INVERNO ARDENTE | Bucky Barne...

By DixBarchester

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Guerra. Hidra. Assassinatos. Pronto para obedecer... O mundo de James Buchanan Barnes estava congelado em vio... More

✎ INTRO
▶ MÍDIA
❝EPÍGRAFE❞
02. SAVANNAH
03. JAMES
04. VIZINHOS
05. SAM
06. CELULAR
07. STEVE
08. ALPINE
09. ABBY
10. QUEBRA-CABEÇAS
11. GUS
12. SOLDIER'S
13. MÚSICA
14. VERDADES
15. AMIGOS
16. JOALHERIA
17. PESADELO
18. MUDANÇAS
19. CONVERSAS
20. ADEUS
21. RECONCILIAÇÃO
22. AMOR
23. IMPREVISTO
24. LUCIA
25. BEVERLY
26. PRISIONEIROS
27. FOGO
28. ARDENTE
29. TREINAMENTO
30. HERÓIS
31. PEDIDO
32. COMPENSAÇÃO
33. FIM

01. SOZINHO

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By DixBarchester

Eu disse que as postagens só começavam no começo do ano,
mas eu sou muito ansiosa pra esperar, então vamos que vamos 

Boa leitura!

Era fim de inverno, aos poucos as paisagens geladas de Nova York davam lugar a primavera, com sua temperatura amena e desabrochar das flores. Não que Bucky Barnes realmente reparasse nas flores enquanto caminhava de cabeça baixa, boné quase cobrindo os olhos e as mãos enfiadas nos bolsos de uma jaqueta que, naquele momento, lhe parecia quente demais.

Reparava, no entanto, nas várias pessoas na rua, indo e vindo de seus trabalhos ou apenas caminhando naquele fim de tarde comum. A vida seguia calma e pacífica na Terra, nada de invasões alienígenas, nada de grandes incidentes. O sacrifico de Tony Stark trouxera a paz e as pessoas desfrutavam disso.

Ou ao menos a maior parte das pessoas desfrutava...

Bucky caminhava em um ritmo controlado, atento aos movimentos de cada um ao redor, os fones em seus ouvidos eram apenas um acessório pensado para passar normalidade, mas não emitiam qualquer som, pois não estavam ligados a aparelho nenhum. Queria não agir como um refugiado, como se ainda estivesse se escondendo de tudo e de todos, mas velhos hábitos eram difíceis de abandonar.

Não precisava mais fugir, não precisava temer o governo. Seu nome estava limpo, tinha anistia total graças a sua cooperação na batalha contra Thanos e graças aos esforços de Steve, que nos últimos cinco anos, enquanto metade do mundo era apenas pó, procurou por todas as provas para limpar o nome do melhor amigo.

Steve... Sentia falta dele.

O velho Capitão América tinha voltado para os amigos depois de uma merecida vida feliz ao lado de Peggy Carter. Bucky pensou que tudo ficaria bem, afinal um Steve velho era melhor que Steve nenhum... Mas seu melhor amigo, por mais que fosse forte por causa do soro do super soldado, não era imortal. Um salto interdimensional naquela idade tinha cobrado um preço alto e, apesar de todos os esforços e cuidados daqueles ao seu redor, tinha chegado a hora de Steve Rogers.

Bucky realmente ficou com ele até o fim da linha, assim como tinham prometido um ao outro.

Para o público, o inesquecível Capitão América tinha perecido na batalha contra Thanos, tinha salvado o mundo uma última vez antes de partir...

Depois disso, Sam e Sharon cuidaram de lidar com os tramites finais para que Bucky conseguisse sua anistia. Tinham feito por Steve, é claro, mas Bucky era grato da mesma forma.

Era novamente um cidadão americano, não devia nada para a justiça, seu rosto não estampava os jornais, podia voltar para a sociedade... Não que quisesse fazer isso.

No entanto, não podia voltar a usufruir da hospitalidade de Wakanda por mais tempo, o Rei T'chala fora muito benevolente, mas os Wakandanos tinham sua própria cultura e Bucky não pertencia àquele lugar. Era hora de seguir em frente.

Normalidade. Se é que essa palavra encaixava na vida de James Buchanan Barnes.

Sam e o próprio T'chala quiseram ajudar, mas Bucky sabia que tinha que seguir por si próprio, após a morte do melhor amigo. Tinha que descobrir sozinho como voltar a ser o que era antes do Soldado Invernal... Mas isso era possível?

Resolveu seguir o último conselho e o exemplo de Steve, retornou para onde tudo tinha se perdido: Brooklyn, lugar que não tinha sido maculado por lembranças assombrosas.

Seu velho bairro estava diferente, mas conservava certo ar de nostalgia. Era muito mais populoso do que Bucky desejava, no entanto isso podia ser positivo, pessoas de cidade grande estavam sempre ocupadas demais com os próprios problemas para dar atenção a quem estava ao seu lado.

Não precisava, mas continuava a manter distância de qualquer um, continuava se isolando, evitando contato, assim como tinha feito em Bucareste. Teoricamente não devia nada, mas não estava preparado para lidar com o olhar das pessoas ainda. Talvez nunca estivesse...

Havia culpa e remorso por tudo aquilo que lembrava e também havia o medo de que algo pior ainda estivesse enterrado nas lembranças que Bucky não havia recuperado totalmente. Porque, ele sabia que ainda não lembrava de tudo.

Chegou enfim ao seu destino, um pequeno condomínio de dois blocos de apartamentos na parte baixa do Brooklyn, a mais pobre do bairro. Sete andares em cada bloco, sem elevador, apenas escadas. Era uma construção um tanto antiga com arquitetura duvidosa. Os dois blocos ficam um de frente para o outro, um pátio de grama malcuidada os separando, de modo que as janelas das salas dos apartamentos de cada bloco ficavam uma de frente para outra.

Era a única coisa ali que de fato incomodava Bucky, ele não se importava com luxo, com a vizinhança um tanto questionável ou com ter que subir três lances de escada para chegar em seu apartamento, mas aquela janela tão exposta era algo que não lhe deixava confortável.

Não podia cobrir tudo com jornal, como tinha feito em Bucareste, ali no Brooklyn aquele tipo de atitude chamaria muito a atenção. Cortinas só resolveriam o problema parcialmente, por isso ainda nos primeiros dias trocou os vidros por um tipo especial, por fora os vizinhos enxergavam apenas espelhos, por dentro Bucky tinha clara visão das outras janelas. Não era nada altamente tecnológico, apenas o vidro padrão de salas de interrogatório. Bucky não podia pagar por nada caro demais.

Steve lhe deixara tudo que tinha de valor, mas Bucky sequer havia tocado nisso. Usar o dinheiro do amigo daquela forma lhe parecia profano, errado, indigno. Tinha conseguido um trabalho em um prédio em fase de construção ali nas redondezas, pagamento semanal, poucas perguntas. O serviço braçal lhe fazia bem. Os companheiros não se aproximavam mais que o estritamente profissional, seja por medo ou porque viam o quanto Bucky era reservado.

Não era uma vida ruim, não era uma vida boa, mas era uma vida, muito mais do que ele tivera nas últimas décadas.

Entrou no apartamento seguindo a mesma rotina diária de checar a segurança, não havia nada de diferente, nada anormal, tudo permanecia seguro. Bucky trancou a porta atrás de si e suspirou, talvez de alivio, talvez de frustração, que diferença fazia?

Seu apartamento era simples, porém perfeitamente organizado. Não tinha se dado ao trabalho de comprar móveis, então usava os poucos que ficaram no imóvel. Na sala havia uma mesa de madeira com três cadeiras, esse cômodo era separado da pequena cozinha por uma bancada de pedra; do outro lado um fogão, uma geladeira e um par de armários, nada mais. Sem micro-ondas ou televisão.

O quarto possuía uma cama e um grande guarda-roupas embutido, em cima de uma mesa de cabeceira um rádio relógio antigo marcava 18:00hs.

Bucky tirou a roupa do corpo e a arrumou metodicamente no cesto antes de entrar no banho frio. A água escorria pelo braço de vibranium preto e dourado que ganhara em Wakanda, e mesmo que quisesse ignorar aquela peça seria impossível. O membro mecânico era um lembrete constante de tudo que tinha feito, de que uma parte sua sempre estaria presa ao Soldado Invernal...

Não deixava que ninguém visse aquele braço, estava sempre de jaqueta ou moletom, além das luvas. Felizmente não chegava a ser tão estanho no trabalho, já que todos usavam luvas de proteção, mas agora que a primavera estava chegando o calor começava a incomodar.

Podia tirar o braço, talvez trocar por uma prótese menos agressiva, mais humana... No entanto não sabia se conseguiria, não sabia se queria. Uma parte de si estava presa ao Soldado Invernal e, mesmo a parte que não estava presa, esperava apenas o próximo confronto, a próxima ameaça, a próxima guerra...

Sentia que precisava daquele braço, mas não gostava dele.

Saiu do banho e secou os cabelos, se encarando no velho espelho do banheiro por alguns momentos, sua barba levemente por fazer e o comprimento dos fios castanhos não lhe incomodavam, porém os olhos azuis gélidos que lhe encaravam de volta sim. Não eram mais os olhos de um jovem corajoso do Brooklyn, eram os olhos de um assassino.

Reprimiu o impulso de socar seu próprio reflexo e afastou-se do espelho. Sua vida era sobre reprimir impulsos, como se sua memória muscular fosse involuntária, estava sempre pronto para socar, esfaquear ou atirar em alguém, estava sempre pronto para uma perseguição, estava sempre pronto para matar.

Vestiu apenas uma samba-canção. Ali na segurança de seu apartamento podia permitir-se não cobrir o braço. Claro que as roupas estavam sempre à mão, porque de uma forma ou de outra não conseguia repelir o impulso de estar sempre pronto para desaparecer...

Preparou um omelete de forma sistemática, limpando aquilo que tinha sujado imediatamente. Havia uma ordem milimétrica em tudo que o cercava, desde os utensílios de cozinha até as coisas na geladeira, não era apenas uma mania quase compulsiva, ser organizado e saber exatamente como e onde cada coisa estava o ajudava a monitorar se alguém tinha invadido o apartamento em sua ausência.

Precaução.

Mas era quase uma paranoia inútil, tudo permanecia sempre igual, Bucky não estava sendo procurado, perseguido ou espionado. A guerra existia em sua mente e nas batidas ritmadas de um coração que tinha sido congelado diversas vezes, para todo o resto do mundo havia apenas a paz.

Uma paz comprada com o sacrifício de Natasha Romanoff e Tony Stark, pessoas por quem Steve nutria grande carinho e respeito, pessoas que Bucky tinha ferido direta ou indiretamente.

Tinha acontecido há muito tempo, mas às vezes ele sentia que estava acontecendo naquele exato instante...

Jantou sentado à mesa, permitindo-se degustar da comida e não apenas engolir os alimentos na pressa. Sua mente voou para o passado, para a época em que era tratado como uma arma e não como um homem; comida era apenas suprimento, não tinha privacidade ou dignidade, não tinha pequenos momentos de felicidade. Tinha apenas sangue, tortura e ordens.

Pronto para obedecer.

Suspirou, forçando sua mente a focar em outra coisa qualquer, o mau de estar sempre sozinho era o tempo livre para pensar...

Era diferente de Bucareste, porque naquela época estava fugindo, então sua mente se mantinha ocupada, seu corpo em estado de alerta constante... E em Wakanda, depois da criogenia, era diferente também, havia uma certa paz lá, uma sensação de que Bucky não precisava ser ele mesmo.

Mas ali no Brooklyn era diferente, parecia tudo mais real e definitivo. O primeiro fim de semana naquele apartamento tinha sido difícil, mas felizmente era segunda-feira, tinha uma semana inteira de trabalho pela frente, tinha apenas que dormir... E rezar para que os pesadelos não lhe acordassem.

Seus olhos vagaram sem rumo, procurando algo que atraísse atenção e isso o fez encarar o apartamento da frente. Era um dos únicos sem cortinas sobre o vidro nas janelas, de forma que Bucky podia ver seu interior com perfeição.

Havia se mudado há alguns dias, e desde então não vira o vizinho da frente, não sabia se os horários apenas se desencontravam ou se a pessoa estava viajando, talvez o último, afinal a bagunça do lugar estava exatamente igual aos outros dias.

Um vaso com plantas secas e mortas estava perto da janela; em cima da mesa de centro, em frente ao sofá, haviam duas caixas de pizza; roupas jogadas por toda a parte; uma desordem caótica que acabou ocupando a mente de Bucky pela próxima meia hora.

Pelos objetos, roupas e sapatos espalhados, Bucky notou que havia uma mulher na casa, mas ele não tinha certeza se era apenas uma pessoa, também haviam muitas peças pretas que podiam ou não ser masculinas, não tinha como ter certeza daquela distância.

Enquanto observava, Bucky deduziu algumas coisas sobre a pessoa que morava no apartamento da frente: era alguém desorganizado e bagunceiro; adorava pizza; não tinha um pingo de responsabilidade com as plantas; e tinha um estilo difícil de entender. Talvez gostasse de música, haviam duas caixas de som grandes e algumas paletas espalhadas por ali.

— Eu preciso mesmo encontrar alguma coisa pra fazer... — Bucky murmurou pra si mesmo, ao se dar conta que estava vasculhando o apartamento alheio com os olhos, como se estivesse em alguma missão.

Levantou da mesa, arrumou o restante da pouca bagunça que tinha feito e então foi pra cama, encarou o teto pelos próximos vinte minutos enquanto revivia os últimos meses: A luta contra Thanos; o sacrifício de Stark; a partida de Steve para o passado; a volta dele tão mais velho, os últimos momentos ao lado do melhor amigo; a anistia; a mudança; a vida nova; o vazio...

A verdade é que se sentia sem rumo, as pessoas estavam seguindo em frente e Bucky estava estagnado no passado, entre aquilo que era e aquilo que tinha sido obrigado a se tornar.

Sam tinha sugerido que participasse de algumas reuniões no grupo de veteranos, mas o que Bucky diria em meio àqueles homens? O que tinha não eram apenas feridas de guerra, eram anos de tortura física e mental, lavagem cerebral, assassinatos, experiências, criogenia. Coisas que humanos normais não tinham que enfrentar. Coisas que Sam e os veteranos não entenderiam. Não era apenas a guerra, era o inverno, o gelo em seus ossos...

Steve compreenderia... Mas Steve não estava mais ali.

Bucky permanecia preso no inverno eterno de sua alcunha. O Soldado. O Assassino. O braço da Hidra. Uma história de fantasmas que infelizmente era bem real.

Estava sozinho e odiava isso...


Pois é, já começou cheio de angst, 
porque aqui é sofrimento garantido ou o seu dinheiro de volta... 
Sorry, not sorry.

Em breve eu volto com o próximo pra gente conhecer a Savannah
Beijos e até!

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