Nós encontramos uma cidade de Flaks. Montamos acampamento em torno dela para começar o cerco. Camila chamou por uma reunião pra bolar a estratégia de como a conquistar, mas não fui, fiquei observando o muro da cidade por horas, tentando encontrar alguma brecha.
– Sua ausência foi questionada no conselho. – Disse Glain ao parar ao meu lado, acompanhado por Dan e Grant.
– Teve alguma ideia, Espadachim Sombrio? – Questionou Dan.
– Talvez.
– Então é melhor agir rápido, porque a Heroína Camila já está preparando as tropas e logo ordenará que os magos coloquem os muros a baixo na base da magia. – Disse Grant.
Respirei fundo, afastando as incertezas do que estou prestes a fazer, e fui a passos largos até rente ao muro, com os arqueiros inimigos já tensionando os arcos. Vanessa Velusca me disse que sou famoso no Norte, pelo que fiz no Sul. Dizem que "limpei" e "uni" o Sul. Espero que essa fama me ajude agora.
– Guerreiros de Flaks! Eu sou o Herói que chamaram de traidor. Dominic!
– Dominic é muito mais alto e tem aparência Maoe! – Disse um soldado inimigo.
– Sim, eu ouvi! Mata mil homens com um só golpe! E se ele estivesse aqui, destruiria todos vocês com uma chuva de meteoros das mãos e relâmpagos do cu! – alguns deles riram – Eu sou o Herói Dominic! E eu vejo diante de mim, um exército feito de homens servindo a criaturas que querem destruir os homens. Vocês estão prontos para combater pensando que são homens livres, mas livres vocês não são! Estão seguindo ordens de alguém que trama com Maoes maléficos e os usam como gado para abate! Se juntem a mim e ganhem a liberdade! – eles ficaram pensativos, se olhando entre si e cochichando – O que é que vocês vão fazer? Vão lutar contra mim, um Herói, ou por mim, contra os Maoes?!
– Como vamos lutar contra os Maoes?! Não há como vencer, e nós queremos viver!
– Verdade. Lutem contra os Maoes e poderão morrer. Se juntem a eles e viverão...pelo menos por um tempo. E morrerão em dor e arrependimento quando esses monstros não precisarem mais de vocês! – fiz questão de demonstrar ameaça em meu olhar – Vocês não estão dispostos a trocar o medo em seus corações por uma chance, apenas uma chance, de lutarem junto a mim e dizer para aqueles malditos monstros que eles podem tirar nossas vidas, mas nunca nos farão escravos!
Teve um momento de silêncio, com os soldados cochichando entre si, em dúvida. O silêncio foi quebrado pelo ranger do portão da cidade abrindo.
– Quem está abrindo o portão?! Feche! Feche!!
– Temos um traidor entre nós!
– Fechem o portão!! – Gritaram os oficiais.
O portão abriu totalmente, com um punhado de oito soldados de Flaks vindo até mim.
– Herói, nós lutaremos por vocês! Nós... – Trombetas soaram, então a cavalaria de Adam passou por mim, atingindo os oito em cheio, os matando, e já invadindo a cidade.
Fiquei com os olhos arregalados por um momento, não esperando por isso. O filho da mãe mancha meu nome pra conseguir a própria glória dele.
– Disparar!! – Os arqueiros começaram a dispara suas flechas.
– Fogo!! – Ouvi a ordem mais atrás de mim, então bolas de fogo cruzaram o céu em direção ao muro, causando grandes explosões.
Virei as costas e saí, voltando pro acampamento.
– Diga pra nossas tropas relaxarem. Não vamos lutar. – Falei pra Bellona ao ir direto pra minha cabana.
Ela me seguiu.
– Como assim? Viemos aqui para isso. Nós...
Parei de supetão, a agarrando pelo colarinho.
– Faz o que eu falei. – A soltei com um leve empurrão pra trás, indo pra minha barraca.
– Você é má influência para os Heróis. – disse a ninja seguidora de Vivian, de pé no canto da barraca – Causa discórdia entre eles quando está por perto. Longe de você, são unidos e mais fortes. – ela puxou uma kunai de trás da cintura – Pelo bem de todos, eu o... – Não esperei ela terminar de falar, usei Passo Largo e Saque Rápido, afundando a espada em seu coração.
– Se for assassinar alguém, assassine, não fica falando merda. – Deixei o corpo da ninja cair.
– Dom, Bellona falou... – Nono parou na entrada ao ver o corpo da ninja no chão – Isso vai dar problema, não vai?
Dei um gole na garrafa de água sobre a mesinha e abri meu mapa.
– Tamo perto da montanha que tu falou, com os dois rostos de pedra e a escadaria.
– Sim... Alguns dias.
– Vem. – Peguei Nono pela mão e saí, reunindo meu pessoal.
A luta parece não estar sendo tão fácil quanto pensaram. As forças da Aliança ainda tentam dominar a cidade.
– Algum problema, Dom? – Perguntou Yulia, com todo meu pessoal diante de mim.
– Serei rápido. Vocês voltarão pra casa. Nossa participação nessa guerra, termina aqui. – olhei pras minhas oficiais, amigas, família, esposas – Vou ir até a montanha junto com um pequeno grupo. Provavelmente estaremos indo pra morte, e acabe sendo uma viagem só de ida. Quem virá comigo?
Houve um momento de silêncio.
– Eu irei. – Se prontificou Zeri.
– O seguirei onde for. – Disse Sheila.
– Eu vou. – Yulia deu um passo à frente.
– Eu também. – Alandra fez o mesmo.
– Obviamente, eu também, já que irei mostrar o caminho. – Disse Nono ao meu lado.
– Ótimo. É o bastante. Nós...
– Dominic! – virei, vendo Alabad se aproximando – Não está pensando em me deixar de fora?
– Quão boa é a tua audição?
– O bastante pra saber que tá mandando seu pessoal embora, e irá tentar fazer alguma loucura sozinho. – ele me deu um tapa nas costas ao parar ao meu lado – Então, qual o plano dessa vez?
– Subir uma montanha, acabar com as Sementes, morrer. – Resumi.
– Parece divertido! Conte comigo. Quero poder me gavar dizendo por ai que participei de uma de suas ideias idiotas.
Dei uma risadinha, dando um soquinho no braço dele.
– Babaca. – brinquei, virando pro meu pessoal – Então, os que não irão comigo, voltem pra casa. Fizemos nossa parte.
Isis levantou a mão.
– Mas Dominic, não iríamos salvar a mocinha Radhas?
– O irmão dela tá aqui, não preciso me preocupar. – passei um olhar rápido por todos – Minhas ordens estão dadas. – Saí andando.
Dei uma olhadinha para trás, vendo o grupo que me acompanhará, se despedindo dos demais antes de me seguirem. Agora, um pequeno grupo mudará a história desse mundo ao dar fim às Sementes. Uma aventura da qual não esperamos voltar, mas darei tudo de mim pra triunfar. Quero ver mais uma vez o rosto de minha amada, Hércia, e de minha filha, Lilium. Quero vê-las sorrir, quero velas cantar, quero ver os seus corpos dançar sem parar. Haha!
– Dom, uma palavra? – Alandra emparelhou ao meu lado, me olhando de canto.
– Fala.
– Digamos... Apenas digamos, que Flaks seja conquistada. A quem pertencerá?
– Não ligo.
– Muitos reinos vieram apenas por razão de seu chamado. Voltarão a ti para resolver disputas de territórios.
– Então que dividam entre si.
– Mas...
– Alandra! Não sei se percebeu, mas tamo indo pra uma missão suicida. Sério mesmo que acha importante bolar divisão de terras entre os reinos que auxiliaram na guerra contra Flaks, agora? Sério mesmo?!
– Tá brabo? – Perguntou Nono mais atrás de mim, debochada.
Não respondi, acelerando o passo pra ir mais na frente, seguindo em silêncio. Brabo? Não. Nervoso? Pra caramba.
À noite, depois de caminharmos o dia inteiro, fizemos uma fogueira em meio a um círculo de rochas a beira da estrada. O clima tá tenso. Eu to tenso. Não quero morrer ainda, mas parece que o fim está perto. Essa é a razão pela qual estou aqui, nesse mundo. É tudo que sei. Tudo que lembro.
– Dom. – Yulia chamou minha atenção ao levantar, apontando para um pequeno exército se aproximando.
Levantamos, já nos preparando para lutar quando três cavaleiros vieram em nossa direção.
– Quem são vocês? – Perguntou a mulher, uma cavaleira de olhos azuis como o céu claro, de capa vermelha, nos olhando com ameaça.
– Me chamo Dominic. Esses são...
– Herói. – ela suavizou a expressão, desmontando – Fico contente de ter o encontrado. Onde está seu exército?
Bem, parece que sou conhecido por esses lados também, mesmo não tendo uma "aparência Maoe".
– A última vez que vi, tava lutando em uma cidade, um dia daqui.
– Se separaram?
– Não, não. Tão no meu bolso, não tá vendo?
Ela estreitou o olhar pra mim, mas não retrucou.
– Sou Sandra, capitã de Rasama. Estou aqui com a princesa de Rasama, Alice. Com nós, temos mil soldados para ajudar na guerra.
– Show. Só seguir a estrada, que vai chegar na cidade onde a força principal provavelmente tá descansando agora.
Por cima do ombro da capitã, vi uma carruagem luxuosa se aproximando, escoltada por quatro cavaleiros cuja a montaria tinha armadura tão polida que parecia brilhar com o reflexo da fogueira ao pararem diante de nós.
A porta da carruagem abriu, com um guarda de armadura vermelha descendo e estendendo um tapete da mesma cor até os meus pés. Ele me deu uma encarada rápida antes de voltar até a carruagem, estendendo a mão para a jovem loira de vestido verde-claro descer.
– Princesa, este é Dominic, o Herói que...
– Eu o reconheci. – A princesa interrompeu a capitã.
– Já nos vimos antes pra ter me reconhecido? – Perguntei, curioso. Lembraria de uma mulher linda como ela, se já a tivesse conhecido.
Ela balançou a cabeça negativamente.
– Através de seus retratos.
Me pergunto quão longe os quadros da Estrea já chegaram.
– Princesa Alice, nós devemos seguir e nos juntar a...
– Agora não, Sandra. Me deixe falar com ele primeiro. Minha bunda dói de tanto ficar sentada na carruagem.
Problemas da realeza. Se a bunda dela dói de ficar sentada, imagina os pés dos soldados que marcham a seguindo. Bem, só sei que até o fim da noite, já vou ter feito sexo com ela. Toda mulher até agora que me conhece pelos quadros, tem uma quedinha por mim.
– Querem sentar pra ficarem mais à vontade? – Ofereci.
– Prefiro ficar um tempo de pé, obrigada. – a princesa me deu um sorriso gentil, como se estivesse admirada – Na pintura você é mais belo, Herói. Não tem essa expressão endurecida. É um pouco assustadora até.
Arqueei o cenho esquerdo.
– Perdão?
– Qual razão de ter se dividido da força principal, Herói?
– Tenho minha própria missão. Vamos até as montanhas, acabar com a fonte de energia das Sementes.
Sandra pareceu se inquietar.
– As montanhas? Apenas vocês? Flaks tem diversos grupos que vagam pela área e protegem as montanhas. Além de um forte bem guarnecido no centro da ravina, que é o caminho mais curto até as montanhas, economizando dias de viagem. – Disse ela. Como eu não fiquei sabendo disso antes? Tsc!
– Eu decidi que nós iremos o acompanhar, Herói. – disse a princesa, para o espanto meu e de Sandra – Não até as montanhas, claro. Mas tomaremos o forte para que você consiga passar.
Olhei pras tropas dela. São mil soldados, e estamos no território inimigo. Será que mil armas vai bastar? Não adianta pensar nisso agora. Não tenho nenhum outro plano, e essa missão é urgente, não posso me dar ao luxo de desperdiçar dias contornando o inimigo.
– Fico grato, princesa Alice.
– Não precisa. Faço isso por minha gente também. Rasama está a beira de colapsar por causa das odiosas Sementes. Fora da capital, meu povo passa fome, a economia está em crise, nosso exército diminui drasticamente a cada confronto contra as Sementes. Se tens um meio de dar fim a esses malditos portais de pura devastação, o apoiarei com tudo que eu puder, Herói.
– Podem me chamar de Dominic. Não sou muito fã de ser chamado de Herói. – estendi a mão em um cumprimento pra ela – É um prazer conhecer uma princesa que pensa no bem do povo invés de apenas olhar pro próprio umbigo.
– Kya! – Ela soltou um gemidinho quando nossas mãos se encontraram, virando o rosto corado, tentando disfarçar. Agora tenho certeza, vou me deitar com ela antes da noite acabar.
– Deixa a frescura de lado e senta comigo rente a rocha. – Segurei gentilmente a mão da princesa e a puxei até onde eu antes estava sentado, sob o olhar de meus companheiros, que me conhecem o bastante pra saberem o que estou fazendo.
Alice hesitou em sentar no chão, mas meu olhar fixado nela, a deixou sem jeito, sentando, claramente desconfortável. Seus olhos cor de mel me espiaram de canto quando ela levou os cabelos loiros para trás, os prendendo com uma fita vermelha.
– Não quero sujar meu cabelo. – Disse em meio a um sorriso inocente.
– Soldados! Acamparemos aqui essa noite! – Ordenou Sandra mais adiante ao se juntar ao pequeno exército.
– Dominic, já visitou Rasama alguma vez? – Alice deu um sorrisinho ao dizer meu nome. Nomes sempre aproximam as pessoas, mais do que tratarem umas as outras através de títulos.
– Não. Nunca saí do Sul. O mais longe que já fui antes, foi até Volarvi.
– Depois dessa guerra, tenho que levá-lo para um passeio então. Sabia que o melhor doce de amora do mundo, é de Rasama? Muitas famílias nobres passam férias na capital, devido a esse doce, e o nosso grande teatro com lugares para duas mil pessoas. Os mais famosos grupos teatrais já passaram por lá, e cada um deixou uma mensagem escrita no mural que fica exposto logo na entrada.
– Parece incrível. E tu gosta de atuar, Alice?
– Adoro! Apesar de não ser tão boa quanto atores profissionais. Eu atuo na apresentação que ocorre no festival de final de ano, desde que eu era pequena. A maior parte é dança, poucas falas, ainda assim me divirto bastante! – A empolgação dela é como de uma criança falando do seu doce predileto.
– Dom, tem um minuto? – Me chamou Yulia.
Levantei.
– Já volto. – Falei pra Alice ao ir até minha companheira.
Yulia acenou com a cabeça para nos afastarmos um pouco, antes de parar, me olhando com preocupação.
– Ouça com atenção.
– Sou todo ouvidos.
– Sei que não consegue se manter de roupa por muito tempo quando tem uma mulher bonita na sua volta, mas deve se controlar com a princesa. Ela é prometida ao príncipe de Aphae, que logo será rei. Se fizer algo com ela, tomar sua virgindade, colocará em risco o futuro desses dois reinos. Aphae e Rasama são aliados, graças a esse acordo de casamento. Se o destruir, não apenas destruirá a aliança entre eles, como pode causar uma guerra entre reinos vizinhos.
– E por que isso seria problema meu? Deixe que os reis lidem com as crises em seus reinos. Eu tenho minha própria vida e o único povo que me importa, é o meu.
– Dom, por favor. As pessoas que o destrataram e o injustiçaram, já pagaram o preço. Pare de jogar o amargo que restou em você, sobre aqueles que nada lhe fizeram de mal.
Droga, odeia quando tocam na minha ferida. Massageei a testa, com o olhar de Yulia me pressionando.
– Tsc! Tá, não vou fazer nada.
Yulia sorriu, me dando um beijo no canto da boca.
– Obrigada.
Voltamos pra junto do pessoal. Sandra tomou o meu lugar ao lado de Alice, estando ela ajeitando um alaúde para tocar.
– Tentei aprender a tocar, mas aprendi apenas algumas notas. – falei ao sentar sobre uma rocha, de frente pras duas – Toca há muito tempo, capitã?
– Sandra era uma barda viajante antes de se estabelecer no reino. – disse Alice – Nós nos damos bem, por isso pedi pra ela ser a capitã que serve a mim. Foi uma surpresa quando descobri que ela participou da escola de treinamento do círculo.
– Fiquei apenas um ano lá, e foi na minha adolescência, quando meus pais ainda eram vivos.
– Foi o bastante para se tornar uma grande espadachim arcana.
– Espera, o Círculo não é uma torre pra magos? – Perguntei, curioso.
– Sim. – respondeu Sandra – Mas também tem uma pequena cidade próxima a torre, que serve de academia para treinar espadachins arcanos. O balanço entre técnicas de espadas combinadas com magia, criam os caçadores de campo do Círculo e os protetores da torre. Alguns os chamam de Sentinelas.
– Olha só. Sobre isso ninguém nunca me contou. – Dei uma olhada pra Betina e Alandra, que deram de ombros.
– Quer tocar, Dominic? – Ofereceu Sandra.
– Só sei algumas notas. Seria um som bem simples.
Ela levantou e veio até mim, me entregando o alaúde.
– Toque algo para nós, e te dou dicas de como melhorar. O que me diz?
– Toca Dom! – Disse Alabad.
– Estou ansiosa para ouvir a música que irá nos cantar. – Disse Sheila.
– Basta colocar seus sentimentos na música, e ela responderá, transmitindo através do som. – Disse Sandra, me olhando de modo encorajador.
Percebi que até os soldados na volta se aproximaram mais pra ouvir. Não tem jeito, vou ter que tocar por livre e espontânea pressão.
– Se ficar ruim não quero ver ninguém rindo, tá ok?
– Não se preocupe. Toque, Dom. – Disse Alandra, ansiosa.
Respirei fundo, ajeitando o alaúde em meus braços, contra meu peito, limpando a mente pra cantar o que estou sentindo.
Um lugar para chamar de lar
Minha pequena vila
Com um morro tão verde
Tocado pelo sol da manhã
Minha vida é boa lá
Tão boa quanto nunca antes pensei ser possível
Rodeado por amigos queridos
E mulheres que me amam como sou
Assim eu peço
Estradas sem fim
Me levem de volta para casa
Para o lugar ao qual pertenço
Minha amada vila
Mãe de meu povo
Me leve para casa
Estradas sem fim
Minha memória ao pouco vai sumindo
Crio novas, vivendo essa nova vida
Com coragem sigo adiante
Um estranho em outro mundo
Sangue e cinzas pintam meu rosto
Lutas difíceis que não fugi
Amigos que perdi
Lágrimas em meu olhar vitorioso
Estradas sem fim
Me levem para casa
Para o lugar que pertenço
Minha amada vila
Consigo ouvir as vozes de meu povo me chamando
A cada sopro de vento sinto suas preces por mim ao longe
Elas me lembram de minha casa tão distante
Mas seguindo caminhando eu retornarei algum dia
Me levem de volta para casa
Para o lugar ao qual pertenço
Me levem para casa
Estradas sem fim
Nono veio até mim, me abraçando ao puxar minha cabeça contra seu peito.
– Onde eu estiver, pode chamar de casa. Casa é onde as pessoas que amamos estão. Eu amo você, Dominic, e sei que você me ama. Mesmo que eu não volte, vou garantir que você viva e retorne para Noccius. Eu prometo.
– Noccius seria muito mais triste sem você, Nono.
Alabad levantou.
– Acho melhor irmos dormir, pessoal. Temos muito chão pela frente. – Ele sabe que não gosto de mostrar fraqueza na frente dos outros. É um bom amigo por me salvar dessa situação.
Todos nos ajeitamos pra dormir, com Nono deitando abraçada comigo, como se eu precisasse ser reconfortado. Não me arrependo nenhum pouco de ter libertado essa Maoe quando a encontrei. Ela era tida como uma grande ameaça, um demônio aprisionado, que um retardado libertou pra tentar usá-la pra conseguir poder. Ela é forte, mas eu gosto de usar ela pra outras coisas mais. E o coração dela tem mais bondade, do que muitas pessoas que frequentam a igreja da Sacra Fé. Espero pelo dia que as batalhas terminarão, e poderemos aproveitar várias noites juntos, em tempos tranquilos.