OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING...

Door autoralotorino

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❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe u... Meer

SINOPSE COMPLETA
DISCLAIMER
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
Capítulo sem título 18
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
C A P Í T U L O XX
C A P Í T U L O XXI
C A P Í T U L O XXII
C A P Í T U L O XXIII
C A P Í T U L O XXIV
C A P Í T U L O XXV
C A P Í T U L O XXVI
C A P Í T U L O XXVII
C A P Í T U L O XXVIII
C A P Í T U L O XXIX
C A P Í T U L O XXX
C A P Í T U L O XXXI
EPÍLOGO
Notas Finais + Amazon

CAPÍTULO II

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Door autoralotorino

NOTAS IMPORTANTES NO FINAL DO CAPÍTULO. Até lá, boa leitura.

O marquês de Normanbury estava de volta a Londres.

E ele não podia estar mais infeliz com isso.

Frederick Morley definitivamente não odiava Londres. Longe disso. Ele havia nascido ali, conhecia inúmeras pessoas, tinha inúmeros parentes e amigos. Sua mãe e sua irmã viviam em Mayfair, sozinhas até hoje, e apesar de Frederick passar menos tempo do que deveria na cidade, ele ainda apreciava muito a capital inglesa. Havia apenas alguns problemas que tornavam a situação um tanto complicada.

A primeira: sua mãe. Ele a amava, é verdade, mas Morley deveria confessar que não estava sendo fácil lidar com ela há um bom tempo. Desde o falecimento do marido há quase sete anos a marquesa-viúva já não era a mesma. A mãe tornou-se sombria, emblemática, quase reclusa. Frederick tentou ajuda-la, tira-la do antro de solidão e até sugeriu que ela se casasse novamente — ele aceitaria um padrasto apenas para ver a mãe feliz —, mas Meredith estava disposta a permanecer assim. Transformou-se em uma mulher controladora, invasiva e que privava o filho da única coisa que ele não permitia que tirasse dele, sua liberdade.

Ela não fazia por mal, Frederick sabia, mas não gostava que a mãe controlasse seus passos. Não gostava que ela o observasse e quisesse ditar como deveria viver. Talvez a lembrança do marido a assombrasse, pois Meredith parecia disposta a não permitir que o filho repetisse os erros do pai. Foi nesse momento que o marquês decidiu afastar-se. Não por muito tempo, ele disse, apenas daria uma volta pela Europa, passaria algum tempo na propriedade de Bristol, talvez na de Hampshire também, e depois retornaria à Londres.

Foram-se assim cinco anos de sua vida.

Ele retornava para Londres periodicamente, é claro. Visitava a família, passava algum tempo com a mãe e enchia a irmã de presentes. Cordelia pôde colecionar bonecas francesas, russas, suecas e italianas. Porém, pouco tempo depois, sentia-se novamente sufocado e deixava Londres mais uma vez. Inicialmente ele pensou que o problema seria com sua mãe, mas a essa altura Meredith já estava melhor. Ainda reclusa, mas melhor. Frederick percebeu que o realmente o apavorava era o circulo social que cada vez o pressionava.

E esse era o segundo problema: a sociedade londrina. Ele poderia escolher não frequentar seus eventos, permanecer como um homem inconsequente como fazia na França, Itália ou qualquer lugar que estivesse, mas não podia. Ele havia retornado á Londres justamente com o propósito de se casar, e por mais que essa perspectiva o assombrasse, ele não tinha escapatória.

Frederick tinha vinte e sete anos. Não, definitivamente não era velho. Poderia esperar alguns outros anos antes de contrair matrimônio? Sim, com certeza. Mas não arriscaria. No último inverno seu único primo por linha paterna, Cristopher, havia falecido após uma pneumonia. Frederick entristeceu com a morte do primo, porém não pôde deixar de pensar em sua família. Meredith e Cordelia. Ele estava longe, mas sempre havia provido por elas. Sempre estava disposto a ajuda-las com o que fosse necessário, fornecer tudo o que precisassem e conceder todos seus desejos, por mais tolos ou fúteis que fossem. Cordelia precisava de uma coleção nova de sapatos? Frederick cedia. Meredith precisava de um tecido específico, importado apenas das Antilhas, para fazer um bordado? Frederick cedia também. Mas agora, com o primo morto, a perspectiva de deixar a mãe e a irmã na mão caso ele também viesse a falecer o assustou.

Seria simples. Frederick participaria dos bailes, conseguiria uma esposa — não precisaria amá-la, mas pelo menos deveria ter uma boa amizade com ela — produziria um herdeiro e garantiria o bem-estar da família por anos. Ele acreditava que não seria difícil. O marquês de Normanbury tinha vários amigos em Londres e muitos deles frequentavam os mesmos círculos sociais que os Morley. Além de que, ele era rico. Não precisava de uma esposa com um grande dote ou que viesse de uma família de renome. Ela precisaria apenas ter uma beleza minimamente regular e ser agradável. Era uma missão consideravelmente simples, mas ainda sim apavorante.

Frederick não tinha certeza se estava preparado para isso. Ao menos ele tinha Cordelia que aos dezessete anos estava em sua primeira temporada. O marquês teria uma companhia para os bailes, poderia passar um bom tempo com sua irmã e ainda por cima teria a oportunidade cuidar dela de perto. Ele conhecia os salões londrinos bem o suficiente para saber que ás vezes eles poderiam ser perigosos para garotas jovens e ingênuas como sua irmã.

Por fim sua carruagem parou a frente de sua casa em Mayfair. Ela não estava muito diferente da última vez que esteve lá há cerca de oito meses, com exceção apenas das flores no parapeito da janela da irmã, que fazia questão de cultivar pessoalmente. O marquês desceu do veículo, deixou que o lacaio pegasse suas malas e respirou fundo. Observou o redor. As janelas da propriedade estavam como sempre fechadas, um silêncio quase mortal vinha do interior do prédio, enquanto ao lado ele conseguia ouvir risadas infantis. Quem eram seus vizinhos mesmo? Ah, sim. Os Hawkins ao lado. Os Collins a frente. Á esquerda, do outro lado, ele nem ao menos tinha ideia.

Frederick bateu a porta. Não precisava, é claro. A propriedade era dele, mas até o momento ele não morava oficialmente com a família. Sendo assim manter os bons modos era primordial — principalmente na presença da mãe. Ele esperou a aproximação do mordomo com uma inquietude admirável. Seus olhos em um tom fosco de azul percorriam o redor, vasculhando cada centímetro da soleira, da calçada e da rua. Ele observou algumas mulheres andando na rua e há alguns metros duas crianças correndo da governanta. Doce Mayfair.

Para a surpresa do marquês não foi o mordomo que atendeu a porta, mas sim Cordelia. Ela provavelmente estava esperando irmão no hall de entrada e havia corrido o mais rápido possível para a porta quando o ouviu bater. A caçula atirou-se aos braços dele, envolvendo-o com ternura. Em seguida recuou um passo e Frederick viu como os olhos castanhos da irmã brilhavam naquele momento. Ele sorriu. Ficava feliz por ver como era querido por ela.

— Ora, ora. A minha irmã favorita veio me receber aqui com tamanha prontidão?

Cordelia riu.

— Sou sua única irmã, Freddie.

— Sim, eu sei — ele adentrou no hall — por isso é a minha favorita.

Ela riu novamente. Avançou a frente, guiando o irmão pelos corredores com muito entusiasmo. Frederick não entendia como uma garota radiante como a irmã poderia viver em um ambiente tão funério como aquele. Cordelia conhecia bem a casa, por isso andava com graça e leveza admiráveis, mas Frederick tropeçava a cada cinco segundos por não conseguir ver os relevos, degraus ou móveis naquela escuridão. Não havia luz na casa. Meredith não gostava de abrir as janelas. Não gostava de sol, não gostava de barulho, não gostava de qualquer relance do mundo exterior.

— Ela está aqui, lendo — Cordelia apontou com a cabeça em direção a sala de estar privativa da família — tenho certeza que ela ficará muito feliz quando vê-lo. Quer que eu peça biscoitos ou chá?

Ele não queria, mas assentiu concordando. Ele precisava de Cordelia longe por um instante para conseguir conversar com clareza com a mãe. Não demorou a que lady Cordelia saísse saltitando em direção ao hall novamente. O marquês bateu na porta e entrou na sala.

A mãe estava no divã, completamente em silêncio — Frederick mal conseguia ouvir sua respiração — e concentrada no livro. Ela percebeu imediatamente a presença do filho no cômodo, mas terminou o parágrafo antes de concentrar as atenções nele. Enquanto isso o homem acomodou-se no sofá a frente da mãe.

— Frederick. — Meredith sorriu fraco.

— Mamãe — ele inclinou-se para poder beijar a mão dela.

— Pensei que chegaria ao final da tarde.

— Já é o final da tarde.

Humpf... — lady Meredith levantou-se completamente confusa — eu nem havia percebido.

— Sim, claro... — Frederick acomodou-se mais ainda no acolchoado — todas as janelas estão fechadas. Não há como a senhora ter a mínima ideia de que horas são.

— Tenho relógios, Frederick. Não precisamos mais nos orientar pela luz do sol.

O marquês relevou. Sua critica ainda era valida.

— E então você veio — a mãe caminhou pelo cômodo sem destino especifico — eu não pensei que isso realmente fosse acontecer.

— Cheguei a Londres para ficar permanentemente. Já está na idade de assumir minhas responsabilidades, não posso continuar vivendo pelo mundo como se fosse um rapaz recém-saído da universidade.

Assumir minhas responsabilidades... — Meredith repetiu cuidadosamente as palavras do filho — isso significa que vai arranjar uma esposa, não é?

— Vou. — Frederick afirmou. — Não garanto quando, mas estou disposto.

— Há muitas moças bonitas pelos salões de Londres. — A antiga marquesa comentou. Rapidamente fez questão de esclarecer: — pelo menos é o que Cordelia me diz. Não tenho muita oportunidade ver as debutantes.

— E a senhora gostaria de vê-las, mamãe?

— Sinceramente não faço muita questão.

— É o ponto — Frederick deu ombros — mas isso eu verei com o tempo. Antes de tudo preciso reconhecer meu território, reencontrar meus amigos e perguntar como está o terreno para que eu entre oficialmente para essa sociedade. Não tenho ideia do que está acontecendo por aqui.

— Muita coisa — Cordelia disse entrando na sala acompanhada de uma criada que trazia mais chá e biscoitos — segundo a Srta. Silewood a temporada de mil oitocentos e trinta e dois promete muitas emoções. Eu mal posso esperar.

O marquês arqueou uma sobrancelha.

— Você sabe que eu não tenho ideia de quem é essa Srta. Milewood, não sabe?

Silewood. — Cordelia corrigiu pacientemente. — E ela publica colunas semanais no jornal Stanley comentando sobre a sociedade. Confio muito nas palavras dela.

— Na minha época o jornal de Stanley servia para vincular notícias, discutir sobre política, filosofia e ás vezes vender algo. Eu não sabia que eles haviam cedido espaço para uma coluna de fofocas.

— Não é apenas uma coluna de fofocas, irmão — a menor sorriu — a Srta. Silewood coloca comentários pertinentes em suas publicações. Por isso ela continua anônima. É perigoso para uma mulher opinar, ainda mais em um jornal como o de Stanley.

Frederick riu. Ele inclinou-se para a mesa de centro e capturou apenas um biscoito. Cordelia abaixou a guarda e sentou-se ao lado irmão, servindo um pouco de chá para os dois e permanecendo ali. Lady Meredith também voltou para o seu divã e pacientemente marcou a página de seu livro.

Os três permaneceram ali, em uma semiescuridão característica da casa dos Morley, até o anoitecer. Frederick foi paciente e deixou clara sua intenção de instalar-se permanentemente na casa da família. As mulheres comemoraram. Ele escutou com atenção os relatos da irmã, contou sobre suas viagens e deixou que a mãe o atualizasse sobre a vida de cada primo, tio ou tia. Ao final do dia deitou-se em seu antigo quarto e fechou os olhos.

Demorou a adormecer. Pensou em muitas coisas. Mais do que podia enumerar com exatidão. E uma delas foi as palavras da irmã que por minutos ecoaram em sua cabeça.

A temporada de mil oitocentos e trinta e dois promete muitas emoções.

Sim, ele tinha certeza. Uma onda quase premonitória invadiu seu corpo. Ele estava preparado. Estava preparado para o que viesse.

🕎🕎🕎

Hey, hey! — Eliza fez com que Pippa acenasse com as patinhas — Olhe quem veio dar olá.

Stanley ergueu lentamente seus olhos do jornal em direção à figura de pouco menos de um metro e meio a sua frente. Lady Eliza Gunning usava um vestido verde com muitos babados claros, um bonnet que a protegia do sol da tarde e trazia em mãos Pippa, sua cadelinha que havia sido um presente de Julian há mais de cinco anos. Eliza Gunning estava mais uma vez apenas adorável.

— Lizzy. Pippa. — Stanley tirou os óculos e pousou-os sobre sua mesa executiva. — Entrem. Eliza pode soltá-la.

Ela fez o que foi pedido. Pippa correu pelo escritório e rolou no tapete do Sr. Stanley.

— Ela não vai fazer xixi aqui, vai?

— Não tenho certeza — Eliza sentou-se a frente dele.

Julian deu ombros. Lady Eliza permaneceu estática a sua frente, visivelmente nervosa com a situação. Ela gostaria de estar tão calma e alegre como havia se mostrado ao chegar, mas não conseguia. Simplesmente. Ela estava preparada para o pior. Havia visto que algo estava terrivelmente errado no jantar da última noite e desde então não parara de pensar por uma única hora sobre aquilo.

Antes que Stanley pudesse dizer qualquer coisa Eliza lançou uma folha acima da mesa.

Sua coluna.

— Vejo que conseguiu escrever, Lizzy. — Julian pegou a folha sem qualquer vestígio de emoção. — Muito bem.

— Mas... — Eliza acrescentou, prevendo.

— Mas... — Stanley suspirou — não tenho certeza se devemos continuar com isto.

Eliza calou-se por alguns segundos. Não tenho certeza se devemos continuar com isto. Isto o que? Ela não podia acreditar. Aquilo era pior do que ela havia imaginado e suas perspectivas foram desde o principio no mínimo pessimistas. No máximo ela pensou em fazer uma carta de retração, mas nunca achou que Stanley fosse capaz de censura-la — pois era provavelmente isso que ele pretendia fazer.

— O que você quer dizer com isso, Julian?

Ele oscilou desconfortável em sua poltrona e baixou os olhos em direção a pilha de papéis que havia em sua mesa — rascunhos. Rascunhos de outros escritores que certamente não estavam sendo censurados. Eram várias páginas espalhadas pela madeira de maneira aleatória. Algumas com a própria caligrafia de Julian, possivelmente palavras de seu próximo artigo. O homem pigarreou.

— Eliza, você sabe quantas pessoas vieram aqui durante esta manhã procurando saber quem é a Srta. Silewood? — indagou — Tem ideia ao menos?

— Hum...Nenhuma talvez?

— Isso não é um jogo.

— Sim, eu sei. — Ela afirmou. — Mas ninguém nem ao menos desconfia de que ela seja eu. Julian, o senhor é amigo de meu pai há mais de vinte anos, minhas visitas a sua editora são completamente aceitáveis e a maior parte os papéis são entregues indiretamente. Além de que há milhares de outras pessoas para se suspeitar antes da filha sem-graça de lord Gunning.

— Suas palavras são perigosas — Julian insistiu — estou fazendo isso por sua própria segurança, Lizzy. Eu nunca me perdoaria se deixasse algo de ruim acontecer a você. Sua mente é geniosa, sim, não duvide disso, porém nem todos são capazes de admirar o apogeu de sua genialidade.

Pippa rosnou. Talvez ela percebesse o clima tenso no ar ou sentisse muito pela situação em que sua dona estava. Infelizmente nenhum dos dois deliberou atenção para o animal. A cadelinha continuou rolando na tapeçaria enquanto lady Eliza implorava pela compaixão de seu aliado. Stanley continuava impassível. Não conseguia nem ao menos olhar a pupila, pois se cruzasse com aqueles olhos azuis — como os de Gustave — completamente marejados, ele cederia. Não era capaz de lidar com isso. Ver lady Eliza triste sempre trouxe imensa infelicidade para Julian Stanley.

— O que foi? — ela indagou quase em um lamento — meu artigo sobre o duque de Harrison? Minhas críticas a Hemsworthy?

— Harrison.

— Oras! — Eliza exasperou-se — O que eles esperavam? Vossa Graça estava tendo um visível affair com a moça, mas ninguém fez questão de notar apenas por se tratar do duque. Eu não escrevi nada com o intuito de criticá-lo, pelo contrário, pouco me importo com Harrison e sua vida privada. Minha crítica foi direta para a sociedade londrina, que por hora diz me odiar, mas minutos depois estão fazendo fila para comprar seu jornal e ler minha coluna.

— Lizzy, você ao menos sabe com quem está se envolvendo?

— Não sou capaz de me arrepender de minhas palavras. — Afirmou. — Londres não consegue viver sem minha coluna e eu não consigo viver sem escrever.

— Por favor, querida, não seja dramática.

— Dramática, Stanley?! — bradou — Eu sou nada sem seu jornal. Sou esquecida, não tenho marido, provavelmente nunca vou ter, e minha presença não é relevante para ninguém além de mim mesma e minha família.

— É relevante para mim.

Sim, você faz parte de minha família, ela pensou, porém permaneceu em silêncio. Lady Eliza não queria envolver seus sentimentos em relação a Julian Stanley nessa discussão. Nesse momento ele não era o Julian que ela guardava com muito carinho em seu coração, ele era seu chefe, seu mestre, o dono de seu destino. Sendo assim Eliza apenas calou-se. Ergueu cuidadosamente o olhar em direção ao homem e deixou com que sua íris reluzisse. Julian cometeu o erro de fita-la. Mergulhou naqueles suplícios olhos azuis e não teve escolha. Foi diretamente atingido.

— Lizzy... — ele balbuciou — você tem que me prometer uma coisa.

— O que desejar e o que for preciso, Julian.

Ele abanou no ar. Eliza encolheu-se.

— Não se martirize, por favor.

Ela assentiu. Stanley prosseguiu.

— Você deve me prometer que será mais cuidadosa. Será mais cuidadosa tanto em suas palavras quanto com sua identidade. Não contará para mais ninguém sobre sua coluna e tampouco quero que você fale sobre ela em público. Todo o cuidado é pouco, pois eles querem sua cabeça em uma bandeja.

— Como eu poderei diverti-los com minha cabeça separada de meu corpo? — a jovem ironizou.

— Eliza...

Todos me amam, Stanley. Amam Silewood até ela escrever sobre a pessoa, ou alguém que ela goste, ou até ela criticar alguma conduta social no qual...

— Eliza. — Stanley a interrompeu mais uma vez. Ela calou-se no mesmo instante.

— Eu prometo. — Disse, por fim. — Prometo que serei mais cuidadosa.

— Se as coisas saírem do controle você sabe o que serei forçado a fazer.

Ela sabia. Doía no fundo de sua alma, mas Eliza sabia.

— Sim, Stanley — Lizzy murmurou — eu serei cortada de seu jornal.

— Sim.

— E serei condenada a um completo antro de infelicidade.

— Poderá escrever peças de teatro aproveitando seu dom para o melodramático. — Julian resmungou, voltando-se novamente para a pilha de papéis que havia em cima de sua mesa.

Lady Eliza revirou os olhos com humor. Levantou-se e foi até onde Pippa estava, pegando-a novamente em seu colo. Não tardou para que seu nariz começasse a ficar vermelho e a coçar. Quase instantaneamente seus olhos arderam. Ela estreitou os olhos. Onde Pippa havia se metido durante esse tempo? Havia entrando em algum lugar empoeirado? Só podia ser. Eliza havia penteado seus pelos antes do passeio na esperança de deixar que todos caíssem bem longe de seu nariz.

Atchim!

Alérgica.

Atchim! Atchim!

Stanley aproximou-se com um lencinho. Lady Eliza agradeceu. Ele parecia estar sempre preparado para qualquer emergência. Se ela ficasse presa em uma ilha deserta e pudesse escolher apenas uma pessoa para fazê-la companhia, com certeza seria Julian, pois ela sabia que ele seria capaz de tira-los de lá com imensa facilidade. Pippa latiu.

— Não entendo como você sabe que é alérgica, mas tem tantos animais. — Julian acariciou o animal ainda no colo da lady. — Os mistérios de Eliza Gunning...

Ela riu.

— As coisas que mais amamos são também as que mais nos destroem, Julian.

Ele assentiu com um sorriso.

— Devo ir — Eliza disse — prometi para Bridget que iria tomar chá com ela e Samantha esta tarde.

— Até mais, Lizzy.

— E... — ela o fitou com ternura — sei que se preocupa comigo, mas também me preocupo com o senhor. Também tome cuidado com suas palavras, Julian. Seria a maior tristeza de minha vida se alguém fizesse algo contra você.

Stanley sorriu. Ele analisou Eliza, talvez um pouco surpreso com sua genuína — e repentina — preocupação. Mesmo assim, estava grato por todo carinho que recebia da jovem. Ele aproximou-se ainda mais dela e inclinou-se para baixo, em sua direção, depositando um beijo em sua testa. Ela corou por baixo das sardas e riu.

— Nada vai acontecer comigo, Lizzy. Nem com você. — Respondeu. — Não aconteceu em vinte anos, não será agora que vai.

Ela assentiu. Deveria acreditar nas palavras de Stanley acima de tudo.

— Até breve. Tome cuidado no caminho com você e Pippa. Ela está bem animada.

Lizzy riu.

— Nada que um passeio não resolva — ela disse caminhando em direção à porta — Vejo você em breve, Julian. Tenha uma boa tarde.

Ele assentiu. Despediu-se mais uma vez dela com um aceno de cabeça e voltou para sua mesa. Olhou para a pilha de rascunhos de seus editores, mas impediu-se de pegar qualquer um deles para ler. No jornal de Stanley as leituras eram por ordem de importância, sendo assim, alcançou uma folha decorada com rosas e perfumada com lavanda para ler primeiro. Suas palavras imediatamente o cativaram. Tudo o que ela escrevesse o cativaria.

Cara Londres,

Percebi nos últimos dias que nossa sociedade sofre de uma contagiosa doença que não nos permite faltar a um evento social sem sentir que estamos perdendo algo. É grave, perigosa e completamente fatal. Deixe-me explicar...

•••

Oi pessoal. Antes de tudo meu mocinho apareceu IHAAAA. Gostaram?

Depois, eu não queria mesmo escrever isso, mas enfim. Tô confusa. Vocês não tão gostando? Ou eu tenho que pedir em todo capítulo para ter votos ou comentários? Eu tento evitar, porque acho que vocês não gostam :(

Porém no último capítulo postado, apesar de ainda ter um tanto parecido de visualizações, a interação de vocês foi minúscula. Algo não agradou? Ou foi porque eu não lembrei no final pra vocês deixarem o incentivo? Porque se for algo que não gostaram, me avisem, posso refletir sobre isso.

Quem escreve sabe que é trabalhoso colocar aqui. Não tenho revisão profissional, mas tento revisar sozinha antes de postar, além de toda questão de escrever e layout. Então se eu ver que não vale a pena continuar, talvez não de mais prioridade para isso. Eu sei que é chato, mas vocês entendem que eu preciso saber, né?

Espero que me entendam. Amo (mesmo sem conhecer) todas vocês que apreciam minhas histórias ou minha escrita. Com amor e carinho,

Helo Turim.

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