- Ela consegue nos ver? - Alice perguntou à Bonnie, olhando para Elena, que estava sentada no sofá, esperando a conversa terminar. Bonnie olhou para Elena também.
- Não, ela não consegue nos ver, mas consegue sentir sua presença aqui. - Bonnie estava calma, mas fazia cara de brava para poder intimidar Alice, que na realidade não estava funcionando.
- Andem logo com isso, você está ficando fraca Rosa do Deserto! - Damon disse, olhando para Alice.
- Damon, precisamos de tempo! - Alice disse simplesmente.
- Odeio concordar com... - Bonnie olhou para Damon enojada. - Ele... Mas ele tem razão, nós duas estamos ficando fracas a cada minuto, então precisamos ir rápido com isso.
- Tudo bem... Ah... Eu estava pensando em algumas formas de você nos ajudar a voltar e...
- Ah... Alice, eu quero deixar muita clara... - Bonnie interrompeu Alice. - Eu não vou enviar nada daqui até vocês.
- O que? Bonnie, por quê?
- O que ela está dizendo?
- Bonnie... - Damon e Elena falaram ao mesmo tempo.
- Sinto muito Alice, mas eu sei quem é sua família, sei do histórico deles e se tem um feitiço que protege você da gente, então deve ter um motivo.
- Bonnie, eu não sou como a minha família tá bom? Eu não sou como eles! - Alice fez menção de chorar e Damon já estava mais que agoniado.
- Sinto muito, mas não posso pôr em risco a cidade os amigos que a minha família já fez de tudo para proteger, principalmente a minha avó.
- Bonnie... Por favor. - Alice implorou.
- Eu vou te dizer como o Damon e você podem voltar, mas as chances de vocês voltarem são pouquíssimas.
Alice estava triste, mas não surpresa. Ela lembrou de que a Bonnie estava em uma época complicada, onde o seu pior inimigo era o Damon, mas agora Alice também havia se tornado sua inimiga.
- Tudo bem... - Alice criou forças.
- Existem três grimórios espalhados pela área e você...
- Eu já peguei dois, na verdade meu amigo e eu... Mas, quando fomos pegar o terceiro, uma bruxa morta apareceu e levou ele.
- Uma Collins? - Bonnie perguntou e Alice assentiu. - Tudo bem... Ah... Você tem que pegar o terceiro, ele é o mais importante e provavelmente vai te mostrar o caminho.
- Provavelmente... - Alice sussurrou.
- O que ela está dizendo? - Damon reclamou e elas ignoraram.
- Bonnie! - Stefan gritou, chegando na pensão e chamando a atenção de Bonnie e Alice. Ele se aproximou de Bonnie.
- Stefan... - Alice sussurrou e Damon se atentou.
- Ela está aqui e ela pode ver você... - Bonnie disse. - Quer dizer alguma coisa? Tem que ser rápido.
- Alice, eu quero ajudar vocês, mas preciso de tempo e não sei se vou conseguir, mas por favor, não desistam de voltar...
Bonnie parecia revoltada com as palavras de Stefan, já que ela não queria que eles voltassem. Alice assentiu e sentiu como se conhecesse Stefan há anos, como se ele soubesse de tudo sobre ela e por algum motivo aquilo fez com que Alice começasse a chorar.
- Rosa do Deserto... - Damon se aproximou dela.
- Tchau Bonnie... - Alice dissez entre lágrimas, e então, cortando a conexão das duas.
Alice não sabia o que fazer, não sabia quanto tempo iria demorar para conseguir o terceiro grimório. Ela tinha que treinar, mas quanto? Ela tinha que persistir, mas quanto?
Quando Bonnie disse a ela que não iria ajudar, então ela percebeu que esperar um sinal de Bonnie não a levou à lugar nenhum. Ela estava magoada, mas nem mesmo ela sabia com quem ou o que. Parecia mais um daqueles momentos em que todos param para refletir sobre a vida e acabam péssimos por um pequeno ou grande detalhe. Ela simplesmente se jogou para trás no chão, para que pudesse deitar, mas Damon a pegou e se ajoelhando, a abraçou de costas.
- Meu bem, o que ela disse? Por quê você ficou assim? - Damon perguntou, preocupado com o choro de Alice. Sem respostas dela, ela apenas continuou chorando e abraçando forte os braços de Damon em volta dela. - Alice, eu não aguento ver você chorar... Eu não sei, eu... Olhe para mim.
Damon pediu e virou o corpo de Alice para si. Ela o olhou com os olhinhos brilhantes, inchados e cheios de lágrimas. Damon passou os dois polegares sobre suas bochechas e ao redor de seus olhos para limpar as lágrimas da garota, mas elas continuavam escorrendo. Damon a abraçou novamente.
- Tudo bem se não quiser conversar sobre isso...
Damon ficou mais de cinco minutos com Alice em seus braços, até que decidiu carregá-la até o quarto dela. Ela já havia parado de chorar, mas ainda não queria falar nada. Ele conseguia sentir o cheiro do seu perfume doce e o cheiro que tinha o shampoo com que ela lavava seus cabelos castanhos. Ela o apertava sobre si e ele gostaria muito que ela fizesse aquilo em ocasiões melhores, mas ele sabia que talvez ela nunca faria.
Quando chegaram ao quarto dela, Damon a colocou sobre a cama e pensou em deixá-la sozinha por um tempo.
- Damon... - Ela chamou quando ele já estava na porta do quarto, prestes a sair. - Deite aqui, por favor...
Damon a encarou por um tempo e depois assentiu. Já era a terceira vez que Alice chorava em sua presença, e era a terceira vez que ele não sabia o que fazer para ajudar. Então, ele deitou ao lado de Alice, que sem pensar duas vezes, o abraçou, colocando sua cabeça em seu peito. Damon começou a acariciar seus cabelos, até Alice dormir.
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Quando Alice abriu os olhos, ela sentiu seus olhos inchados e doloridos. Ela quase se esqueceu de que havia chorado até dormir.
- Hora de acordar, dorminhoca. - Damon falou aos ouvidos de Alice, que se assustou, já que ela havia esquecido da presença dele ali.
- Damon... - Alice o encarou e voltou a deitar sua cabeça no peito dele. - Que horas são?
- Não sei, - Damon olhou através da janela. - mas já está escuro. Dormiu bem?
- Sim, até demais. - Alice se sentou na cama e bocejou. - Você é um bom travesseiro.
- E não sou? - Damon ironizou e os dois sorriram. - Você é um bom cobertor.
- Obrigada.
- Eu vou fazer panquecas. - Damon se levantou da cama.
- Mas ainda está de noite.
- Mas você acabou de acordar.
- Você dormiu?
- Um pouco.
Damon já estava saindo do quarto quando Alice o chamou:
- Damon...
- Sim? - Ele se virou para ela.
- Acho que eu quero conversar agora...
Damon suspirou, assentiu e andou até a cama, sentando nela em seguida.
- Você não precisa...
- Eu quero... - Alice interrompeu. - Quando eu estava conversando com a Bonnie, ela me contou que ela já sabia sobre a minha família e que não iria mais nos ajudar a voltar, porque somos um perigo para a cidade.
- Por isso você chorou? - Damon perguntou e Alice assentiu.
- Não só por isso... É que... - Alice parou para refletir. - Eu estava tão esperançosa, que acabei esquecendo que Bonnie está em uma fase muito chata e difícil. Esqueci que minha família é inigima número um de vocês agora, e... Tudo o que eu faço Damon, tudo. Tudo leva à minha família... Todos as minhas ações, falhas, escolhas, memórias, tristezas e decepções, tudo tem relação com a minha família. Não importa por onde quer que eu ande, eles sempre estarão lá para me assombrar. Eu sempre pago todas as consequências... E agora, meu irmão está nas mãos do Klaus, sem conseguirmos voltar ainda, Max está preso, minha família ainda está atrás de mim, e tudo por minha culpa. Parece que tudo o que está acontecendo, está sendo culpa da minha família, mas sinto como se fosse tudo culpa minha.
- Ei... - Damon se aproximou mais de Alice e pegou seu rosto com as duas mãos. - Você não tem culpa de ter nascido e crescido com uma família assim, tá bom? Mas você vai ter culpa se não fizer nada para mudar isso, se não trouxer justiça, okay? Você não tem culpa Rosa do Deserto...
- Obrigada, Damon. - Sem pensar duas vezes, Alice envolveu seus braços em Damon, apertando-o forte. Damon sorriu.
- Bom... - Alice recuou. - Acho que estou pronta para voltar a treinar.
- O que? - Damon se indignou. - Não, Rosa do Deserto, você está abalada, não pode treinar assim!
- Damon, você sabe que eu tenho, temos que vol...
- Não, não temos que voltar... Eu já disse que por você eu desisto de voltar para qualquer lugar!
- Você está falando por impulso!
- Sim Alice, eu estou falando por impulso. - Damon se levantou da cama. - Pelo impulso de proteger você à qualquer custo, pelo impulso de não perder você! Você é tudo o que eu realmente tenho há muito tempo, e eu não posso perder você Alice, principalmente para o Klaus!
- Damon...
- Eu não posso deixar você ir com o Klaus...
- Damon, não depende de você! - Alice gritou. - Eu escolhi ir com o Klaus para proteger tudo o que eu tenho e para proteger tudo o que é de importância para você! Eu tenho que proteger o meu irmão, e eu tenho que proteger você! Não posso deixar que ele machuque nenhum de vocês ou as pessoas que vocês amam....
- Por que faz isso? - Damon tentou ser bem específico nessa pergunta.
- O que? - Alice achou que tinha entendido errado.
- Por que você faz tudo isso por mim? Por que se importar comigo desse jeito, se você me conhece e sabe que eu sou ruim? - Damon queria que Alice dissesse o que ela sentia.
- Damon...
- Responda.
- Tudo bem... Você Damon Salvatore, apareceu na minha vida como um furacão... Bagunçou toda a minha mente com bruxas, vampiros e Mystic Falls. Sim eu conheço você, e você não é ruim, não de verdade... Sei que aí dentro existe um homem muito bom e não, não estou tentando mudar você, você sabe mais do que ninguém que eu aceito todas as suas falhas... Você se tornou meu melhor amigo em pouco tempo e eu quero o seu bem sempre.
- Só por isso? - Damon estava pensativo.
- Sim. - Alice mentiu.