O Garoto Mau Caiu - Livro I [...

By Anjanahh

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Regina Miller, a mais tímida da escola, aceitou o desafio, a aposta ou como você quiser chamar. Ela tem 1 mês... More

Prólogo.
Playlist
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23

Capítulo 8

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By Anjanahh

Dia 07: Algumas Condições

Mordi o lábio, lutando contra o impulso, mas a curiosidade venceu. Precisava descobrir se Vince era digno de confiança. Com as mãos tremendo, reuni coragem e abri a mensagem. O conteúdo me deixou surpresa.

A realidade era que existiam inúmeras mensagens da Peyton, mas Vince não respondia há dias. Na mais recente, ela implorava por uma resposta, alegando uma necessidade urgente de conversar, ou ele se arrependeria. Em algumas mensagens, expressava arrependimento, enquanto em outras, fazia ameaças. Estou começando a suspeitar que Kath pode ser meio bipolar.

Fiquei aliviada ao perceber que Vince não estava me traindo. Ao ouvir a porta do banheiro se abrir, sobressaltei-me e rapidamente saí das mensagens, discando para a primeira pizzaria que encontrei.

— Alô? Ah... — Mordi o lábio, observando Vince apoiar os braços no balcão e me encarar. — Vocês vendem pizza aí, não é?

— Senhora, você ligou para uma pizzaria. — O atendente respondeu, entediado. — É óbvio que vendemos isso.

 — Ah, me desculpe... Eu...

Vince revirou os olhos e veio até mim.

— Francamente, Miller! — exclamou,  tomando o celular da minha mão.

Vince fez o pedido das pizzas com uma calma impressionante, enquanto eu me sentia culpada ao seu lado.

— Prontinho! — avisou, chamando minha atenção. — Quais filmes a ruiva tem aqui? De preferência um belo romance...

— Eu acho que ela assinou algum streaming. — O seguia até a sala. — Mas por que romance?

Vince ligou a enorme TV e entrou no catálogo.

— Eu gosto e porque vai servir pra você também, de certa forma. — explicou.

— Não vai não. — retruquei. — Jason e eu não estamos vivendo um romance.

— Eu sei, mas você vai precisar o conquistar, não vai? — perguntou. — Duvido muito que ele vá querer levar você ao baile só como um simples amigo.

— Concordo! — Lisa apareceu do nosso lado e também sentou no sofá.

— Não vai funcionar! — exclamei. — Eu não sei como ser sedutora, parecer inteligente ou atraente.

— O quê? Quem ousou te dizer isso? — Vince questionou, com uma expressão de incredulidade. — Não, Gina! — Ele revirou os olhos, enfatizando cada palavra. — Você é deslumbrante, inteligente, estilosa e divertida. Parece que você é a única que não consegue enxergar isso. Qualquer homem que não se apaixonar por você, certamente não sabe que está perdendo a oportunidade de estar ao lado de uma verdadeira rainha.

Meu sorriso abriu automaticamente.

— Você só precisa ter mais confiança em si mesma, mas precisa de um empurrão. Adivinha quem vai fazer isso? — Se exibia, apontando com o polegar para ele mesmo. — Jason vai ficar louco por você rapidinho.

— Acho que perdi a fé em mim mesma para conseguir algo assim. — murmurei.

— Eu não, nós não! — Ele sorriu e me abraçou de lado. Lisa também fez o mesmo.

Vince escolheu o filme "Simplesmente Acontece". Antes mesmo de Rosie conseguir dizer tudo o que queria para Alex, ele já estava em prantos. Lisa teve que fazer uma corrida de emergência para buscar lenços de papel, enquanto eu lutava para não rir alto, vendo o "fortão" Vince se transformar em uma fonte inesgotável de lágrimas.

De certa forma, eu conseguia compreender. A protagonista passou por muitas dificuldades para ficar com o amor de sua vida. Ela nunca conseguia expressar seus sentimentos, sempre achava que não era o momento certo por medo de perdê-lo, e parecia que sempre surgia algum obstáculo para separá-los, como se o destino estivesse conspirando contra a união dos dois.

Logo após a chegada das pizzas, precisei ir à cozinha preparar algo para bebermos. Abri a geladeira e peguei uma garrafa de água. Quando me virei para ir até o balcão, lá estava Vince, sentado tranquilamente.

— Você me assustou. — avisei sorrindo, colocando a garrafa no balcão.

— Gina, você ainda não confia em mim... — Ficou cabisbaixo. — não é?

— O quê? — perguntei, assustada.

— Eu sei que você leu as mensagens de Kath. — disse ele.

— Me perdoa! Eu não queria...

— Por favor, Gina! — interrompeu, um pouco irritado. — Não tem como nós termos uma amizade sem confiança.

— Eu sei, estou arrependida! — exclamei. — Mas precisava de uma prova, não quero ser feita de boba.

— Eu nunca faria isso. — garantiu, me encarando firmemente.

— Me perdoa, então...

— Está satisfeita? Confia em mim agora? — perguntou.

— Sim. — murmurei.

Vince segurou meu pulso delicadamente e me atraiu para perto dele.

— Pode olhar nos meus olhos e dizer que confia em mim? — pediu, ainda sem se convencer.

Os olhos de Vince cintilavam, exibindo um leve inchaço que denunciava sua emoção.

— Eu... confio em você. — disse lentamente, encarando seu olhar intensamente esverdeado.

Senti um calor subindo pelas minhas bochechas. Vince esboçou um sorriso doce, saltou agilmente do balcão e me envolveu em um abraço acolhedor.

— Arg... — resmungou.

— O que foi? — Fiquei confusa.

— Graças a você o meu nariz está dolorido. — Afastou-se, segurando-o.

Acho que o mínimo eu que deveria fazer era prestar assistência.

— Vou te ajudar. — falei. — Senta aí.

Vince retornou ao seu lugar no balcão enquanto eu procurava um esparadrapo. Ao encontrar e me preparar para aplicá-lo em seu nariz, percebi seu olhar fixo em mim.

— O que está pensando? — perguntei, interessada.

— Nada, só que tenho sorte. — disse ele

— Sorte?

— Sim! — exclamou, com um sorriso inocente de criança — Por ter você aqui comigo agora. — Senti minhas bochechas formigarem novamente. — Kath nunca faria algo assim por mim...

— Ela não parece ser do tipo carinhosa. — Concluí.

— Com certeza não. — concordou.

Rimos juntos.

— Vamos comer, minha barriga está roncando. — resmungou, me pegando de surpresa ao sair correndo dali para devorar a pizza.

Vince foi para a sala e eu terminei de fazer os refrescos. Sorri por estar mais aliviada. Era tão bom tê-lo por perto...

Após o término do filme, continuamos a saborear nossos lanches. Preparamos um aconchegante acampamento na sala, arrumando dois colchões e várias cobertas no chão. A companhia de ambos era reconfortante. O Price tinha o dom de nos fazer rir incessantemente com suas piadas espirituosas e histórias absurdas. Eu não me lembrava da última vez que havia rido tanto. Era uma noite memorável.

— Juro, quando estou bêbado, parece que um espírito do rei da sedução se apodera do meu belo corpo e me transforma em um ímã de amor! — Vince contava, com um sorriso maroto no rosto.

— Mas que cantada errada foi essa que você deu e ainda conseguiu pegar o cara? — perguntou Lisa.

— Sabe como é, eu estava embriagado e simplesmente surgiu na minha mente! — ele respondeu, provocando risadas em nós duas. — Gina deveria lançar essa pérola no Jason.

— O quê? Se eu dissesse para Jason que ele é a picanha que falta na minha marmita....  — Fiquei imaginando sua reação. — Ele iria rir da minha cara até o próximo século.

Eu olhava para o teto, lembrando de como ele riu depois que acertei as partes de Liam sem querer. Até gostaria de vê-lo com aquele sorriso outra vez, mas além de sorrir, ele também faria piadinhas até me tirar do sério.

— Você não contou sobre o gatinho que encontrou hoje. — disse Lisa. — O que pretende fazer com ele?

— Eu ainda não pensei nisso... — murmurei, pensativa.

— Bom, pelo menos você salvou ele. — alertou Vince.

Concordei. Eles logo mudaram de assunto, mas eu continuei pensando na pergunta de Lisa. Em breve, vou buscá-lo no veterinário, mas o que faria com ele? Precisava de um plano rápido. Não estava em condições de cuidar de um gatinho com tantas coisas na cabeça, apesar de realmente querer um.

— Tenho um trabalho terrível para entregar na próxima semana e estou perdido — disse Vince, esfregando os cabelos e os bagunçando.

— Posso te ajudar se quiser. — ofereci a ele.

— Vou precisar... — agora se animou.

Isso me lembrou do trabalho que Jason e eu temos juntos. Nunca discutimos nada sobre isso. Arregalei os olhos. Se eu fosse um desenho animado, teria uma lâmpada sobre a cabeça agora mesmo. Meu coração batia acelerado enquanto eu sorria.

Precisava conversar com Jason urgentemente. Meu sorriso foi desaparecendo aos poucos ao perceber que ele nunca aceitaria isso. Respirei fundo. Precisava encontrar uma maneira de convencê-lo. O que eu deveria fazer? Lidar com Jason é complicado. Por que ele não pode ser um garoto comum?

— Gina, pelo amor de Deus! — A voz de Vince ecoou em meu ouvido. — Ela está dormindo de olhos abertos ou o quê?

Ele estava de joelhos do meu lado, me encarando preocupado.

— Têm vezes que ela viaja mesmo. — disse Lisa. Traidora.

— O que vocês querem? — perguntei, impaciente.

— Até que enfim. — Ele jogou as mãos para o alto, deixando-as cair novamente. — Está viva, ainda bem! — Ele colocou a mão no coração, fazendo uma expressão de alívio.

— Só estava pensando! — avisei.

— Jason? — perguntou, com uma sobrancelha erguida.

Parece que leu minha mente, eu hein.

— Não, claro que não! — exclamei.

Acredito que ele não era exatamente o foco dos meus pensamentos.

— Estamos de olho. — disse Vince, com um tom ameaçador. Belisquei ele, fazendo-o rir. 

Em seguida fomos dormir, mas meu sangue fervia. A ansiedade quase não me deixou pregar os olhos.

No dia seguinte, levantei cedo, já disposta a fazer o que fosse necessário para convencer Jason. Liguei inúmeras vezes, mas ele não atendia. Como hoje era sábado, ele provavelmente estava por aí bêbado ou de ressaca.

Aproveitei a oportunidade e pedi para Lisa e Vince me levarem à oficina do meu pai. Não ficava muito longe de casa e, como não tinha aula, eu queria passar um tempo com ele. Ela permanecia exatamente como quando eu era criança, e eu gostava de como não mudava. Sempre vinha aqui para ajudar meu pai e admirar o quão incrível ele era. Infelizmente, agora só podia fazer isso nos finais de semana.

— Oi, Pai! — Cumprimentei ao entrar, mas não obtive resposta. — Pai?

Ele pareceu surpreso ao emergir de debaixo de um veículo. Meu pai tinha uma verdadeira paixão por automóveis.

— Filha, Oi! — Abriu um sorriso assim que me viu. — É tão bom te ver por aqui.

— Você sabe que eu sempre venho pra te ajudar. — retruquei, me sentando em um banquinho ao seu lado.

— Não estou reclamando! — disse, entusiasmado. — Me passa aquela caixa vermelha, por favor! — pediu.

— Essa aqui? — perguntei, mostrando a ele.

— Essa mesma... — confirmou, pegando-a com um pouco de dificuldade. — Você devia estar ajudando a sua mãe.

— Eu gosto de passar um tempo com você. — confessei. — E eu ajudo a mamãe quase sempre.

— Gosta mesmo? — indagou, intrigado.

— Óbvio que sim. — revirei os olhos, rindo.

— Então tenho uma surpresa. — disse ele.

— Qual surpresa?

— Meu amigo disse que não vai poder ir na trilha desse ano então me deu mais uma vaga. — Ben explicou. — O que acha de ir comigo?

— Aquela para a qual você vai todos os anos? — perguntei, e ele soltou um 'Uhum' distraído. — Você sabe o que a mamãe pensa sobre isso, não sabe?

— Deixa aquela rabugenta comigo. — garantiu.

Estava incerta sobre ir. Há rumores de que é perigoso, mas tenho a segurança de que meu pai estará lá.

— Se estiver em dúvida, te dou o dia de hoje para pensar. — disse ele. — Será uma boa oportunidade para passarmos mais tempo juntos. — Isso é inquestionável.

Passei mais algumas horas com ele e decidi que precisava voltar para casa. Assim que cheguei, fui para o meu quarto estudar até a hora do almoço, já que tinha tomado café da manhã na casa de Lisa.

Depois de um tempo, consegui relaxar. Quando era quase onze horas da manhã, tentei ligar novamente, mas sem sucesso. Voltei a estudar e, ao olhar para o papel, lembrei-me do número que Liam me deu ontem. Talvez ele pudesse me informar onde Jason estava.

Rapidamente procurei pelo seu número de telefone e, ao encontrá-lo, liguei imediatamente. Logo o loiro atendeu. Ele estava deitado em algo de couro e suado.

— Gina? Oi! — Sorriu, levantando-se. — Desculpe, estava malhando.

Eles não cansam de fazer exercícios?

— Tudo bem. — Sorri de volta, um pouco nervosa. — Preciso da sua ajuda.

— Pode dizer. — Pegava uma toalha para secar-se.

— Jason não atende. — contei. — Você sabe me dizer onde está? É urgente!

— Ah, Gina, ele não está em um bom dia hoje... — Liam fez uma expressão estranha. — Talvez seja melhor evitar o contato com aquele cara, por enquanto.

— Por quê? — perguntei, estranhamente preocupada. — Aconteceu alguma coisa?

— Sim, só anda meio estressado com umas coisas. — disse o loiro.

— Me fala, talvez eu possa ajudar! — Tentei convencê-lo.

— Não posso, Gina. — negou, apreensivo.

Preciso encontrar um jeito de fazê-lo me dizer.

— Por favor... — insisti mais uma vez. — Te dou o número de Lisa. — falei rapidamente, antes que perdesse a coragem.

A garota ruiva vai me matar por isso.

— O quê? — Seu rosto se iluminou, surpreso. — A ruivinha? Sério?

— Sim, eu vi o jeito que você olhou pra ela... — azucrinei-o.

Liam corou de uma forma cômica e sorriu, entregando seu puro interesse na minha amiga.

— Está bem, mas se Jason perguntar, não fui eu que disse, entendeu? — me alertou, olhando-me com suspeita.

Mais fácil que isso, impossível.

— Pode ficar despreocupado. — garanti.

— Ele está em casa, mas está estressado por não ter conseguido um passe para uma trilha que ele queria muito ir. — Liam finalmente contou.

— Trilha? — perguntei, para ter certeza se tinha ouvido direito.

— Sim, é um evento ao qual ele comparece anualmente. Jason tem alguns hobbies peculiares... — Sorriu. — Parece que realmente gosta de se aventurar.

— Não é nada a cara dele. — murmurei.

— Mas é.

Só podia ser a mesma trilha que meu pai iria, o que me deixou surpresa e agitada por isso. Era uma coincidência e talvez a única oportunidade que eu teria de convencer Jason.

— Obrigada, Liam! — agradeci. — Ajudou muito, acredite.

— De nada, mas e o número? — perguntou, apressadamente.

— Mando por mensagem. — Acabei não segurando a risada.

— Não vai esquecer, hein. — pediu.

Fui rapidamente nas mensagens e mandei o número da Oliver para o loiro.

— Pronto, está feito. — assegurei.

— Valeu, você é a melhor! — Desligou logo em seguida.

Pelo visto o interesse é maior do que eu imaginava.

Agora, eu precisava aguardar a chegada do meu pai para ter uma conversa sincera com ele. Não queria entristecê-lo, então a sinceridade era essencial. Logo, Ben chegou. Eu estava auxiliando minha mãe a arrumar a mesa quando apareceu, o que me deixou simultaneamente animada e nervosa.

— Então, já se decidiu? — perguntou, enquanto lavava as mãos para comer também.

Respirei fundo.

— Sim. — confirmei. — Eu quero ir, mas tem um problema.

— Qual? — Enxugava as mãos em um pano que estava no seu ombro.

— Eu tenho um amigo que quer muito ir nessa trilha e está chateado por isso. — comecei a falar devagar.

— Já sei! — disse meu pai de repente, me assustando. Ele parou e apoiou as mãos na pia. — Você quer que eu leve-o na trilha, não é?

Pisquei algumas vezes, pensando no que dizer.

— Na verdade sim, mas eu preciso ir também. — disse rapidamente, dessa vez.

— Vocês dois? Sozinhos? — Ficou preocupado. — Gina, é perigoso. Não posso...

— Por favor, pai! Eu preciso da ajuda dele em um trabalho e é o único jeito de convencê-lo. — supliquei.

Era minha única oportunidade. Encarava-o nos olhos para que ele soubesse da minha sinceridade.

— Odeio quando faz essa cara. — Estava quase aceitando. — Tudo bem, mas preciso conhecer ele antes.

Não aguentei de emoção e o abracei.

— Obrigada. — Apertava mais seu torso. — Te amo tanto.

— Eu também, querida. — Retribuiu o abraço apertado. Esse gesto me proporcionava um conforto indescritível.

Após o almoço com meus pais, apressei-me para tomar banho. Vestindo um macacão longo na cor bege, uma tiara branca e tênis da mesma cor, segui diretamente para a casa de Blake.

O entusiasmo aumentava à medida que me aproximava da casa. No entanto, ao bater na porta, meu sorriso se desvaneceu. Uma mulher alta, loira e extremamente bonita saiu da casa, com Jason logo atrás dela, vestindo apenas uma toalha e com o cabelo molhado penteado para trás.

Isso é estar estressado?

— Quem é você? — A mulher me encarou com desdém.

— E-eu... — gaguejava, sem conseguir respondê-la.

— É minha irmã. — disse Jason, sorrindo descaradamente pra mim

— Ah, olá. — Sua expressão mudou completamente, agora demonstrando simpatia, falsamente, por mim. — Até breve, querido. — voltou-se novamente para Blake.

Ela tentou plantar um beijo nele, mas Blake, com a agilidade de um gato, desviou de uma maneira tão cômica que parecia uma cena de desenho animado. Tive que morder o lábio para não soltar uma gargalhada. A mulher, parecendo um tomate de tão vermelha, saiu às pressas, deixando um rastro de constrangimento no ar.

— Por que fez isso? — perguntei. — Foi maldade.

— Você é pura demais para presenciar tal cena. — Ele rebateu, com um sorriso irônico brincando em seus lábios. — O que faz aqui?

— Na verdade, eu tenho uma novidade. — respondi, adentrando a casa sem esperar por um convite. Sua expressão de surpresa foi impagável.

— Desde quando tem carta branca para entrar assim? — Ele perguntou, fechando a porta e cruzando os braços. — Eu poderia fazer de você um tapete aqui dentro e ninguém saberia.

— Eu não faria isso se fosse você. — avisei.

Jason revirou os olhos.

— Ah, é? — perguntou. — E por que acha que eu não faria isso?

— Porque eu tenho isso aqui. — respondi, finalmente mostrando os dois passes da trilha que escondia nas costas.

Trouxe justamente para provocá-lo, e parece que acertei em cheio. Jason piscou, parecendo um coruja surpresa pela luz do dia.

— Onde conseguiu? — questionou.

— Coincidentemente meu pai é uma das pessoas que organizam esse evento. — contei.

— Me dê isso aí! — ordenou, vindo na minha direção. Rapidamente, passei por baixo do braço dele e fui para o outro lado.

— Não é tão fácil assim. — Comecei a me divertir com isso.

Jason girou nos calcanhares e começou a se mover lentamente para chegar até mim, carregando uma expressão nada amigável no rosto. Meus olhos se arregalaram e recuei alguns passos, mas acabei tropeçando e caindo sentada no sofá. Ele estava se aproximando cada vez mais e por um momento pensei que ele fosse me agarrar. Tentei de tudo para mantê-lo à distância, mas foi em vão. 

Antes que eu percebesse, estava deitada com ele praticamente deitado sobre mim. A vergonha foi tanta que escondi o rosto com os passes da trilha. Estar sob um homem praticamente desprovido de vestimentas era uma situação embaraçosa além da conta.

Removi os papéis do rosto lentamente, mas imediatamente me arrependi. Jason me encarava intensamente, com os lábios entreabertos e se aproximando de forma quase imperceptível. Fiquei tão paralisada que a única coisa que conseguia sentir era o pulsar acelerado do meu coração.

— Agora são meus. — sussurrou, tomando os ingressos de mim e se afastando.

— Eu não sou como essas garotas que você costuma trazer aqui! — exclamei, a raiva borbulhando em mim assim que percebi suas intenções. — Devolva isso agora! — Levantei e coloquei as mãos na cintura.

— Isso tudo aí é ciúmes? — perguntou, achando graça.

— De você? Por favor! — retruquei, com ironia. — Devolva! — Tentei pegar, mas ele foi rápido e estendeu o braço para cima.

— Nem pensar. — ria de mim.

— Você é tão imaturo! — exclamei, ofegando de frustração.

— Ao menos eu não me visto como se estivesse indo para uma festa do pijama infantil. — Ele retrucou, com um sorriso zombeteiro no rosto.

Lancei-lhe um olhar que poderia matar. Num movimento súbito, escalei o sofá e consegui tomar os passes de sua mão.

— Eu tenho algumas condições. — Falei antes que ele viesse pra cima de mim de novo.

— Como você soube que eu queria esses ingressos? — perguntou, sério e me olhando por cima do ombro.

— Um passarinho me contou... — Sorri amarelo.

— Liam? — Estreitei os olhos. — Que traidor! — exclamou irritado, coçando a própria nuca.

— Por favor, não briga com ele. — implorei.

— Só se me der. — levantava as sobrancelhas, se virando para mim.

— Eu já disse. — repetia. — Preciso que aceite algumas condições.

— Posso saber quais são essas condições? — perguntou Jason, deitando-se no mesmo sofá em que eu estava em pé, com os braços cruzados.

— Será que você poderia ir se vestir primeiro? — perguntei, embasbacada com sua atitude.

Jason riu da minha pergunta.

— Essa é minha casa. — anunciou com um sorriso irônico. — Você tem a sorte divina de me encontrar vestido, ou talvez seja o seu azar. Quem sabe?  — Isso me fez revirar os olhos. — Diga logo antes que eu perca a paciência. — mandou.

— Então... — Sorri com um sorriso que mais parecia um limão. — Primeiramente, tenho uma ideia brilhante para o nosso projeto de filosofia que vai revolucionar o conceito de trabalho voluntário. E adivinha? Preciso da sua inestimável colaboração.

— Hum... — ele murmurou, mantendo os braços cruzados em uma pose pensativa e acariciando a barba como se fosse um filósofo antigo ponderando sobre os mistérios do universo.

— Em segundo lugar: Chega de enrolação e me ensine a domar essa fera de duas rodas que você chama de moto. — declarei com determinação. — E em terceiro lugar: Quero sentir o vento no rosto e a adrenalina correndo nas veias naquela trilha. Então, me inclua nessa aventura.

Jason mergulhou em um silêncio profundo que parecia durar uma eternidade, deixando-me suspensa na corda bamba da ansiedade. Sua expressão era a de alguém que acabara de ser atingido por um raio de surpresa e desorientação.

— Sabe de uma coisa? — ele indagou, como se tivesse emergido de uma viagem no tempo. — Acho que prefiro arrancar esses passes com as próprias mãos.

— Jason, não... — pedi, mas já era tarde demais.

Fui surpreendida. Blake agarrou meu braço com uma força inesperada, fazendo-me tropeçar e cair sobre ele. Minhas mãos encontraram apoio em seu peito e eu o encarei lentamente, mas ao perceber a proximidade de nossos rostos, recuei num impulso.

A realidade superou minhas expectativas mais loucas. Quando dei uma olhada ao redor, percebi que estava aninhada entre as pernas de Jason, e ele estava apenas com uma toalha. A expressão do Blake era um enigma, e quando ele aproximou seu rosto do meu, senti uma onda de calor percorrer meu corpo. Era como se estivesse vivendo um momento surreal... algo que se desenrolava em câmera lenta, mas com uma intensidade emocionante.

Fechei os olhos, implorando silenciosamente para que aquela sensação intensa se dissipasse, mas ela permanecia inalterada. Jason também emanava um calor que fazia meu coração disparar, transformando minha respiração em um ritmo pesado e ofegante.

— Você vai me entregar esses passes agora, quer queira, quer não. — sussurrou com uma determinação inabalável.

Isso me deu um susto e me trouxe de volta à realidade. Recuei rapidamente para escapar daquela posição embaraçosa, mas o inevitável aconteceu. Acabei arrastando a toalha dele junto. Meus olhos se arregalaram e soltei um grito que poderia acordar os mortos. Jason estava completamente nu. Rapidamente, cobri a visão com as mãos.

— Jason, veste essa toalha, pelo amor de Deus! — eu gritava, pulando no sofá como se estivesse numa cama elástica, o pânico tomando conta de mim. — Por favor, se vista antes que eu fique cega!

— Quando você parar de imitar um macaco e devolver minha toalha. — respondeu, com a calma de um monge.

Choramingando, busquei a toalha enquanto cobria meu rosto com a mão livre. Assim que a encontrei, lancei-a para ele.

— Até parece que nunca viu um. — resmungou, finalmente se cobrindo. — Pronto.

— Ai, me deixa em paz. — pedi, tirando as mãos do rosto.

Nunca vi um de perto, só em fotos. Tenho a sensação de que essa imagem vai ficar grudada na minha mente, como chiclete em cabelo!

— Você é tão... teimoso. — protestei. — Aceita minhas condições ou eu vou embora — declarei, me recolhendo no canto do sofá, abraçando meus joelhos.

Com certeza eu devia estar muito vermelha. Precisei me concentrar muito para voltar a pensar com clareza.

Jason respirou fundo.

— E tem mais uma. — murmurei, fazendo-o arquear a sobrancelha. — Meu pai quer conhecer você antes.

— O QUÊ? — explodiu.

É, parece que não vai ser nada fácil...

// Nota Autora 

Eu preciso pedir desculpas pela demora novamente eu sei. Fiz esse capítulo as pressas apesar de ter ficado meses pensando nele. Preparem-se os corações que tudo começa daqui pra frenteeee :D Espero que tenham gostado e peço que comentem e deixem o coração pois me ajuda muito e vai ajudar outras pessoas a conhecerem minha história. Obrigada por me acompanharem até aqui :3 Amo vocês demais mesmo. Esse é meu presente de aniversário pra vocês :3

EU FIZ A ÚLTIMA PARTE DO CAPÍTULO ESCUTANDO AQUELA MÚSICA E MDS QUE SENSAÇÃO. MEU CASAL TÁ VIVÍSSIMO !! VAMOS TORCER POR ELES. PS: ESCUTEM ELA, MUITO LINDA!!!

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