Arte & Guerra

De Sumshinellen

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Elizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jo... Mais

Capítulo I
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Agradecimentos

Capítulo II

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De Sumshinellen

Recebemos alta na manhã de segunda-feira, quando o hospital constatou que não tínhamos nenhum trauma e poderíamos voltar a viver nossas vidas. Eu não precisaria mais dos curativos, já que só sofri uma pancada e alguns arranhões; Jonathan ficaria algum tempo com o braço engessado. Segundo a previsão do médico, em poucas semanas poderia tirar o gesso.

Quando voltamos para a escola, todos os nossos colegas de classe queriam saber como estávamos e o que tinha acontecido. Jonathan e eu não aguentávamos mais responder essas mesmas perguntas.

Começamos a conversar com frequência, já que nos víamos todos os dias nos corredores da escola e na sala. Trocávamos mensagens, também. Jonathan era um cara legal e inteligente, e sempre me fazia sorrir ao me chamar de "Lizzy".

Ele ainda estava com o braço engessado duas semanas depois do acidente.

Comentou, triste, que ainda não podia jogar. O campeonato de hóquei entre as escolas da cidade estava na reta final, e como eu sabia o quão importante isso era para Jonathan, decidi aparecer durante um dos treinos abertos ao público.

JoJo estava sentado na arquibancada, perto do banco de reservas. Notei que vestia sua camiseta do time, mesmo que não pudesse jogar. Gritava para os companheiros que patinavam, motivando-os.

- Ei, JoJo! – chamei.

Ele se virou e me lançou aquele sorriso bobo. Tentei não reparar como ficava bonito vestindo o verde do time.

- Oi Lizzy. – respondeu.

Sentei-me ao lado dele e observei o treino. Localizei Benny, concentrado no gol. Já assisti jogos do time o bastante para saber que ele seria um goleiro famoso um dia.

- Lamento que você não possa jogar. – olhei para Jonathan.

Silêncio.

- Talvez eu me sentisse melhor se você me pintasse de novo. – ele comentou, de repente.

- Por quê? – estranhei.

- Porque você tem talento. – ele respondeu. – Você faz com que eu pareça bonito nelas. Gosto disso.

Jonathan me lançou um sorriso tímido e voltou a olhar para o jogo. Era estranho vê-lo assim, já que era uma das estrelas do time e sempre parecia confiante. Lembrei de como Julie costumava dizer que quando garotos ficam tímidos, é porque gostam de você. Isso só prova como ela não entende nada.

O treinador tinha parado o jogo e conversava com os jogadores.

- Jonathan! – alguém gritou, atrás de nós.

Uma garota vinha na nossa direção. Eu a conhecia de alguma aula, mas não lembrava seu nome. Sorriu para mim e pediu licença. Levantei e ela se sentou no meu lugar, ao lado dele. A expressão de Jonathan congelou em um sorriso amarelo.

Ela começou a falar sobre como estava chateada por Jonathan estar machucado, que amava vê-lo jogar e blábláblá. A garota falava rápido demais, atropelando as próprias palavras. Não consegui entender nada, então só sentei ao lado deles e esperei que a falação terminasse. Mas não parecia ter fim. O rosto de Jonathan começou a se transformar em uma careta de irritação.

Finalmente, depois de muito blábláblá, ela revelou o verdadeiro motivo de tudo aquilo:

- Eu estava pensando se você não quer ir ao cinema comigo amanhã depois da aula. – abriu um sorriso para ele. – Acho que seria bom para te animar, sabe?

Jonathan coçou a cabeça por um segundo e me lançou um olhar, como se não soubesse o que responder. Dei de ombros. Será que Jonathan tinha que lidar com essas fãs o tempo todo? Isso me lembrou de Benny e como as janelas dos nossos quartos eram nas laterais das casas, de frente uma para outra, e das vezes em que precisei fechar as cortinas para não vê-lo com as garotas.

- Amanhã é sexta, né? – ele fez uma cara concentrada. – Desculpe, tenho compromisso.

O sorriso da garota fraquejou por um momento.

- Talvez sábado? – ela insistiu.

- Sábado eu tenho... – ele olhou para o gelo, depois para mim, depois para a garota.

- Tem o que? – ela semicerrou os olhos.

- Um encontro. – ele falou, abrindo um sorriso. – É. É isso. Eu tenho um encontro com... Com a Lizzy! – apontou para mim.

Ela se virou na minha direção, fuzilando-me com o olhar. Minha única reação foi piscar várias vezes. Lentamente, concordei com a cabeça.

- É. Um encontro. – falei, entendendo o plano para se livrar da garota.

Ela se levantou e trombou com força no meu joelho ao passar por mim. Segui a garota com o olhar até ela sumir de vista.

- Bom plano. – elogiei.

Jonathan riu.

- Estava mesmo pensando em ir ao cinema ver um filme que parece ser bem legal, mas os caras estarão ocupados. – ele deu de ombros. – Se você não tiver planos, o que acha de ir comigo?

- Fico feliz de saber que sou sua última opção. – brinquei.

Pouco depois do almoço de sábado, Julie apareceu na minha casa com uma maleta de maquiagem, alegando que precisava me arrumar para o encontro.

- Não é um encontro. – discordei, subindo as escadas para o meu quarto. – Só estou indo porque ele não tinha outra companhia e eu não tinha nada melhor para fazer.

- Liz, não seja tola. – ela fechou a porta do meu quarto e me encarou, como se eu fosse uma criança ingênua. – Ele conseguiria uma companhia num estalar de dedos. Além disso, você falou que ele deu o fora em outra garota.

- Isso não tem nada a ver.

- Por que mais ele faria isso, então? – ela cruzou os braços e me encarou. – Poderia ter saído com ela ao invés de ter te chamado, não é mesmo?

Revirei os olhos.

- A época das provas finais está chegando. Uma quedinha por um jogador é a última coisa de que preciso na minha vida agora. – argumentei, embora me sentisse feliz sempre que falava com ele. Amigos também sentem isso, lembrei a mim mesma.

Julie continuava me encarando, inabalável. Ela era tão teimosa quando queria!

- Vai me dizer que não acha ele nem um pouco bonito?

Pensei nos olhos castanhos, nos ombros largos e no sorriso bobo de Jonathan.

- Acho, mas...

- Discussão encerrada. – ela sequer me deixou terminar. – É um encontro.

Julie começou a me arrumar, escolhendo minhas roupas, penteando meu cabelo e me maquiando. Encarei-me no espelho quando ela terminou.

- Bom trabalho. – elogiei.

Ela escolhera uma jaqueta marrom, cachecol preto, calça jeans escura e um par de botas.

- Querem comer alguma... – mamãe entrou no quarto, mas parou ao me ver. – Não sabia que iam sair, meninas.

Antes que eu pudesse impedir, Julie abriu um sorriso e falou:

- A Liz tem um encontro!

- Ah, é? Com quem? – minha mãe sorriu.

- Não é um encontro. – suspirei. – É só...

Fui interrompida pela campainha.

- Deve ser ele! – Julie constatou, animada.

Descemos para a sala. Atendi a porta, enquanto as duas sentavam no sofá e fingiam agir naturalmente, conversando sobre reality shows.

Céus, como Jonathan estava bonito. Estava todo de preto - o suéter, a calça e o tênis, e seus olhos castanhos brilhavam. Lançou-me aquele sorriso bobo e senti meu coração acelerar. Ok, talvez eu tivesse uma quedinha por ele, mas isso não era um encontro.

- Vamos, então? – tentei agir casualmente, pois sabia que Julie e minha mãe me observavam atentamente. – Até mais tarde. – despedi-me das duas sem olhá-las.

O filme em questão que Jonathan tanto queria ver, era algum filme de ação com um enredo manjado e muitas cenas de brigas. Preferi focar minha atenção na paleta de cores, que, inclusive, era péssima também.

- Tommy disse que o fim do filme era surpreendente. – JoJo sussurrou no meio do filme.

O garoto começou a desenvolver teorias sobre o desenrolar da trama, enquanto eu apenas concordava com a cabeça e enchia minha boca de pipoca, fingindo ter prestado total atenção no filme.

Perto do fim do filme, constatei outra coisa: os figurinistas tinham a noção de moda de uma abóbora.

- Azul e verde limão não é exatamente a melhor combinação de cores, não acha? – sussurrei, apontando para o protagonista.

- Eu também não entendi. – Jonathan concordou.

Ele me encarou.

- O que?

- Sabia que você não estava prestando atenção. – abriu um sorriso.

Encolhi os ombros, num pedido de desculpas silencioso.

- Tudo bem. Podemos falar sobre cores que não combinam, se quiser.

Jonathan era irritantemente fofo.

Ao fim da sessão, JoJo me resumiu o filme, e eu comentei sobre a paleta de cores. Combinamos que da próxima vez eu escolheria o filme.

- Tommy estava certo quanto ao desfecho. – ele comentou. – Vou mandar uma mensagem para ele.

Enquanto ele digitava, notei a garota que tentou chamá-lo para um encontro há alguns dias durante o treino.

- Ei. – cutuquei-o e apontei para ela.

- Droga. – o sorriso dele desapareceu.

Ela caminhava em nossa direção, acenando. Se ela começasse a dar em cima dele de novo, eu vomitaria em cima dos dois. Jonathan parecia desesperado, olhando de um lado para o outro, como se buscasse uma rota de fuga. A garota estava cada vez mais perto.

Tive uma ideia.

- Rápido, me beija.

Confuso, Jonathan me encarou por um instante, antes de entender o plano.

Forjamos um beijo, coloquei os braços ao redor do pescoço e ele segurou minha cintura, como se fôssemos um casal apaixonado. Meu coração acelerou, e me perguntei se isso acontecia com todos os beijos, mesmo que fossem de mentira como esse.

Quando nossos lábios se afastaram, a garota não estava mais por perto.

- Valeu... – ele estava corado. – É... Por isso.

- Sem problemas, JoJo. – tentei sorrir.

Sem nos encarar, começamos a caminhar para a minha casa.

- Acho que agora ela me deixa em paz. – Jonathan quebrou o silêncio.

Eu sorri, sem saber o que responder. Mesmo forjado, tinha sido um beijo e tanto.

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