Quando o amor é pra sempre (R...

By Strange-Boy

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(COMPLETO E REVISADO) No ano de 1989, em Denver, Colorado - Estados Unidos, Harrison é um garoto de 18 anos q... More

Prólogo
1 - Robin
2 - A festa e a academia
3 - Quadrinhos
4 - Como (ou não) se aproximar de alguém
5 - Uma noite peculiar
6 - Go, Tigers!
[nota aos leitores]
[boas notícias!]
8 - Eu vou sentir falta dos anos 80...
9 - Volta às aulas
10 - O último baile colegial
11 - Chuva de verão
12 - É com você que eu quero estar
13 - O adeus
14- Mudanças da vida
15 - Memórias
16 - C'est La Vie!
17 - Há quem acredite em coincidências
18 - Decisões, decisões...
19 - O que fazer?
20 - Laços que nunca foram rompidos
21 - Lar?
22 - A luz nas trevas
23 - Se reerguendo aos poucos
24 - Desequilíbrio
25 - Arrependimento
26 - Na saúde e na doença
27 - De coração quebrado
28 - Prova de amor
29 - Coisas que estão além do nosso alcance
30 - Não vou desistir de você
31 - Forte como era antes
32 - O pedido
33 - Como nos velhos tempos
34 - A vida normal
35 - Faça um pedido
36 - (Des)confiança
Epílogo
Continuação: A História de Gael

7 - 1989... 1990!

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By Strange-Boy

31 de Outubro de 1989

HARRISON

Nada de tão diferente ou estranho havia acontecido durante todo esse tempo. Isso era bom, eu acho. Eu e Scott estávamos mais próximos, éramos realmente amigos. Ele havia ficado amigo até de Robbie! Isso me deixava feliz. Thomas, David e Mike não implicavam mais comigo, o que me faz acreditar que Scott havia pedido a eles para nunca mais mexerem comigo, usando aqueles apelidos idiotas, ofensas e piadas de mau gosto. Porém, eles não deixavam de ser amigos muito próximos.

Eu ainda não gostava daqueles três.

Eu acompanhava Scott nas seções de malhação na academia. Às vezes, acho que ele ficava olhando pra algumas garotas e isso me deixava com ciúmes.

Toda semana, alguns dias depois das aulas, não deixávamos de passar na nossa loja de quadrinhos preferida e comprávamos cada vez mais revistas.

Scott foi algumas vezes na minha casa, me pedindo ajuda para estudar em algumas matérias, e assim eu fiz, apesar de que na maior parte do tempo a gente ficava distraído conversando sobre coisas de nerd ou rindo de bobeira.

Algumas vezes ele voltou a dormir lá, no colchão, ao lado da minha cama. Jogávamos videogame juntos, víamos filmes de terror, coisa que ele estava gostando cada vez mais por minha causa e algumas vezes ficávamos lendo quadrinhos juntos também.

Eu quis ir na casa dele alguns dias, mas ele dizia que era melhor não, porque os pais estavam brigando muito e a irmã era muito chata, então eu respeitei.

Era Halloween e estávamos saindo da escola. Chovia muito e eu estava sem guarda chuva.

- Eu não vou ficar esperando essa chuva passar! - a voz de Robbie mal saiu, tamanho era o barulho da chuva.

- O quê!? - respondi.

- Meu pai não vem me buscar hoje, vou ter que correr, você vem? - ela perguntou.

- Não sei... eu...

- Pensa rápido, já estou indo! - ela começou a correr.

- Sua doida!

Comecei a correr atrás dela, me molhando na chuva e ríamos igual doidos, até chegarmos ofegantes no ponto de ônibus, protegidos dos pingos.

- Foi divertido, vai. - Robin falou.

- Tá, foi. - eu ri.

Fiquei pensativo e não era por qualquer coisa. O breve silêncio entre eu e minha melhor amiga foi o suficiente para que eu lembrasse de Scott. Não havia visto ele depois da última aula e provavelmente ele estava com seus amigos.

- No que pensa? - Robbie me perguntou.

- Nada demais.

- Harry. - ela suspirou e sorriu pra mim. - Sabe que pode contar comigo sempre, né?

Eu respirei fundo e decidi contar sobre meus sentimentos em relação a Scott.

- Sei. Tudo bem, eu vou contar. É sobre Scott.

- O que tem? - ela ficou apreensiva.

- Ah, Robin... Eu gosto muito dele. - sussurrei.

- Sério!? - ela arregalou os olhos. - Eu... É naquele sentido mesmo que eu estou pensando?

- Eu estou apaixonado por ele. - falei baixo mais uma vez.

- Nossa! - ela exclamou, sorrindo. - Pensei que vocês eram só amigos!

- E somos. - expliquei e me virei para o lado, olhando a chuva. - Ele não deve gostar de mim do mesmo jeito.

- Ora, e por que não?

- A gente não combina... Não nesse aspecto. Ele jamais iria gostar de um garoto, ainda mais um garoto como eu.

- Qual o problema em alguém gostar de você?

- Bom...

- Não tem nem explicação pra isso, Harry! - Robbie me interrompeu. - Ele pode ser hétero, mas nada além disso que impeça alguém de te amar. Você é um menino bonito, inteligente, divertido, incrível!

- Obrigado, Robbie. - forcei um sorriso.

- Ah... - Robbie fez uma expressão séria olhando para o lado. - Meu ônibus chegou. Preciso ir.

- Tudo bem. - a abracei muito forte. - Obrigado por tudo mais uma vez.

- Por nada. Te amo.

- Também te amo!

Ela subiu no ônibus e foi embora.

Passaram alguns minutos e a chuva abaixou, mas nada do meu ônibus passar.

- Merda. - resmunguei pra eu mesmo.

Decidi ir a pé.

Caminhando, vi Scott se despedindo de seus amigos do outro lado da calçada. Quando ele ficou sozinho, assobiei.

Ele olhou pra mim e sorriu. Verificou os dois lados da rua e atravessou correndo.

- O que tá fazendo na chuva sem nenhuma proteção? - me perguntou.

- O mesmo que você. - respondi, o analisando dos pés a cabeça, notando que ele também estava encharcado.

- Tá. - ele riu. - Eu sei que ambos esquecemos o guarda-chuva em casa. - dizia enquanto tirava sua jaqueta do time e gentilmente a ajeitou sobre minha cabeça e ombros.

- O que está fazendo? - eu ri.

- Tentando te proteger. - ele sorriu com o canto da boca e me segurou pelo ombro, me acolhendo em seu braço.

Senti como se eu gelasse e me arrepiasse por inteiro, mas tentei disfarçar.

- Eu acho que não precisa. - eu ri.

- Precisa sim, já pensou se pega um resfriado?

- E você pode?

- Sou mais forte que você. - ele riu, brincando.

- Idiota! - respondi.

Notei sua camisa branca, molhada, colada em seu corpo.

***

- Filho, empresta uma roupa sua pra ele.

- Tá bom, pai, pode deixar. - respondi.

Subimos ao meu quarto e Scott se enxugava na toalha que meu pai havia emprestado.

Abri meu guarda roupa.

- Pronto, pode escolher uma roupa. - eu dizia, enquanto pegava uma pra eu me vestir também. - Vou tomar um banho rápido e já volto.

Me apressei para sair do quarto, mas antes de sair, me virei e sorri para ele.

- Scott.

- Sim?

- Obrigado por me trazer em casa.

- De nada. - ele sorriu.

***

Quando saí do banho, levei um susto com o grito que Scott deu.

- O que... - tentei perguntar.

Ele estava vestindo uma fantasia antiga que eu tinha, de Jason, do filme Sexta Feira 13.

- Onde conseguiu isso? Que droga de susto que você me deu!

- Estava meio que escondido no seu guarda roupa. - ele riu e levantou a máscara. - Vamos, coloca uma fantasia também.

- Pra quê?

Ele ficou me olhando como se esperasse uma constatação óbvia da minha parte. E então acho que eu pensei.

- Por causa do Halloween? Mas não tem nenhuma festa...

- Só coloca! - ele me interrompeu.

- Se está pensando que eu vou na festa que a Amanda vai dar, eu já falei que não estou muito afim e...

- Eu não vou também, Harry, que droga! Não é pra isso. Coloca uma fantasia logo! - ele riu, mesmo parecendo um pouco irritado.

Bufei e fui até o guarda roupa. Encontrei a minha fantasia preferida, de Peter Pan.

- Olha pra lá. - pedi.

- Por que? - ele perguntou.

- Eu vou me trocar. - mostrei as roupas.

- E qual o problema? Ambos somos meninos e você nem vai tirar a cueca. - ele riu.

Será que ele queria me ver assim?

- Vira pra lá, Scott. - repeti.

- Tá bom... - ele arrastou a voz e revirou os olhos, se virando e apoiando os braços na minha janela, olhando pra rua.

Troquei a roupa, sem pressa, olhando para ele, me certificando de que ele realmente não olharia.

- Pronto.

Ele se virou e sorriu pra mim.

- Gostei, Harry Pan.

Soltei um riso.

Depois de almoçarmos com o meu pai e os dois ficarem conversando sobre esportes, coisa que eu não gostava, me levantei da mesa e fui lavar a louça.

Depois, no chão do meu quarto, deitados perto um do outro, lemos juntos umas revistas em quadrinhos que não tínhamos nem aberto ainda.

- Tá bom, já chega. Agora que acabamos de ler isso aqui, já posso tirar essa fantasia?

- Não. - ele me respondeu, olhando firmemente para mim.

- Isso é ridículo.

- A gente vai a caçada. - ele aproximou seu rosto do meu, sussurrando e sorrindo.

- Hã?

- Aos doces. - e então fez um gesto com a cabeça, olhando pra cima. - Ou travessuras.

- Ah. - eu ri. - Tá brincando, não é? Não somos mais crianças, Scott.

- E quem disse que isso é coisa de criança? - ele deu um tapa no meu ombro e se levantou. - Vem.

- Espera. - eu disse, tentando o acompanhar, mas sem sucesso.

Scott saiu do meu quarto e desceu as escadas apressadamente.

- Tchau, senhor Lennox!

- Tchau... Onde vocês vão tão apressados? - meu pai perguntou, confuso, enquanto lia o jornal sentado no sofá.

- Tchau, pai, vamos apenas dar uma volta, eu acho. - eu ri e acenei pra ele, ofegante.

Consegui alcançar Scott, que andava pela calçada. Já estava anoitecendo e algumas pessoas, acompanhadas de crianças, passeavam fantasiadas, passando nas casas e pegando doces.

- Qual seu problema? - perguntei.

- Qual o seu problema? - ele olhou pra mim, sorrindo.

Aqueles malditos olhos...

Ele era bonito demais.

- Vamos nos divertir um pouco, Harry.

Scott conversou comigo durante toda a noite, enquanto passávamos nas casas e por incrível que pareça, conseguimos muitos doces, por mais que as pessoas nos olhassem com uma cara de "vocês não estão muito grandes pra estarem fazendo isso?"

Em uma casa, um homem ranzinza recusou a nos entregar doces.

- Tomem vergonha na cara de vocês. A mamãe e o papai estão esperando em casa, devem estar tão preocupados!

- Bom, o senhor sabe das regras... - Scott olhou pra mim. - Quando não há doce...

- Scott. - tentei chamar atenção dele.

- Vem, Harry. - ele me puxou e descemos as escadas em frente a porta da casa.

Quando chegamos na calçada, o homem ainda nos fitava. Então, Scott pegou uma abóbora que estava no chão e atirou contra a parede da frente, sujando-a toda.

Fiquei tão surpreso que senti como se meu queixo tivesse caído e Scott gritou:

- TRAVESSURA!

Ele saiu correndo e obviamente, fui atrás.

- Ei! Seus pestes! Estão encrencados! - o homem gritou, correndo atrás da gente.

De repente, eu havia perdido Scott de vista, mas continuei correndo, olhando pra frente. O coração acelerado, as pernas doendo, mas insisti.

Foi quando Scott me puxou para um beco, nos escondendo atrás de uma coluna. Ele pressionou minhas costas contra a parede e seu peito se encostou no meu. Sua mão direita tampava minha boca, enquanto sua outra mão fazia um sinal de silêncio para mim. Meus olhos, até então arregalados, se tornaram serenos com a imagem diante de mim e nossa situação.

Eu amava quando ficava perto dele dessa maneira.

Pena que durou tão pouco.

- Ele já foi. Passou tem algum tempo. - confirmou, olhando, e sussurrou pra mim, tirando a mão da minha boca.

- Você quer me matar? - eu sussurrei.

- Você está com medo? - ele segurou pra não rir.

- Claro, aquele cara ia pegar a gente e...

- Não ia, Harry. Relaxa um pouco. Vai dizer que não se divertiu?

Parei pra pensar.

- É... - ri. - Acho que preciso ser menos reclamão e me divertir mais mesmo, Robbie também fala isso.

- Eu concordo. - ele disse, mas logo olhou pra cima.

Logo percebi o porquê. Pingos fortes e gelados. Estava começando a chover de novo e era forte.

- Bom... - ele voltou o olhar pra mim. - Algumas coisas não mudam. - sorriu.

Já estava ficando tarde, de qualquer maneira, então tínhamos que ir embora mesmo.

E então, Scott me deixou em casa mais uma vez.

Ele pegou sua roupa e um guarda chuva emprestado pelo meu pai. O agradeceu, deixou minha fantasia comigo e nos despedimos.

Quando eu fui colocar as roupas para lavar, encontrei um bilhete de Scott em um dos bolsos.

"Nossa noite foi MUITO divertida, Harry Pan. Acredite, por mais simples que possa parecer, foi o MELHOR Halloween que eu já tive!!!"

Eu não consegui mais parar de sorrir. Ia guardar aquele bilhete pra sempre.

***

31 de Dezembro de 1989

SCOTT

- Você está muito estranho. - Nathalia comentou. - Ainda mais hoje, dia de virada de ano. Que bicho te mordeu?

Olhei para ela.

- Se está esperando que eu vá me explicar pra você, está enganada, maninha.

- Idiota. A gente tenta ser legal e é isso que recebe em troca... - ela resmungou, andando para longe.

- Dramática. - revirei os olhos.

Estava debruçado sobre o muro, olhando o céu. Eu, minha irmã e meus pais estávamos em um terraço de um prédio de uma tia minha. Costumávamos comemorar o ano novo aqui, em família, enquanto tínhamos uma ótima visão da queima de fogos.

Olhei para meu pai. Estava bêbado, rindo e fazendo graça com os amigos.

Então, achei minha mãe, que estava chorando enquanto conversava com a minha tia, a irmã dela. Imagino que estivesse se queixando do meu pai e das brigas que andavam tendo.

Foi então que voltei a olhar o céu e lembrei de Harry. Como eu sentia saudades.

Ele estava lá por mim todas as vezes. Mesmo não gostando de futebol, ele estava nas arquibancadas em todos os jogos do meu time, só pra me ver.

Sorri.

- Dez... Nove... - começaram a contagem regressiva.

Fechei os olhos, respirei fundo enquanto o vento batia contra mim e fiz um pedido.

Pedi para que eu pudesse me entender melhor. Entender melhor os meus sentimentos.

- Três... Dois... Um!

Começaram a gritar e a desejar feliz ano novo.

Abri os olhos e sorri, olhando para os fogos.

- Feliz ano novo, Harry... - sussurrei, sorrindo.

FIM DO CAPÍTULO!

E aí, gostaram desse também? rs

Próximo em breve!

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