Arte & Guerra

By Sumshinellen

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Elizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jo... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Agradecimentos

Capítulo IX

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By Sumshinellen

A marca do tapa não ficou por muito tempo, mas não consegui tirar o acontecimento da cabeça. Na hora de ir embora, encontrei Julie em frente aos nossos armários e contei sobre o ocorrido.

- Você só falou o que todo mundo pensa. – minha melhor amiga deu de ombros, enquanto guardávamos os livros.

- Ainda assim, ela me pareceu bem magoada. – argumentei.

Julie bateu a porta do armário e me abraçou.

- Não foi nada demais, Liz. – ela disse. – Eu teria feito bem pior.

Tentei sorrir.

- Pare de se sentir culpada. – Julie revirou os olhos. – Agora preciso ir, tenho algumas coisas para resolver. Qualquer coisa me manda uma mensagem.

Ela saiu da escola andando rápido. Estranhei. Por que ela estava tão apressada? E por que não me contou o que precisava "resolver"? Nada típico de Julie, mas deixei para lá.

Segui meu caminho para o local onde o time de hóquei treinava.

Como de costume, sentei-me na arquibancada e assisti aos meninos treinarem. Seth parecia aluado hoje, errava passes e jogadas. Será que isso tinha alguma relação com todo o drama envolvendo a Natally?

Quando o treino acabou, esperei Jonathan se trocar no vestiário e vir se sentar ao meu lado, como sempre fazia desde que começamos a forjar esse namoro. Não pude evitar o sorriso quando lembrei que agora tudo isso era real.

- Não acredito no que a Natally fez com o Seth. – ele comentou, antes que eu pudesse falar qualquer coisa. – Viu como ele parecia estar em outro planeta?

Concordei com a cabeça.

- Temos um dos últimos jogos nesse sábado. – JoJo parecia irritado. – O ano está acabando, o time irá se desmanchar, cada um seguirá o próprio caminho, e tudo o que queremos é focar no hóquei, não em ex-namoradas que aparecem para nos estapear sem motivo.

Permaneci em silêncio enquanto Jonathan me relatava como tudo aconteceu:

- Estávamos no corredor pegando os livros para o segundo horário quando ela chegou irritada e parou na frente do Seth. Os outros caras do time não entenderam nada, porque ela simplesmente sussurrou algo no ouvido de Seth e lhe deu um tapa.

- E o que ele fez? – questionei, tentando não soar culpada.

- Ela se afastou antes que Seth pudesse falar qualquer coisa. – Jonathan respondeu. – Mas seja lá o que tenha acontecido, deixou ele bem irritado.

- E o pessoal do time?

- Ben começou a fazer piadas sobre "a garota irritada que socou o capitão do time". – JoJo revirou os olhos.

- Benny não aprende nunca. – comentei. Meu vizinho era o campeão em fazer piadinhas com assuntos sérios.

Ficamos em silêncio até Jonathan falar:

- Queria te pedir uma coisa.

Olhei para meu namorado. Ele parecia inseguro, então tentei lançar um sorriso gentil, incentivando-o a falar.

- Meus pais querem te conhecer. – JoJo disse. – Perguntaram se você não gostaria de ir jantar na minha casa hoje.

- Hoje? – senti meu coração acelerar.

E se eles não gostarem de mim? Pensei em uma cena horripilante dos pais de Jonathan me odiando e obrigando o garoto a terminar comigo.

- Entendo se achar muito cedo. – ele acrescentou, provavelmente ao ver minha expressão de pavor.

- Está tudo bem, JoJo. – respondi.

- Eles vão gostar de você, não se preocupe. – ele piscou e beijou minha bochecha.

Abri um sorriso, tentando disfarçar o nervosismo.

- Estarei lá.

A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi ligar para Julie.

- Os pais dele querem me conhecer! – falei, desesperada, assim que ela atendeu.

- Estou indo até aí. – ela desligou.

Enquanto esperava minha melhor amiga vir ao meu resgate, fiz chá de camomila para tentar me acalmar. Não deu muito certo, e quando Julie chegou eu estava andando ansiosa de um lado para o outro no meu quarto.

- É só um jantar, Liz. – ela tentou me acalmar.

- Mas e se eles não gostarem de mim? – perguntei.

Começamos uma discussão sobre isso. Julie afirmava que eu era uma pessoa legal e que Jonathan gostava de mim, então não havia o menor motivo para os pais dele desgostarem de mim; por outro lado, eu tinha medo de não me acharem interessante o suficiente para o filho deles.

Julie se irritou e desistiu de me convencer.

- Se eles vão te odiar, pelo menos quero que esteja linda. – falou. – Sente-se aqui para que eu te transforme em uma princesa. – apontou para a penteadeira no canto do quarto.

Obedeci, e ela começou a me arrumar.

Como sempre, ela deixou minha maquiagem incrível, o cabelo estonteante e o look perfeito para a ocasião.

- Esse vestido é fofo e sério na medida certa. – Julie explicou, levando-me para a frente do espelho. – Vão te achar meiga, mas também madura.

- Se é o que você diz. – dei de ombros.

Encostei-me no parapeito da janela e fechei os olhos, respirando fundo.

- Vai dar tudo certo. – falei pra mim mesma.

- Ah, não. – Julie disse.

Abri os olhos, confusa.

- O que? – mas ela encarava algum ponto atrás de mim.

- Não você. Ali. – ela apontou.

Segui seu olhar até a janela de Benny. Ele estava sentado na cama com uma garota, eles se beijavam com uma intensidade que só poderia terminar de um jeito. Fechei as cortinas.

Julie e eu começamos a rir.

- Lembro da primeira vez que conheci os pais de Ryan. – ela contou, de repente. – Estava muito nervosa, mas eles foram muito gentis comigo. Tenho certeza de que é o que acontecerá com você.

A voz dela estava estranha. Pensei em perguntar como ela andava se sentindo em relação ao Ryan, mas sabia qual seria a resposta: estou bem.

- Espero que sim. – foi o que respondi.

Julie ficou comigo até a hora do jantar, conversando e me mantendo calma. Era realmente a melhor amiga do mundo.

Jonathan veio me buscar.

- Você está linda. – Jonathan falou ao me ver.

Tentei responder, mas estava nervosa demais para isso.

- Ei, fique tranquila. – ele pareceu ler meus pensamentos. – Eles vão te adorar. – me deu um beijo.

Caminhamos até a casa dele em silêncio. O local era bem diferente sem todas as pessoas dançando e bebendo no jardim de entrada. Entrarmos na sala de estar e os pais dele sorriram para mim.

- Quero que conheçam Elizabeth Wright, minha namorada. – JoJo falou, passando o braço ao redor dos meus ombros.

Senti meu rosto corar. A mãe dele se levantou primeiro e me cumprimentou. O cabelo escuro como o de Jonathan estava preso em um rabo de cavalo, os olhos verdes brilhavam e as rugas se intensificavam quando ela sorria.

- Eu sou Anna Marie. É um prazer finalmente te conhecer! – ela parecia alegre. Em seguida, falou baixo o suficiente para que apenas eu escutasse: – Jonathan nos falou tanto de você!

Em seguida, o pai dele se aproximou e apertou minha mão. Era alto e forte, mas tinha olhos escuros gentis, como o filho, e, perto de um dos olhos havia uma cicatriz. Lembro-me de Jonathan comentando que seu pai era um veterano, então a marca provavelmente era uma lembrança permanente das guerras das quais participou.

- David. – apresentou-se. – Vamos jantar, pois estou morrendo de fome. – brincou. – Você vai se apaixonar pela comida que a Anna faz. É a melhor desse país inteiro.

A mulher riu.

Sentei-me ao lado do meu namorado na mesa de jantar. Estava mais calma, pois tive a impressão de que eles gostaram de mim. Tudo seguia de acordo com o planejado.

- Cadê o Josh? – JoJo quis saber.

- Já está vindo. – o pai respondeu.

Jonathan gritou, sem sair da mesa, pedindo para o irmão se apressar ou começariam a comer sem ele.

- Quando Johnny disse que você era bonita, não pensamos que fosse tanto. – Anna Marie comentou.

- Ela é linda. – JoJo me olhou, tímido.

Apenas sorri. Ele me achava linda e me elogiou para os pais dele. Bons sinais.

- É verdade que aqueles quadros que Jonathan me mostrou foram pintados por você? – o pai perguntou.

- Sim. – respondi. – Pretendo ingressar na faculdade de artes da cidade.

- Aposto que vai conseguir, já que é tão talentosa. – a mãe dele sorriu, acentuando novamente as rugas em seu rosto.

O irmão de Jonathan entrou no cômodo, desculpando-se pela demora. Tinha as feições fortes do pai e os mesmos cabelos loiros, mas seus olhos eram verdes como os da mãe.

- Então essa é a famosa Elizabeth? Meu nome é Joshua, muito prazer. – ele sorriu. Diferente do sorriso bobo e espontâneo de Jonathan, o dele era contido.

Josh ajudou a mãe a servir todos na mesa. Comecei a comer e percebi que Anna Marie realmente cozinhava muito bem, não havia um defeito sequer naquela refeição.

- O senhor tinha razão. – falei para o pai de Jonathan. – Essa comida é maravilhosa.

David piscou para mim.

Começamos a falar sobre hóquei e vários outros assuntos.

Tudo estava bem, até tocarem em um assunto delicado: o exército. Senti um aperto no coração e um embrulho no estômago, mas me forcei a abrir um sorriso.

- Estamos muito orgulhosos de você, maninho! – Josh falou, sendo apoiado pelos pais. Busquei a mão dele por baixo da mesa e a segurei.

Conforme Jonathan contava sobre as instalações da base militar e o treinamento que estava recebendo, fui perdendo a fome. Fiquei encarando a comida de Anna Marie, que já não parecia mais tão gostosa, enquanto pensava em todas as coisas horríveis que poderiam acontecer com JoJo caso ele fosse convocado para o exército. Eu sabia que esse era o sonho dele, além de ser um motivo de orgulho para a família Ross, então estaria sendo muito egoísta em ficar chateada com ele por isso, mas também era impossível ficar alegre.

- O que você acha disso, Elizabeth, querida? – a mãe dele me perguntou.

- Eu... – pensei em uma resposta. Não poderia ser sincera, estragaria o jantar. – Fico muito feliz por isso. Que tipo de namorada eu seria se não ficasse orgulhosa, não é mesmo?

Involuntariamente, apertei a mão de Jonathan por baixo da mesa. Ele encarou rapidamente nossos dedos entrelaçados, mas não falou nada, apenas retribuiu o gesto.

A família recomeçou o papo sobre o exército. Coloquei meu melhor sorriso no rosto e permaneci calada, ouvindo enquanto Joshua e o pai de Jonathan contavam sobre suas experiências como soldados. Meu namorado estava tão animado e entretido com a conversa que, sem perceber, soltou a minha mão embaixo da mesa para gesticular.

Depois de algum tempo, Anna Marie me chamou para a cozinha, pedindo que eu a ajudasse com a louça. Quase suspirei aliviada por poder sair de perto daquele assunto.

Em silêncio, começamos a limpar os pratos.

- A senhora não tem medo de perder um deles? – perguntei.

Ela me olhou, séria, durante alguns instantes.

- É claro que tenho. – respondeu. – Primeiro Josh, e agora Johnny... – soltou um suspiro longo e triste. – Não seria justo impedi-los de realizar o sonho, mas eu realmente gostaria que eles tentassem algo menos perigoso.

- Como jogar hóquei?

Ela concordou com a cabeça, abrindo um sorriso, antes de falar:

- Jonathan é um bom menino, e realmente gosta de você. Não quero que ele passe pelo mesmo que Ryan está passando... – ela deixou a frase no ar quando Jonathan apareceu na porta da cozinha, oferecendo-se para ajudar com a louça.

Na hora de ir embora, meu namorado me levou até a porta da minha casa. Ficamos em silêncio durante todo o percurso, apenas caminhando de mãos dadas.

Paramos na porta da minha casa e nos encaramos.

- Durante o jantar, você parecia incomodada com o assunto. – Jonathan começou, trocando o peso de um pé para o outro. – Não vai desistir de mim, vai?

Puxei Jonathan para um abraço. Fechei os olhos, e naquele momento percebei que jamais iria querer abrir mão da sensação de seus braços em volta de mim, do sorriso bobo e gentil, de vê-lo jogar hóquei...

- Não conseguiria nem se eu quisesse. – fui sincera.

- Sei que é cedo para falar isso, mas... – ele começou, mas seja lá o que fosse dizer, foi interrompido por um carro estacionando na entrada de casa.

Eu tinha me esquecido que meus pais também tinham saído para jantar hoje a noite, e estavam voltando agora. Sorriram quando nos viram.

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