A Tempestade e a Serpente

By moonshine_13

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⚠️⚠️⚠️NÃO PLAGIE! Essa obra tem registro digital no Safe Creative: 1909292043551⚠️⚠️⚠️ --- Coleção As Quatro... More

Está chegando a hora...
Tempest
Rastejando na chuva
Escondendo-se com o temporal
Tempestade no sol
O veneno essencial
Temporal de serpentes
Coração de trovão
Serpentes em fuga
Uma nova tempestade
A sedução da serpente
Pequenas tempestades
AINDA NÃO ACABOU!

Envolvida pela serpente

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By moonshine_13

Tia Jemima pagou um carro de aluguel para que Tempest se deslocasse em segurança. Ela dissera não ser necessário, mas a tia foi tão assertiva – e a jovem não tinha como dizer "não". Passou tantos anos recusando o amor e o cuidado dela que sentiu a necessidade de permitir aquele mimo.

- Um dos meus cavalariços levará o cavalo até sua casa, não se preocupe.

Voltou para casa pensativa e com dúvidas: não deveria ter fugido de Snake após o beijo – e o murro... Mas era a reação mais plausível para Tempest. Como lidar com um beijo? Com alguém que, em tão pouco tempo, parecia saber exatamente quem ela era, do que precisava, quais eram seus sentimentos? Na verdade, os dois eram mais parecidos do que supunham; e era por isso que se deram bem desde o primeiro instante.

Mas o beijo não estava incluído. E Tempest precisava ouvir alguma palavra, alguém, que pudesse ajudá-la a entender aquilo que, com outras pessoas, ela percebia de forma cristalina. Mas sua mente não queria admitir, especialmente porque Tempest foi criada sabendo que o amor em sua vida era algo trágico. O seu pai não veio de uma relação de amor. A sua concepção veio de duas pessoas que se amavam, mas jamais puderam realizar isso porque a morte, a sociedade, entraram no caminho deles. Por que a ela seria dado esse privilégio? Suas irmãs, bem ou mal, tiveram ao menos sua mãe, a proteção da tia... Ela fora arrancada dos braços de Elinor sem ter a chance de ser acarinhada pela mulher que a gerou.

Arthur Danglier era um homem bom e a amou por dois. Mas eles sabiam que Tempest precisava de sua mãe. E por anos, ela jamais perdoou Robert por isso.

Mas suas irmãs eram tão boas, tão agradáveis, cada uma delas guardando um pedaço de sua mãe, que Tempest não sabia como negar o amor que elas queriam lhe oferecer. E após compreender o que havia em seu coração, entendeu o lado de Theresa. Amar era dar uma nova chance para tentar curar as feridas. E a jovem precisava dessa chance.

Entretanto, Tempest aindateria que conversar com Snake e determinar limites. "Sem toques estranhos norosto, sem beijos, sem... 'domar tempestades'... Isso nem pensar".


As reflexões da caçula dos Blair foram interrompidas pelo carro de aluguel, que parou em frente à sua casa.

Ela agradeceu e sairia calmamente até a porta se não fosse interrompido por uma voz familiar.

- Senhorita...?

Virou-se e disfarçou admiravelmente a surpresa em ver o detetive Thomas Brenton e seu indefectível bigode cumprimentando-a com um menear de cabeça e um certo choque do reconhecimento.

- Eu me lembro da senhori- milady! - a mesura foi ainda mais respeitosa. - Nos esbarramos no enterro do duque de Huntington. Detetive Brenton.

- Sim, e reitero minhas desculpas. Lady Tempest Blair, senhor. Aconteceu alguma coisa? Algo perigoso se avizinha no bairro?

- Na verdade, milady, estamos em busca de dois fugitivos que podem estar no entorno da cidade. Pessoas perigosas. Viste algo estranho pela região, barulhos suspeitos em casa...?

- Os barulhos são os de sempre, senhor: pássaros bicando a madeira da janela e crianças jogando pedras no vidro, nada de mais. - mentiu. A melhor forma de desconsiderar as suspeitas sobre algo, de acordo com seu pai, era construindo uma história convincente para o local onde viviam, mas completamente mentirosa.

- Compreensível. - disse Brenton, estranhando o fato da jovem, herdeira de um barão, morar numa casa distante do sobrado dos Blair. Mas preferiu não entabular nenhuma teoria, a sociedade conhecia a fama da "bastarda dos Blair", então provavelmente ela vivia ali por causa da reputação da família.

- Caso eu perceba algo estranho acontecendo, se eu ver algum estranho não-relacionado à vizinhança, como posso falar com o senhor ou outros policiais? Posso pedir a interseção de um dos meus cunhados?

- Naturalmente, milady. Agradeço pela atenção. - despediu-se com um movimento de chapéu e entrou na carruagem velha e carcomida que parecia conduzir outros homens de Bow em busca dos fugitivos.

Tempest entrou na casa e continuou observando o veículo se distanciar da rua através da grade, até perceber que estava sozinha do lado de fora da residência. Sua cabeça estava queimando: se Brenton e seus homens haviam chegado tão longe em sua busca por ela e Snake, isso significava que eles precisavam urgentemente resolver o problema de Alwyn Bates. Não poderiam mais recorrer a testemunhas e pessoas que poderiam ser confiáveis. Já havia passado da hora de fugir – eles precisavam agir de forma ainda mais incisiva.

Quando chegou ao hall de entrada, encontrou Snake sentado em frente à porta, numa poltrona confortável, usando apenas um robe preto. Não sabia de onde viera aquela vestimenta, e não entendeu a tranquilidade com a qual ele a observava, degustando um whisky com toda a atenção.

- Eu tinha visto Brenton passar na rua na mesma hora em que desceste do carro, milady. - comentou o mercenário, como se nada tivesse acontecido entre eles na noite anterior.

- Ele está a perguntar sobre nossa presença. Devem estar circulando por toda a cidade em busca dos fugitivos que tentaram invadir a Bates Palace.

- O cerco está se fechando... E eu não gosto disso.

- Nem eu, Sr. Snake. Precisamos colocar Alwyn Bates numa situação em que ele seja obrigado a confessar seus crimes. Não tenho interesse mais em mordomos, vamos colocá-lo numa armadilha.

- Crês que ele realmente cairá numa armadilha preparada, principalmente após o que houve no palácio?

- Sim... Se o senhor demonstrar a ele que tem algo que ele deseja.

Snake arqueou uma sobrancelha. Entendeu perfeitamente o plano de Tempest.

- Dizer que tenho os documentos que provam a filiação de Dimitri Gray e mostrá-los para Alwyn.

- Ele ficará tão animado, feliz, tão confiante, que revelará todos os seus crimes para o senhor... Enquanto a polícia ouve tudo, escondido em algum lugar.

- Isso me lembra algo que já fiz há alguns anos... - Snake parecia se recordar de uma armadilha similar preparada em circunstâncias diferentes.

- Então tens conhecimento de como pode ser feito, Sr. Snake. Deixaremos o plano mais refinado e assim que resolvermos, falarei com meus contatos.

- Estou curioso para saber quem são eles... Acaso trata-se de Sir Henry?

A jovem cruzou os braços.

- Não o interessam os meus contatos, Sr. Snake.

A resposta dela foi recebida com um riso divertido do mercenário, que levantou-se de um salto do sofá e deixou o whisky numa mesinha de canto. Percebeu o olhar de Tempest e suas mãos fechadas, prestes a esmurrá-lo novamente. Mas não cairia novamente naquela surpresa.

Ainda não sabia a razão pela qual a donzela havia sumido, mas eles ainda tinham muito a conversar; e aquele era o momento perfeito. Não haviam segredos a serem guardados entre eles.

"Não todos, mas em sua maioria..."

- Milady, após aquele beijo que trocamos, não existem mais segredos entre nós...

- Isso não interfere no fato de eu conheço pessoas cuja identidade não pode ser revelada da forma que desejas!

- Não me interessam nem um pouco se escondes suaassociação com Sir Henry ou outras pessoas importantes do governo. Conheço avários. Os seus segredos são os meus, milady, e agora, não tenho mais motivo algum para manter esse jogo de não-ditos.

- Qual foi o momento em que os nossos segredos se costuravam, Sr. Snake?

- No momento em que eu a beijei e descobri que me querias da mesma maneira... Ou provavelmente no momento em que deste um soco em meu rosto, absolutamente perdoável.

- Ora, não sabia que eras um idiota completo! - Tempest não podia acreditar que se apaixonara por um homem apaixonado pela própria imagem no espelho.

Aproximou-se dele, ameaçadora e disse, apontando o dedo em seu rosto:

- Assim que isto tudo acabar, quero vê-lo bem longe das minhas vistas, mercenário!

- Isso não será possível, milady... - segurou a mão que o apontava e deu um singelo beijo, como se quisesse acalmar a jovem. Percebeu que ela o observava surpresa pela ação, com aqueles olhos de gata, observadores e sinuosos, que o tinham impressionado desde o primeiro dia em que se viram, dois anos antes, numa situação surpreendente para ele. - Jamais a deixarei longe de mim. E nem posso fazer isso, pois outro cavalheiro tentaria conquistar a senhorita que me interessa.

- Nenhum homem jamais iria me querer, Sr. Snake! - retrucou Tempest, num tom que não parecia desafiador, e sim melancólico.

- Porque eles são fracos e limitados. E eu sei quem eu sou, milady: um homem sem pátria, sem lugar no mundo, que encontrou alguém que realmente me completava. - tocou em seu rosto, prestes a chorar com a revelação que se aproximava. - Alguém que me olha como um igual. Que me desafia e que me faz ser melhor, mais digno. Nunca, nunca, Tempest, pense que és pior, que não mereces o amor que estou te oferecendo neste momento. Eu não mereço sequer ser visto por você.

"Ele... Ele me ama?"

Snake esperava um chute, outro soco, qualquer coisa em resposta. Foi recebido por um beijo tão intenso, tão forte e tão caloroso que poderia aquecer o mais cruel dos invernos.

Sem eles perceberem, o tempo fechou na cidade, deixando o céu cinzento e gotas grossas caindo do céu, prometendo uma chuva interminável. E sem suas mentes notarem, seus corpos os conduziram, sem perceberem, diretamente ao escritório, tão aquecido quanto seus corações, que finalmente batiam num mesmo compasso, em meio à necessidade única de estarem juntos, unidos, como um só.

Sem notarem, roupas, robes e penteados eram deixados para trás, e o que permaneceu foi apenas um suspiro de felicidade e um beijo de amor.

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