Melanie
Após o ano novo, Silas convoca uma reunião para discutirmos nosso próximo passo para lidar com os irlandeses.
Meus homens e eu nos encontramos no território dele dessa vez.
- Olá - Silas me cumprimenta.
- Oi - o cumprimento de volta.
Nos sentamos a mesa com nossos homens de confiança, e os soldados ao nosso redor.
Aceno para Paul e outros homens de Silas que reconheço.
- A situação - nos atualiza Silas - É que os irlandeses tem estado quietos demais, não tive nenhum incidente com briga de território ou ataques.
- Eu também não - concordo - É como se eles tivessem se afastado para atacar, isso é preocupante. Devemos agir primeiro.
- Devemos ter cautela em dobro - opina Paul - Atacar sem um bom plano é burrice.
- Passou do tempo de cautela - rebato - Vocês tiveram cautela demais, os russos e os italianos em um ataque conjunto e acabamos com os irlandeses.
Paul me olha friamente.
- Você fala pelos russos agora? - ele questiona.
Antes que eu possa responder, Silas o faz:
- Ela é minha esposa, a aliada mais forte que nós temos - diz Silas firmemente - Ela pode falar o que quiser, lembre-se disso, Paul.
Ele acena com raiva.
Sorrio sem disfarçar minha satisfação para ele.
- Atacar - opina Alessandro ao meu lado - Sem dar tempo deles reagirem.
- Esperar - opina Paul - o melhor momento.
- Vamos votar - decide Silas.
Infelizmente, meu voto é vencido, a maioria decide que é melhor esperar uma oportunidade, criar estratégias primeiro.
♧◇♡♤
Mais tarde, já em meu escritório, Alessandro questiona se eu realmente ficarei parada. Estão presentes Fael e Lucas.
Os encaro determinada.
- Eu ainda não esqueci minha vingança - murmuro - Se os russos não vão nos ajudar, faremos sozinhos.
Os três concordam.
- Capo - diz Fael - Muitos homens ainda questionam sua liderança por ser mulher... e por estar casada com o russo.
Endereço minha expressão.
- Eu, Melanie Fiorenzza Nikov não serei questionada - digo - Todos tem que entender que eu sou a capo dessa máfia, e só apenas Deus poderá mudar isso.
Depois da minha fala, não há mais questionamentos.
- Marquem uma reunião geral - comando.
Os três acenam.
♧◇♡
Estão todos aqui, todos os meus homens e mulheres, todas as pessoas que eu comando.
Nenhum deles são boas pessoas, eles estão aqui por interesses e se eu fraquejar serei substituída, não importa que eu seja da família principal.
Quando eu entro, param todos os murmúrios e todos me encaram, esperando o que eu tenho a falar.
- Meu pai e meu irmão - começo quando todos fazem silêncio - Deram a vida para esta família, para a máfia, os irlandeses nos tiraram tudo, e nós só conseguimos tirar um pouco deles, ainda não é o bastante, não para mim, mesmo os russos sendo nossos aliados, nós não precisamos deles para derrotar nossos inimigos, podemos fazer sozinhos - algumas pessoas gritam em aprovação - Vocês estão comigo para o que der e vier? Vocês me aceitam como líder?
A maioria grita em aprovação, mas vejo alguns receosos, quando a empolgação passa um homem se aproxima.
- Homens melhores que você já tentaran derrotar os irlandeses e tudo que conseguimos foram baixas.
- Eu não sou um homem - respondo simplesmente.
Ele me olha cético.
- Eu deveria me confortar com isso?
Todos ficam em silêncio.
- Você deveria morrer por falar com nossa capo assim - diz Lucas e se aproxima do homem.
- Pare - eu o comando.
Ele me obedece.
- Eu não irei matar meus próprios homens, eu não governarei assim, mas eu exijo respeito e não deixarei vocês duvidarem de mim simplesmente porque a maioria de vocês ser machista - digo alto o suficiente para todos me ouvirem.
- Eu só estou cansado de perder para esses fodidos irlandeses - justifica o homem.
- Todos nós estamos - diz Alessandro - Não é justificativa para insultar sua capo.
- Está tudo bem - sussurro.
- Escutem todos - grita meu primo Alessandro - Essa é a capo de vocês, forte e destemida, mas acima de tudo piedosa - ele encara a todos severamente - Vocês devem mais respeito a ela.
Tenho vontade de abraçar meu primo por suas palavras, mas me conteto em acenar para ele em agradecimento.
♧◇♡♤
Mais tarde, quase madrugada, eu e Alessandro bebemos no escritório, eu vinho e ele gim.
- Brinde - sussurro.
- Ótimo discurso - ele diz.
Sorrio.
- Obrigada por me defender.
Ele acena.
- Eu sempre faço o melhor por você.
- Eu confio minha vida a você, eu não tenho muitos amigos, obrigada por cuidar de mim.
Ele bebe em silêncio por alguns minutos.
- Eu te admirei quando apareceu na Itália grávida com Dante - ele diz.
Olho para ele surpresa.
- Você foi forte e agiu como julgou melhor para proteger sua filha e a si mesma, não tinha como eu não apoiar você como capo. Você foi corajosa.
- Nem sempre eu sou - admito - Na maioria do tempo eu estou assustada.
- Seria uma tola se fosse o contrário - ele me diz - Mas mesmo assustada, você age melhor que qualquer capo que já conheci.
Sorrio com o elogio.
- Você é melhor conselheiro e braço direito que eu poderia desejar.
- Estou aqui para servir.
Dou um gole em meu vinho, apreciando a noite e a companhia de meu primo, quando ele quebra o silêncio.
- Ele ama você.
- Silas? - pergunto confusa.
- Não... Dante.
Só de ouvir o nome meu coração já aperta.
- E você o ama - continua Alessandro - Percebi assim que vocês chegaram juntos na Itália.
Não nego nada.
- Amor não é suficiente para duas pessoas ficarem juntas - digo tristemente - Deveria ser, mas não é.
- Não desista - ele me aconselha - Eu digo por experiência, amar alguém e ser amado de volta é uma raridade e não acontece com todos.
Fico sem reação... Alessandro perdeu alguém que ele amava?
- Eu tenho que ir - ele diz - Boa noite, prima.
- Boa noite - sussurro e assisto ele ir embora.
Alessandro tem um coração partido, parece que eu não estou sozinha afinal.
Bebo mais um gole do meu vinho e observo o fogo da lareira, lembrando da pessoa que causa essa dor em meu coração.
Dante.
Onde ele estará ? Será que está bem? Espero que sim.
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