Ensina-me amar

By alinemoretho

535K 62.3K 11.1K

Sarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de... More

Bem-vindo@:
Epígrafe
Prólogo
Um: Desamparada
Dois: Socorro
Três: Amizade
Quatro: Uma Chance
Cinco: Humilhação
Seis: Nova Vida
Sete: Boas-Vindas
Oito: Reencontro
Nove: Ele
Dez: Quebrada
Onze: Perdão?
Doze: Verdade
Treze: Bagunça
Quatorze: Reconciliação
Quinze: Medo
Dezesseis: Adaptação
Dezessete: Covarde
Dezoito: Sentimentos
Dezenove: Ciúmes
Vinte: Viagem
Vinte e Um: Pai
Vinte e Dois: Fé
Vinte e Três: Família
Vinte e Quatro: Sufoco
Vinte e Cinco: Retorno
Vinte e Seis: Confusão
Vinte e Sete: Temores
Vinte e Oito: Tormento
Vinte e Nove: Fuga
Trinta: Confissões
Trinta e Um: O Retorno
Trinta e Três: Fazer o certo?
Trinta e Quatro: Temor
Trinta e Cinco: Voltar?
Trinta e Seis: Sujeição
Trinta e Sete: Aniversário
Trinta e Oito: Casar?
Trinta e Nove: Mãe
Quarenta: Padrinho
Quarenta e Um: Casamento
EPÍLOGO:
Agradecimentos

Trinta e Dois: Correção

4.2K 673 45
By alinemoretho

Quando abri meus olhos naquela manhã de terça, eu senti uma profunda paz invadindo meu coração e sorri.
 
Depois de tanto tempo andando perdida e cheia de amargura, eu finalmente havia sido encontrada pelas mãos poderosas e fiéis do Senhor.
 
"Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado aquele a quem o Senhor não atribuí iniquidade e em quem cujo espírito não há dolo" esses dois primeiros versículos do Salmo trinta e dois ressoaram em minha mente e eu comecei a refletir com grande emoção sobre eles.
 
Meu maior erro foi supor que poderia encontrar verdadeira felicidade escondendo no coração maldade e hipocrisia diante do Senhor.
 
Que alegria haveria longe do Criador, Salvador e sustentador da minha fé?
 
Certamente nenhuma. Eu podia afirmar isso com convicção. Minha alma só obteve a paz tão almejada depois que abri mão de todo o orgulho e remorso e me aquietei nos braços do Senhor, onde pude receber verdadeiro perdão.
 
Tudo havia sido feito novo e o momento de se alegrar havia chegado em minha vida!
 
— Bom dia, ovelhinha — cumprimentei a bebê, deitada no berço se divertindo ao tentar colocar o próprio pé na boca. — Hoje é um dia muito importante. Quer saber o motivo? — questionei, acariciando a barriguinha dela. — A mamãe fez as pazes com Jesus! Sim, ela fez! — Em resposta ela deu um sorriso fofo e eu não resisti ao ímpeto de pegá-la em meu colo e beijar muito suas bochechas fofas. — Agora, o que a princesa acha de lermos a bíblia juntas? — Uma ameaça de choro soou e eu entendi o recado. — Bem, talvez seja melhor esperar o café, não é mesmo?
 
Imediatamente tratei de oferecer os cuidados necessários para deixar a bebê limpinha, coloquei nela um vestido rosa lindo e logo após de me arrumar também, resolvi descer para o café da manhã.
 
— Olha só, meninas! Mais um dia se passou e Sarah não desistiu da gente — brincou Karen ao me ver colocar os pés no Salão de Refeições, onde algumas moças já faziam seu desjejum.
 
Era compreensível aquela reação de expectativa geral, afinal, elas deviam estar esperando que hora ou outra eu atendesse aos pedidos constantes de papai e fosse embora. Mas ainda não era tempo. Pedi a ele um pouco de paciência e calma, pois apesar de termos resolvido nossas pendências, eu ainda precisava decidir minha vida.
 
— É, ainda estamos aqui. Não é, meu amor? — eu disse e voltei-me para Mabel na tentativa de disfarçar meu constrangimento.
 
— Não vou mentir, eu gosto muito das duas espero que demore muito para irem — Anelise confessou meio tímida e eu dei risada. — Seria horrível se você esquecesse a gente.
 
— Como vocês são bobas! Só pensam em vocês mesmas — bradou dona Socorro com um tom de bronca, já levantando do seu lugar. — Sarah não se esquecerá de nenhuma de vocês. Entretanto, sua família deve ser prioridade. Entenderam?
 
— Tudo bem, dona Sô! Elas apenas estão preocupadas — falei, buscando amenizar o sermão para as pobres meninas. — Quanto a isso fiquem relaxadas, ainda não estou pronta para deixá-las.
 
Até quis prosseguir com o assunto, mas dona Sô chamou a atenção de todas, batendo palmas.
 
— Chega de tagarelar, minhas queridas, vamos continuar com o café, pois hoje o dia será cheio de atividades — declarou animada. — Venha Sarinha, estou com saudades da sua companhia.
 
Era incrível ver como aquela senhorinha tão amável não guardou ressentimentos quanto ao meu comportamento inadequado em tratá-la nos dias anteriores.
 
— Vou sim, mas antes... — Dei um passo a frente e me coloquei numa posição favorável para que todas ali conseguissem me ver sem dificuldade e antes de começar a falar já senti o nó querendo ganhar espaço em minha garganta. — Sabe, eu andei pensando e tenho evitado, mas gostaria de pedir perdão a vocês, meninas. — Analisei os rostos confusos e achei por bem prosseguir com a explicação: — Depois de ter despejado minha raiva sobre todos, ter fugido e ser resgatada pelo Coelho, o Senhor Jesus me levou a examinar minhas atitudes e assim perceber minhas falhas em agir como uma pessoa verdadeiramente cristã. — Uni os lábios e sequei uma lágrima no canto do olho. — Quero servir ao Senhor de todo o meu coração e para isso é necessário agir certo e...
 
Mal havia fechado a boca quando fui arrebatada para os braços quentinhos e fofos de dona Socorro.
 
— Ah, minha querida! Fiquei tão preocupada e orei tanto! — Ela me apertou um pouco mais, já sendo incomodada pelas tentativas de puxões de Mabel em seus cabelos. — Ainda bem que Deus atendeu minhas preces, protegeu as duas e ainda te deu a bênção de se acertar com seu pai.  
 
— Estou muito feliz também — declarei, sentindo-me tocada por tanta compaixão. — Meu orgulho me fez esquecer o quanto sou amada pelo Senhor, principalmente, e também por vocês.
 
— Sim, menina! — Ela sorriu abertamente. — Somos da mesma família em Cristo. — Alcançou uma de minhas mãos e me puxou em direção a mesa bem feita. — Venha tomar café. Hoje o dia será muitíssimo produtivo!
 
— Nem me diga — comentei animada e me sentei com Mabel, na cadeira vaga, entre Karen e Anelise, de frente para Fabiana e Carla. — Talvez papai venha aqui hoje.
 
Enquanto Karen me passava o pão e a manteiga, notei a confusão em seus olhos puxados.
 
— Desculpe, mas eu quero mesmo saber, você voltará para sua casa, Sarah? — ela questionou aflita.
 
Soltei o ar e, ao mesmo tempo que oferecia frutas a bebê em meu colo, formulava também uma resposta cautelosa.
 
— Decidi orar um pouco sobre isso — informei um pouco inquieta. — Tanta coisa aconteceu que acabei deixando de lado meus objetivos iniciais. Ou seja, arrumar um emprego, alugar alguma casinha e cuidar da minha bebê. — Pensei mais um pouco. — Já causei tantos problemas ao meu pai, não quero sobrecarregá-lo, sabe?

— Bem, eu duvido que seu pai pense assim — afirmou dona Socorro com convicção, fazendo-me rir para disfarçar a vergonha de ouvir seus conselhos indo contra os meus. — Sugiro que fale com ele, talvez cheguem a um denominador comum.
 
— Tudo bem, farei isso. Mas não antes de pensar e orar um pouco — declarei e foi engraçado ver a surpresa estampado no rosto da minha senhorinha favorita.Talvez não estivesse acostumada com minha boa disposição para aceitar conselhos. — Já fiquei tempo demais parada. Quero encontrar uma fonte de lucro. De preferência algo que não me roube todo o tempo com minha filha.

— Te ajudaremos a pensar em algo — dispôs-se, Fabiana. — Certamente deve gostar de algo, já que, obviamente, crochê não é sua praia.

Fabi estava correta. Eu não suportava atividades que exigissem muita destreza manual, pois eu era péssima nelas.

— Vou explorar meus talentos, talvez eu encontre algum para lucrar. — Pisquei determinada e dei risada ao perceber quão gananciosa eu pareci. — Dará certo, vocês verão.

As meninas riram e dona Socorro me apressou mais uma vez para me juntar a elas no café. Eu já estava prestes a sentar quando ouvi um barulho de motor de carro chamar minha atenção.

"Deve ser Victor" cconcluí tentando observar de longe o movimento através de uma das janelas no Salão e confirmei as suspeitas quando uma mensagem dele chegou em meu celular.

Até pensei em ir averiguar, mas dona Sô já havia começado a oração, agradecendo pelo alimento, por isso preferi esperar um pouquinho e participar do café antes de sair.

Durante a refeição mantive-me um pouco quieta, e, pensativa, me concentrei em oferecer frutas para a bebê enquanto ouvia as moças relatando como o bazar foi produtivo e como estavam ansiosas para repetir a experiência. Eu, por outro lado, só conseguia me lembrar de como fugi e as implicações disso, certamente não gostaria de viver tudo aquilo novamente.

— Bem, se não se importam, estou indo encontrar o Vic ali fora — informei após me alimentar, já me levantando e seguindo em direção a entrada do lugar. — Depois, se precisarem de mim, estarei no ateliê ajudando Mabel a engatinhar.

— Ok, querida. — Sorriu dona Sô e estava prestes a colocar uma torrada na boca, mas desistiu ao se lembrar de algo. — Se vir Luana por aí, diga a ela que desejo vê-la.

Afirmei com a cabeça e tracei o caminho com minha filha até o lado externo do casarão.

Durante o caminho pensei em Lu. Nós duas não estávamos em bons lençóis e eu buscava o melhor momento para concretizar meu plano de conversar seriamente com ela. Eu queria entender sua situação, dar suporte, se necessário, e não ser uma inimiga, como ela vinha me tratando.

Cheguei à varanda e observei o dia nublado, meio acizentado, prenunciando chuva. Fechei meus olhos por alguns instantes, inspirei todo aquele ar puro e agradeci ao Senhor pela sua bondade em criar todas as coisas de modo tão perfeito. Fui despertada no momento seguinte por Mabel tentando abocanhar minha bochecha.

— Espere um pouquinho e nós já vamos, sua apressadinha! — declarei sorrindo.

Enquanto ainda ria das gracinhas de Mabel, ouvi alguns burburinhos e percebi não muito distante de onde eu estava, Victor apoiado no capô de seu carro, observando alguns papéis em suas mãos, enquanto Luana, de frente para ele, segurava o pequeno Arthur com força e se derramava em um pranto copioso. Vic até tentou consolá-la tocando em seu ombro, mas ela foi rápida em se afastar.

"O que está acontecendo?" questionei mentalmente, sentindo um aperto no coração ao ver a condição desesperada de minha amiga.

Achei prudente esperar um pouco antes de me aproximar e só o fiz depois que vi Luana saindo apressada, voltando pra casa. Ela passou tão aflita que nem me viu ali.

Um pouco incerta, segui em direção a Vic e quando cheguei perto o suficiente notei seu semblante triste.

— Ei, voce está bem? — argui curiosa, mas demorei a obter a atenção dele e precisei estalar os dedos em frente ao seu rosto. — Victor?

— Hã? Ah! Oi, Sarah. — Ele balançou a cabeça, provavelmente tentando voltar a si.

Ergui uma sobrancelha e não sei porquê, mas algo me dizia que alguma coisa não ia bem.

— O que aconteceu? Por que está com essa cara? — Meu coração acelerou quando vi os olhos dele um pouco marejados. — É sobre a Luana, não é? — Ele assentiu com um pouco de incerteza e eu estremeci. — O que há com minha amiga? Há tempos eu venho estranhando o comportamento dela e ninguém simplesmente me fala nada.

O médico me olhou com compaixão e suspirou.

— A situação é muito delicada, Sarah. — Diminuiu o tom de voz, revelando sua tensão e tentativa de discrição. — Estou tentando ajudar, mas...

— Eu quero ajudar também — interrompi-o afobada. — Por favor.

Ele esboçou um sorrisinho desanimado e pareceu compreender meu gesto.

— Apresente Luana e Arthur em suas orações —  pediu com cuidado. — É o melhor a se fazer.

— Você me deixou preocupada agora. — Mordi o lábio. — Me explique direito o que está acontecendo. Por que esse mistério todo?

— Dada às circunstâncias, é melhor eu não comentar nada sobre o assunto, tudo bem? — respondeu deixando claro que não daria nenhuma informação além do necessário. — Contudo, confie em mim, fique calma e não se preocupe precipitadamente.

— Mas, Vic...

— Sarah, por favor, me escute — pediu sendo um pouco mais autoritário e eu não vi escolhas além de concordar.

— Ok! Desculpe — pedi, erguendo uma das maos mostrando minha rendição. — Não vou me meter.

— Vamos mudar de assunto — sugeriu, deu um passo em minha direção e ergueu suas mãos estimulando Mabel, com sucesso, para ir ao seu colo. No momento em que a bebê se jogou, ele a pegou e a abraçou com muita força, mostrando-se estranhamente emotivo. — Minha menina...

— Uau! Nem parece que vocês se viram ontem, antes de ontem e todos os dias anteriores — comentei admirada pelo modo como ele parecia um pouco desesperado pela presença da filha, afagando suas costas. — Por que essa emoção toda?

— Porque fico pensando em como gostaria de ter mais tempo para desfrutar com a Maria Isabel — confessou dando claros sinais de exaustão. — Mesmo que eu venha aqui todos os dias e fique aqui por várias horas, não parece suficiente. Eu a amo demais, Sarah!

Aquelas palavras proferidas com tanta emoção, fizeram meus olhos marejarem.

— É tão lindo ver como você se importa com nossa ovelhinha — comentei, tentando aplacar minha sensibilidade. — E ela também está cada vez mais familiarizada com você. Certamente te ama também. — Segurei a mãozinha da bebê no exato momento em que ela tentava colocar a corrente dourada usada por Victor costumeiramente na boca.

— E eu me sinto grato a Deus por ter essa bochechuda para amassar e beijar enquanto ela ainda permite. — Ele sorriu e não pensou duas vezes antes de distruibuir seu afeto até fazer a bebê resmugar pelo excesso de amor recebido. — Quero estar presente em todos os dias da vida dela.

Lembrei-me da nossa viagem a Nova Canaã, quando o flagrei aconchegando nossa ovelhinha em seu peito enquanto prometia estar com ela até o fim. Desde o momento em que descobriu sua paternidade, Vic vinha se esforçando dia após dia para dar o melhor de si em nome de Maria Isabel.

— Eu fui injusta com você — confessei depois de alguns instantes de silêncio e ganhei a atenção dele. — Na manhã da minha fuga, eu te acusei de ser um péssimo pai e fiz questão de machucá-lo de propósito, enfatizando a sua ausência na vida da nossa filha, sendo que foi tudo culpa minha e eu queria te pedir perdão...

— Não, não assuma a culpa sozinha. — Ele me interrompeu. — Você, como cristã, não deveria ter se entregado a um ímpio, mas eu, como homem, deveria ter feito o possível para proteger a sua honra e integridade. Quanto a isso eu assumo a minha total responsabilidade e deixo claro que, como nascido de novo, eu te garanto novamente, que não pretendo descumprir meus deveres com você ou com a nossa filha — declarou, conseguindo com êxito mais emoção da minha parte. — Não há nada para perdoar.

— Obrigada. Você está se tornando um ótimo pai — Eu sorri e ele me acompanhou.

— E por falar em pai, eu tenho um convite para te fazer...

Nota da Autora:
É, eu não morri e ainda estou postando este livro!
Ele demora mais para sair os capítulos porque vou postando conforme escrevo.
Tenham paciência comigo, com a Sarah e com o Victor ❤

Continue Reading

You'll Also Like

407K 34.8K 48
Se fosse realizada uma votação para avaliar a diretora de planejamento e produção de uma das maiores agências de publicidade do país, a Lex Publicida...
2.6K 157 11
Elena e Stefan são dois amigos de infância que os se distanciaram aos oito anos de idade.Mas alguns anos se passam eles se encontraram e se apaixonam...
4.6K 315 14
Scott é o tatuador ele conhece Dora uma garota muito alegre e fofa
3.9K 378 51
Sinopse Essa história conta a vida jovens, Pablo é cristão, Sofia está afastada. Mas pós uma tentativa de suicídio e fez os dois se "encontrarem" tu...