguirem. Agora, um pequeno grupo mudará a história desse mundo ao dar fim às Sementes. Uma aventura da qual não esperamos voltar, mas darei tudo de mim pra triunfar. Quero ver mais uma vez o rosto de minha amada, Hércia, e de minha filha, Lilium. Quero vê-las sorrir, quero velas cantar, quero ver os seus corpos dançar sem parar. Haha!

– Dom, uma palavra? – Alandra emparelhou ao meu lado, me olhando de canto.

– Fala.

– Digamos... Apenas digamos, que Flaks seja conquistada. A quem pertencerá?

– Não ligo.

– Muitos reinos vieram apenas por razão de seu chamado. Voltarão a ti para resolver disputas de territórios.

– Então que dividam entre si.

– Mas...

– Alandra! Não sei se percebeu, mas tamo indo pra uma missão suicida. Sério mesmo que acha importante bolar divisão de terras entre os reinos que auxiliaram na guerra contra Flaks, agora? Sério mesmo?!

– Tá brabo? – Perguntou Nono mais atrás de mim, debochada.

Não respondi, acelerando o passo pra ir mais na frente, seguindo em silêncio. Brabo? Não. Nervoso? Pra caramba.

À noite, depois de caminharmos o dia inteiro, fizemos uma fogueira em meio a um círculo de rochas a beira da estrada. O clima tá tenso. Eu to tenso. Não quero morrer ainda, mas parece que o fim está perto. Essa é a razão pela qual estou aqui, nesse mundo. É tudo que sei. Tudo que lembro.

– Dom. – Yulia chamou minha atenção ao levantar, apontando para um pequeno exército se aproximando.

Levantamos, já nos preparando para lutar quando três cavaleiros vieram em nossa direção.

– Quem são vocês? – Perguntou a mulher, uma cavaleira de olhos azuis como o céu claro, de capa vermelha, nos olhando com ameaça.

– Me chamo Dominic. Esses são...

– Herói. – ela suavizou a expressão, desmontando – Fico contente de ter o encontrado. Onde está seu exército?

Bem, parece que sou conhecido por esses lados também, mesmo não tendo uma "aparência Maoe".

– A última vez que vi, tava lutando em uma cidade, um dia daqui.

– Se separaram?

– Não, não. Tão no meu bolso, não tá vendo?

Ela estreitou o olhar pra mim, mas não retrucou.

– Sou Sandra, capitã de Rasama. Estou aqui com a princesa de Rasama, Alice. Com nós, temos mil soldados para ajudar na guerra.

– Show. Só seguir a estrada, que vai chegar na cidade onde a força principal provavelmente tá descansando agora.

Por cima do ombro da capitã, vi uma carruagem luxuosa se aproximando, escoltada por quatro cavaleiros cuja a montaria tinha armadura tão polida que parecia brilhar com o reflexo da fogueira ao pararem diante de nós.

A porta da carruagem abriu, com um guarda de armadura vermelha descendo e estendendo um tapete da mesma cor até os meus pés. Ele me deu uma encarada rápida antes de voltar até a carruagem, estendendo a mão para a jovem loira de vestido verde-claro descer.

– Princesa, este é Dominic, o Herói que...

– Eu o reconheci. – A princesa interrompeu a capitã.

– Já nos vimos antes pra ter me reconhecido? – Perguntei, curioso. Lembraria de uma mulher linda como ela, se já a tivesse conhecido.

Ela balançou a cabeça negativamente.

– Através de seus retratos.

Me pergunto quão longe os quadros da Estrea já chegaram.

– Princesa Alice, nós devemos seguir e nos juntar a...

– Agora não, Sandra. Me deixe falar com ele primeiro. Minha bunda dói de tanto ficar sentada na carruagem.

Problemas da realeza. Se a bunda dela dói de ficar sentada, imagina os pés dos soldados que marcham a seguindo. Bem, só sei que até o fim da noite, já vou ter feito sexo com ela. Toda mulher até agora que me conhece pelos quadros, tem uma quedinha por mim.

– Querem sentar pra ficarem mais à vontade? – Ofereci.

– Prefiro ficar um tempo de pé, obrigada. – a princesa me deu um sorriso gentil, como se estivesse admirada – Na pintura você é mais belo, Herói. Não tem essa expressão endurecida. É um pouco assustadora até.

Arqueei o cenho esquerdo.

– Perdão?

– Qual razão de ter se dividido da força principal, Herói?

– Tenho minha própria missão. Vamos até as montanhas, acabar com a fonte de energia das Sementes.

Sandra pareceu se inquietar.

– As montanhas? Apenas vocês? Flaks tem diversos grupos que vagam pela área e protegem as montanhas. Além de um forte bem guarnecido no centro da ravina, que é o caminho mais curto até as montanhas, economizando dias de viagem. – Disse ela. Como eu não fiquei sabendo disso antes? Tsc!

– Eu decidi que nós iremos o acompanhar, Herói. – disse a princesa, para o espanto meu e de Sandra – Não até as montanhas, claro. Mas tomaremos o forte para que você consiga passar.

Olhei pras tropas dela. São mil soldados, e estamos no território inimigo. Será que mil armas vai bastar? Não adianta pensar nisso agora. Não tenho nenhum outro plano, e essa missão é urgente, não posso me dar ao luxo de desperdiçar dias contornando o inimigo.

– Fico grato, princesa Alice.

– Não precisa. Faço isso por minha gente também. Rasama está a beira de colapsar por causa das odiosas Sementes. Fora da capital, meu povo passa fome, a economia está em crise, nosso exército diminui drasticamente a cada confronto contra as Sementes. Se tens um meio de dar fim a esses malditos portais de pura devastação, o apoiarei com tudo que eu puder, Herói.

– Podem me chamar de Dominic. Não sou muito fã de ser chamado de Herói. – estendi a mão em um cumprimento pra ela – É um prazer conhecer uma princesa que pensa no bem do povo invés de apenas olhar pro próprio umbigo.

– Kya! – Ela soltou um gemidinho quando nossas mãos se encontraram, virando o rosto corado, tentando disfarçar. Agora tenho certeza, vou me deitar com ela antes da noite acabar.

– Deixa a frescura de lado e senta comigo rente a rocha. – Segurei gentilmente a mão da princesa e a puxei até onde eu antes estava sentado, sob o olhar de meus companheiros, que me conhecem o bastante pra saberem o que estou fazendo.

Alice hesitou em sentar no chão, mas meu olhar fixado nela, a deixou sem jeito, sentando, claramente desconfortável. Seus olhos cor de mel me espiaram de canto quando ela levou os cabelos loiros para trás, os prendendo com uma fita vermelha.

– Não quero sujar meu cabelo. – Disse em meio a um sorriso inocente.

Soldados! Acamparemos aqui essa noite! – Ordenou Sandra mais adiante ao se juntar ao pequeno exército.

– Dominic, já visitou Rasama alguma vez? – Alice deu um sorrisinho ao dizer meu nome. Nomes sempre aproximam as pessoas, mais do que tratarem umas as outras através de títulos.

– Não. Nunca saí do Sul. O mais longe que já fui antes, foi até Volarvi.

– Depois dessa guerra, tenho que levá-lo para um passeio então. Sabia que o melhor doce de amora do mundo, é de Rasama? Muitas famílias nobres passam férias na capital, devido a esse doce, e o nosso grande teatro com lugares para duas mil pessoas. Os mais famosos grupos teatrais já passaram por lá, e cada um deixou uma mensagem escrita no mural que fica exposto logo na entrada.

– Parece incrível. E tu gosta de atuar, Alice?

– Adoro! Apesar de não ser tão boa quanto atores profissionais. Eu atuo na apresentação que ocorre no festival de final de ano, desde que eu era pequena. A maior parte é dança, poucas falas, ainda assim me divirto bastante! – A empolgação dela é como de uma criança falando do seu doce predileto.

– Dom, tem um minuto? – Me chamou Yulia.

Levantei.

– Já volto. – Falei pra Alice ao ir até minha companheira.

Yulia acenou com a cabeça para nos afastarmos um pouco, antes de parar, me olhando com preocupação.

– Ouça com atenção.

– Sou todo ouvidos.

– Sei que não consegue se manter de roupa por muito tempo quando tem uma mulher bonita na sua volta, mas deve se controlar com a princesa. Ela é prometida ao príncipe de Aphae, que logo será rei. Se fizer algo com ela, tomar sua virgindade, colocará em risco o futuro desses dois reinos. Aphae e Rasama são aliados, graças a esse acordo de casamento. Se o destruir, não apenas destruirá a aliança entre eles, como pode causar uma guerra entre reinos vizinhos.

– E por que isso seria problema meu? Deixe que os reis lidem com as crises em seus reinos. Eu tenho minha própria vida e o único povo que me importa, é o meu.

– Dom, por favor. As pessoas que o destrataram e o injustiçaram, já pagaram o preço. Pare de jogar o amargo que restou em você, sobre aqueles que nada lhe fizeram de mal.

Droga, odeia quando tocam na minha ferida. Massageei a testa, com o olhar de Yulia me pressionando.

– Tsc! Tá, não vou fazer nada.

Yulia sorriu, me dando um beijo no canto da boca.

– Obrigada.

Voltamos pra junto do pessoal. Sandra tomou o meu lugar ao lado de Alice, estando ela ajeitando um alaúde para tocar.

– Tentei aprender a tocar, mas aprendi apenas algumas notas. – falei ao sentar sobre uma rocha, de frente pras duas – Toca há muito tempo, capitã?

– Sandra era uma barda viajante antes de se estabelecer no reino. – disse Alice – Nós nos damos bem, por isso pedi pra ela ser a capitã que serve a mim. Foi uma surpresa quando descobri que ela participou da escola de treinamento do círculo.

– Fiquei apenas um ano lá, e foi na minha adolescência, quando meus pais ainda eram vivos.

– Foi o bastante para se tornar uma grande espadachim arcana.

– Espera, o Círculo não é uma torre pra magos? – Perguntei, curioso.

– Sim. – respondeu Sandra – Mas também tem uma pequena cidade próxima a torre, que serve de academia para treinar espadachins arcanos. O balanço entre técnicas de espadas combinadas com magia, criam os caçadores de campo do Círculo e os protetores da torre. Alguns os chamam de Sentinelas.

– Olha só. Sobre isso ninguém nunca me contou. – Dei uma olhada pra Betina e Alandra, que deram de ombros.

– Quer tocar, Dominic? – Ofereceu Sandra.

– Só sei algumas notas. Seria um som bem simples.

Ela levantou e veio até mim, me entregando o alaúde.

– Toque algo para nós, e te dou dicas de como melhorar. O que me diz?

– Toca Dom! – Disse Alabad.

– Estou ansiosa para ouvir a música que irá nos cantar. – Disse Sheila.

– Basta colocar seus sentimentos na música, e ela responderá, transmitindo através do som. – Disse Sandra, me olhando de modo encorajador.

Percebi que até os soldados na volta se aproximaram mais pra ouvir. Não tem jeito, vou ter que tocar por livre e espontânea pressão.

– Se ficar ruim não quero ver ninguém rindo, tá ok?

– Não se preocupe. Toque, Dom. – Disse Alandra, ansiosa.

Respirei fundo, ajeitando o alaúde em meus braços, contra meu peito, limpando a mente pra cantar o que estou sentindo.

Um lugar para chamar de lar

Minha pequena vila

Com um morro tão verde

Tocado pelo sol da manhã

Minha vida é boa lá

Tão boa quanto nunca antes pensei ser possível

Rodeado por amigos queridos

E mulheres que me amam como sou

Assim eu peço

Estradas sem fim

Me levem de volta para casa

Para o lugar ao qual pertenço

Minha amada vila

Mãe de meu povo

Me leve para casa

Estradas sem fim

Minha memória ao pouco vai sumindo

Crio novas, vivendo essa nova vida

Com coragem sigo adiante

Um estranho em outro mundo

Sangue e cinzas pintam meu rosto

Lutas difíceis que não fugi

Amigos que perdi

Lágrimas em meu olhar vitorioso

Estradas sem fim

Me levem para casa

Para o lugar que pertenço

Minha amada vila

Consigo ouvir as vozes de meu povo me chamando

A cada sopro de vento sinto suas preces por mim ao longe

Elas me lembram de minha casa tão distante

Mas seguindo caminhando eu retornarei algum dia

Me levem de volta para casa

Para o lugar ao qual pertenço

Me levem para casa

Estradas sem fim

Nono veio até mim, me abraçando ao puxar minha cabeça contra seu peito.

– Onde eu estiver, pode chamar de casa. Casa é onde as pessoas que amamos estão. Eu amo você, Dominic, e sei que você me ama. Mesmo que eu não volte, vou garantir que você viva e retorne para Noccius. Eu prometo.

– Noccius seria muito mais triste sem você, Nono.

Alabad levantou.

– Acho melhor irmos dormir, pessoal. Temos muito chão pela frente. – Ele sabe que não gosto de mostrar fraqueza na frente dos outros. É um bom amigo por me salvar dessa situação.

Todos nos ajeitamos pra dormir, com Nono deitando abraçada comigo, como se eu precisasse ser reconfortado. Não me arrependo nenhum pouco de ter libertado essa Maoe quando a encontrei. Ela era tida como uma grande ameaça, um demônio aprisionado, que um retardado libertou pra tentar usá-la pra conseguir poder. Ela é forte, mas eu gosto de usar ela pra outras coisas mais. E o coração dela tem mais bondade, do que muitas pessoas que frequentam a igreja da Sacra Fé. Espero pelo dia que as batalhas terminarão, e poderemos aproveitar várias noites juntos, em tempos tranquilos.

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