Ensina-me amar

By alinemoretho

535K 62.3K 11.1K

Sarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de... More

Bem-vindo@:
Epígrafe
Prólogo
Um: Desamparada
Dois: Socorro
Três: Amizade
Quatro: Uma Chance
Cinco: Humilhação
Seis: Nova Vida
Sete: Boas-Vindas
Oito: Reencontro
Nove: Ele
Dez: Quebrada
Onze: Perdão?
Doze: Verdade
Treze: Bagunça
Quatorze: Reconciliação
Quinze: Medo
Dezesseis: Adaptação
Dezessete: Covarde
Dezoito: Sentimentos
Dezenove: Ciúmes
Vinte: Viagem
Vinte e Um: Pai
Vinte e Dois: Fé
Vinte e Três: Família
Vinte e Quatro: Sufoco
Vinte e Cinco: Retorno
Vinte e Sete: Temores
Vinte e Oito: Tormento
Vinte e Nove: Fuga
Trinta: Confissões
Trinta e Um: O Retorno
Trinta e Dois: Correção
Trinta e Três: Fazer o certo?
Trinta e Quatro: Temor
Trinta e Cinco: Voltar?
Trinta e Seis: Sujeição
Trinta e Sete: Aniversário
Trinta e Oito: Casar?
Trinta e Nove: Mãe
Quarenta: Padrinho
Quarenta e Um: Casamento
EPÍLOGO:
Agradecimentos

Vinte e Seis: Confusão

4.4K 761 279
By alinemoretho

No dia seguinte acordei e antes mesmo de abrir os olhos ouvi o barulhinho de chuva, sendo instigada por isso a enrolar muito para deixar as cobertas quentinhas. Ali permaneci brincando com Mabel até a fome me obrigar a vestir roupas decentes e ir com ela atrás de comida.

Por pouco não perdi o café da manhã e foi muito gratificante ser recebida com carinho pelas meninas ainda presentes no espaço de alimentação.

Durante a refeição enquanto comia notei o movimento de moças pra lá e pra cá e busquei me informar, descobrindo através dos relatos da nossa cozinheira Maitê que a correria estava relacionada com o bazar beneficente marcado para o fim daquela semana. Rapidamente terminei minha refeição e me animei para ajudar também.

Fui com Maria Isabel até o ateliê onde a maioria das meninas realizavam, concentradas, suas produções artísticas e meu coração se contagiou de alegria ao me deparar com a presença não só de dona Socorro, como também do querido Josué na sala. Os dois quando detectaram minha presença trataram de se aproximar, me cumprimentaram e abraçaram a bebê de quem estavam morrendo de saudades. Logo fui convidada a estar ali com eles e aceitei sem pensar duas vezes. Conversamos um pouco até dona Socorro ser requisitada para ajudar as artistas a desenvolverem seus talentos. Coelho então decidiu ir comigo para um canto mais isolado no cômodo a fim de colocarmos o papo em dia. Sentamos ao redor de uma das mesas e ele teve a genial ideia de me induzir a pintar um quadro enquanto ouvia cada mínimo detalhe da viagem narrada por mim.

- Oh, não! Esses sorrisos e olhos brilhando ao falar do meu amigo, me fazem chegar a conclusão de que temos um grande problema aqui, não temos? - comentou Josué ao fim dos meus relatos.

Cocei a cabeça um pouco intrigada e imaginei qual seria a natureza do tal problema referido por ele.

- Ah, é! Temos sim - declarei, traçando uma linha na tela, usando a tinta azul contida em um pincel fino. - E com certeza isso me incomodou.

Coelho com suas gracinhas costumeiras provocava as gargalhadas gostosas da bebê e só me deu sua atenção quando precisou de ajuda para desgrudar as mãozinhas dela de sua barba.

- Incomodou? - sondou com um tom de desconfiança e massageou o próprio rosto, provavelmente dolorido dos inúmeros puxões da minha perigosa filha.

Mordi o labio e pensei em um modo de expor meus sentimentos sem parecer uma tola.

- Bem, quando chegamos a Nova Canaã, Victor prometeu me tratar como irmã em Cristo e eu me senti confusa quanto a isso - revelei um tanto constrangida. - Não quero ser só a irmã dele.

Ele soltou uma risadinha e eu fiquei ainda mais perturbada.

- Oh, não! Esse definitivamente não é o problema. Victor tem todo o meu apoio nessa decisão - garantiu com veemência enquanto ainda sorria e eu franzi o cenho. - O que eu me refiro é... - Ele observou a dúvida estampada em minha face. - Você realmente não entendeu a atitude dele, não é?

Cruzei os braços e fiz um bico descontente.

- Você poderia me explicar?

Josué olhou para os lados e pareceu refletir no melhor modo de me fazer compreender seu ponto.

- Quando o apóstolo Paulo escreve ao jovem Timóteo, ele deixa bem claro como as filhas de Deus devem ser tratadas, ou seja, com toda a pureza - começou pronunciando devagar e analisou meu rosto para checar se eu o acompanhava no raciocínio. - Isso é sério e significa que nós homens não temos o direito de machucar ou despertar em vocês mulheres desejos aos quais apenas os maridos tem a competência de suprir. Fora do casamento vocês são nossas irmãs e devem ser respeitadas como tais.

Senti uma pontada na garganta ao chegar em minhas próprias conclusões.

- Então se vocês não tem interesse na mulher, devem tratá-la como irmã, é isso? - questionei angustiada e Josué logo percebeu o cerne dos meus sentimentos.

- Não necessariamente, Sarah. - Olhou-me tenso ao ver como soltei uma rajada de ar sentindo certo alívio. - Posso muito bem desejar a moça como esposa, mas antes devo fazer uma auto-avaliação e saber se sou digno e tenho as qualificações necessárias para tirá-la da segurança da casa dos pais e me casar com ela.

Deixei as tintas de lado e virei-me completamente para ele, querendo saber tudo sobre aquele assunto.

- E quais seriam essas qualificações?

- Bem... - Ele fez uma pausa curta, alisou o queixo e pareceu estar organizando suas ideias. - As fundamentais consistem em o sujeito ser capaz de sustentar a moça financeiramente, ter maturidade para assumir a função de sacerdote do lar, cuidando da vida espiritual dela e das crianças e estar pronto para deixar pai e mãe, como ordena a Palavra.

Bufei irritada.

- Ou seja, Victor se encaixa em grande parte desses requisitos e mesmo assim não quer nada comigo - constatei magoada e me arrependi de ter dito aquilo ao notar o olhar duro de Coelho.

- Sabe, Sarah, eu amo vocês dois e meu maior desejo é vê-los acertados, de preferência casados. - Ele soltou o ar de maneira pesarosa. - Entretanto, agora que seus sentimentos pelo por Victor estão mudando, é necessário ter discernimento e cautela, pois tanto no seu caso quanto no dele existem pendências para serem solucionadas antes de pensar na possibilidade de casamento.

Fiquei calada, tentando absorver tudo aquilo.

- Se bem me lembro, depois que o doutor Carlos sofreu um AVC e foi internado, a família passou a receber um dinheiro do governo, mas para manter o padrão de vida de antes, todo o dinheiro de Victor está sendo usado para saldar os gastos da mãe e irmã dele. Ele precisa resolver esse assunto - informou com firmeza. - Além do mais, a senhorita está pensando em quê? Pretende se casar sem seu pai saber de nada? Ou se esqueceu que ja está na cidade há alguns meses e ainda não foi procurá-lo? Essa é uma questão de extrema importância, Sarah e..

- Eu já entendi - cortei-o, desanimada compreendendo exatamente a implicação das explicações de Coelho. Enquanto Victor não se resolvesse o problema financeiro da família e eu não me acertasse com meu pai -coisa que não queria fazer de jeito algum- eu não poderia nem pensar em ter algo além de amizade com Victor.

Percebendo como fiquei miserável por ouvir todas aquelas confrontações, Coelho afagou minhas costas.

- Confie em Deus, Sarah - aconselhou com ternura. - Você deve obedecê-Lo e fazer o certo, mesmo que seja doloroso. E lembre-se, tudo acontece no tempo determinado por Ele e não por nós.

Meu coração estava angustiado, mas querendo ou não, Coelho estava certo, eu só não sabia lidar muito bem com aqueles fatos todos.

Por que era tão difícil confiar em Deus? Por que eu simplesmente não descansava em Sua perfeita vontade e me concentrava apenas nele?

- Que coisa, Coelho! Por que você precisa ter razão sempre? - declarei incorfomada e fiquei carrancuda. - Pelo visto você vai se casar antes de mim.

Ele me fez rir quando esboçou uma careta, revelando sua incredulidade.

- Se eu te contasse minhas desilusões amorosas, você provavelmente acabaria chorando - avisou arregalando um pouco os olhos. - Os nãos do Senhor são bem frequentes no meu caso e eu não sou burro o bastante para desobedecer.

- É, Victor me contou sobre a sua história com a...

Antes de completar a frase fui distraída pela aparição repentina de Luana entrando na sala apressada. Como um touro solto perseguindo uma capa vermelha, ela me localizou e veio em minha direção pisando forte. Reparei que ela segurava em suas mãos um carrinho verde infelizmente muito familiar.

- Você não sabe educar sua filha para não quebrar os brinquedos de outras crianças, Sarah? - proferiu em um tom alto, despertando o foco de todos os presentes ali para nós.

Sim, realmente antes de viajarmos Mabel havia lançado o carrinho longe e devido a qualidade inferior, o objeto o partiu em dois, mas eu já o tinha deixado separado a fim de consertar quando tivesse tempo, por isso não achei nada justo o modo como ela se referiu a minha cria.

- Arthur já não possuí muitos brinquedos e os poucos que tem são destruídos! Isso é um absurdo! - gritou e não foi surpresa alguma ouvir minha filhinha chorar assustada com a gritaria. Meu primeiro instinto foi tomá-la de volta para os meus braços e em seguida levantar-me, sentindo e um grande calor se concentrando em minhas bochechas.

Luana não me pegou em um dia bom.

- Minha filha não fez por maldade, Luana. E outra, quem manda você deixar tudo espalhado por aí? - afrontei, ignorando os pedidos de Coelho logo atrás de mim me mandando ter calma.

- Falou a organização em pessoa - ironizou a garota e eu senti a ponto de ter um colapso nervoso. - Mantenha sua pequena destruídora longe das coisas do meu bebê.

Forcei o riso e precisei morder o interior das minhas bochechas para conter palavras das quais me arrependeria de ter proferido depois. Além disso, contei até dez e inspirei profundamente.

- Quer saber? Eu não vou me estressar com suas besteiras. Se o problema é um carrinho idiota, eu posso dar um jeito de comprar outro. Agora não se preocupe, farei o possível para seguir suas instruções. Mabel não chegará perto de nada do seu menino - pronunciei, sendo o mais ríspida possível.

Luana me encarou de um jeito intenso, mas logo vi as lágrimas foram inundando seus olhos. Ela cerrou os punhos e veio em minha direção de um modo ameaçador.

- É bom mesmo. Aliás, sabe o que seria realmente bom? Se você tivesse ficado em Nova Canaã com a sua família perfeita e me deixasse em paz! - praguejou, deixou o carrinho sobre a mesa e virando-se para o lado oposto saiu correndo em prantos.

Senti uma vergonha imensa quando reparei no modo reprovador com o qual todos naquela sala me mediram. Tomando controle da situação, Josué pediu licença e chamou sua tia Socorro para acompanhá-lo em busca da moça abalada.

Eu não soube bem como reagir a tudo aquilo, mas consumida pela culpa, preferi sair da sala e pelo resto daquele dia levei Mabel comigo para o quarto e mantive-me isolada de todos para assim poder chorar com privacidade, pensando em meus milhares de problemas.

Almocei no mesmo cômodo e após conseguir com bom êxito fazer Mabel tirar seu cochilo costumeiro da tarde, revezei o tempo entre ler alguns livros recomendados por Marissol a fim de não lembrar de minha discussão com Lu. Entretanto, nada adiantava. A mente sempre acabava trazendo tudo de volta.

Deus, qual bicho mordeu aquela garota?

Eu gostava muito dela e reconhecia sua constante bondade em me ajudar desde quando cheguei ao Instituto, seus conselhos e as inúmeras vezes que tomou conta de Mabel por mim. A verdadeira natureza de Luana era de pura gentileza, por isso eu simplesmente não conseguia entendê-la ou ignorar a estranha forma com a qual ela vinha me tratando. A imensa mágoa após ter sido humilhada daquele jeito foi inevitável e eu precisaria de um tempo antes de agir como uma cristã verdadeira e assim perdoá-la de coração.

O tempo passou se arrastando e já era noite quando resolvi descer para o andar inferior. E só fiz isso porque esgotei todas as atividades possíveis na parte superior do casarão e me sentia entediada e faminta por ter disponível comigo apenas garrafas com água e bolachas de maizena. Alem do mais, para aumentar um pouco minha felicidade, Victor mandou mensagem em meu celular avisando de sua recente chegada ao Instituto. Com isso, arrumei Mabel, coloquei um roupão a fim de cobrir meu pijama e fui com a ela para sala de TV aonde o médico combinou de me encontrar.

Graças a Deus, não topei com ninguém no caminho. Na verdade, o casarão parecia estranhamente vazio e eu me perguntei onde todos haviam se enfiado.

Chegando ao meu objetivo, me deparei com uma cena inusitada. A televisão estava ligada em um canal de culinária e Victor cochilava, tendo a cabeça apoiada no encosto de um dos sofás e o corpo jogado para o lado oposto.

Mabel resolveu agir como despertador humano e enquanto coçava a gengiva usando um mordedor de borracha, soltou uma série gritos agudos, fazendo seu pai pular no sofá imediatamente.

- Manter as vias aéreas abertas e iniciar ressuscitação! - exclamou, levantando-se assustado e foi inevitável rir da aparente confusão de tempo e espaço do coitado. Ao cair em si, ele virou para trás e me viu, dando claros sinais de seu alívio ao colocar a mão na altura do coração e soltando um resfolgo. - Isso é uma conspiração para me matarem?

- Nós não temos culpa se o senhor é um dorminhoco, papai - forjei uma voz fina e apertei levemente as bochechas da bebê, fingindo ser ela falando.

Victor balançou a cabeça, achando graça da minha interpretação fajuta.

- O papai aqui está mortinho de cansado e louco para apertar a bebê a quem ele não viu o dia todo - respondeu com uma voz igualmente infantil. Em seguida nós nos encaramos e começamos a rir daquela cena.

- Mabel deve pensar que os pais são dois idiotas - comentei um pouco envergonhada.

- Bem, você pode ter razão, no entanto falei sério quando afirmei querer aproveitar um pouco a companhia dessa gordinha - falou sem perder o tom cômico.

Mantive-me rindo e fui andando devagar até ele. Sentei-me ao seu lado e como previsto Mabel logo foi para o seu colo. Enquanto o via declarar mil juras de amor a pequena, notei o cansaço e as olheiras de quem havia trabalhado por muitas horas seguidas. Victor claramente estava precisando de uma boa noite de sono e me admirou o fato de vê-lo abrir mão de algumas horas dormindo para dedicar-se a filha.

Ficamos ali juntos e Victor perguntou se podia ler para a bebê um livretinho bíblico com muitas imagens ao qual havia comprado no caminho. Eu permiti, é claro e enquanto o ouvia narrar de modo divertido como o Senhor Jesus acalmou uma tempestade, lembrei-me da conversa com o Coelho citando os requisitos necessários para um homem ser capaz de tomar uma mulher em casamento.

Victor parecia tão preparado. Nós poderíamos ser uma família temente ao Senhor, vivendo as bênçãos comuns do lar e assistir de perto o crescimento de nossa filha. Quem sabe até mesmo ter mais filhos. Mabel certamente seria uma irmã mais velha incrível. Mas não...

Bufei, frustrada.

Se não fosse por aquela mulher terrível gastando todo o dinheiro do filho, nós provavelmente já estaríamos pensando em um futuro juntos. Ah! Também tinha a situação com meu pai... Essa eu preferia nem mesmo comentar.

"Ah, Senhor! Qual o motivo de ter Victor novamente em minha vida e ver todas essas mudanças? Eu não entendo!" Orei, prestes a cair no choro.

- Você está bem, Sarah? - Victor sondou, pegando-me de surpresa por ter acabado a história tão depressa. Mabel se divertia balançando o livrinho, tentando colocá-lo na boca. - Parece tão distante.

As minhas bochechas esquentaram, demonstrando meu embaraço. Não queria de modo algum revelar que minhas preocupações estavam todas relacionadas ao fato de eu me sentir decepcionada e ansiosa por não ter certeza de um futuro ao lado dele. Ainda assim, parte de mim gostaria de saber se Victor ainda me amava e qual atitude tomaria por nossa família.

- Luana e eu brigamos hoje - falei a primeira coisa que me veio a mente, a fim de não entrar naquele outro assunto importante. Entretanto, ao notar o espanto nos olhos de Vic, cheguei a conclusão de não ter tomado a melhor decisão.

- Brigaram? - questionou, sem entender. - Pelo o quê?

Mordi meu lábio inferior e enrolei uma mecha do cabelo em um dos dedos freneticamente.

- Na verdade ela quem começou - defendi-me prontamente e em seguida expliquei a ele, talvez de modo exagerado, a razão de estar irritada pelo modo como fui tratada não só por Luana como também pelos outros que me olhavam como se eu fosse uma pessoa horrível naquela sala. - E tudo isso por conta de um carrinho idiota! Poxa vida! O Instituto quase não tem lugares para as crianças brincarem e Mabel está passando por uma fase complicada, jogando tudo no chão, eu sei disso. Mas qual a razão de surtar daquela maneira comigo? Eu não entendo - desabafei e obriguei Victor a escutar cada uma das minhas lamúrias.

Ele com muita paciência e resistência ao sono, manteve-se atento tudo, deixando até mesmo de dar total atenção para Mabel, que se entretia procurando coisas para morder, e me olhar falando sem parar.

- Bem, Sarah... - Vic soltou o ar devagar. - Não estou justificando, mas Luana tem uma história de vida muito complicada. Sabe como ela chegou aqui? - perguntou e eu neguei com a cabeça, sem saber aonde ele chegaria com aquela história. - Ela havia chegado desesperada ao pronto-socorro aonde trabalho, pois o pequeno Arthur havia caído do berço e batido a cabeça e enquanto eu fazia os exames necessários no bebê, notei que Luana estava estranha e tentava a todo custo esconder as marcas roxas em volta dos olhos e também nos braços. Fui discreto e informei que poderia ajudá-la a encontrar abrigo. Só a convenci depois de muita insistência e mesmo assim, ela só me deixou ajudar após me fazer prometer que eu não denunciaria o seu marido.

Meu queixo caiu com aquelas descobertas e de repente me senti ainda pior em relação a Luana. Eu não sabia que a história dela com o tal Leandro era tão grave.

- Eu passei o caso para o Josué, mesmo contra os pedidos dela e ele me garantiu que tomaria as providências para manter Luana em segurança - contou com um ar de tristeza. - A coitada sempre amou muito aquele crápula e ficou muito irritada ao descobrir a ordem de restrição que foi aplicada. Ela está tentando se acertar e sofre muito, certamente. - Fez uma pausa e apontou o dedo indicador para mim. - Por isso, mocinha, a senhorita deve ser mais prudente e não ficar criando confusões por aí sem saber o que se passa no coração dos outros. - Em seguida ergueu Mabel, fazendo-a encará-lo. - E você, outra mocinha, não pode ficar quebrando o brinquedo dos coleguinhas.

Mesmo abalada e cheia de pena pela triste história de Lu, eu cruzei os braços mostrando minha indignação.

- Mas ela...

- Shhh - sibilou, me interrompendo. - Se alguém te ferir a face direita, dá-lhe também a esquerda - citou, quebrando os meus argumentos. - Como cristã seria sábio da sua parte pedir perdão a ela e procurar se retratar, mesmo não tendo sido realmente sua culpa.

Droga, ele estava mesmo certo.

- Não use a bíblia contra mim - provoquei e nós acabamos rindo.

Foi inevitável ficar impressionada com o modo dele de lidar com a situação e diante de todos aqueles problemas, pedi ao Senhor que me endireitasse e ajudasse a fazer as coisas corretas.

Continue Reading

You'll Also Like

751K 40.2K 40
Gael aos 30 anos terminou um casamento repleto de traições! Felícia aos 22 anos descobriu estar grávida de se eu professor, que ela não sabia ser ca...
3.9K 378 51
Sinopse Essa história conta a vida jovens, Pablo é cristão, Sofia está afastada. Mas pós uma tentativa de suicídio e fez os dois se "encontrarem" tu...
2.7M 195K 44
Vincenzo,um italiano de pulso firme, ótimo na argumentação. Não é atoa que se tornou um grande empresário e investidor, construiu uma fortuna e a mul...
37.5K 5.5K 81
Claudia é uma jovem traumatizada, protegida pelos pais, e descrente. Ela decide morar sozinha e trabalhar, e quer ser livre e independente. Mas a mãe...