MORDE E ASSOPRA

Von mariiafada

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#1 em chicklit 02/05/21 Dez coisas que você precisa saber sobre a Maria Madalena: 1. Ela teve seu coração re... Mehr

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AIDAN - PARTE I
AIDAN - PARTE II
VINTE E CINCO
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QUARENTA E CINCO
09/09
QUARENTA E SEIS
QUARENTA E SETE
QUARENTA E OITO

UM

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Von mariiafada


x x x

O calendário marca 12 de junho quando chego à Ilha Bela.

E na cidade na qual vivi boa parte da minha vida, junho só podia significar duas coisas: Chuva e Mais Chuva.

Na verdade, três coisas: Chuva, Mais Chuva e festas de São João. O que para mim já fazia valer a pena ter que enfrentar aquele temporal na estrada para chegar até em casa.

Como boa nordestina e mais especificamente uma boa baiana, São João era a minha época preferida do ano. E essa era primeira vez em longos três anos que eu me permitia voltar para casa a tempo dos festejos juninos.

Desde que me mudei para fazer faculdade em Salvador, passava pouco ou quase nenhum tempo na minha cidade natal, mesmo que estivesse só a cinco horas de distância. Fosse por estar ocupada com a faculdade ou por preferir ficar na capital, eu evitava voltar.

Parte de mim odeia admitir isso, mas eu me restringia a voltar somente nas férias de janeiro ou nos longos feriados porque o meu namorado odiava viajar e odiava me ter longe muito tempo.

Ele me dizia que era pouco prático ficar fora por tanto tempo e nós dois tínhamos muito o que fazer juntos em Salvador.

Se Luciano soubesse para onde eu estava indo agora mesmo... Acho que ele enlouqueceria.

A bem da verdade, se o Luciano enlouqueceria ou ficaria fulo da vida não era mais um problema meu, já que fazia exatamente seis horas que tínhamos terminado.

Sim, sou uma pessoa horrível.

Terminei um namoro de quatro anos e dez meses na véspera do dia dos namorados.

Eu sei, sou péssima.

Mas em minha defesa, se é que existe algo que possa servir como desculpa para os meus atos, eu estava farta dele; deixei minha infelicidade com aquele relacionamento se acumular por dentro até estar tão engasgada a um ponto de não conseguir falar ou pensar em mais nada a não ser que fosse:

Luciano, eu quero terminar com você.

Eu não estava só infeliz, estava profundamente miserável. Não que o Luciano fosse um namorado péssimo, pelo menos não conscientemente. Aos poucos a situação simplesmente mudou e eu me sentia mais um enfeite na sua vida do que qualquer outra coisa.

Parecia que éramos um casal por conveniência, porque era o esperado de um cara como ele e de uma garota como eu.

Até que ontem eu não consegui mais segurar e soltei as palavrinhas mágicas.

Eu... Quero... Terminar.

A reação dele foi não reagir. Luciano é um cara pragmático, odeia surpresas e coisas que não estavam marcadas na sua agenda semanal.

Então ele ficou parado no meio da sala, seu rosto completamente em branco enquanto segurava a garrafa de vinho.

Por fim, sorriu, confuso:

— Hã... O que você disse?

Suspirei e torci as mãos uma na outra.

—Eu... Eu quero terminar!

Suas sobrancelhas se ergueram em surpresa e seus ombros caíram:

— Mas temos a festa do meu chefe para ir na semana que vem, Madá. Eu já disse que levaria você!

O meu queixo despencou em incredulidade.

Eu tinha acabado de revelar que queria terminar o nosso relacionamento de quase cinco anos juntos e a primeira coisa que o filho da mãe pensou foi no maldito chefe e no maldito trabalho?!

Era inacreditável... Mas não tanto assim, na verdade. Não sei o porquê me surpreendeu ver o Luciano pensar em si mesmo e no seu emprego primeiro do que em nós — e em mim.

No final das contas não me senti tão mal assim em pegar todas os meus pertences e deixar a casa dele como um furacão raivoso, ignorando completamente as suas súplicas para que eu pensasse melhor se queria mesmo fazer isso.

Enquanto passava pela enorme placa de "Seja Bem-Vindo à Ilha Bela: visite nossas praias e se aventure em nossas cachoeiras!" repassava os argumentos do meu ex namorado para que não terminássemos a relação.

Ele resolveu discursar enquanto eu corria pelo apartamento, juntando minhas coisas.

Um: Provenho à você um tipo de vida privilegiado! Vai ser difícil encontrar outro cara disposto à isso... Madá, quer parar? Está agindo feito uma criança!

Passei por ele com a minha mochila, já com as roupas enfiadas lá dentro.

Dois!— Luciano insistiu. — Todos acham que somos o casal perfeito, os meus amigos ficarão arrasados ao saber que não estamos mais juntos... Já parou para pensar nisso? Um término atrapalharia nossa vida inteira! Não seria cômodo.

Cômodo? — Eu me senti fraca com o ceticismo, incapaz de acreditar naquele cara. — Estou dando a mínima para sua comodidade! Assim como você está dando a mínima para mim! — Rugi, pegando meus sapatos do armário e socando na mochila.

— Madá, se eu não ligasse para você, não estaria pedindo para que ficasse... Por favor! Seja razoável!

Ele ergueu os braços em desespero, enquanto eu marchava na direção da estante de livros e pegava os meus dali.

Deveria ter percebido que jamais daria certo: meus livros do Stephen King e Sidney Sheldon nunca combinariam com os seus do Olavo de Carvalho.

Finalmente me levantei e encarei Luciano com olhos magoados.

— Você só encontrou todos os motivos errados para me querer aqui — Respirei fundo, sentindo meu coração bater pesado. — Tchau, é melhor eu ir embora.

Tenrei passar por ele para chegar até a porta, mas Luciano se jogou na minha frente.

Espera! Motivo número três, eu tenho mais um motivo! — Parei, esperando que dissesse algo que resolveria tudo, mas o meu namoro simplesmente disse a coisa mais idiota que poderia dizer: — Somos muito bonitos e inteligentes! Nossa genética nos favorecerá a ter filhos incríveis. Já imaginou isso? Filhos talentosos! Qual é, Madá. Somos capazes de sobreviver à isso. Além do mais, sou feliz ao seu lado. Tê-la comigo é... Confortável.

Confortável? — Repeti, sentindo meus olhos arderem com a vontade de explodir em lágrimas.

Eu balancei a cabeça, engolindo em seco a onda amarga de decepção que me atingiu.

Resposta errada, Luciano. Resposta errada.

Passei por ele, abri a porta e a bati atrás de mim para abafar seus pedidos de desculpa.

Comecei a soluçar no elevador, me sentindo uma completa idiota. Nenhuma só vez ele me implorou para ficar porque me amava ou não porque não poderia imaginar viver sua vida sem mim.

E isso simplesmente quebrou meu coração. Luciano se importava mais com o que as pessoas iriam pensar e da "pouca praticidade" de não estar mais juntos do que realmente sentir minha falta.

Para ser completamente sincera, eu não esperava que fôssemos mesmo terminar. Estava contando com o fato de que ele iria finalmente perceber que precisava ser um namorado melhor e nós dois resolveríamos tudo.

Mas isso obviamente não aconteceu.

E perceber que as minhas suspeitas estavam certas e eu que não passava de um chaveirinho bonito que o meu namorado achava confortável ter por perto doeu feito o inferno.

Fiquei tão arrasada que peguei meu carro e comecei a dirigir. Só percebi que estava vindo na direção de Ilha Bela quando eram duas e meia na manhã e tarde mais para fazer o retorno.

E agora eu estou de volta.

É quinta-feira então não me preocupo em faltar ao trabalho: as minhas férias começarão oficialmente em cinco dias e a minha chefe só voltará de Morro de São Paulo daqui a duas semanas.

Além do mais, todo o trabalho que ainda tenho pra fazer poderia ser terminado pelo computador.

Parece que está tudo perfeitamente alinhado para que eu possa correr para os braços dos meus pais feito uma garotinha de doze anos enquanto me escondo da vergonha de ter investido tempo e amor e dedicação em um relacionamento fracassado com um cara que obviamente estava comigo só pelas aparências.

Chego às três da manhã e obviamente tudo está bem silencioso. Ilha Bela é uma cidade bastante interiorana, mas com alguns benefícios de capital.

Na verdade, ela é uma cidade "média" que se mantém apegada aos costumes de uma típico município do interior do sul da Bahia.

Todo mundo conhece todo mundo (ou quase isso), temos muitos parques e praças feitos ao redor de lindas e orgulhosas igrejinhas católicas, um centro comercial — e histórico — onde geralmente se encontra de tudo e uma generosa parte do que sobrou da mata atlântica ainda cerca a cidade mantendo o clima fresco e ameno a maior parte do ano.

O melhor de tudo era que se você se arriscasse o bastante por entre a mata encontraria cachoeiras que pareciam um verdadeiro paraíso perdido bem ali no meio da Bahia. A parte oeste da cidade era cercada pela praia, o que geralmente atraía turistas para cá no verão.

Sinceramente? Eu adoro demais essa cidade e me arrependo um pouquinho de ter decidido fazer faculdade fora.

Nós tínhamos uma Universidade Estadual bem ali, mas no alto da estupidez dos meus dezessete anos decidi que já tinha visto o suficiente de Ilha Bela.

E toda vez que eu voltava percebia como estava terrivelmente enganada.

Meu carro está chegando perto da casa dos meus pais quando meu celular começa a ser bombardeado com várias mensagem do Luciano.

O coração dá um pulo esperançoso, achando que iria receber finalmente a declaração de amor emocionada que esperava.

Quando estaciono o carro, pego o celular e checo as mensagens:


Ele está preocupado do que pode acontecer com o meu carro se eu dirigir bêbada mas não comigo?!

Quase tenho um acesso de raiva, quero ligar para aquele infeliz insensível e berrar umas verdades que ele merece ouvir.

Mas talvez a errada da história seja eu. Talvez eu tenha esperado um conto de fadas irreal e colocado as minhas expectativas em um patamar inalcançável.

Será mesmo que o Luciano tinha mudado ou ele sempre fora assim e só fui perceber nesses últimos meses, quando nossos jantares foram cancelados e aniversários de namoro deixaram de ser importantes — a não ser que fosse para que ele pudesse se exibir como bom namorado nas redes sociais ou para os amigos do trabalho.

Burra, burra, burra! Fui tão burra.

Desligo o meu celular e salto para fora do carro, estremecendo com a brisa fria da madrugada. Busco pelas chaves de casa e abro o portão silenciosamente.

A casa dos meus pais é grande e bonita, meu verdadeiro porto seguro, mas eu já a conheço muito bem até mesmo no escuro e evito ligar as luzes para não acordá-los.

Largo os sapatos na sala e subo as escadas até o meu quarto. Despenco na minha antiga cama, que graças à minha santa mãe sempre está feita e com lençóis cheirosos.

Afundo o rosto no travesseiro macio e começo a chorar de novo.

Mas dessa vez não choro pelo Luciano. Choro por mim, pela minha tolice que um dia tinha realmente acreditado que se casaria com aquele cara que se preocupava mais com um carro antigo do que comigo dirigindo bêbada.

Devo ter pegado no sono em algum momento, mas durmo com o pensamento determinado que nunca, nunca mais deixaria um homem me fazer de idiota.

xxx

Ahhhh! Esse foi o primeiro capítulo! O que acharam? Quero muito essa história dê certo, então não esquece da ⭐️, isso me faz muito feliz e ajuda o livro!

Tô ansiosa pra vocês lerem os próximos dois capítulos e conhecerem os outross personagens! Todos são hilários, to apaixonada por eles, como faz? Me ajudem a continuar animada com a história comentando e me contando (ou fazendo alguma pergunta) do que acharam lá no Instagram @lilithbooks VAMO INTERAGIR

Beijos, até quarta-feira

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