OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING...

Bởi autoralotorino

281K 29.4K 13.8K

❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe u... Xem Thêm

SINOPSE COMPLETA
DISCLAIMER
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
Capítulo sem título 18
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
C A P Í T U L O XX
C A P Í T U L O XXI
C A P Í T U L O XXII
C A P Í T U L O XXIII
C A P Í T U L O XXIV
C A P Í T U L O XXV
C A P Í T U L O XXVI
C A P Í T U L O XXVII
C A P Í T U L O XXVIII
C A P Í T U L O XXIX
C A P Í T U L O XXX
C A P Í T U L O XXXI
EPÍLOGO
Notas Finais + Amazon

CAPÍTULO VII

7K 772 255
Bởi autoralotorino

Eliza Gunning não tinha certeza se realmente queria comparecer ao jantar de lady Nembley. 

Ela tinha muitas resistências em relação ao temível evento anual. A primeira era o comum atraso. Lady Nembley apenas permitia que a comida fosse servida após ela conversar com todos os convidados pessoalmente. E ao julgar pelo tamanho da lista de convites, isso demoraria, como sempre. A segunda era o fato de que grande parte das pessoas que ela detestava estaria lá — ou seja, lord Morley e seu clã. Lady Eliza não tinha certeza se estava preparada para ver Frederick novamente, mesmo que de longe.

A terceira, e provavelmente mais importante, era que lady Nembley era uma grande amiga dos Gunning. Margareth e ela haviam estudado juntas na Escola de Moças há bons anos — por volta de 300 A.C, Eliza costumava brincar. Dessa forma, lord Gunning e sua mãe sempre eram convidados especiais. A presença deles era irrevogável. E consequentemente lady Nembley também direcionava suas atenções para a doce Eliza.

Era péssimo. Como se não bastasse a avó tentando empurrá-la para cada homem solteiro e minimamente solteiro naquele salão a anfitriã também a ajudava. A história era sempre a mesma. Venha conhecer a neta de minha amiga, lady Eliza, tão graciosa, tão gentil, tão educada... Nunca tão inteligente, nunca tão bonita, nunca nada que realmente importasse para ela. Eliza tampouco se considerava graciosa ou gentil. Ela tinha um bom porte, pois teve professores, e comportava-se de maneira recatada, pois era necessário. Ninguém tinha ideia de todos os pensamentos desordeiros que passavam por sua cabeça.

Algumas vezes as vítimas cediam. Geralmente os famosos caça-dotes. Eliza tinha um dote inegavelmente grande e ela desconfiava que essa era a única razão por ainda ter alguns pretendentes — exceto por Barclay Jones, mas ele já havia deixado-a em paz. Os homens tentavam puxar conversa, mas Eliza usava a descrição de lady Nembley a seu favor. Mostrava-se extremamente afável. Concordava com tudo, fingia-se de tímida em demasia e logo entediava os rapazes. Eles não duravam muito tempo. Os que ela talvez quisesse chamar atenção, por outro lado, nem olhavam para ela — mesmo com o dote.

Lady Nembley arrastava a jovem junto a ela enquanto cumprimentava os convidados. Ela havia sido pega enquanto caminhava com o pai em direção à mesa de frios. Ela apenas queria um cubículo de queijo, mas havia sido fisgada pela anfitriã. O pai aceitou a atenção de Nembley para com a filha e caminhou até um grupo de velhos amigos. Era fácil para Gunning socializar. Gustave ainda estava bonito, tinha um bom talento para manter uma conversa fluindo, e Eliza desconfiava que seus olhos azuis brilhantes — parecidos com os seus, mas ela recusava-se a acreditar que nela eles eram bonitos — cativassem muitas pessoas pelos salões.

Lady Margareth aproximou-se. Eliza quis desmaiar naquele instante. Se buscar rapazes com a anfitriã já era péssimo com a anfitriã e com a avó era ainda pior. Margareth raramente escutava a opinião da neta. Ela dizia que sempre tinha razão por ser mais velha e restava à pequena Liz aceitar. Era isso ou sair correndo do salão. A avó colocou-se entre lady Nembley e a neta, sorrindo.

— Para onde estamos levando-a? — perguntou.

— Neil Barnett.

— Oh, não. — Margareth disse. — Não gosto dele. Levei Eliza até ele no último sarau dos Abbey.

Eliza agradeceu aos céus por isso. Em seguida elas voltaram-se em direção a um homem alto, musculoso, em torno dos trinta e dois anos e com um olhar no mínimo assustador.

— Lord Whitby?  — a anfitriã indagou.

Margareth negou mais uma vez.

— Nem pensar. É Whitby. Lembra-se bem dele?

Eliza estreitou os olhos. Ela geralmente não se importava com os comentários que a avó fazia sobre os membros da sociedade, pois com frequência eram implicâncias bobas, — como quando ela achou o cabelo de Bridget Hawkins claro demais — mas dessa vez havia algo diferente na voz da avó. Ela realmente sentia repulsa de Whitby. E Margareth, que sempre empurrava a neta para qualquer homem solteiro, recusava-se com certeza a deixar que Eliza se envolvesse com ele.

— O que há com o visconde, vovó? — Eliza pediu com calma, não querendo parecer muito interessada.

— Conto em casa. — Margareth disse, talvez até baixo demais. — Não é assunto para um jantar, mas digo que com ele você não vai se casar nunca. Não é um bom home, Liz.

Lady Nembley concordou, acenando no ar e girando-as para a esquerda dessa vez.

— Concordo. Há homens muito mais aceitáveis para você, queridinha. Você deve conhecê-los.

Eliza sorriu fraco. Ela pensava em virar freira ás vezes.

— Mal posso esperar... — mentiu com aparente cinismo.

Nembley entusiasmou-se. Margareth, pelo contrário, estreitou os olhos e olhou com cuidado para a íris da neta. Ela não gostava de sarcasmo, o que era péssimo, pois Eliza frequentemente vivia no modo sarcasmo máximo. Elas caminharam.

— Conheço um homem perfeito, queridinha.

Hum... — A mais jovem murmurou.

— Ele vem de uma família antiga e com o nome muito honrado...

— Claro...

— A fortuna dele é sem dúvida uma das mais admiráveis de todo o Reino Unido...

— Sem dúvida... — Eliza começou a contar os candelabros.

— E a melhor parte... — lady Nembley olhou sugestivamente para lady Eliza que não esboçou reação alguma — ele é muito bonito. Se eu fosse jovem... Ah, se eu fosse jovem esse seria um rapaz no qual eu me atiraria.

Eliza suspirou. Lady Nembley realmente não tinha noção de que eram qualidades demais? Ignorando a reciprocidade de Eliza, um rapaz rico poderia se interessar por ela? Sim, era aceitável. Um rapaz de uma boa família poderia se interessar por ela? Sim, também plausível. Um rapaz bonito? Também. O primeiro homem que a pediu em casamento era inegavelmente um galã. Mas um homem rico, de boa família e bonito era uma missão quase impossível. Geralmente homens dessa estirpe dirigiam os olhares a mulheres mais interessantes, como Cassandra, Kriss ou Ruby. Nunca Bridget, Samantha ou ela.

— Certo. — Eliza fingiu um sorriso. — Vamos cumprimentá-lo então.

Ela obviamente não queria cumprimentá-lo, mas era necessário. Sua barriga começara a roncar e lady Nembley ainda tinha várias pessoas para conversar. Eliza quase se arrependeu de não ter tido uma refeição reforçada antes de sair de casa, mas lembrou-se de como o jantar era maravilhoso. Valia a pena esperar pela comida. Mesmo que tivesse que conversar com cinquenta mil rapazes.

— Ali está ele — Nembley sorriu para Margareth e a neta — Lord Morley.

Certo, Eliza não achava mais que valesse a pena. Na verdade ela achava que nada valesse a pena quando o assunto era Frederick. Seus passos tornaram-se pesados e ela tentou cravar os pés no chão. Nenhuma das senhoras deixou.

— Minha neta não tem lord Morley em boas graças. — Margareth sentiu a necessidade de comentar.

Eliza olhou para a avó, incrédula. Margareth a fitou como se dissesse que não tinha feito nada demais. Ela não havia dito o motivo de Eliza não ter Morley em boas graças. Não havia dito que ele havia criticado a sua coluna em voz alta no sarau dos Duncans e por isso a neta guardava eterno rancor. Não havia dito nada, apenas feito um comentário inocente...

— Não é bem assim, lady Nembley — Eliza disse — eu apenas não acho que ele seja um pretendente bom para mim. Além de não termos nada em comum ele estava interessado por minha amiga, lady Ronnie Besset. Não seria correto de minha parte tentar atrair as atenções dele, sendo eu, muito devota à lady Ronnie.

Nembley riu.

— Bobagem. Ele é meu sobrinho.

Eliza quase engasgou.

— S-Seu sobrinho?

— Sobrinho-neto. O falecido marquês era filho de minha amada irmã Mathilda. — Nembley levou a mão livre ao coração, dramaticamente — Deus tenha os dois.

— Ah. — Eliza não sabia o que dizer.

— E aquela ao lado dele... — Nembley continuou — é lady Cordelia Morley, sua única irmã. Ela debutou esse ano em Londres. Uma graça.

Sim, sim, perfeito! Frederick estava ao lado de uma coluna, com as costas discretamente apoiadas no material e conversando com a irmã. Seus cabelos negros pareciam especialmente escuros essa noite. Talvez fosse a iluminação, ou talvez apenas impressão de Eliza, mas ele parecia mais sóbrio. Parecia verdadeiramente nobre. Eliza não escutava nenhuma palavra que ele dizia, mas sabia que seu tom era calmo e didático. Ele explicava alguma coisa para a inexperiente irmã, que apenas assentia com um gentil sorriso — verdadeiramente gentil, não como os que Eliza fingia. Enquanto elas se aproximavam, por alguma razão, lady Eliza não deixou de reparar nele.

Reparou em seus cabelos, nos olhos que estavam mais foscos, e nos lábios que de alguma forma chamavam mais atenção naquela noite. Quando as mulheres cessaram os passos, Eliza desviou. Era instintivo. Ela não gostava de ser cabisbaixa ou tímida, mas ás vezes não conseguia controlar. Ela preferia observar os sapatinhos com bordados de flores de lady Cordelia do que encarar a imensidão de Morley.

— Lady Nembley. — Frederick cumprimentou.

— Minhas acompanhantes maravilhosas, lady Margareth Gunning e a neta, lady Eliza Gunning. Penso que o senhor já tenha tido o prazer de conhecer Eliza.

— No sarau dos Duncans. — Morley disse, ignorando completamente o passeio na trilha.

Melhor assim, Eliza concluiu, mesmo que com uma pontada no coração. Não, não de maneira romântica ou dramática, mas sim orgulhosa. Havia Frederick se esquecido do encontro com Eliza e Ronnie no Hyde Park? Não, não podia ser possível. Eliza lembrava-se de cada detalhe com clareza. Lembrava-se do momento em que havia o visto pela primeira vez, de quando ele a cumprimentou pelo nome errado, quando entrelaçou o braço no dele e todas as palavras durante a discussão. Mas era Eliza. Certamente Morley tinha outras mil coisas para pensar além de um passeio insignificante com uma mulher insignificante.

Hum... — Nembley assentiu — E vocês tiveram uma boa conversa?

Lady Eliza ergueu o olhar. Não conseguia evitar. Queria ver com clareza a expressão de Frederick, queria sentir suas palavras, queria fita-lo e ver se ele recuava com a pressão. Porém Frederick permaneceu imutável e respondeu com o tom comum:

— Sem dúvida.

— Oh, lorde e lady Pumbley... — Eliza apontou para Beverly e Nathan Pumbley. Ela não era muito próxima de Beverly, mas não se importava em ir cumprimenta-la apenas para afastar-se de Morley.

— Humpf. Chegaram atrasados, não receberão o cumprimento da anfitriã.

Eliza nós conseguiu pensar que o jantar também estava atrasado, então o horário que os convidados haviam chegado não influenciava em nada. Provavelmente algumas famílias de Londres estavam começando a tomar consciência dos horários de lady Nembley.

— E durante essa conversa... — Nembley continuou. Margareth assista friamente a cena. — Vocês encontraram alguma opinião em comum?

— Lady Eliza insinuou que eu não tenho um bom conhecimento de música. — Lord Morley disse sério, apesar de que um sorriso discreto houvesse aparecido em seus lábios após a declaração.

Lady Margareth tentou beliscar o braço da neta. Eliza, porém, ficou boquiaberta. Lady Cordelia pareceu divertir-se com a situação. Seus olhos castanhos moveram-se de Eliza para Frederick com um ar engraçado. Nembley e Margareth não acharam que aquilo foi tão divertido assim.

— Mas, oras! — Eliza soltou-se — Não, eu nunca diss...

— Eliza. — Margareth repreendeu — Esses são modos?

— Não, não! — Eliza continuou — Desculpem-me, mas lord Morley está manipulando minhas palavr...

— Ei. — Ele disse, sorrindo para a irmãzinha. — Estou brincando, lady Nembley. Na verdade nós não tivemos muito tempo para conversar no sarau. Tudo estava acontecendo em um ritmo frenético e ambos estávamos acompanhados.

Escolha errada de frase. Nós não tivemos tempo. Bem, se não tiveram tempo durante o sarau certamente teriam agora. Lady Nembley estava prestes a oferecer integralmente a companhia de lady Eliza para o marquês quando a jovem, por razões de sobrevivência, teve que agir. Ela deu um passo à frente e sorriu, não se dirigindo a lord Morley, mas sim a sua irmã mais nova. Cordelia sorriu também, visivelmente encantada pelos olhos de Eliza.

— Será que lady Nembley poderia me liberar por um instante? — Eliza sorriu — eu gostaria de conhecer lady Cordelia. É sua primeira temporada, não é?

Cordelia concordou com a cabeça.

— Seria um prazer ter sua companhia, lady Cordelia.

— Oh. E seria um prazer ter a sua. — Ela sorriu.

Eliza sorriu para lady Nembley gentilmente. Eliza não era gentil? Sim, agora estava sendo, como Nembley pregava. Havia se oferecido para acompanhar uma jovem inexperiente e provavelmente sem muitos amigos — quase como Eliza, porém experiência na sociedade a mais velha tinha de sobra. Nembley não se opôs. Mesmo decepcionada ela concordou imediatamente. Lady Margareth, que conhecia muito bem a única neta que tinha, apenas estreitou os olhos e balançou a cabeça negativamente, de uma maneira que apenas Eliza viu. Certo. A avó a assustava às vezes.

Sendo assim, elas saíram. Eliza olhou para Frederick por uma última vez e seus olhos se cruzaram rapidamente. Não mais do que dois segundos. Talvez nem isso. Mas esses dois segundos foram os dois segundos mais lentos de sua vida. Tudo ao seu redor parou. Ela sentiu como se uma explosão percorresse seu corpo. Seus pelos eriçaram-se, sua boca ficou seca e subitamente ela sentiu vontade de arfar. Ela reparou nos olhos de Frederick, invasivos e verdadeiros, em sua sobrancelha marcando o rosto e na curva do maxilar, inclinando o queixo para cima. Reparou em seu cabelo, nos fios negros que teimavam em permanecer sobre o olho, e por fim, em seus lábios. Lábios estáticos, distantes, mas ainda sim visivelmente macios e convidativos. Eliza não entendia o que havia sido aquilo, mas constatou a única razão plausível: repulsa.

Era apenas uma maneira de demonstrar a repulsa por Morley. Só podia ser. Por Deus, ela não suportava aquele homem. Se pudesse ela o enviaria para a Austrália. Não, não. Ela amava animais e na Austrália havia tantos cangurus. Se pudesse ela o enviaria para o meio do Oceano Atlântico. Longe, apenas longe de Londres, longe da sociedade, longe de todos. Longe dela.

Elas se afastaram. Eliza havia optado pelo silêncio até que tivessem a uma distância segura. Não sabia de que exatamente ela queria ficar segura, mas certamente não queria conversar com Cordelia perto da anfitriã, da avó e de lord Morley. Os três já a traziam calafrios separadamente, juntos então era impensável.

— E você está gostando da temporada? — Eliza perguntou quando elas por fim pairaram perto da lareira apagada.

— Muito. — Cordelia sorriu — Não estou dançando tanto quanto imaginei, mas mesmo assim é diferente de tudo o que eu vivi.

— Eu também era muito animada no começo — Liz assentiu.

Cordelia estreitou os olhos.

— Não é mais, milady?

— Bem... — Como ela poderia criticar a sociedade sem tirar as esperanças de Cordelia? — ás vezes eu gosto de um evento ou outro, mas nem sempre estou muito animada. Com o tempo tudo isso cansa. Farei vinte e três anos muito brevemente e estou há tanto tempo por aqui...

Cordelia abriu a boca, mas não disse nada. Um brilho de seus olhos havia desaparecido.

— Mas tenho certeza que você terá mais sorte do que eu e não ficará seis anos procurando um marido. — Eliza sorriu nervosamente — Você é uma graça.

Não era mentira. Cordelia tinha uma beleza comum, mas ainda sim parecia bastante agradável. Nada a destacava, mas também haviam vários homens aceitáveis que não se destacavam. A maior parte das pessoas, na verdade, não servia a nenhum extremo. Eram apenas pessoas não especialmente populares nem especialmente impopulares.

— Mas como... — Ela fez uma pequena pausa — a milady é tão bonita e simpática. Como não se casou ainda? — Ela fitou Eliza com cuidado — Não quero ofender, de forma alguma, mas você me parece ser uma moça tão admirável. É péssimo que nenhum bom homem tenha visto isso.

Eliza riu. Lembrou-se da discussão que havia tido com o irmão da garota há pouco tempo. Lady Eliza evitaria fazer seu discurso de casamento por amor para mais um Morley, além de que, em partes ele não era adequado. O que importava a decisão de se casar por amor se ela nunca havia tido a mínima chance de fazer isso? Da mesma maneira os homens não a consideravam uma mulher digna de seu amor verdadeiro. Ninguém nunca havia procurado Eliza com o objetivo de amá-la, mas sim de conseguir colocar as mãos em seu dinheiro.

— Obrigada, lady Cordelia. Penso o mesmo sobre você: bonita e agradável. — Liz sorriu — Obviamente não posso oferecer dicas de como conquistar um marido, mas posso ajudar em outros quesitos, afinal, não só de um homem vive uma mulher. Há algo que te confunde por aqui?

— Tudo, na verdade. Meu irmão também não pode me dar muitos conselhos, pois também é novo. Se mamãe estivesse aqui seria mais fácil.

Eliza endureceu. Ficou estática. Mal podia respirar, desde quando lady Morley havia falecido?

— Perdão, mas sua mãe...

— Ah, não, não — ela suspirou — eu quis dizer que ela nunca vem aos bailes. Sempre trago uma acompanhante ou meu irmão. Ela deveria me auxiliar, mas...

Cordelia não completou a frase após o mais e Eliza sabia que ela não completaria. Tudo bem. Liz entendia em partes o que acontecia na propriedade deles. Desde a morte do marido a marquesa havia se isolado. Não saia de casa, mantinha tudo fechado, lamentava não ter mais o marquês ao seu lado. Lady Eliza não podia imaginar a dor que ela havia sentido

— Se de alguma forma serve de consolo quando eu debutei também não tinha minha mãe ao meu lado, mesmo que em circunstancias diferentes — Eliza disse — e minha avó raramente vinha para Londres. Aprendi sozinha. Errando e aprendendo, e depois errando de novo.

Cordelia riu. A chama de seus olhos reacendeu de uma maneira muito bonita. Eliza percebeu naquele instante que tinha Cordelia em boas graças, mesmo ela sendo irmã do detestável marquês. Como poderiam dois seres tão distintos ter o mesmo sangue? Impensável. Se a marquesa-viúva não tivesse sido tão devotada ao marido Eliza ousaria dizer que algum deles era bastardo. Surpreendemente os dois tinham os mesmos progenitores.

— Sabe... — Eliza estreitou os olhos — Está vendo aquela garota perto da mesa de frios? O nome dela é Jude Lancaster, minha prima, filha do conde de Hertside. Não somos muito próximas... A mãe dela era irmã de minha falecida mãe, mas tenho boas lembranças com ela. Se eu fosse você tentaria uma amizade. Ela deve ser um, no máximo dois anos mais velha que você.

Cordelia fitou Jude por alguns segundos. A menina parecia-se muito com os irmãos. Os mesmos olhos claros, cabelos castanhos e lábios delineados. Ela também estava no time de mulheres que chamavam atenção pelo dote, mas tirando isso também estava no time das garotas comuns. Além de que era aberta e engraçada. Se lady Cordelia queria uma ajuda para se enturmar Jude era uma escolha.

— O que eu digo? — a menor perguntou.

— Oras, diga olá. — Eliza sorriu — E que você é amiga da prima dela. Jude provavelmente vai começar a dizer algumas coisas aleatórias e você segue o fluxo da conversa dela. Em breve ela te apresentará para outras pessoas.

— Você sabe de tudo ou planeja tudo, lady Eliza? — Cordelia indagou com o ar divertido.

— Ambos.

Elas riram rapidamente. Cordelia fez uma mesura e saiu quase saltitando. Eliza viu-se novamente sozinha, mas não era tão ruim. Ela apreciava companhias, mas haviam sido tantas na última hora... Ela estava quase tonta. Provavelmente era fome. Será que lady Nembley ainda tinha muitos convidados para cumprimentar?

— ELIZA GUNNING!

Liz deixou escapar um gritinho. Virou-se bruscamente para a origem da voz e fitou uma sorridente lady Ronnie Besset. Ela não estava desesperada, nem nada do gênero, apenas havia a assustado de propósito. Eliza revirou os olhos, mas por fim sorriu. Ronnie retribuiu o sorriso, irradiando alegria e iluminando a noite como sempre. Dessa vez ela usava um vestido de veludo roxo, os cabelos estavam presos no topo da cabeça e algumas mechas onduladas desciam ao lado de suas bochechas. Uma tiara de rubis destacava-se ali. Como sempre Veronica Besset estava deslumbrante — pelo menos na humilde opinião de Eliza.

— Aproveitando a noite, Liz?

— Tenho certeza que você me viu sendo arrastada por Nembley e minha avó, então a resposta pode parecer bastante óbvia.

— Ah, ela vai piorar. Espere até descobrir quem é a nova paixonite de Bridget Hawkins.

Eliza estreitou os olhos.

— Vocês estavam conversando?

— Não, eu estava procurando lord Crosby e escutei Samantha e Bridget conversando, — explicou — porém tudo ocorreu de maneira muito inocente. Ás vezes eu gosto de escutar a conversa de terceiros, é verdade, mas garanto que dessa vez não tive a intenção.

Eliza deu de ombros. Qual era sua moral para criticar Ronnie? Ela trabalhava basicamente com rumores que escutava de outras pessoas sobre outras pessoas. O que Ronnie estava fazendo era banal.

— Minha consciência diz que devo perguntar sobre lord Crosby — Eliza alertou — por que você está procurando ele?

— Oras, que pergunta tola — Ronnie riu — estou procurando lord Crosby, pois desejo a companhia dele.

Eliza estreitou tanto os olhos que sua visão chegou a escurecer.

— Por quê?

— Ele é agradável.

— E o Sr. Paine?

— Reynard infelizmente não foi convidado por lady Nembley — Veronica suspirou — é uma pena, mas compreensível. Se ela fosse convidar Londres inteira não haveria espaço para a mesa.

Eliza assentiu.

— Sua afeição por ele é visível.

— Encontrei! — Ronnie exclamou. Lord Crosby estava, por sorte, sozinho perto de uma das varandas — Converso com você na hora do jantar. Adoro-te, Liz. Aproveite!

Lady Eliza concordou, mesmo sendo um conselho em vão. O que em especial ela deveria aproveitar? Não havia nada de novo por ali. Eliza dirigiu-se até as Srtas. Hawkins e Duncan, que estavam sentadas.

— Bridget — Eliza começou antes mesmo de sentar-se — quem é dono de seus olhares essa noite?

A Srta. Hawkins sorriu. Eliza estava sentada ao seu lado e não pôde deixar de reparar em como esta noite ela estava mais bonita do que de costume. Bridget geralmente entregava-se a tons claros, mas sua pele pálida e bochechas rosadas demandavam perfeitos tons escuros. O vestido para o jantar era verde-musgo, tinha uma gola alta e babados compridos pela saia. Ela usava brincos de esmeralda que combinavam com a roupa ao mesmo tempo em que se destacavam com o verde mais radiante. A Srta. Hawkins poderia destruir alguns corações se não fosse tão tímida. Samantha, por outro lado, era apenas Samantha — e não havia nada de errado nisso.

— Adivinhe. — Bridget disse, inclinando o rosto.

Eliza deu de ombros.

— Não tenha ideia.

— Lord Whitby.

Ah. — Foi a infeliz reação de Eliza — Compreendo.

A expressão de Bridget endureceu-se.

— Pois me diga qual é o problema.

— Direi em breve, não se preocupe — Liz respondeu.

— Preciso de um marido. — A Srta. Hawkins disse essa frase cinquenta vezes aquele mês. Pelo menos era o que aparentava.

— Eu também. — Samantha levou dois cubos de queijo à boca. — E você também.

Eliza cruzou os braços.

— Seria tão ruim assim se nós não nos casássemos?

— Sim, duuh. — Bridget pegou um queijo da mão de Samantha e comeu.

A Srta. Duncan também concordou. Eliza não se deu por vencida.

— A companhia uma da outra não basta? — indagou.

— Não. — A Srta. Duncan choramingou.

— Eliza... — Bridget pousou com calma ensaiada as mãos sobre colo e voltou-se completamente para a morena. — Nós não somos como o seu pai que vive satisfeito na singela companhia de um velho amigo. Não, não somos.

Samantha pigarreou, olhando subitamente para os próprios pés. Eliza desviou o olhar, apoiando-se completamente no apoio da cadeira, e olhando para tudo, menos para os olhos de Bridget Hawkins. A loira continuou:

— Digo, nós com certeza podemos tomar chá na casa uma da outra toda tarde. Eu adoraria, porém... — Ela fez uma pausa para ênfase — com a certeza de que temos um filho e um marido nos esperando em casa.

As outras duas permaneceram caladas. Bridget suspirou.

— Aos finais de semana iremos até St. James Park com as crianças, alimentar os patos e conversar sobre a vida matrimonial. Aos domingos de manhã compareceremos a Westminster, rezando e pedindo graças ao Senhor por termos um marido e filhos. Mais tarde poderemos ter um grupo de mãe e esposas, para discutir sobr...

— Bridget. — Eliza rosnou — Chega.

Bridget olhou para Eliza, indignada.

— Chega?!

Samantha tocou com cuidado as mãos da Srta. Hawkins. Bridget fitou Samantha e a expressão séria, porém gentil da Srta. Duncan acalmou Bridget. A do meio apenas suspirou.

— Faça o que quiser com sua vida, Liz. — Disse — Eu sei que quero um marido. Essa é minha escolha. E vou conseguir, custe o que custar.

— Boa sorte em sua busca, Bridget. — Eliza a fitou com um sorriso cínico — Desejo do fundo do meu coração que você consiga.

Samantha sorriu, satisfeita com o fim da pequena discussão. Ela voltou para seus cubos de queijo, mas a Srta. Hawkins permaneceu cabisbaixa. Ela mexeu despreocupadamente no tecido da saia evitando contato com qualquer uma das companheiras.

Bridget pigarreou.

— Sabe qual seu problema, Eliza? — indagou — Você é sarcástica demais. Eu não gosto disso.

— Uma pena. — Murmurou.

A Srta. Duncan suspirou. Tocou nas mãos das amigas, unindo-as sobre seu colo e sorriu. Eliza esforçou-se para ser gentil por Samantha. Ela não merecia ficar entre o fogo cruzado das duas.

— Olhe, lady Nembley vai servir o jantar! — Exclamou fingindo animação — Quem quer peixe?!

Đọc tiếp

Bạn Cũng Sẽ Thích

2.5M 226K 84
Ela sempre sonhou em casar por amor, mas ao descobrir que foi prometida em casamento para unificar os negócios das famílias mais poderosas de Londres...
A traição Bởi Jikook forever

Tiểu Thuyết Lịch Sử

40.3K 1.7K 23
onde o jungkook trai jimin com sua secretária IU
619K 81.4K 74
Lydia foi ensinada a não chamar atenção. Foi ensinada a esconder sua força e habilidades extraordinárias. Mas depois de assistir todos aqueles que am...
87.1K 7K 46
Zoe Bellum é a filha adotiva do general do Clã do Inverno. Como humana, ela sofre preconceitos por parte de quase toda a sociedade do clã desde a sua...