Arte & Guerra

By Sumshinellen

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Elizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jo... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Agradecimentos

Capítulo XVII

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By Sumshinellen

Acordei com Jonathan me ligando. Antes de atender, lembrei que dia era hoje e senti o desânimo tomar conta de mim: ele iria para longe de mim, para a guerra.

- Bom dia. – ele cumprimentou.

Sentei na cama. Pisquei várias vezes para acostumar meus olhos com a claridade proveniente das janelas.

- Por que está acordado antes das nove da manhã? – brinquei, olhando para o relógio.

- Estou ansioso... – ele bocejou. – E minha mãe não me deixa dormir.

Levantei da cama, olhei pela janela e vi as pessoas na rua. Quantas delas estariam se despedindo de pessoas queridas hoje?

- Sabe se a Julie irá até a estação nos dar tchau? – Jonathan perguntou.

- Acho que não. – fui até o espelho e ajeitei meu cabelo. Depois da festa, não se falaram mais. Julie me contou que durante aquela conversa, só perguntou como as coisas estavam na vida dele e que esperava que ele fosse feliz.

- Uma pena.

Fiz um barulho de concordância e Jonathan bocejou de novo.

- Você vem para o almoço? – ele perguntou.

A família dele tinha marcado uma despedida e pediram para que eu participasse.

- É claro. – concordei.

Despedimo-nos. Soltei um suspiro, encarando meu rosto triste no espelho. Forcei um sorriso antes de ir para a cozinha.

Meus pais me receberam com um café da manhã especial, repleto das minhas comidas favoritas. Claramente, tentavam fazer com que eu me sentisse melhor. Puxaram conversa, falando de vários assuntos bobos, tentando me animar. Não adiantou muito, mas sorri e fingi estar melhor.

Quando a refeição terminou, mamãe me chamou para o shopping, disse que poderíamos comprar alguns itens de pintura. Recusei educadamente porque tinha completa noção de que, mesmo que eu tentasse, não conseguiria prestar atenção em nada e meus pensamentos sempre voltariam para Jonathan.

Voltei para o meu quarto e deitei na cama, encarando o teto. Meu amor estava indo para longe, sem um prazo certo de retorno (isso se sobrevivesse para voltar). Não tinha um jeito de encarar aquela situação de maneira positiva.

Acabei me lembrando dos dias em que estávamos na escola, sem preocupações, enquanto eu ia até os treinos do time de hóquei e íamos em festas de noite. Pensei nos encontros que tivemos e em como sorria para mim... Céus, como eu sentiria falta daquele sorriso bobo. Comecei a chorar, e tive certeza que meus pais ouviram meus soluços, mas me deixaram sozinha e não pude estar mais agradecida. A última coisa que eu queria no momento era que alguém me visse daquele jeito.

Revirei na cama, tentando parar de chorar. Ele nem tinha ido embora ainda e eu já estava arrasada.

Não sei quanto tempo se passou até que eu tivesse ânimo para me levantar. Peguei uma tela de pintura e comecei a trabalhar, tentando desesperadamente esvaziar minha mente. Pintei uma paisagem meio borrada, sem muitos traços. Os detalhes de uma obra variavam de acordo com a quantidade de tempo que eu empregava nela.

Coloquei o quadro em um canto do quarto, para que secasse completamente. Olhei para o relógio. Estava quase na hora do almoço na casa de Jonathan. Suspirei antes de começar a me arrumar. Tomei banho, coloquei um vestido preto - a cor favorita dele - e escolhi alguns acessórios prateados para combinar. Na hora da maquiagem, pedi ajuda para minha mãe, já que eu não era muito boa com isso e Julie ainda não tinha dado sinal de vida.

- Vou colocar bastante base e corretivo perto dos olhos para disfarçar... – ela disse, gentil. Não terminou a frase, mas entendi que tentaria cobrir os vestígios de que chorei como um bebê.

- Talvez um batom vermelho ajude também. – sugeri. – Julie sempre faz isso quando quer tirar o foco de algum outro ponto do rosto.

Mamãe concordou e continuou me maquiando.

- Pode olhar. – pediu, depois de alguns minutos.

Virei para o espelho. Mesmo colocando uma roupa bonita, arrumando o cabelo e passando maquiagem, não conseguia tirar a aura de tristeza que eu carregava. Torci para que eu conseguisse disfarçar durante o almoço.

Minha mãe me deu carona até a casa de Jonathan. Não conversamos durante o caminho, mas ela beijou minha testa e disse que tudo ficaria bem quando desci do carro.

Assim que JoJo abriu a porta e me olhou, sua expressão tornou-se preocupada.

- Você andou chorando? – colocou a mão no meu rosto.

- Estou bem.

Ele arqueou as sobrancelhas, como se não acreditasse, mas não falou nada. Ofereceu-me o braço, e caminhamos juntos até a cozinha. A família dele sorriu ao me ver e começamos a colocar as coisas na mesa.

- Bom apetite. – o pai dele desejou, quando terminamos de preparar tudo e nos sentamos.

A comida, como sempre, estava deliciosa. A conversa toda sobre o exército era um pouco deprimente, mas fingi animação e tentei participar da melhor forma possível. Joshua comentava sobre como estava orgulhoso do irmãozinho por seguir os passos da família, e o pai acrescentava que era muito feliz por ter filhos tão corajosos e dedicados. A mãe estava em silêncio, parecendo enjoada. Seu esforço para sorrir era visível. Será que eles não notavam que a mãe não gostava disso? Pareciam contentes demais para perceber.

Quando terminamos de almoçar, ela foi a primeira a se levantar.

- Vou lavar a louça. – informou. – David, venha me ajudar.

O pai de Jonathan prontamente se levantou.

Josh nos olhou por um instante antes de se levantar e seguir os pais. JoJo e eu fomos para a sala, e como estávamos sozinhos, achei que seria uma boa hora para falar com ele.

- Sua mãe não gosta muito dessa história de exército, sabia? – tentei ser sútil, mas falhei.

Ele me olhou genuinamente surpreso.

- O que está dizendo, Lizzy? – sua voz estava incrédula. – Ela se orgulha muito!

- Não percebe mesmo como ela fica quando falam disso?

Alguém pigarreou. Olhamos para a porta e nos deparamos com Anna Marie.

- Jonathan, pode ajudar seu pai com os pratos? – ela pediu. – Sabe que ele guarda todos fora de ordem.

Ele concordou e se levantou, piscando para mim antes de sair do cômodo. Anna Marie sentou no sofá e me lançou um olhar que não consegui decifrar.

- Não conte nada. – pediu.

- Por que não? – perguntei, sem entender. – A senhora não se sente bem com essa situação e ele precisa saber!

- Então, diga-me por que não fala para ele que você preferia que ele ficasse em Portland jogando hóquei?

De repente, entendi. Ela escondia seus sentimentos pelo mesmo motivo que eu: não queria que Jonathan se sentisse mal por realizar seu sonho, mesmo que fosse perigoso como servir o exército.

Anna Marie me deu a mão.

- Todos os homens da minha vida foram para a guerra. – deu um suspiro triste. – Estou acostumada.

- Só espero que isso acabe logo. – senti um nó na garganta.

Ela apertou minha mão com gentileza.

- E vai. – sorriu. – Logo ele voltará para nós, confie em mim.

Apeguei-me àquela promessa.

O saguão do aeroporto tinha algumas famílias se despedindo: mães abraçando seus filhos, esposas chorando pela ida de seus maridos... Era meio deprimente.

Não demorou muito para que avistássemos os garotos do time de hóquei. Os pais e o irmão de Jonathan se afastaram um pouco, dando privacidade para o momento. Os garotos abraçaram Jonathan, desejando boa sorte.

- Fizemos isso para você, Ross. – Seth disse, entregando um cordão com o logo do time de hóquei da escola. – Para se lembrar de nós quando estiver lá.

Benny fez uma careta.

- Parece que somos namoradas dele.

Rimos disso.

- Só que eu sou mais bonito. – Tommy acrescentou. – Sem ofensas, Liz.

Embora a visita dos garotos tenha sido breve, pareceu animar meu namorado.

- Vê se não morre na guerra, cara. – Seth pediu, antes de ir embora. Os outros concordaram. Acho que esse era o jeito deles demonstrarem que amavam o JoJo.

Observei enquanto eles se afastavam. Alguns deram uma última olhada ou sorriso para Jonathan.

Ele voltou sua atenção para mim.

- Vou sentir sua falta, mas vamos poder nos falar. – disse, de repente.

Jonathan explicou que provavelmente passaria a maior parte do tempo em uma das bases no exterior, onde teria acesso à internet, logo, poderia falar comigo pelo menos durante alguns minutos por dia.

- Então não ficará no furacão caótico da guerra? – perguntei, esperançosa.

Ele soltou um riso.

- A guerra está acontecendo há alguns anos, então as coisas esfriaram bastante. – contou.

Não sabia o que falar, mas não contive o sorriso. Localizei os pais de Jonathan na multidão, conversando com Ryan e sua família. Será que Anna Marie já sabia disso? Ficaria tão aliviada quanto eu.

- Lizzy, gostaria de te dar isso. – ele falou.

Observei em silêncio, enquanto ele procurava algo na mochila que estava carregando. Tirou um uniforme verde do time de hóquei. Tinha "Ross" estampado nas costas e o número 53, o que costumava usar.

- Costumava ser meu. – informou. – Espero que isso te ajude a não me esquecer.

- Eu não conseguiria, mesmo que tentasse. – sorri.

Procurei nos bolsos a caixinha com o presente que havia comprado mais cedo. Abri-a, revelando dois anéis combinando.

- Sei que é bobo e clichê. – encolhi os ombros.

- Eu adorei. – ele disse.

O sorriso bobo estampou seu rosto enquanto colocávamos os anéis no dedo um do outro. Talvez fosse a última vez que eu o veria sorrindo, então tentei decorar cada detalhe, até mesmo as covinhas que apareciam em suas bochechas.

- Eu te amo, Lizzy.

- Eu também te amo, JoJo.

Beijamo-nos e eu desejei que aquele momento não acabasse nunca, mas a voz de Ryan nos chamou de volta para a realidade:

- Juliette, o que faz aqui?

Virei e vi a cena: Ryan e Julie um de frente para o outro. Ele parecia pálido, como se estivesse vendo um fantasma, e ela estava com os olhos vermelhos e inchados. A família dele parecia tão surpresa quanto nós. Troquei um olhar tenso com Jonathan. O que ela estava fazendo aqui?

- Ryan... – ela pareceu hesitar. Suspirou e tomou coragem: – Eu te amo mais do que qualquer coisa, e você sabe disso. Nunca vou sentir algo tão forte por alguém de novo, e é por isso que não posso deixar que você vá embora sem te dar tchau.

Ninguém falou nada. Não havia nada mais dramático e típico de Julie do que decidir tomar uma atitude naquela hora. Os pais de Jonathan e Ryan pareciam extremamente desconfortáveis de presenciar aquela cena, mas o choque era tanto que ninguém conseguia se mexer.

Julie me lançou um olhar, incerta se deveria continuar. Com um discreto gesto de cabeça, encorajei-a.

- Sei que você não vai me aceitar de volta porque sou uma idiota, mas vou desejar que você volte bem todos os dias. – ela disse, com os olhos enchendo de lágrimas. – Você é muito especial para mim.

Finalmente, Ryan conseguiu falar:

- Estou indo embora, e você me diz isso agora? – sua voz estava baixa. – Eu corri atrás de você durante semanas, Julie!

O rosto dela virou uma careta triste e ela simplesmente começou a chorar, cobrindo o rosto com as mãos. A cena foi dolorosa de se ver. Quase corri até ela, mas notei que Ryan estava se aproximando.

Ele envolveu a garota em um abraço e falou alguma coisa que a surpreendeu, mas não consegui ouvir. Em seguida, começaram a se beijar. Troquei um olhar com Jonathan.

- Não quero atrapalhar, mas isso quer dizer que...? – meu namorado perguntou, confuso.

- Que não vamos jogar fora os três melhores anos das nossas vidas. – Ryan sorriu.

Julie me olhou e sorriu, aquele sorriso que eu não via desde que ela terminara o namoro. Finalmente, pensei comigo mesma.

Aproveitei meus últimos minutos ao lado de Jonathan, antes dos garotos precisarem ir para a área de embarque. Vê-lo partir foi uma das coisas mais dolorosas da minha vida, mas, por sorte, Julie estava ao meu lado e passamos por isso juntas.

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