Arte & Guerra

By Sumshinellen

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Elizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jo... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Agradecimentos

Capítulo V

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By Sumshinellen

Durante a semana que se seguiu depois do término entre Julie e Ryan, minha melhor amiga parecia em outro mundo. A rotina dela se tornou ir até a escola e fingir prestar atenção nas aulas, depois voltar comigo para casa (alegou que não queria ficar sozinha) e sentar no meu sofá. A mãe dela entendeu perfeitamente o motivo de a filha estar "acampando" na minha casa: precisava de uma melhor amiga em tempo integral.

Depois de ouvir a garota chorando escondida no banheiro algumas vezes, tentei distraí-la, talvez uma ida ao shopping fizesse bem. Mas nem assim Julie conseguiu disfarçar a cara de enterro. Foi então que deduzi que ela precisava de um tempo.

Sempre que eu a questionava sobre o motivo de não voltar para o Ryan e simplesmente voltar a ser feliz, ela respondia:

- Ele faz parte do exército agora. Se a gente ainda estiver namorando quando ele for servir longe de mim, será muito pior para nós dois. É o melhor, Liz.

Mesmo que ela insistisse nisso, eu e ela sabíamos que não era o melhor. Ryan ligava escondido todos os dias para me perguntar se ela mudou de ideia ou se já tinha superado. A resposta era sempre a mesma:

- Não, ela não mudou de ideia e nem superou.

Algumas vezes, Jonathan ligava para mim quando Ryan aparecia na casa dele e começava a se lamentar, como agora. Olhei para o relógio: dez horas da noite. Saí do meu quarto, deixando Julie e um filme de drama para trás.

- Sei que é tarde, e me desculpe por te ligar, mas o Ryan está aqui em casa de novo, insistindo para que eu te peça para convencer Julie a voltar com ele. – ele comentou ao telefone, com um longo suspiro. Era a terceira vez essa semana. – De novo.

- Julie insiste que não conseguirá conviver com esse lance do exército. – comentei, indo até a cozinha.

- Eu não entendo... – a voz de Jonathan soou confusa do outro lado da linha. – Ela sempre soube que esse era o sonho dele, não faz sentido terminar agora.

- Segundo ela, é o melhor para os dois. – falei.

- Ah, pelo amor de Deus! – JoJo soou exasperado. – Todos nós sabemos que não é!

- Ir até a sua casa e te obrigar a me ligar também não ajudará ninguém. – reclamei. – Não podemos obrigá-los a voltar, eles precisam conversar e resolver isso.

- Acha que consegue convencer Julie a encontrar com ele amanhã? – Jonathan perguntou.

Pensei por um instante. Minha melhor amiga realmente não parecia disposta a conversar com Ryan, nem vê-lo, e com certeza me mataria se soubesse que estou tramando esse encontro pelas costas dela.

- Não. – fui sincera. – Mas posso fingir que não sei de nada.

- Ele aparece lá comigo, nós dois saímos de perto e eles não terão outra escolha a não ser conversar. – Jonathan traçou o plano.

- Parece ótimo. – ironizei. – Julie vai adorar.

O garoto riu do outro lado da linha.

- Talvez dê certo, eles voltem e sejamos os heróis.

- Ou ela me mate.

- Também é uma possibilidade. – ele concordou. – Vamos torcer para que isso não aconteça.

Na manhã seguinte, segui o plano de fingir que não sabia de nada. Quando Julie e eu chegamos perto da escola, Ryan veio em nossa direção. Jonathan não estava com ele, então deduzi que já tinha fugido da cena. Fiz o mesmo.

Minha primeira aula era, na verdade, um horário vago que eu usava para adiantar projetos escolares, estudar ou pintar. Hoje, escolhi a última opção. Fui até a sala do clube de arte.

Poucas pessoas estavam lá, incluindo Natally, a garota mais chata de toda a escola. Nunca nos demos bem porque ela implicava com todo mundo, o tempo todo. Sempre que me via, comentava sobre como minha arte era amadora, como meu cabelo estava bagunçado ou como eu nunca conseguiria um namorado.

Sentei-me o mais longe possível dela, peguei uma tela e tintas e comecei a pintar uma coisa sem forma e sem sentido, mas muito colorida.

Alguns minutos depois, Jonathan apareceu na sala e se sentou ao meu lado. Ele estava vestindo preto novamente, da cabeça aos pés. Nunca tinha reparado nessa obsessão dele com a cor antes, mas realmente lhe caía bem.

- Eles conversaram e não deu certo. – Jonathan comentou, frustrado.

- O que aconteceu?

- Ryan me mandou uma mensagem tem uns minutos. – ele pegou o telefone e leu: – "Julie começou a chorar e gritar comigo, depois saiu correndo". Ele também mandou vários emojis tristes. Ele só os usa quando está realmente no fundo do poço.

Suspirei e voltei a encarar minha pintura.

- Parece uma melancia, ou talvez um tigre comendo uma melancia. – Jonathan apontou para o quadro, explicando o que via.

Dei risada.

- Pode ser simplesmente uma pintura abstrata. – dei de ombros.

- Não, Lizzy. – ele discordou. Assumiu um tom de quem entende do assunto. – Definitivamente é um tigre comendo uma melancia.

Não consegui responder, já que Natally resolveu gritar para toda a sala de arte ouvir:

- Olhem! Elizabeth está tentando arrumar um namorado! Finalmente!

Enrubesci na hora. Todos que estavam na sala voltaram a atenção para nós, mas não pareceram interessados e logo retornaram para as próprias vidas. Jonathan me encarava, mas não consegui sustentar seu olhar. Por que Natally fez isso? Eu a odiava cada vez mais.

- Ela... O que acabou de acontecer? – ele perguntou, baixinho. – Qual é o problema dessa garota?

- Síndrome de idiotice aguda. – respondi, ainda sem olhar para Jonathan. – Ela faz esse tipo de coisa com frequência. Deixa para lá.

- Desculpe. – a voz de Natally surgiu atrás de nós. – Achei que você tinha deixado de ser sozinha, mas ele deve estar aqui por pena ou para pedir algum favor.

Virei para encará-la. Se olhar matasse, Natally estaria morta. Ela estava sorrindo para mim, esperando uma resposta. Obriguei-me a ignorar essa idiota, mesmo que a minha vontade fosse pular no pescoço dela e drenar todo aquele sangue venenoso. Lembrei a mim mesma que tudo o que ela quer é semear o ódio.

- Ela não está sozinha. – Jonathan respondeu, depois de alguns segundos.

Olhei-o, sem entender. Natally arqueou as sobrancelhas e abriu um sorriso de deboche. Jonathan sorriu de volta, não o sorriso bobo que costumava ter, mas um cheio de escárnio. Às vezes, pergunto porque essas coisas só acontecem comigo. Deve ser algum tipo de teste do universo.

- Como ela pode ser sozinha se namora comigo? – ele perguntou, o sorriso estático no rosto.

- Ela não namora com você. – Natally revirou os olhos.

- Você não sabe se estamos namorando ou não, megera. – Jonathan ficou sério. – Agora, por que não vai arrumar algo melhor para fazer?

- Vamos sair de perto dela. – falei, entrando no jogo dele.

- Venha, namorada. – ele deu ênfase na última palavra, e me ofereceu o braço.

Levantei e saímos, juntos, da sala de artes. Natally nos encarava, irritada.

Seguimos em silêncio pelo corredor, até estarmos longe o bastante para que ela não nos visse ou ouvisse.

- Obrigada pela ajuda. – agradeci.

Ele sorriu.

- Não foi nada demais. – respondeu. – Natally é realmente uma idiota. Não me surpreendo que Seth não tenha conseguido manter um namoro com ela.

No começo do ensino médio, Natally e Seth (quando eram pessoas bem diferentes do que são agora) tiveram um relacionamento. Foi uma das coisas mais estranhas que já vi na vida, mas eles pareciam realmente felizes, até que um belo dia pararam de conversar e evitavam estar no mesmo ambiente. Foi tão de repente e sem explicação que ninguém entendeu nada, e muito menos eles comentavam sobre isso. Era como se esse namoro nunca tivesse acontecido.

- Tive uma ideia. – Jonathan falou, de repente.

- O que?

- Natally precisa acreditar que você está namorando comigo, certo?

- Certo.

- E eu preciso me livrar daquela garota que fica me chamando para sair. – ele continuou o raciocínio. – Você se lembra dela, daquele dia no treino?

Concordei com a cabeça. Como eu poderia esquecer?

- A sua ideia é que fingir um namoro para que as duas parem de encher o nosso saco. – deduzi.

Jonathan sorriu.

- Você é tão inteligente. – brincou.

- Precisamos ser convincentes. – falei, encarando-o. – Isso quer dizer que você precisa agir como meu namorado e ir nas exposições de arte e essas coisas comigo.

- E você precisa ir aos treinos do time sempre que possível, afinal você está apoiando seu namorado. – ele informou.

- Não me importo de ir aos treinos do time, desde que eu possa pintar lá.

- Não acho muito prático, mas fechado.

Trocamos um aperto de mãos.

- Agora preciso ir para a aula. – anunciei, olhando o relógio. Em breve, o sinal tocaria e eu precisaria correr para a sala.

Jonathan sorriu para mim e depositou um beijo na minha bochecha.

- Eu poderia te beijar, mas é contra as normas da escola. – ele explicou. – Caso alguém veja, posso ser suspenso do time. Talvez em outro momento.

Ele piscou e se afastou. Não entendi muito bem o que aquilo queria dizer, mas não tive tempo para pensar nisso. O sinal tocou e eu corri para a sala.

Quando as aulas do dia acabaram, encontrei Julie e caminhamos até a minha casa. Ela estava com os olhos inchados e vermelhos, mas tentou fingir que estava tudo bem e me lançou um sorriso amarelo.

- O que aconteceu? – perguntei.

- Eu quero ir para casa, Liz. – ela fungou. – Tudo o que quero fazer é me deitar e tomar chocolate quente.

- Julie... – soltei um suspiro. – Até quando vai ficar assim? Por que não faz as pazes com o Ryan?

- Porque eu preciso me acostumar a viver sem ele, e vice-versa, já que ele quer tanto servir ao exército e ser mandado para longe. – o tom dela foi tão amargo que deixei o assunto para lá.

Minha casa era a apenas dois quarteirões de distância da escola. Já estávamos na metade do caminho. Julie estava caminhando na frente, cabisbaixa. Peguei meu celular e enviei uma mensagem escondida, pedindo que Benny fosse até a minha casa para conversarmos com minha melhor amiga. Ele concordou.

Julie subiu para o meu quarto e se deitou, enquanto fui para a cozinha preparar um chocolate quente para ela. Sou uma ótima melhor amiga.

Meu celular tocou nesse meio tempo. Jonathan.

- Ei, namorada. – ele falou. – Esqueci de te perguntar se você estará livre daqui duas semanas.

- Por quê? – estranhei.

- Minha festa de aniversário.

- Claro. – concordei.

Jonathan disse, então, que enviaria a data e o endereço por mensagem.

Bendyk chegou pouco depois. Subimos juntos para o quarto. Entreguei a xícara para a garota e esperei que ela bebesse alguns goles antes de comentar, casualmente, que Benny estava aqui para conversar.

Sentamos em um pequeno círculo no tapete do meu quarto. Julie não parecia estar com a menor vontade de ouvir o que tínhamos a dizer, mas continuou ali.

- Então... – comecei desajeitadamente. – Você sabe que estamos preocupados com você, não sabe?

- Está triste e terminou com o Ryan por algo que nem aconteceu. – Benny acrescentou.

- Não aconteceu ainda! – Julie protestou.

Uma longa conversa sobre os perigos do exército se iniciou. Julie afirmava que coisas ruins poderiam acontecer, e nós argumentávamos que ele poderia ficar seguro em algum lugar que não uma linha de frente nas guerras (Jonathan nos deu algumas dicas de como ganhar essa discussão).

Interrompi depois algum tempo:

- Julie, olhe para mim. – pedi. – Você ama o Ryan, certo?

- Sim...

- Sabe que é o sonho dele, certo?

- Sei, mas...

- Então aceite. Sem mas. Você o ama, ele te ama e isso é o que importa. Ele vai voltar bem das missões, e vocês vão se reencontrar. – falei, finalmente desabafando tudo o que pensava sobre a situação. – Não pode abandonar quem você ama porque ele quer seguir um sonho.

Julie deixou a xícara de chocolate quente de lado. Benny e eu trocamos um olhar, esperando a garota falar alguma coisa, mas ela só se levantou e saiu do meu quarto. Ouvi seus passos pesados descendo os degraus, e, em seguida, a porta da frente batendo.

- Maravilha de conversa. – Benny comentou, algum tempo depois.

Eu não sabia se ela havia finalmente entendido e estava correndo para reatar seu namoro com Ryan ou se estava magoada. Torci pela primeira opção.

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