Arte & Guerra

By Sumshinellen

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Elizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jo... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Agradecimentos

Capítulo XV

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By Sumshinellen

Fiquei em silêncio por tanto tempo que Jonathan deve ter achado que não ouvi o que tinha falado.

- O exército me convocou, Lizzy.

Balancei a cabeça para indicar que tinha entendido, mas continuei calada. Encarei Jonathan, que me olhava de volta, parecendo ansioso para ouvir alguma resposta, mas o que eu deveria dizer? Parabenizá-lo porque finalmente realizaria seu sonho (não o de jogar hóquei e ficar são e salvo, mas o de servir ao exército)? Chorar e me preocupar pelos riscos que correria? Eu realmente não sabia o que falar.

Ele se aproximou e tocou meu rosto.

- Estão convocando várias pessoas da nossa região para trazer de volta soldados que estão na guerra há algum tempo. – contou. – É algo bom, Lizzy, estou ajudando famílias a se reencontrarem.

Lutei contra a vontade de falar que não me importavam as outras famílias se o preço para a alegria delas era Jonathan ir para longe. Ao invés disso, perguntei:

- E quando você vai?

- Em duas semanas. – respondeu.

Tentei processar aquela informação. Olhei para os lados, afastando as lágrimas e a ideia de que perderia meu namorado em menos de um mês. As pessoas da festa continuavam gritando, bebendo, dançando e se divertindo, mas eu não queria mais ficar ali com elas. Só queria ir embora, deitar na minha cama e esperar que JoJo me falasse que tudo não passava de uma piada idiota.

- Fico feliz por você. – tentei sorrir, apesar do nó na garganta.

- É mesmo? Então por que está chorando? – ele secou as lágrimas que escorriam pelas minhas bochechas.

- É que estou muito feliz. – tentei mentir. – São lágrimas de alegria.

- Lizzy...

Ele me abraçou. Solucei involuntariamente. Ele apertou os braços ao meu redor, o que só me fez chorar ainda mais. Não queria que ninguém me visse naquela situação, mas não conseguia falar e pedir que saíssemos dali.

Jonathan pareceu ler minha mente, porque me pegou no colo e me carregou para longe. Dei uma risada, meio surpresa, em meio ao choro.

- O que está fazendo? – perguntei, pendurada nos ombros dele.

- Te tirando da festa. – respondeu, enquanto caminhava pela calçada. – Acho que não ficaria feliz com um Benny bêbado gritando perto de você agora.

Passou reto pela minha casa e parou perto do fim do quarteirão. Colocou-me no chão e encostou nossos lábios. Soltei outro soluço involuntário. Em pouco tempo, não poderia mais me beijar ou abraçar ou sequer me tocar.

- Desculpe. – ele pediu, com a voz triste.

Olhei para ele e fiquei surpresa ao ver seus olhos marejados. Eu não poderia ser egoísta a ponto de impedi-lo de realizar seu sonho. Enxuguei as lágrimas com a manga da blusa de frio.

- Fico feliz por você, só... – minha voz falhou.

- O que? – ele perguntou.

- Não quero te perder.

- Eu te amo, Elizabeth. – JoJo disse. Pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da cabeça. Seus olhos castanhos estavam fixos no meu.

- Eu também te amo, Jonathan. – não hesitei em responder. Todas as vezes que ele se declarava meu coração acelerava. Seu sorriso bobo se abriu.

- Não vai terminar comigo, né? – perguntou, inseguro.

- Não vai se livrar de mim tão fácil, JoJo. – respondi.

Ele me abraçou, como se estivesse realmente aliviado. Não conseguiria terminar com ele mesmo que eu quisesse. E pensar que há pouco tempo atrás eu falava para Julie que nunca me apaixonaria por atletas.

- Garota, eu te amo mais do que você pode imaginar. – ele disse, beijando-me de novo. – Já comentei como você fica linda chorando?

- Cale a boca. – eu pedi, dando um tapa no braço dele e rindo.

Esticou a mão para mim.

- Minha família não está em casa essa noite. – comentou. – Pensei em irmos assistir um filme ou algo assim.

- Lembro como essa história terminou da última vez.

Seu sorriso se abriu ainda mais.

- Justamente por isso estou te convidando.

Jonathan tinha recuperado seu carro, então não precisamos caminhar ou pegar o ônibus. Não falamos muito durante o caminho, preferi ficar calada no banco do passageiro, olhando a paisagem e tentando absorver a ideia de perdê-lo em duas semanas. Parecia tão injusto que outros casais pudessem viver sem a preocupação de serem separados pelo exército, mas toda vez que pensava em falar alguma coisa, lembrava-me de Anna Marie falando que não gostaria que eu fizesse o mesmo que Julie.

Quando Jonathan abriu a porta da frente de casa, estava tudo escuro, vazio e silencioso. Ele me puxou para um abraço, e por vários segundos ficamos ali, grudados um no outro. Fechei os olhos e apertei meus braços em volta dele. JoJo beijou minha testa.

- Desculpe. – pediu. – Eu queria ter contado hoje cedo, assim que soube, mas fiquei com medo da sua reação.

Não falei nada.

- Nunca quis te magoar...

- Eu sei, eu sei. – interrompi. – Está tudo bem. – menti. Agradeci por estarmos no escuro porque a minha expressão com certeza me entregaria.

Depois de algum tempo apenas abraçados, acabamos indo até a cozinha. Jonathan me ofereceu algo para comer. Sentei-me no balcão e observei meu namorado tentar fazer uma omelete para nós. Ele não levava muito jeito para a culinária, e não pude evitar as risadas quando ele começou a se atrapalhar com os ingredientes.

- Como cozinheiro, você é um ótimo jogador de hóquei. – brinquei.

- Engraçadinha. – ele virou a cabeça por um momento para me olhar. – Não posso ser perfeito em tudo, né?

No fim das contas, a omelete estava horrorosa, mas não impossível de comer. Fiz JoJo me prometer que me levaria ao hospital se eu começasse a passar mal.

Lavamos a louça e fomos para o quarto de Jonathan. Deitamos, abraçados, enquanto ele procurava algum filme legal para assistirmos. Apoiei minha cabeça no peito dele, pensando em como não queria que ele fosse para longe de mim.

- Lizzy. – ele chamou.

Levantei a cabeça e trocamos um olhar. JoJo começou a me beijar e esquecemos completamente do filme.

- Johnny, achei que você... – ouvi uma voz atrapalhando meu sonho.

- Mãe. – JoJo se sentou rapidamente, os olhos arregalados.

Fechei os olhos e enfiei a cabeça debaixo das cobertas. Senti um frio percorrendo minha espinha enquanto pensava em uma desculpa boa para estar ali, deitada na mesma cama que Jonathan. Não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo comigo.

- Eu... – Anna Marie gaguejou. – Te espero lá embaixo, Jonathan.

Um momento de silêncio.

- Está convidada para o café da manhã, Elizabeth. – ela acrescentou.

Encolhi-me quando ouvi a porta bater, seguido pelo som de algumas coisas caindo no chão do quarto. JoJo começou a sair da cama, levantei a cabeça e trocamos um olhar. A expressão dele estava assustada e eu nunca tinha visto meu namorado tão pálido.

- Ela vai me matar? – questionei. – Ou contar para os meus pais?

- Não sei. – ele encolheu os ombros.

Ficamos nos encarando, sem reação, até Jonathan finalmente voltar para a realidade e começar a arrumar o que Anna Marie tinha derrubado: alguns tacos de hóquei que Jonathan sempre deixava perto da porta. Ajudei-o.

Pensei em como a morte não parecia uma má ideia enquanto entrávamos na cozinha. A mãe de Jonathan era a única no cômodo, estava sentada, passando geleia em uma torrada. Levantou os olhos quando nos viu e apontou para dois lugares vagos perto dela. Sentamo-nos.

- Bom dia. – ela disse. Era notório que se esforçava para parecer calma.

Abri e fechei a boca, sem saber o que responder, como me explicar e me desculpar. Esse era exatamente o tipo de situação que eu veria com a minha melhor amiga nos filmes e comentaríamos como os personagens tinham sido bobos de deixar aquilo acontecer.

- Mãe, o que aconteceu... – ele começou.

Ela levantou a mão, interrompendo-o.

- Já tive a idade de vocês. – disse. – Sei muito bem o que aconteceu.

Abaixei a cabeça. Era esse o fim do nosso namoro, eu tinha certeza de que ela nos obrigaria a terminar por desrespeitar a casa dela.

- Desculpe. – Jonathan falou. – Eu a convidei para ver um filme, mas acabamos...

Ele encolheu os ombros. Era a primeira vez que eu via JoJo desse jeito, como um garotinho assustado que em nada se parecia com o jogador de hóquei que eu costumava ver.

- Por favor, não impeça Jonathan de me ver. – criei coragem para pedir. Minha voz quase não saiu, então pigarrei e acrescentei: – Já vai ser bem doloroso quando ele for para o exército.

- Você contou? – ela pareceu surpresa.

- Foi o motivo de eu tê-la convidado para cá. – achei que não seria possível ele encolher ainda mais os ombros, mas estava enganada. Jonathan estava quase curvado, como uma bolinha.

Ela fechou os olhos e suspirou.

- Não vou impedir ninguém de namorar, mas espero, de verdade, que eu não precise ver aquela cena de novo. – disse.

Concordei com a cabeça. Soltei o ar, aliviada pelo fato de que não precisaríamos terminar nosso namoro. Jonathan pareceu relaxar também.

- Vocês estão se cuidando, né? – ela quis saber. Senti meu rosto esquentar de vergonha.

- Mãe! – Jonathan resmungou.

- Não estou preparada para netos, principalmente agora que você está indo embora. – ela nos encarava, séria.

- Mãe! – ele repetiu. Estava mais vermelho que um tomate.

Ela deu de ombros e voltou a comer sua torrada. Jonathan serviu o nosso café da manhã, enquanto tentávamos disfarçar o clima tenso que ainda estava no ambiente.

- Então, como está a sua amiga Julie? – ela perguntou, de repente.

Arqueei as sobrancelhas, sem entender.

- Bem, eu acho. – respondi.

- Achei que ela estaria chateada. – Anna Marie parecia decepcionada.

- Por quê?

- Porque o Ryan vai com o Jonathan. – ela respondeu, como se fosse óbvio. – Achei que ela ainda se importava, pelo menos um pouco.

Encarei Jonathan. Ele desviou o olhar imediatamente, assumindo uma expressão culpada.

- Eu não sabia. – comentei, ainda olhando para meu namorado.

Anna Marie fez um barulho, como se pedisse desculpas, mas não falou nada.

- Estava pensando em um jeito de te contar.

Sem falar mais nada, voltei a tomar meu café da manhã, mas a minha mente estava tentando pensar em maneiras de contar a notícia para Julie.

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