Código 121 ∆ taekook (Concluí...

By tkmutuals

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POLICIAL | AÇÃO | MISTÉRIO | DRAMA [LIVRO FÍSICO PELA EDITORA EUPHORIA] Taehyung era considerado muito novo... More

AVISOS
Prólogo: Caso Aberto!
1- Arquivado
2- Um passo atrás
3- Pistas
4- Proposta
5- Suspeitos
6- Confronto
7- Falso
8- Chantagem
9- Ressaca
10- Ex amigo, atual Inimigo
11- Mentiras e Traições
12- Suspeitos Removidos
13- Kim
14- Culpa ou Dolo?
15- Apenas um dia
16- Confissão
17- Instinto
18- Reveja seus aliados
19- Fogo contra Fogo
20- Ajuda
21- Duas Mentes
22- Corra
23- Procurado
24- Traição
25- Procura-se um Coração pt1
26- Procura-se um Coração pt2
27- De olhos abertos
28- Jogo de Mestres pt1
29- Jogo de Mestres pt2
30- Novo Plano
31- Incentivo
32- A Lista
33- Supere
34- Lembranças
35- Viva o Agora
36- O Rei está em Xeque
37- Cavalo de Troia
38- Xeque Mate
39- A queda de uma flor
40- O Código
41- Grande Salto
42-Sentença
43- Vou te amar sem censuras
Epílogo: Caso Encerrado
*bonus: ENTREVISTA

44- Last Forever

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By tkmutuals

Oi, saudades?

Finalmente chegamos ao capítulos final!!!

Como se sentem?

Ele está MUITO GRANDE, mais de 15k de palavras... Então me mimem com muitos comentários, okay?

Será que conseguimos bater 1k de comentarios?

Vocês também podem usar a hashtag #C121Final no twitter e comentar bastante, que pretendo ler tudo!!!

Gostaria tambem de pedir para vocês fazerem perguntas aqui. Referentes ao capitulo, a história, os personagens ou qualquer outra coisa que estejam curiosos, eu irei fazer uma postagem apenas para saciar a curiosidade de vocês.

Enfim... Vamos deixar para chorar e agradecer nas notas finais, ok?

~ boa leitura.

"Parte da jornada é o fim."

- Homem de Ferro

[15 de abril de 2001]

Escola Primária Especial de Primavera

15 anos antes da morte de Kim Jisoo

- Orabeonim - Jisoo choramingou manhosa, seus dedos pequenos agarrando com força o casaco do irmão mais velho. - por que você precisa estudar nas férias? - reclamou.

Taehyung ajeitou a mochila nas costas e abriu um sorriso quadrado e infantil para a irmãzinha, bagunçando seus cabelos logo em seguida, fazendo a garota choramingar novamente.

- Porque o seu irmão é muito inteligente - gabou-se o Kim. - e nossa omma acredita que eu posso ser melhor.

- Mas quem vai brincar com a Choo? - a menina piscou tentando afastar as lágrimas e Taehyung mordeu os lábios triste.

Ele também queria passar as férias brincando com a irmã no parque próximo de casa, ou ficar até tarde lendo livros infantis para a irmã dormir.

Mas sua mãe insistira em colocá-lo em uma escola especial, onde alunos talentosos poderiam aperfeiçoar seu intelecto ou, alunos com dificuldades pudessem evoluir e retornar brilhantes depois das férias.

O último caso não se aplicava a Taehyung. O rapaz de seis anos era estranhamente genial para alguém da sua idade.

Aprendera a ler aos quatro anos e escrever na mesma idade e em pouco tempo, depois de começar os estudos, se mostrou apto o suficiente para aprender os conteúdos com facilidade, se mostrando mais inteligente que os demais alunos.

Kim Taehyung tinha apenas seis anos, e nessa idade deveria estar na primeira série do fundamental, mas seus professores consideravam as atividades simples demais para a mente avançada do Kim e não foi difícil fazê-lo avançar dois anos, o colocando na terceira série.

E haviam hipóteses de que, depois de avançar nos estudos durante as férias, o Kim poderia ir ainda mais longe.

Taehyung não entendia porque seus professores e seus pais insistiam tanto em apressar um processo tão simples. Ele poderia estudar como um garoto qualquer e se formar no tempo correto.

Mas compreendia que, se tinha capacidade de terminar o colégio o quanto antes, então deveria fazê-lo.

Também havia o fato de seus pais estarem pagando caro para o Kim estudar no colégio especial durante as férias e o garoto não queria parecer ingrato.

Seriam apenas três semanas e Taehyung ainda poderia passar algum tempo junto da irmã durante a noite. Afinal, as aulas acabavam no fim da tarde e assim que seus pais o buscasse, poderia brincar com Jisoo um pouco.

Taehyung abriu um sorriso tímido para a professora que o esperava na entrada do colégio e, virando-se para aceitar o beijo carinhoso de sua mãe na bochecha, o Kim afagou os gabelos escuros da irmã e se afastou, prometendo a garota que, se ela parasse de chorar, lhe contaria novamente a lenda da joaninha do destino. Que no fim, não era lenda alguma, mas sim uma história que o mesmo inventou e que Jisoo amou instantâneamente.

A professora o explicou que as primeiras aulas seriam voltadas a interação dos estudantes entre si e Taehyung suspirou aliviado. Imaginava que teria de ficar horas atrás da mesa fazendo cálculos ou aprendendo história ou língua estrangeira.

Não que o garoto não gostasse, era tudo tão simples que apenas o entediava. E Taehyung ainda era uma criança e como tal, gostava de brincar com seus amigos de classe.

Assim que chegou, um pouco envergonhado, levou sua mochila até o fim da sala e a pendurou na alça de metal presa ao armário baixo, sendo empurrado por um garoto de cabelos castanhos e sorriso amável, mas o rapaz estava tão eufórico enquanto corria pela sala que sequer notou a presença de Taehyung, que tentou cumprimentá-lo, mas acabou sendo ignorado pelo mesmo.

O Kim riu divertido, esperava encontrar uma sala repleta de alunos sérios.

A professora pediu para que cada um escolhesse um lugar, no entanto chamou Taehyung para se sentar na primeira mesa a sua frente, fazendo o Kim piscar confuso, mas a obedeceu.

Não era uma atividade complicada, precisavam ler a pequena passagem de uma poesia e explicar o que o artista queria dizer. Taehyung terminou a tarefa em cinco minutos, sorrindo contente quando a professora elogiou sua escrita e, notando que o Kim estava sem fazer nada por ter terminado a atividade antes dos demais, lhe deu outra tarefa, que Taehyung logo começou a fazer.

As aulas continuaram tranquilamente e logo as atividades de cálculo e língua estrangeira começaram. Estas ocupavam mais a mente do Kim, que acabava se perdendo em pensamentos enquanto as realizava, sempre contente por receber um elogio logo em seguida.

Estava ajeitando sua lancheira depois do intervalo quando ouviu a professora avisá-los que a última aula seria de artes e todos comemoraram animados, correndo em direção aos potes de tinta e pincéis.

- Não pensem que irão apenas fazer bagunça - a professora os alertou. - vamos fazer uma atividade diferente hoje.

- O que? O que? - o garoto que se esbarrou em Taehyung gritou alegre.

- Em que estação do ano estamos?

- Primavera! - todos responderam em uníssono.

- Exatamente - a mulher sorriu. - e, antes da primavera, qual a estação? - perguntou e todos ficaram alguns segundos em silêncio, pensativos.

- Inverno - respondeu Taehyung.

A professora concordou e sorriu para o Kim.

- Exatamente querido, e vocês já pararam para pensar como tudo isso é curioso? A neve vem antes das flores - comentou.

- É como a sobremesa - comentou o mesmo garoto, fazendo não apenas Taehyung, mas a professora e os demais alunos franziram o cenho.

O garoto riu divertido e ajeitou a franja comprida sobre os olhos cor de mel.

- A sobremesa é a parte boa da refeição, ela vem depois do jantar.

- Esta dizendo que a primavera é a parte boa das estações? - perguntou a professora.

- Eu não gosto do inverno - o garoto deu de ombros. - assim como não gosto do jantar, eu quero a primavera para sempre!

- Sobremesa para sempre! - Taehyung falou animado, gostava da forma como aquele rapaz falava. Era único.

A professora mordeu os lábios pensativa e concordou.

- Enfim, como eu estava falando... - chamou a atenção dos alunos para si novamente e explicou que os mesmos precisariam fazer a pintura da primeira imagem que lhes viessem a mente quando falavam sobre as duas estações. Mas que precisavam de alguma forma, conciliar uma a outra.

Começariam pela primavera. E Taehyung se ocupou em desenhar um girassol, era a flor favorita de sua irmã e, assim como rapaz ao seu lado, Jisoo amava a primavera e foi inevitável não pensar na garota.

Assim que terminou, se encostou na cadeira afim de esperar a tinta secar, quando notou um pincel rolar no chão, se abaixou e o pegou e quando fez menção de devolver ao garoto, piscou surpreso ao notar que o mesmo usava os dedos para pintar. As mãos estavam sujas de tinta e alguns fios de cabelo coloridos de vermelho, laranja e verde.

Taehyung achou a atitude do mesmo estranha, mas não disse nada, apenas colocou o pincel sobre a mesa do rapaz.

- Assim não terá espaço - disse, observando a pintura do mesmo, onde diversas flores de vários tipos ocupavam a folha.

- Eu sei - respondeu, deslizando o dedo indicador pela folha, fazendo a tinta verde mesclar-se com a amarela.

- Mas quando a professora pedir para desenhar algo sobre o inverno, não terá como - insistiu o Kim. Ele não entendia porque o garoto estava fazendo tudo diferente. Era errado.

- Eu não ligo, - o menino respondeu, sorrindo contente ao terminar sua pintura. - vê? Não ficou bonito?

- Hum... Sim, mas...

- Bem melhor que o seu - disse convencido. - e sabe por que?

Taehyung franziu o cenho e olhou para seu girassol, estava bonito e harmônico, diferente da pintura do garoto, que era uma bagunça de cores e formas.

- O meu está bonito.

- E sem graça - observou, se inclinando para ver o desenho sobre a mesa de Taehyung.

- Eu gostei, está como a professora pediu.

- Bom, o meu está como eu quero que esteja, não gosto que me mandem fazer algo apenas porque deve ser feito ou da forma que eles querem que seja feito - disse o rapaz. - ela nos deu tintas, então deveria nos deixar explorar nossa mente e criar algo único. - falou e Taehyung piscou surpreso. - Mas preferiu nos obrigar a fazer a mesma coisa, isso é sem graça.

- É uma atividade, temos que fazer o que for dito.

- Eu entendo que pense assim, mas admita, se pudesse, desenharia flores?

Taehyung negou.

- Eu acho que faria um desenho da minha família.

- Viu? Seria mais interessante e ainda mais bonito - sorriu o rapaz. - fazer algo que queremos torna tudo mais especial.

- Mas a professora ficaria brava.

- Ela sempre fica - o garoto riu.

Taehyung piscou curioso e puxou a cadeira e a mesa para juntar a do rapaz, que não pareceu se incomodar.

Havia algo estranhamente curioso no garoto. A forma como se movia sem parar, pintando e cantarolando. Taehyung também notou que o mesmo parecia inquieto, balançando as pernas e, sempre que possível, se levantava ou tentava puxar assunto com o colega do lado ou atrás de si.

Hiperativo. Era assim que o rapaz era, incapaz de se manter parado ou concentrado. Ele desenhava e pintava, mas fazia outras coisas ao mesmo tempo.

Aquilo deixava Taehyung angustiado. Ele queria que o rapaz terminasse a pintura logo e então poderia fazer outras coisas, não parecia correto fazer tudo ao mesmo tempo, era uma bagunça e o Kim sentia que estava tudo errado.

Então, decidindo atrair a atenção do garoto para si, talvez assim ele parasse de se mover tanto, Taehyung tossiu forçado e tentou puxar assunto.

- Por que não gosta do inverno?

- É frio e eu não posso brincar sem precisar usar um monte de roupas - reclamou.

- Mas podemos fazer guerra de neve e tomar chocolate quente e...

- A primavera é melhor - o rapaz disse sorridente. - é mais bonita e o clima é mais gostoso.

Taehyung concordou.

- Você disse tudo isso sobre fazer o que queria, mas também desenhou flores e mesmo que não tenha mais espaço para desenhar algo sobre o inverno, você obedeceu a professora - observou o Kim. - então não entendo porque me disse aquilo.

- Foi apenas um comentário, eu sei que preciso fazer oque ela pediu, mas não quer dizer que preciso aceitar isso.

- Quantos anos você tem? - perguntou o Kim, curioso.

A forma como o garoto falava soava estranhamente sabia. E Taehyung imaginava se o rapaz não era um dos alunos brilhantes.

- Eu tenho oito - sorriu. - e você?

- Seis.

- E está nessa turma? Deve ser muito inteligente - observou.

- É oque dizem... E você, Hyung, por que esta aqui?

- Eu tenho dificuldade com as matérias, - riu envergonhado. - diferente de você, não sou tão inteligente.

- Eu não acredito, você me parece muito esperto - respondeu.

- Imaginação sua - riu.

- Como se chama, Hyung?

- Jung Hoseok - o garoto sorriu largo, parecia contente com a pergunta do mais novo. - e você?

- Kim Taehyung - respondeu, erguendo a mão em um cumprimento, sorrindo também.

Taehyung fez menção de dizer alguma coisa, mas a professora logo pediu para os rapazes desenharam algo relacionado ao inverno e o Kim se virou, concentrando-se em desenhar flocos de neve.

Geralmente, não levaria muito tempo para fazer a pintura, mas Hoseok não parava de falar e chamar sua atenção, fazendo o Kim parar por alguns instantes e responde-lo.

- E agora, como vai desenhar se não tem mais espaço? - perguntou curioso.

- Eu vou usar o outro lado da folha - respondeu, sorrindo animado.

Taehyung piscou supreso quando o rapaz virou a folha e a tinta do lado desenhado manchou a mesa.

- Hum... Hyung... Isso não...

- Relaxa Taehy - riu o Jung e a forma como o rapaz o chamou fez Taehyung corar. - eu posso pedir outra folha depois.

- Ce-Certo Hyung...

- Me chame de Hobi! - pediu sorridente.

- Hobi Hyung... - concordou o Kim, sorrindo constrangido.

- Aish... - a professora se aproximou desgostosa e olhou para a mesa suja de tinta e os papéis sobre a mesa. - Hoseok, o que eu lhe disse sobre fazer bagunça?

- Eu estou fazendo arte e não bagunça - bufou o Jung, cruzando os braços e fazendo um bico emburrado com os lábios finos.

Taehyubg riu da atitude do mais velho, ainda mais curioso a respeito do garoto. Ele era diferente de todos que conhecera.

A professora colocou folha de Hoseok no canto da mesa e lhe entregou outra folha, sorrindo gentil.

- Aqui, faça novamente - pediu e desviou o olhar para a de Taehyung, que estava inacabada. - Tae... Não terminou?

O Kim piscou e concordou constrangido, normalmente já estaria finalizada, era uma tarefa simples, mas Hoseok e seu entusiasmo o distraíra.

- Hum... Desculpe professora...

A mulher olhou para Hoseok que parecia disposto a começar outra conversa com o Kim, assim que o mesmo voltou a pintar.

- Hoseok, querido, não faça isso, está atrasando o Taehyung - alertou brava, fazendo o garoto corar envergonhado. - talvez seja melhor separar as mesas - falou.

Hoseok mordeu os lábios e concordou. Afinal, não era a primeira vez que aquilo acontecia. O garoto não conseguia ficar parado ou sem conversar e sempre era preciso separá-lo dos alunos, para evitar atrasá-los também.

Taehyung piscou triste ao notar a expressão do garoto ao seu lado e ergueu o olhar a professora, colocando as mãos pequenas na da mulher, que fazia menção de afastar as carteiras.

- Não diga essas coisas professora - falou o Kim, sério de repente. - vai magoá-lo.

A mulher arregalou os olhos e encarou Hoseok, que brincava inquieto com um dos pincéis limpos, os dedos sujos manchando o cabo do objeto.

- Mas ele esta atrasando você querido, assim não conseguirá terminar a atividade.

Taehyung negou com a cabeça e sorriu gentil.

- Ele não me atrasa - respondeu. - eu que na verdade estou muito adiantado - disse, erguendo a pintura e indicou seus colegas ao lado, que estavam apenas começando, alguns ainda pintavam as flores da primavera.

A verdade era que Taehyung era o único garoto genial naquela sala, todos eram alunos que precisavam de reforços durante as férias, para o Kim, aquelas atividades e estudos eram apenas um passatempo.

A professora mordeu os lábios e concordou vencida.

- Tá legal, mas se o senhor Jung lhe atrapalhar me diga que irei separá-los - pediu, afastando-se da dupla.

Hoseok suspirou aliviado quando a mulher se afastou e Taehyung sorriu.

- Tudo bem Hyung, ela já foi - falou, retirando o pincel da mão do mesmo. - pode voltar a fazer sua arte.

- Obrigado, Taehy! - Hoseok sorriu alegre e puxou o desenho no canto da mesa, onde as milhares de flores coloridas se encontravam.

Taehyung analisou a mesma por alguns segundos e sorriu. De fato, a do rapaz estava mais bonita que a sua.

- Hyung - Taehyung afastou a própria pintura e pegou a folha em branco que a professora lhe dera. - eu tive uma ideia.

Hoseok piscou curioso e sorriu.

- Qual?

- Que tal você terminar sua linda arte sobre a primavera e eu faço uma sobre o inverno e podemos juntá-las depois? - prôpos e Hoseok balançou a cabeça freneticamente. Concordando.

- E sobre o que falaremos, Taehy? - perguntou animado, recolhendo seus potes de tinta, colocando-o entre Taehyung e ele.

O Kim piscou pensativo e sorriu.

- Sobre amizade - falou, os olhos brilhando de animação. - afinal, você é meu amigo, certo?

Hoseok arregalou os olhos e abriu a boca, surpreso com a fala do garoto.

Taehyung era seu amigo, o rapaz até podia sentir um calafrio na barriga e pequenos tremores tomarem conta de seu corpo.

Ele tinha finalmente um amigo!

O rapaz abriu um largo sorriso, tão lindo e brilhante que fez Taehyung desviar o olhar constrangido.

- Sim, Taehy! - respondeu eufórico, as mãos agarrando as do Kim, que piscou surpreso ao sentir a tinta sujar-lhe a palma, mas não se importou. - Eu sou seu amigo!

- Que bom! - Taehyung sorriu quadrado pendendo a cabeça para o lado, fazendo a franja cobrir-lhe os olhos.

Hoseok ergueu os dedos e afastou os fios do Kim, manchando-os de azul e, diferente da forma como se sentiu no inicio, ao notar toda aquela tinta no rapaz de olhos cor de mel, Taehyung sentiu-se aquecido com o toque.

Ambos estavam contentes por finalmente terem um amigo. Taehyung, que por ser inteligente e muito novo na classe em que estudava tinha dificuldade em fazer amizade com seus colegas de sala, que não gostavam da atenção que o mesmo recebia e Hoseok, que por ser hiperativo demais, recebia bronca dos professores por se sair mal nas atividades e atrapalhar seus colegas, que não tinha tanta paciência para lidar com o garoto.

Dois opostos, completamente, mas que de alguma forma, estavam ali, juntos.

Conversaram animados enquanto faziam a atividade, sentindo-se tristes só de pensar que logo a aula acabaria e teriam de ir para casa.

Ambos pensando em como manteriam tal amizade até poderem se ver novamente no ano seguinte, nas férias de primavera. Teriam de esperar todas as demais estações e apenas quando o inverno passasse poderiam se reencontrar novamente.

Naquele momento Taehyung sentia que assim como Hoseok, não gostava tanto assim do inverno e, enquanto conversavam e se conheciam cada vez mais, chegou a conclusão que de fato a primavera era sua estação do ano favorita.

Fora na primavera que conheceu Hoseok e seria apenas nela que voltaria a revê-lo. Pensava.

Mas o destino trabalhava de forma curiosa, e assim como uniu os dois rapazes naquele fatídico dia, os manteria unidos nos demais.

A professora se aproximou da dupla, olhando curiosa para os desenhos e as pequenas frases acima deles que haviam escrito.

- O que é isso? - perguntou por fim, e Taehyung e Hoseok sorriram animados.

- "Flocos de neve estão caindo" - leu o Kim, passando os dedos pelas gravuras no topo da folha, acima do desenho de um trem sobre a neve. - "eu sinto sua falta." - e olhou para Hoseok que sorriu largamente.

O Jung uniu a folha ao do rapaz, onde também haviam algumas frases no topo do desenho e abaixo dele, e leu:

- "As cerejeiras estão florescendo, o inverno está no fim" - disse, sorrindo ao deslizar o dedo pelas diversas flores coloridas que havia desenhado. - "eu sinto sua falta."

A professora sorriu terna e emocionada para os garotos, piscando depressa, tentando afastar as lágrimas que começavam a surgir em seus olhos.

- "Passado o fim deste frio inverno." - Taehyung prosseguiu, lendo a frase final. - "Até que a primavera floresça de novo."

- "Até que as flores floresçam de novo." - Hoseok sorriu, lendo a frase abaixo de seu desenho infantil. - "Fique aí um pouco mais."

E juntos, colocando os desenhos ao lado um do outro, uma pequena palavra se formou, simples e delicada, mas imensamente importante, que para os dois garotos, significava muito mais do que podiam imaginar.

"Amigo."

[14 de novembro de 2019]

Meses após a morte de Jung Hoseok

- O que foi? - Jungkook circulou a cintura de Taehyung por trás, colocando a cabeça no ombro do namorado, que segurava uma folha velha, com um desenho infantil. O Kim parecia vidrado e perdido em pensamentos. - Amor, está tudo bem? - insistiu, fazendo Taehyung piscar desperto e sorrir triste, concordando com a cabeça.

- Es-Está... Eu acabei encontrando esse desenho e algumas memórias me vieram a mente - comentou, colocando com cuidado a folha de volta a caixa de papelão. Empurrando a mesma ao fundo do armário, abrindo espaço no guarda roupa.

- Parecia importante - Jungkook comentou curioso.

- E é - o Kim sorriu. - foi o desenho que fiz junto do Hobi Hyung, no dia em que o conheci - comentou.

- Entendo... - Jeon beijou a bochecha do namorado. - tem certeza que quer deixa-la naquela caixa? Não precisa guardar tantas coisas assim, já tem espaço o suficiente para minhas roupas ai - comentou.

Como suas aulas estavam acabando, Jungkook precisou sair do dormitório e Taehyung lhe dissera que não precisava morar em seu apartamento vazio. Então concordaram em levar as coisas do estudante para o apartamento do Kim, no que resultou em um quarto cheio de caixas do mais novo e um guarda roupa bagunçado de Taehyung.

Precisavam abrir espaço para as roupas de Jeon agora, assim como seus outros pertences, e enquanto reuniam alguns itens velhos e os guardava em caixas de papelão, Taehyung encontrou a pintura que fizera junto do melhor amigo e foi inevitável não pensar no rapaz de cabelos cor de fogo.

- Tem certeza? - Jeon o encarou aflito.

- Tenho, meu amor - o loiro sorriu terno e lhe beijou a testa. - só é inevitável não sentir falta dele...

- Eu entendo - Jungkook murmurou, entrelaçando os dedos ao de Taehyung.

O Kim mordeu os lábios e respirou fundo, encarando o quadro sobre sua cômoda, onde a fotografia dele e de Hoseok se encontrava, havia sido tirada no dia da formatura dos dois.

Taehyung poderia ter se formado antes, mas depois de curiosamente Hoseok ter sido transferido para seu colégio e cair na mesma sala que ele, o Kim se negou a tentar pular os anos como seus pais e professores insistiam. Queria se formar junto de seu melhor amigo. E assim o fez.

Sorriu triste, sem desviar o olhar da fotografia e do sorriso brilhante de Hoseok, se fechasse os olhos conseguiria sentir os braços do melhor amigo em seus ombros e sua voz.

"- Taehy, diga 'xis' - gritou o Jung, enlançando o braço ao pescoço do Kim, que riu e encarou a câmera que Jisoo segurava animada, fazendo um clique soar baixinho e o flash cegar-lhe momentâneamente."

"Eu sinto sua falta

Quando eu digo isso

Eu sinto ainda mais

Estou olhando sua foto

Mas ainda sinto saudades."

- Spring Day, BTS

Jungkook suspirou assim que terminaram de ajeitar suas coisas no quarto de Taehyung. Ou melhor, no quarto deles.

Jeon sorriu de canto, sentindo um frio na barriga só de pensar que agora iria morar com o homem que amava. Era incrível e assustador. Afinal, a meses trás nunca se vira fazendo algo como aquilo, mas ali estava ele, encarando suas roupas presas aos cabides ao lado das do namorado.

- Finalmente, acabamos - Taehyung sorriu orgulhoso. - agora vamos dormir, estou exausto. - pediu e Jeon concordou, igualmente cansado.

Não esperavam que fosse levar tanto tempo para ajeitar as coisas do estudante, mas estavam enganados. Embora fosse deveras satisfatório notar os pertences de Jungkook pelo quarto, banheiro ou sala.

Taehyung sabia oque aquilo significava, estava realmente levando o relacionamento deles a sério, como jamais chegou a fazer com qualquer outra pessoa. Era assustador e empolgante.

O Kim foi até a cama de casal e começou a ajeitar os lençóis, enquanto Jungkook se despia brevemente, livrando-se da calça jeans justa e rasgada e a camisa preta básica.

Sem pedir ou sequer notar, alcançou uma camisa social grande do detetive e a vestiu, sorrindo contente ao se observar no espelho.

O loiro se aproximou e beijou a nuca do mais novo, sentindo o coração acelerar apenas ao notar Jungkook com suas roupas.

- Posso me acostumar com isso facilmente. - murmurou, a voz rouca próxima ao ouvido de Jeon que arfou com o contato do hálito quente do Kim contra sua pele. - Você... De cueca e com minha camisa...

Jungkook sorriu de canto e inclinou a cabeça para o lado, dando mais acesso ao namorado, que continuou distribuindo leves selares sobre a pele clara e agora arrepiada.

- Bom... - Jungkook riu soprado e se virou ainda nos braços do Kim, desabotoando lentamente a camisa social do mesmo, que sorriu ao sentir o tecido leve deslizar pelo corpo e cair no chão. - e eu posso me acostumar a dormir com você assim... - sussurrou, aproximando os lábios ao do detetive.

- Devo dormir só de gravata? - riu o Kim, observando Jungkook puxar o zíper de sua calça, que fora arrancada com facilidade. Fazendo-o ficar apenas de cueca e gravata.

Jungkook riu soprado e concordou beijando ternamente o maxilar do loiro, que mordeu os lábios afim de evitar um gemido arrastado.

- Não me parece má ideia, detetive - concordou Jungkook, uma das mãos agarrando o tecido da gravata, puxando-a levemente, fazendo Taehyung se inclinar em sua direção, tomando-lhe os lábios com desejo.

Taehyung agarrou a cintura fina de Jungkook, aproveitando o beijo, sorrindo ao sentir o rapaz puxar o tecido em torno de seu pescoço de maneira possessiva.

Jungkook se aproximou ainda mais do Kim, a outra mão agarrando os fios de cabelo do mesmo, enquanto a língua encontrava a de Taehyung, fazendo ambos gemerem contidos.

A passos lentos e desastrados, o empurrou na cama, fazendo o mais velho se sentar e se colocou em seu colo, cada uma de suas pernas circulando a cintura de Taehyung, que sorriu cínico ao sentir a lombar do rapaz esfregar-se em sua semi-ereção.

- Também posso me acostumar facilmente com isso - riu soprado, segurando com firmeza as nádegas de Jungkook, fazendo-o rebolar sobre si lentamente, a curva de sua cintura movendo-se de forma provocante, instigando Taehyung a atingir o êxtase. - você rebolando gostoso pra mim...

Jungkook sorriu de canto e buscou os lábios do loiro com os seus, mordendo levemente o inferior, chupando logo em seguida, provocando-o.

- Não parece uma ideia tão ruim, detetive... - murmurou, os lábios roçando os de Taehyung, gemendo sempre que o Kim apertava-lhe a lombar com força e o movimentava com brutalidade sobre a intimidade sensível. - Aahn...

- Is-Isso... - Taehyung mordeu os lábios com força, evitando que outro gemido lhe escapasse. - mais rápido amor...

Jungkook fechou os olhos com força e uniu a boca ao do namorado, suspirando contra os lábios do mesmo, movendo a pélvis em um vai e vem alucinante, provocando a ereção pulsante de Taehyung enquanto sentia a própria implorar para ser liberta da cueca.

Em um impulso, completamente incapaz de conter, Taehyung circulou a cintura de Jungkook com um braço e com o outro agarrou-lhe a lombar, erguendo-o da cama, fazendo o mais novo arregalar os olhos surpreso e soltar um gritinho rouco e arrastado.

- Ta-Tae...

- Relaxa, eu só preciso me livrar disso - respondeu o Kim, mantendo um braço em torno da cintura de Jeon, que circulou as pernas no quadril de Taehyung afim de manter-se preso ao corpo forte do detetive, que usou a mão livre para descer o elástico da cueca, suspirando aliviado quando seu pênis se encontrou liberto.

Jungkook jogou os braços ao redor do pescoço do Kim, rindo divertido quando o mesmo voltou para a cama, se sentando e encostando na cabeceira, sem quebrar o contato visual.

- Confortável? - brincou o moreno, se erguendo lentamente, apoiado nos joelhos, sorrindo quando os dedos longos de Taehyung deslizaram o elástico de sua peça intima até seus joelhos, livrando seu pênis do aperto do tecido.

O detetive não respondeu, apenas agarrou a nuca do mais novo e o puxou para si brutalmente, unindo as bocas afoitamente, a língua explorando cada canto da boca de Jungkook, sentindo o gosto doce do rapaz, rosnando quando Jungkook se ergueu e encaixou a ereção do Kim em sua entrada.

- Ca-Calma amor - riu o Kim, abrindo a gaveta da cômoda ao lado. - pega a camisinha e o lubrificante - ditou e Jeon se curvou, buscando pelos itens.

Taehyung mordeu os lábios observando com prazer e devoção as curvas do corpo nu do namorado, repousando as mãos grandes na cintura fina do mesmo, sorrindo de canto enquanto observava o rapaz rasgar a embalagem da camisinha e coloca-la na intimidade do detetive.

Jeon encontrou o olhar do loiro e sorriu constrangido, sentindo o corpo queimar com o toque do mesmo, a barriga encolhendo-se a cada leve dedilhar do Kim em sua pele pálida e arrepiada.

Taehyung agarrou com firmeza as nádegas de Jungkook e o puxou para si, erguendo-o um pouco, encaixando-se.

- Pensei que estivesse exausto detetive - Jungkook murmurou, o hálito quente acariciando a pele bronzeada do Kim, que suspirava em deleite sempre que o mais novo beijava-lhe o pescoço exposto.

- Estava - respondeu soprado, distraido com as carícias de Jeon.

Uniram os lábios novamente, as línguas explorando cada canto da boca um do outro, uma mistura excitante de saliva e suor, enquanto as mãos inquietas deslizavam por seus corpos, se reconhecendo.

Taehyung grunhiu abafado quando Jungkook fingiu sentar sobre sua ereção sensível e, possessivamente, segurou o quadril do mais novo.

- Você está muito brincalhão hoje, não acha? - perguntou sério, o tom de voz grave fazendo Jeon prender a respiração. - Eu adoro esses joguinhos amor, mas hoje não, eu quero você agora.

Jungkook mordeu os lábios e concordou, sorrindo de forma maliciosa.

- Como?

Taehyung piscou em compreensão e ergueu o quadril em direção a entrada de Jungkook, fazendo o mesmo gemer baixinho, aguardando ansioso.

- Assim - ditou, forçando a lombar de Jungkook para baixo, preenchendo-o instantâneamente, fazendo o mais novo gemer alto e dolorido, fincando as unhas nos ombros de Taehyung. - Agora... - o loiro molhou os lábios com a lingua, e o deslizou pelo pescoço de Jeon, até alcançar seu queixo, mordendo a região levemente. - rebola pra mim, vai.

E Jungkook o obedeceu, esquecendo-se da dor logo em seguida, enquanto sentia a pélvis de Taehyung se mover para cima, enquanto as mãos firmes do detetive o puxavam com brutalidade para baixo, forçando o pênis na entrada pulsante do mais novo, que tentava manter a respiração controlada, embora gemesse sem pudor algum, a voz melodiosa ecoando no cômodo.

E, conforme se movimentava com força e guiava o quadril de Jungkook, Taehyung encontrou com facilidade o ponto de prazer do rapaz, atingindo a área com afinco, sorrindo enquanto beijava os ombros do mais novo com luxúria. Os olhos castanhos queimando a pele de Jeon, que tinha a cabeça jogada para trás e a boca entreaberta, deixando que gemidos sôfregos saíssem sem vergonha alguma, revirando os olhos de prazer.

Não demorou muito para ambos atingirem o orgasmo juntos, os corpos suados e colados estremecendo de prazer ao atingirem o ápice, caindo exaustos no colchão, completamente anestesiados.

Taehyung respirou fundo e se virou, abraçando a cintura de Jungkook, que sorriu contido e jogou a perna sobre as do Kim.

- Eu amo você - o estudante sussurrou, as testas unidas ao do namorado, que piscava sonolento.

- Eu amo mais - respondeu o detetive.

- Eu amo muito mais - riu Jungkook, deixando um leve selar nos lábios do Kim.

Taehyung murmurou algo em resposta, mas se deixou ser vencido pelo sono e adormeceu, sentindo as carícias de Jungkook em seus fios claros, sorrindo de canto ao constatar que, na manhã seguinte, o rapaz ainda estaria ali.

[05 de dezembro de 2019]

Lar Saint'Ana

- Tem certeza? - Jungkook perguntou inquieto, observando Taehyung estacionar o conversível próximo a entrada principal do asilo especial.

O Kim concordou sorridente.

- Claro, meus pais precisam conhecer você - disse e Jeon estremeceu.

- Mas você não disse que eles estavam... Doentes?

Taehyung sorriu triste e concordou.

- Depois que Jisoo se foi, a notícia não foi muito bem aceita e, bem... Não são mais os mesmos, mas agora eu resolvi o caso e preciso dar a notícia a eles. - explicou, entrelaçando os dedos ao do mais novo, que tentava se manter calmo.

- Será que eles vão gostar de mim? - perguntou receoso, acompanhando o Kim pelo corredor bem iluminado e se manteve em silêncio enquanto o detetive conversava com um dos profissionais do local.

- Eu não sei nem se eles irão olhar na minha cara amor - murmurou Taehyung, angustiado. - as coisas tem sido complicadas, mas agora que eu resolvi o caso, tenho esperança de que eles irão se recuperar...

Jungkook concordou, engolindo em seco.

Sentia-se triste pelo namorado ter de lidar com aquele tipo de situação, perdera a irmã, o melhor amigo e seus pais estavam instáveis. Se fosse o estudante, não conseguiria suportar, Taehyung era mais forte do que aparentava.

- Você é incrível - comentou baixinho, observando Taehyung respirar fundo antes de levar a mão livre em direção a maçaneta.

O Kim sorriu de canto, em agradecimento por ter o rapaz ao seu lado. Era reconfortante saber que não estava totalmente sozinho.

Normalmente, quando ia visitar os pais, Hoseok era a pessoa que o acompanhava e o Jung era o único capaz de arrancar algumas palavras do senhor e da senhora Kim, mesmo que elas fossem as mesmas.

"- Você tem um cabelo diferente, criança - sua mãe dizia, erguendo os dedos flácidos e trêmulos em direção aos fios vermelhos vibrantes de Hoseok, que sorria gentil."

Taehyung observava os pais fitarem curiosos os cabelos cor de fogo do melhor amigo, sentindo uma pontada de inveja por não estar recebendo devida atenção.

Mas a dor logo passava e era substituída por determinação. Seus pais estavam daquela forma porque acreditavam que sua querida filha tirara a própria vida, que haviam sido incapazes de cuidar da garota. Mas Taehyung sabia que não era verdade e um dia provaria.

Mas Hoseok não estava mais ali para chamar a atenção dos Kim's e Taehyung viera com outros objetivos. Então, respirando fundo uma última vez, apertou os dedos em torno dos de Jungkook com firmeza, abrindo a porta do quarto, dando um passo a frente.

Estava na hora, de tentar de alguma forma, trazer paz ao espírito de seus pais.

Jungkook piscou ansioso, analisando o imenso cômodo, era reconfortante observar o casal de idosos sentados próximos a janela no pequeno sofá, as mãos entrelaçadas e o rádio antigo ligado em alguma estação que tocava uma música lenta.

A mulher, que Jeon julgou ser a mãe de Taehyung, tinha o olhar perdido na vista do lado de fora, a cabeça apoiado no ombro do marido, que segurava uma revistinha de palavras cruzadas, embora o lápis pendesse no ar, entre os dedos do mesmo, que encarava a folha não preenchida em silêncio.

Taehyung caminhou lentamente em direção ao casal e se colocou de joelhos em frente a mãe, segurando as mãos frágeis da mulher, engolindo em seco quando a mesma não esboçou reação alguma com sua presença.

- Omma... - o detetive murmurou e Jungkook se ajoelhou ao seu lado, observando a mulher com angustia aparente. - Hum... Eu vim ver você, omma, como está? - tentou, mas nada.

Jeon olhou para o senhor Kim que ainda tinha os dedos erguidos no ar, encarando as palavras cruzadas. O rapaz se ergueu e encarou o papel em branco e, timidamente, passou os dedos por alguns quadrados.

- Árvore - o mais novo disse calmamente, indicando onde a palavra deveria ser escrita. O senhor Kim piscou confuso e ergueu o olhar, os castanhos de seus olhos encontrando os negros de Jungkook.

Taehyung encarou os dois em expectativa, confuso com a forma como o namorado atraiu a atenção de seu pai com tanta facilidade.

Jungkook sorriu gentil e indicou os quadrados.

- Ár-vo-re - ditou, sorrindo quando o homem escreveu calmamente a palavra, os dedos trêmulos fazendo algumas letras ultrapassar os quadrados. Mas Jungkook não se importou e, segurando com carinho a mão do homem, o ajudou. - Isso, certinho. - sorriu.

O senhor Kim piscou desperto e sorriu de canto, contente consigo mesmo e Taehyung, observando o pai, sentiu uma lágrima silenciosa escorrer de seu olho direito, mas sequer fez menção de secá -la.

Jungkook afastou o toque da mão do senhor Kim, e estremeceu quando o homem voltou a encará-lo com intensidade.

- Seus olhos são lindos, criança - comentou baixinho, a voz rouca e falha fazendo o coração de Taehyung pular uma batida e sentiu a garganta queimar com a vontade avassaladora de chorar que o atingiu.

Há quanto tempo não escutava a voz do pai?

- Appa... - tentou o detetive, se colocando ao lado do namorado, que tinha a expressão surpresa dominando-lhe a face. - Appa... Eu estou aqui, se lembra de mim?

O senhor Kim manteve os olhos fixos nos de Jungkook.

- Estrelas - murmurou o homem, ignorando o filho ao lado. - seus olhos tem o brilho de milhares de estrelas. - comentou.

Jungkook sorriu.

- Minha mãe costumava dizer que eles carregavam uma galáxia inteira - respondeu Jeon e o senhor Kim concordou.

- Minha doce filhinha... - suspirou, triste. - se tornou uma linda estrela, não é querida? - olhou para a esposa, que tinha o olhar vidrado na paisagem do lado de fora.

- Appa... Esse é o Jungkook, meu namorado, eu o trouxe para conhecer vocês - Taehyung tentou novamente e o senhor Kim o fitou.

- Filho... - murmurou, erguendo as mãos em direção ao Kim, que suspirou aliviado. - esse rapaz é seu namorado?

- S-Sim, appa, ele não é precioso?

O senhor Kim encarou Jungkook novamente e o estudante de fotografia engoliu em seco, sentindo-se avaliado.

- Ele me parece uma boa pessoa filho - comentou. - minha Jisoo amaria conhecê-lo... - choramingou.

- Ele a conheceu, appa - Taehyung respondeu, sem se sentir abalado. - eles eram bons amigos, Jungkook a conhecia, ele tem vinte e dois anos, estudou junto com ela na faculdade, irá se formar em breve.

A senhora Kim piscou confusa e desviou o olhar da janela para Jeon.

- Jisoo teria sua idade - falou a mulher de repente, assustando Taehyung e Jungkook. - ela também deveria se formar na faculdade, mas minha filhinha se matou...

- Não omma - Taehyung negou angustiado. - Choo não fez isso, ela foi assassinada, mas eu já encontrei o responsável, ele está preso agora, acabou.

- Preso? - o senhor Kim parecia anestesiado, sua voz soava falha e sonolenta. - Apenas isso?

- Ele irá pagar por tudo que fez appa - argumentou o detetive. - mas o que importa, é que eu estava certo, Jisoo não tirou a própria vida, ela jamais faria isso.

A mãe de Taehyung negou com a cabeça, chorando baixinho, agarrando o braço do marido com força.

- Isso não muda nada, minha garotinha se foi, ela sofreu tanto, ela não merecia isso, não merecia....

- Eu sei omma, mas vocês precisam aceitar oque aconteceu, me deixe ajudar vocês...

- Eu não quero - a mulher negou. - eu só quero minha Jisoo de volta.

- Omma...

A mulher virou o rosto triste e voltou a observar a janela em silêncio, se negando a falar com Taehyung, que tentava a todo custo trazê-la de volta a realidade, mas a senhora Kim mantinha o olhar impassível.

- Você tem razão - comentou Jungkook, depois do que pareceram horas em silêncio com Taehyung encarando a mãe aflito e o senhor Kim anotando calmamente as palavras de seu jogo. - Jisoo não merecia isso, ela deveria estar viva, mas não está.

Taehyung encarou o namorado inquieto, não parecia uma boa ideia trazer o assunto a tona novamente.

- Jisoo era uma boa garota, ela assim como qualquer outra pessoa, não merecia isso, mas aconteceu e não há nada que possamos fazer mais.

- Minha Choo... - a mãe de Taehyung murmurou triste, os olhos ainda focados na janela.

- Sua filha era incrível, senhora Kim - continuou. - ela tinha um coração tão puro, era honesta e gentil, amável até com pessoas que não mereciam e inacreditávelmente linda. - falou, o tom de voz sereno atraindo a atenção da velha mulher para si. - e tudo isso graças a vocês, que foram bons pais, deram todo o amor que ela merecia e a fizeram feliz.

- Mas ela se foi...

- Mas as lembranças dela ainda estão aqui - Jungkook tocou o peito. - presentes em nossos corações, no seu e de seu marido, no de Taehyung e no meu - falou sério, erguendo-se sobre os joelhos, arrastando-se em direção a mulher, segurando sua mão com delicadeza, a levando em direção ao coração da mesma. - então por favor, aguente mais um pouco, mantenha as lembranças de Jisoo vivas dentro de vocês, não deixem que essa dor tire algo tão precioso como as memórias que possuem com sua filha.

A senhora Kim respirou fundo, desviando o olhar para Taehyung, que meneeou a cabeça em concordância.

- E-Eu não quero perder as lembranças da minha garotinha - falou o senhor Kim, repousando o jogo de palavras cruzadas na mesinha ao seu lado.

- Não irão! - Taehyung disse depressa. - Eu conheço uma pessoa, uma psicologa boa o suficiente, ela me ajudou tanto appa, omma... Por favor, me deixe cuidar de vocês como posso, eu nem sempre estarei presente e vocês precisam se recuperar...

Jungkook piscou confuso, mas se manteve calado.

A mãe de Taehyung concordou, repousando a cabeça no ombro do marido, os olhos ainda fixos em Jungkook.

- Querido... - chamou e o detetive a fitou ansioso. - seu namorado... É realmente precioso. - comentou, fazendo Taehyung abrir um sorriso largo e aliviado, enquanto Jeon desviava o olhar envergonhado.

O Kim puxou o namorado para perto, repousando a cabeça no ombro de Jungkook, assim como a mãe fazia com o marido e, ainda sorrindo aliviado, concordou.

- Sim, omma, ele é.


[10 de dezembro de 2019]

Delegacia Principal de Seul

- Chegou outra proposta novamente - Yoongi estendeu um envelope em direção a Taehyung, que franziu o nariz desgostoso, já sabendo do que se tratava o documento.

- Eu já recusei diversas vezes, porque insistem tanto? - queixou-se, agarrando o papel, colocando-o junto dos demais arquivos que tinha sobre a mesa de seu escritório.

O delegado deu de ombros, observando em silêncio o Kim andar de um lado para o outro na sala, ajeitando documentos de casos que solucionou naquela semana.

- Porque precisam de você - respondeu. - deveria aceitar.

Taehyung parou no meio da sala e encarou o Min surpreso.

- Aceitar? Eu estou bem aqui, trabalhando com você.

- Eu sei disso, mas é uma grande oportunidade, eles estão lhe oferecendo mais do que eu sou capaz de lhe dar e trabalhar com eles o fara ajudar muitas outras pessoas - argumentou.

- Eu já ajudo muitas pessoas.

- Pode ajudar muito mais.

- Por que estamos falando disso novamente? - reclamou o detetive, sentando-se na mesa. - Já conversamos sobre isso e eu pensei a respeito, não posso simplesmente aceitar isso e ir embora, Jungkook não-

- Não diga que ele seria contra - alertou Yoongi. - você o conhece o suficiente para saber que ficaria feliz e orgulhoso de você, e o rapaz não me parece ser o tipo de namorado que impede as pessoas de aceitarem uma oportunidade como essa.

- É uma decisão muito importante - Taehyung murmurou. - nós começamos a namorar agora, Jungkook irá se formar em dez dias, meus pais começaram o tratamento psicológico agora, eu não sei se deveria...

- Mas você quer, não é? - perguntou o delegado. - Eu me lembro de como você ficou animado quando solicitaram sua ajuda naquela época.

- Péssimo momento, na verdade - resmungou o Kim.

- Não diga isso, eles não poderiam saber que algo aconteceria com sua irmã, e estamos falando de você Taehyung. O que você quer?

O detetive deu de ombros.

- Eu quero estar com Jungkook, quero que meus pais se recuperem e quero poder viver em paz depois de tanto tempo. Quero um pouco de normalidade...

- E não quer trabalhar na melhor agência policial da Inglaterra? - o Min ergueu a sobrancelha, cínico. - Vamos, admita, eu conheço esse seu ego inflado, só de se imaginar com o distintivo e o crachá da Scotland seus olhos começam a brilhar. - brincou.

Taehyung riu soprado e concordou. De fato, ele amara a experiência de ajudar no caso do roubo da jóia a três anos atrás, mas as coisas eram diferentes agora. O Kim tinha uma pessoa que amava e que não estava disposto a abandonar e não poderia simplesmente pedir para Jungkook largar tudo, seus amigos, família para viver com ele em outro país.

- Eu realmente gostei de trabalhar com eles... - murmurou o detetive, com um bico chateado nos lábios. - Mas não posso pedir isso ao Jungkook.

- Não seja tão convencido Kim - o delegado revirou os olhos. - a proposta não lhe garante um emprego fixo, é um teste, você precisa passar primeiro, depois poderá pensar nisso.

Taehyung concordou.

Scotland havia lhe feito uma oferta: Bastasse solucionar um caso secreto e eles iriam avaliar seu desempenho e lhe garantir um vaga na equipe de investigação especial.

Além de prometerem que o Kim teria o horário de trabalho reduzido, bolsa de estudos em uma das melhores Universidades de Londres para que pudesse prosseguir com o seu curso em Letras e diversos outros auxílios.

Era uma oportunidade única e indispensável. E ali estava Kim Taehyung, pensando no sorriso doce de Jungkook e no tempo que precisaria ficar longe do rapaz para cuidar do caso, havendo a possibilidade de ser aceito na equipe e então, morar em outro país.

Era muita coisa para assimilar, o caso encerraria em uma semana e Jungkook de formaria em dez dias, se aceitasse, teria de solucionar a investigação a tempo de voltar para a cerimônia de formatura do namorado.

O Kim suspirou vencido, o olhar firme de Yoongi o obrigando a pensar melhor no assunto. Então, pegando a pasta, a colocou em sua maleta e saiu da delegacia. Precisava buscar Jeon na Universidade

...

- Para onde vamos? - Jungkook perguntou animado, enquanto ajeitava a camisa social dentro da calça.

Taehyung se aproximou do namorado e se abaixou, concentrando-se em amarrar os cadarços dos sapatos do mesmo.

- Você não assiste televisão amor? - brincou, se levantando e deixando um selinho rápido nos lábios de Jeon. - Hoje acontecerá um Festival de Lanternas no Rio Han, em homenagem aos mortos.

Jungkook piscou surpreso, lembrando-se de conversar com Joe sobre o evento.

- Ah sim, eu havia me esquecido.

- Eu também, mas Jimin insistiu para que fossemos com ele e Yoongi essa noite. Tudo bem pra você?

Jungkook concordou e acompanhou o Kim em direção a sala.

- Claro, iremos encontrar eles lá?

- Sim! - Taehyung sorriu e segurando a mão do namorado, a levou em direção ao bolso de seu casaco como de costume e o estudante sorriu de canto, sentindo as típicas borboletas no estômago sempre que o detetive fazia tal coisa.

...

O lugar estava lotado, oque era de se esperar, visto que o Festival fora muito bem promovido durante a semana e, sem demoras, o casal encontrou Yoongi próximo a uma barraca de lanternas, o Min tinha os braços em torno da cintura de Jimin, que se ocupava em pagar pelos objetos.

- Demoramos? - Taehyung perguntou e os dois negaram.

- Não, eu só estava animado para vir, então chegamos mais cedo. - respondeu o Park, sorrindo gentil.

Jungkook olhava ao redor deslumbrado, a câmera fotográfica presa em uma alça ao redor do pescoço, os olhos escuros brilhando de curiosidade.

- Vamos dividir a nossa, pirralho - Yoongi falou, tirando Jeon de seus desvaneios. O estudante encarou a lanterna nas mãos do delegado, havia um pequeno folheto ali, onde o nome de Jisoo se encontrava escrito com os caracteres chineses.

- Eu comprei uma para Taehyung usar comigo - Jimin indicou a própria e se colocou ao lado do detetive, Jeon franziu o cenho. - é a do Hoseok, você e Yoonie podem levantar a de Jisoo.

Taehyung sorriu agradecido e juntos caminharam em direção ao rio Han, se colocando em meio ao aglomerado de pessoas.

Havia música e vozes espalhadas pelo local, assim como barraquinhas de comida e crianças usando trajes tradicionais correndo de um lado para o outro.

Os casais se mantiveram lado a lado, esperando dar meia noite para se despedirem de suas lanternas e das pessoas a quais cada uma pertenciam.

- Isso me fez lembrar de uma coisa - Yoongi riu animado, apoiando o queixo no ombro de Jimin, que acariciava seus fios lisos distraído.

Taehyung sorriu canalha e abraçou Jungkook com mais força, o corpo colado ao do namorado, se colocando entre o estudante e o grupinho de adolescentes barulhentos próximo a si, que a minutos atrás, estavam cochichando sobre como o moreno era atraente.

- Está falando daquele caso, que uma velha rabugenta fingia ser médium e usava uns truques baratos com as velas? - perguntou o detetive e Yoongi concordou, lembrando-se da forma hilária como Taehyung a desmascarou.

- Esse mesmo - riu o delegado e Jimin sorriu de canto, lembrando-se do ocorrido.

- Ela te processou - comentou o Park, arrancando outro sorrisinho cínico do detetive.

- E eu ganhei o processo - Taehyung sorriu convencido. - até fui indenizado - zombou.

Jungkook piscou confuso.

- Por favor, me contem isso direito - pediu o garoto, sentindo-se frustrado por não entender oque estavam falando.

- Ah, não - Jimin revirou os olhos quando o delegado e detetive sorriram cúmplices. - por que você pediu para eles fazerem isso? Agora não vão parar nunca.

Mas Jeon não se importou, estava curioso e ver como os olhos do namorado brilhavam animados enquanto relatava o ocorrido, o fez pensar que se fosse preciso ouvir a mesma história diversas vezes apenas para vislumbrar a face do Kim, então ele o faria, sem pestanejar.

- Então a prendemos - concluiu o detetive, rindo junto de Yoongi e Jungkook, que agora entendia o motivo de tal caso ser tão engraçado.

- Eu não sabia que alguns casos eram tão... Estranhos. - comentou. - Pensei que estivessem repletos de adrenalina e perigo a todo momento.

Taehyung negou.

- Nem todos, mas confesso que os perigosos são melhores e- engoliu em seco, notando o olhar penetrante de Jeon sobre si. - quer dizer, agora nem tanto, sabe...

Jimin riu debochado.

- Não se apegue tanto a eles Jungkookie - zombou. - como pode ver, não possuem nenhum pingo de senso, se colocando em perigo dessa maneira. - embora estivesse brincando, ainda havia uma pitada de repreensão em seu tom de voz.

- Não seja hipócrita, amor - Yoongi murmurou, beijando a bochecha do Park, que corou instantânemente, perdendo totalmente a postura. - não vou me esquecer tão cedo que você entrou em um galpão cheio de bandidos armados e ainda levou um tiro propositalmente por causa de uma operação - alertou o delegado e dessa vez foi o momento de Jungkook rir debochado.

- Ei, não ria - brigou Taehyung, mordendo a orelha do namorado, quase fazendo-o engasgar com a própria saliva, pego de surpresa. - você não sai ileso ou pensa que não me lembro de quando desobedeceu minhas ordens e golpeou o legista com uma cadeira?

Jungkook arregalou os olhos junto de Jimin que agora ria só de imaginar a cena.

Parecia uma situação deveras hilária se dita daquela forma descontraída, em meio aos amigos, enquanto jogavam conversa fora. Mas apenas Jungkook e Taehyubg sabiam como seus corações martelaram frenéticos no peito enquanto o sangue queimava de adrenalina e medo.

- Eu salvei você! - queixou-se o estudante, indignado com o sermão do detetive que sorria cínico.

- Eu sei - o Kim deu de ombros, a voz grossa soando baixinha e os lábios finos ainda brincando com a orelha de Jungkook que se contorcia levemente. - e só de me lembrar da sua expressão naquele dia... Ah Jeon...

- Encontrem um motel - Jimin reclamou, fazendo o casal rir constrangido.

- De fato, aquele dia foi uma bagunça, uma hora eu estava lendo uma papelada chata e na outra dentro da viatura na velocidade máxima pronto para acabar com o desgraçado. - comentou o Yoongi.

- Ainda assim, foi sensacional - Taehyung riu. - tirando o fato de ter sido baleado e quase levado um tiro na cabeça se Jungkook não tivesse me salvado, de fato, foi incrível.

- Eu salvei você - Yoongi bufou.

- Você me atrasou nas investigações, isso sim - retrucou o Kim. - eu saberia que Jackson era o assassino se você não tivesse matado o legista.

- Ele estava com uma puta arma apontada para a cara do seu namorado, idiota - argumentou Yoongi.

- Okay, Okay - Jimin ergueu as mãos, suspirando cansado. - todos nós sabemos que vocês são a dupla dinâmica e fodona, agora parem de discutir.

Jungkook riu baixinho e deu um selinho na bochecha de Taehyung que tinha uma carranca no rosto, mas o detetive sorriu logo em seguida, tocando os lábios com o dedo indicador, pedindo um beijo no local, atrevido.

- Mais tarde - Jeon respondeu, rindo e revirando os olhos.

Não demorou muito para as pessoas começarem a se mover animadas, acendendo as lanternas por fim, segurando-as para impedir que flutuassem.

Jimin pegou um esqueiro com um velho senhor ao seu lado e depois de acender as duas lanternas que comprou e devolver o objeto ao homem, se colocou ao lado de Taehyung, segurando em um lado e Jungkook fez o mesmo com Yoongi, sentindo o coração calmo como nunca antes.

- Querem dizer alguma coisa? - o Park perguntou, atraindo a atenção dos demais para si.

- Eu sentirei saudades, Hyung - Taehyung murmurou, sorrindo de canto, pensando no sorriso largo e brilhante do melhor amigo.

Se Hoseok estivesse ali, provavelmente estaria com a maior lanterna do local, quase um balão e faria alguma piada do tipo: "Suba aqui Taehy, vamos visitar Jisoo!"

Antes que pudesse notar, os dedos de Jungkook secavam suas lágrimas silenciosas.

- Eu gostaria apenas de agradecer, por ter entrado na minha vida - Jungkook murmurou e Yoongi concordou ao seu lado.

- Ela já sabe - falou o delegado, lembrando-se do ocorrido no cemitério à meses atrás. Tudo que precisava ser dito já tinha sido feito e agora o Min só podia agradecer por Jisoo ter colocado Jimin em sua vida.

Jimin sorriu docemente, observando com carinho cada um dos três ali e, sussurrando baixinho, apenas para que ele, Jisoo e Hoseok pudessem escutar, de algum lugar, falou:

- Encontro vocês em uma próxima vida, pessoal.

E juntos, assim como as centenas de pessoas ao seu redor, levantaram os braços em direção aos céus e soltaram as lanternas, que ergueram-se lentamente, iluminando o noite escura.

- Proposta? - Jungkook piscou confuso enquanto ajeitava os lençóis sobre a cama, se jogando debaixo dos mesmos enquanto observava curioso o namorado caminhar em sua direção com um envelope.

- Sim... - o Kim mordeu os lábios, ansioso e, retirando a camisa fina, ficando apenas com a calça de seu pijama, se aconchegou debaixo das cobertas, deitando a cabeça no próprio braço, entregando o documento a Jungkook. - Leia você mesmo.

O estudante franziu o cenho, mas não contestou, sentando-se angustiado retirou as folhas do envelope e leu tudo atentamente.

- Isso... - engoliu em seco, surpreso.

- Isso? - o detetive piscou alarmado.

- É incrível, amor! - exclamou Jeon, sorrindo animado. - Você precisa tentar, é uma oportunidade única.

Taehyung se sentou em silêncio e deu de ombros, tentando não transparecer como se sentia aliviado com a reação do namorado.

- Mas se eu for aceito...

- Você vai ser aceito - Jungkook disse firme. - eles estão praticamente implorando para ter você na equipe.

- Terei que ir embora - Taehyung respondeu, o tom de voz sério. - essa investigação já esta em curso, o prazo encerra em sete dias, sua formatura é em breve, talvez eu acabe perdendo.

O estudante de fotografia balançou a cabeca em compreensão. Claro que ele desejava ter o namorado junto de si no dia, mas era uma oportunidade única e não queria ser o motivo de Taehyung recusá-la.

- Você não vai perder minha formatura - respondeu simplista. - e sabe por que?

- Por que eu não vou? - respondeu o Kim.

- Porque você é o melhor detetive que eu conheço, esse caso não chega nem perto do de Jisoo, irá solucionar a tempo e voltar para mim - sorriu de canto, sem desviar os olhos escuros dos de Taehyung.

- Se eu conseguir solucionar, então eles irão me querer na equipe.

- Você quer isso? - Jungkook perguntou, atento às expressões do namorado. - Não pense em mim, nos seus pais e nem em seus amigos, pense no que você quer e me diga.

Taehyung mordeu os lábios aflito e desviou o olhar, sentindo os dedos de Jungkook segurar seu queixo, virando seu rosto em sua direção novamente.

- Me responda, detetive - sussurrou. - quer ser um dos agentes da Scotland?

- Céus, eu quero - confessou, soltando a respiração que sequer notou prender. - mas se isso me afastar de você, então a resposta é não, que se foda a Scotland, a Inglaterra e todos os chás sem gosto daquele lugar - ralhou irritado e Jungkook riu baixinho, se aproximando e se colocando no colo de Taehyung.

- Não se preocupe com isso, serão apenas alguns dias, não vamos nos afastar por causa disso.

- Mas...

- E quando você for aceito, porque eu sei que vai, podemos resolver as outras questões.

- Quais questões?

Jungkook fez um bico adorável com os lábios e ergueu o olhar para o alto, fingindo pensar profundamente no assunto.

- Você sabe, embalar nossas coisas, encontrar uma casa agradável para nós dois, um emprego para mim na Inglaterra e-

- Então você viria comigo?! - Taehyung exclamou eufórico, agarrando o quadril de Jeon, puxando-o para perto de si.

- Óbvio!

- Mas e seus amigos, sua família?

- Existe avião pra isso detetive - revirou os olhos. - compramos a passagem e visitamos eles quando precisar, simples assim - respondeu, dando de ombros.

Taehyung sorriu animado, os olhos se fechando e formando pequenas marquinhas ao redor, tamanha a felicidade que o consumia naquele momento.

- Então eu vou!

- Ótimo! - Jungkook riu soprado quando o namorado enterrou o rosto na curva de seu pescoço. - Mas chegue a tempo para minha formatura ou eu mato você.

O Kim concordou freneticamente.

- Nem que eu precise vir nadando - sussurrou.

- Por favor, não faça isso, eu não quero meu namorado encharcado no meio dos convidados - brincou Jungkook, arrancando outro sorrisinho de Taehyung.

- Nada de vir nadando então.

- Bom mesmo.

- Eu amo você.

- Eu sei - Jungkook sorriu de canto.

- Ei, diga que me ama também! - reclamou o loiro, erguendo o olhar, fitando o mais novo que mordia os lábios para evitar rir da cara do mesmo.

- Mas você já sabe... - brincou.

- Diga mesmo assim!

- Aish... - revirou os olhos, se ajeitando sobre o colo do Kim, circulando seu pescoço com os braços, os dedos enfiando-se no emaranhado de fios loiros. - eu amo você detetive.

- E eu amo você garoto e suas pernas lindas... - Taehyung sussurrou.

- Você tem uma coisa com minhas pernas não é? - queixou-se o mais novo e o Kim deu de ombros.

- Eu tenho uma coisa com você todinho, meu amor - respondeu, unindo as bocas por fim, mordendo levemente o lábio inferior de Jungkook, que suspirou e o abriu, a ponta da língua acariciando a boca de Taehyung, que agarrou com ainda mais força a cintura do rapaz, unindo os corpos já colado, fazendo-o balançar e cair para trás, rindo suspreso logo em seguida.

Voltaram a se beijar em meio a pequenos sorrisos e, mais uma vez, teriam uma noite longa.

[20 de dezembro de 2019]

Korea University

Jungkook sentia-se ansioso, seu estômago não parava de embrulhar, suas têmporas estavam repletas de suor e o rapaz ignorava os sermões de seu professor que o mandava colocar o chapéu novamente.

A beca preta e dourada estavam sufocando-o e quanto mais encarava a tela de seu celular, mais as horas pareciam lentas.

Onde estava Taehyung? Ele prometera chegar a tempo e desde que viajara para Inglaterra trocava mensagens e telefonemas com Jungkook, sem entrar em detalhes sobre a investigação, visto que era um assunto confidencial e o estudante, mesmo curioso, não queria arranjar problemas ao namorado, afinal poderia perguntar mais tarde quando se reencontrassem.

Mas ali estava ele, olhando de um lado para o outro, sorrindo forçado sempre que alguém lhe cumprimentava.

Jimin e Yoongi estavam sentados na lateral do imenso salão, conversando próximos demais mesmo estando em público, o delegado tinha as mãos entrelaçadas nas do Park e sorria gentil enquanto o escutava tagarelar.

Jeon não deixou de notar aliança brilhando no dedo dos dois, e não é como se pudesse fingir não saber que eles tinham uma, visto que Jimin fizera um escândalo quando as recebeu três dias atrás, deixando Jungkook ainda mais inquieto.

Ele e Taehyung não tinham alianças e naquele momento o detetive estava em outro país, provavelmente dando sopa para qualquer cara ou mulher se aproximar, só porque não tinha uma maldita aliança no dedo.

Jungkook sentia-se frustrado consigo mesmo, ele pedira o Kim em namoro, porque não providenciou os anéis logo em seguida? Talvez estivesse confiante demais. Claro que confiava no namorado e sabia que ele não daria abertura para nenhuma pessoa se aproximar, mas só de imaginar o Kim, usando aqueles casacos longos, a típica boina e um crachá da polícia, sentia ciúmes até do chão em que o rapaz estava pisando.

Estava tão ocupado, roendo as unhas com os olhos fixos e penetrantes nos dedos de Jimin que sequer notou a aproximação atrás de si e deu um pulo assustado ao sentir uma mão tocar seu ombro de repente.

- Puta que pariu! - exclamou, arregalando os olhos. - Eu já vou colocar o chap-

Sua mãe tinha um sorriso pequeno nos lábios.

- Oi filho, onde estão seus modos?

Jungkook bufou e cruzou os braços, irritado.

- O que faz aqui?

- Vim a sua formatura, oras.

- Como conseguiu os ingressos?

- A Universidade me enviou a algumas semanas, por quê, não gostou de me ver?

Jungkook riu sarcástico e concordou, ajeitando a beca impecável, levando o chapéu em direção a cabeça, bufando irritado.

- Só não entendo porque está aqui, apenas isso.

- É a sua formatura, é claro que eu estaria aqui.

- Minha formatura em um curso que você não aprova - retrucou, arqueando as sobrancelhas.

A Senhora Jeon suspirou e concordou, cruzando os braços.

- Você tem razão, mas eu não penso mais assim, não depois de ver sua apresentação naquele projeto.

- Você estava lá? - o garoto arregalou os olhos, surpreso. - Co-Como?

- Eu fiquei curiosa a respeito do por que de você se negar a fazer administração e gerenciar nossa empresa para se dedicar a algo como fotografia - murmurou. - e bem, devo admitir que fiquei impressionada.

- Não enrola, mãe. O que você quer? - perguntou descrente e a mulher o encarou seriamente.

- Me desculpar, filho - falou se aproximando de Jeon, que estava ainda mais confuso. - eu deveria ter apoiado você, afinal estava fazendo oque gosta, mas eu só pensei em meus próprios desejos e acabei me afastando de você por causa disso.

- Eu não entendo, por que está dizendo isso agora?

- Eu vi a reportagem, sobre o caso na Universidade e só de imaginar que fiquei tão perto de perder você, meu filho. - a senhora Jeon piscou angustiada, claramente preocupada. - Me perdoe, por tudo que eu deixei de fazer por você, por não ter te ajudado quando aquela garota morreu, por ter deixado você nas mãos daqueles homens quando você me pediu ajuda eu...

- Mãe, não é sua culpa - Jungkook mordeu os lábios aflito, ele jamais culparia a mulher por algo que não tinha controle algum.

- Eu nunca acreditei que você fosse o assassino Jungkook, nunca - disse, secando as lágrimas rapidamente, evitando borrar a maquiagem. - mas eu fiquei tão assustada, e fui egoísta e covarde, só consegui pensar na empresa e no escândalo que seria se fossemos associados ao ocorrido, por isso eu não te ajudei quando me ligou no dia seguinte, eu pensei que você poderia ter alguma ligação com oque aconteceu, mas você só queria que eu o ajudasse a superar, não é meu filho?

Jungkook engoliu em seco e concordou. Lembrando-se com pesar do dia em que acordou machucado e viu a notícia da morte de Jisoo na televisão. Mesmo brigado com a mãe, a mulher foi a primeira pessoa que lhe veio a mente, mas antes que pudesse explicar oque ocorrera, a mesma se negou a escutá-lo, com medo de que seu filho tivesse qualquer envolvimento na morte da garota.

Poderia amar o filho, mas jamais se envolveria em um assassinato por causa dele, se deus fato Jeon fosse culpado, mesmo sendo a mãe do rapaz, não estava disposta a ajuda-lo em nada. Não era esse tipo de pessoa, crimes como aquele deveriam ser punidos, independente se a pessoa fosse do mesmo sangue que o seu ou não.

Mas Jungkook não a culpava, porque o próprio chegou a pensar que era o assassino e entendia que a progenitora só queria de alguma forma, se proteger.

Mas ainda assim, sentia-se triste só de pensar em todos os momentos em que a mãe o negou. Por ter escolhido fotografia no lugar de administração. Ou por se assumir bissexual aos treze anos.

Seu falecido pai o aceitou facilmente, dizendo que a felicidade de Jungkook era oque realmente importava, mas a mãe não foi tão amigável, o proibiu de ver o garoto que gostava na época e o colocou em um colégio interno por seis meses.

Seu pai morreu quando tinha quinze anos, e a mãe passou a assumir os negócio da família, sempre lembrando-o de que isso seria sua tarefa no futuro.

Mas Jungkook não se dava bem com culinária ou administração, e tinha zero interesse em lidar com diversos restaurantes.

Queria ser fotógrafo, e assim o fez. Estudou o bastante para conseguir una bolsa integral, se mudou para o dormitório da faculdade e, mesmo tentando recusar o presente de sua mãe - o apartamento caro que se negou a mobiliar porque não sentia-se dono do local -, começou uma vida nova, sozinho.

A mulher o aceitou como funcionário da cafeteria, embora acreditasse que assim convenceria Jungkook a aceitar assumir o comando da empresa, mas estava enganada.

- Seu tio irá cuidar de tudo quando eu me aposentar - disse a Jeon. - eu só gostaria de dizer que mesmo depois de tudo, se você quiser, podemos recomeçar.

Jungkook sorriu de canto e concordou.

- Como nos velhos tempos? - perguntou, lembrando-se da época em que a mulher não era líder de milhares de restaurantes e sim uma mãe simples, que cozinhava apenas para si todos os dias, enquanto cantarolavam juntos as músicas do seriado favorito de Jungkook.

- Como você quiser, querido - concordou a Jeon, sorrindo aliviada quando Jungkook a abraçou contente.

Não era uma pessoa rancorosa, ele só queria o apoio da mãe e a mulher estava disposta a lhe dar isso, então por que complicar as coisas?

- Eu quero que conheça o Taehyung - disse depressa, analisando a expressão da mulher.

- O detetive? - perguntou e Jeon sorriu. - Claro, onde ele está? Devo admitir estar curiosa a respeito desse rapaz, eu o vi na televisão, homem bonito... - comentou, olhando ao redor curiosa e Jungkook riu, havia se esquecido que a mulher era assim, provavelmente porque precisou fingir ser séria o tempo todo, depois de assumir a empresa.

- Ele ainda não chegou - comentou desanimado. - na verdade, não sei se ele virá...

- Por que diz itemp

- Ele precisou viajar para cuidar de uma investigação, talvez não chegue a tempo.

- Entendo - murmurou, se colocando ao lado do filho. - mas eu acredito que ele dará um jeito de aparecer, eu o vi no dia de seu projeto, a forma como ele olha para você...

Jungkook sorriu constrangido.

- Eu o amo, mãe.

- Isso é bom, filho - sorriu a mulher. - fico feliz que depois de tudo que você passou, tenha alguém ao seu lado agora.

- Obrigado - Jungkook sorriu emocionado e ouviu seu professor gritar seu nome, o chamando para ajeitar a fila de alunos. - a senhora pode se sentar ali na frente omma.

A senhora Jeon concordou e antes que saísse, se virou para Jungkook.

- Na verdade, querido, eu também gostaria de lhe fazer uma proposta.

- De que tipo? - perguntou desconfiado. - Você sabe que não pretendo cuidar da empresa...

- Não é isso, - riu, vencida. - depois de ver seus retratos, pude notar que você é muito bom no que faz, então pensei em lhe propor a fotografar alguns cenários para os novos banners e catálogos do restaurante.

Jungkook piscou surpreso, não esperava por tal oferta.

- Eu não sei omma... Não é muito meu estilo sabe, fotografar comida e tals.

- Voce não entendeu - a Jeon murmurou. - eu quero que tire fotos do ambiente, das pessoas e dos funcionários, quero que use seu talento para transparecer o amor e carinho de nossa equipe com os clientes. O que acha?

Jungkook não sabia o que pensar ou dizer.

- É uma ótima proposta mãe, mas eu-

- E será ótima para colocar no seu currículo também, querido.

- Quando seria isso?

- No fim do mês de dezembro ou no começo de janeiro - respondeu, sorrindo de canto. - estamos mudando de ano, preciso criar novos banners e anúncios e você é perfeito Jungkook, além de que poderíamos trabalhar em algo que nós dois gostamos, juntos.

- Isso é incrível omma, mas eu não sei se estarei aqui até lá, Taehyung está voltando de viagem mas iremos nos mudar para a Inglaterra em breve.

Foi a vez da senhora Jeon arregalar os olhos e se aproximar do filho.

- Por que?

- Ele recebeu uma proposta de emprego incrível omma, e viajou justamente por causa disso

- Não foi isso que perguntei - a Jeon bufou. - por que tem que ir com ele?

- Ele é meu namorado.

- Exatamente, namorado e não noivo ou marido ou...

- Mãe - Jungkook a encarou sério. - eu já sou adulto, posso tomar minhas próprias de decisões.

- E eu nunca mais vou te ver?

- Eu posso visitá-la.

- Promete?

- Claro - Jungkook sorriu gentil, notando que toda a negação da mulher se devia ao fato de imaginá-lo longe de si. Afinal, mesmo passando anos brigados e sem se falar, ele ainda era seu filho e a Jeon o amava. - virei em todos os feriados possíveis, junto com Taehyung.

- Aish... Tá' legal... Isso é loucura - murmurou descrente, se afastando do abraço do filho. - e como você irá embora em breve, pense com carinho na minha oferta, vamos trabalhar em algo juntos antes que você vá.

Jungkook concordou sorrindo e ouvindo o professor gritar consigo mais uma vez, riu e indicou a cadeira.

- Vá se sentar. - pediu e a senhora Jeon concordou, antes se ocupando em ajeitar a beca no corpo do filho, sorrindo ao notar a roupa elegante por debaixo do tecido escuro.

- Está bonito... - elogiou. - tudo isso para impressionar o detetive?

- Talvez... - riu sem jeito, afastando-se do toque da mulher, correndo em direção ao seu professor.

- Amei o terno, aliás - gritou sua mãe, arrancando um sorrisinho de Jungkook.

- Obrigado - falou. - foi um presente.

- Esse detetive acabou de ganhar pontos comigo então - brincou, caminhando em direção a cadeira indicada por Jungkook, que riu e revirou os olhos, sem se importar em corrigir os pensamentos errôneos da progenitora.

...

Os professores e diretores já tinham feito seus discursos motivacionais, estes que Jungkook sequer prestara atenção, ocupado demais olhando para trás onde os familiares e convidados assistiam atentamente a cerimônia. Procurando pelo dono dos fios loiros que tanto amava, mas nada do detetive.

Sua mãe tinha um sorriso pequeno no rosto, orgulhosa de seu filho, acenando sempre que o moreno lançava um olhar em sua direção, embora sua atenção estivesse focada na porta de entrada do salão e não na progenitora.

Sorriu sem jeito e buscou Jimin e Yoongi entre os demais, o ex-estagiário - que se formou a dois dias atrás em direito e já tinha um cargo significativo na delegacia, conquistado por mérito próprio - acenou para Jungkook e fez um gesto para que o mesmo se acalmasse.

Jungkook suspirou vencido e se virou, tentando se manter atento a diretora da Universidade, que parabenizava a todos mais uma vez, lembrando-os do ocorrido com a policia e agradecendo a Yoongi por se empenhar e ajudar seus alunos.

O delegado se levantou constrangido quando foi chamado ao palco e, ignorando as risadinhas de Jimin, falou brevemente sobre como se sentia feliz sabendo que todos os alunos estavam em segurança, garantindo que todos os envolvidos foram devidamente detidos.

Jungkook se remexeu inquieto e nervoso quando o Min desceu do palanque e os professores se endireitaram, segurando os diplomas com um sorriso no rosto e a diretora começou a chamar os alunos para o palco, parabenizando-os e aplaudindo-os enquanto se retiravam animados.

Olhou para a porta de entrada novamente e enviou outra mensagem a Taehyung, que não respondera assim como as demais e, suspirando entristecido, sorriu forçado quando um dos fotógrafos do local lhe chamou a atenção, saindo logo em seguida para tirar fotos dos alunos que recebiam seus diplomas.

- Jeon Jungkook! - a voz da mulher soou nos alto falantes e Jeon estremeceu, se levantando e respirando fundo, sentindo o coração comprimir decepcioamav

Caminhou a passos lentos em direção ao palanque, sorrindo gentil para seu professor favorito, que lhe deu um abraço sincero e o elogiou como sempre fazia, sorrindo para a câmera junto do ex-estudante.

Mordeu os lábios nervoso e foi em direção a diretora, que tinha os braços erguidos e um sorriso forçado no rosto.

- Ah, nosso pequeno herói - a mulher falou, lembrando-o de que estava muito longe de ser um, mas sorriu de canto e caminhou em direção a mulher, que lhe deu um abraço rápido.

Mas foi como se aquele momento tivesse durado muito mais. Assim que abraçou a diretora e buscou a mãe entre os convidados, Jungkook o viu, ali parado na porta de entrada do salão, segurando um buquê de flores silvestres, vestindo um lindo suéter branco e longo, as calças igualmente claras e os fios ainda mais loiros do que se lembrava.

Taehyung parecia um anjo em meio aos convidados vestidos de preto ou os alunos que já se dispersavam em suas becas igualmente escuras. Os cabelos loiros brilhantes e a roupa clara o destacava em meio a multidão, o sorriso quadrado e orgulhoso atraindo toda a atenção de Jungkook para si.

Jeon sequer notou quando a diretora o afastou e sussurrou palavras que soaram como vento em seus ouvidos, caminhando devagar em direção as escadas do palco, os olhos ainda fixos no namorado que lhe lançou uma piscadela e ajeitou o pirulito que tinha na boca, tornando-a ainda mais vermelha devido ao doce.

Sentia o coração disparar como no dia em que o detetive o beijara pela primeira vez, prensando-o contra a estante de livros da biblioteca, roubando-lhe o ar dos pulmões de forma torturante e deliciosa.

Curvou-se em agradecimento aos funcionários e coordenadores da Universidade que estavam próximos ao palco e, esquivando-se dos colegas de curso, sem quebrar o contato com os olhos do Kim que não movia um músculo em sua direção, como se estivesse amando a reação do ex-estudante, Taehyung sorriu de canto e circulou a cintura de Jeon quando o mesmo se chocou contra si, abraçando-o apertado, o rosto escondido no pescoço do detetive, aspirando o perfume amadeirado que tanto amava.

- Você veio - murmurou quase em um sussurro, sentindo o peito infalar de felicidade.

- E não foi nadando - brincou o detetive, arrancando uma risadinha do namorado que se afastou minimamente apenas para vislumbrar o rosto do Kim.

- Pensei que não chegaria a tempo - confessou, desviando o olhar dos olhos castanhos de Taehyung para os lábios vermelhos com o pirulito na boca.

Taehyung riu soprado, fazendo um som característico ao de sucção ao chupar o pirulito rapidamente, causando um arrepio da cabeça a ponta dos pés em Jungkook.

- Eu dei um jeitinho.

- Que tipo de jeitinho? - perguntou curioso, aproximando-se ainda mais do detetive, ignorando quaisquer olhares curiosos direcionados a si naquele momento.

- Eu resolvi o caso e bem... Exigi um transporte particular emergência.

Jungkook riu.

- Explique.

- Ah amor... Você não vai querer saber - provocou. - o que importa é que estou aqui e quase fui pego pelos repórteres no aeroporto quando cheguei e eles provavelmente estarão aqui em alguns minutos.

- Por que?

- O caso que eu resolvi... Estava relacionado a realeza - respondeu, dando de ombros, como se aquilo não fosse nada demais.

- Meu Deus, Tae! - Jungkook exclamou chocado. - Me conta isso direito.

- Depois eu falo - sorriu, retirando o pirulito da boca lentamente, provocando o mais novo. - agora me deixe apreciar você nessa linda beca - murmurou, descendo o olhar pelo corpo de Jeon que riu baixinho.

- Depois detetive, agora me deixe te beijar de uma vez - ditou, entrelaçando os dedos nos fios loiros, puxando o Kim para perto de si, suspirando ao sentir os lábios do namorado contra os seus.

Taehyung circulou a cintura de Jungkook com um dos braços, o outro apenas apoiando no quadril do mesmo, segurando o buquê de flores e entreabriu os lábios encontrando a língua do mais novo com a sua, o contato de ambas fazendo Jeon estremecer.

O Kim grunhiu excitado quando Jungkook chupou sua língua, apreciando o gosto de frutas vermelhas deixado pelo pirulito, suspirando de prazer quando o mais velho mordiscou seu lábio inferior.

- Eu senti falta disso - sussurrou contra a boca do namorado, deslizando o nariz pela bochecha do mais novo.

Jungkook riu soprado e se afastou, lembrando-se de onde estavam.

- Então... - murmurou, encarando o buquê nas mãos do Kim, que sorriu e o estendeu para si. - Obrigado, são lindas.

- Como você - respondeu galanteador, entrelaçando os dedos nos do fotógrafo.

Jungkook sorriu constrangido, não compreendo porque se sentia tão envergonhado perto do namorado, fazia apenas uma semana que não se viam e Jeon se sentia um adolescente apaixonado idiota, incapaz de encarar o detetive por muito tempo, sentindo a barriga revirar e o rosto esquentar sempre que o loiro sorria para si.

Foram retirados de sua bolha particular quando a mãe de Jungkook se aproximou curiosa, olhando para as mãos entrelaçadas do casal.

- Então Tae... - pigarreou o mais novo. - essa é minha mãe Jeon Hyerin - disse e o detetive piscou surpreso, abrindo um sorriso doce estendendo a mão livre para a mulher. - omma... Esse é me-meu namorado-

- Kim Taehyung - apresentou-se educado. - é um prazer imenso, senhora Jeon.

Hyerin sorriu surpresa com a educação do detetive e lhe cumprimentou, lançando um olhar rápido a Jungkook.

- Também é um prazer conhece-lo finalmente, detetive Kim.

- Oh, por favor, me chame apenas de Taehyung, eu sou muito mais que um mero detetive, senhora.

- Mas ouvi falar muito bem do senhor - comentou a mulher. - Jeon inclusive, esteve me contando sobre a proposta incrível que recebeu para trabalhar no exterior.

Taehyung piscou surpreso e sorriu, sabendo que a senhora estava alterando minimamente a informação. Lidara o suficiente com pessoas como a senhora a sua frente, ardilosa e muito inteligente. Estava testando-o, claramente.

- Oh, sim, eu estive cuidando de uns assuntos importantes na Inglaterra, mas já esta tudo resolvido e Jeon e eu iremos nos mudar em algumas semanas, certo amor?

- Si-Sim - gaguejou o mais novo.

Então Taehyung tinha mesmo conseguido o cargo na Scotland. Não podia estar mais orgulhoso.

- Isso é incrível - sorriu Hyerin. - fico feliz que meu filho esteja namorando alguém tão importante.

- E eu fico ainda mais feliz de ser aceito por alguém incrível como seu filho - respondeu Taehyung, deixando um beijo singelo na testa de Jeon, que sorriu pequeno.

O fotógrafo franziu o cenho quando seus colegas gritaram por si, chamando-o para tirar algumas fotos em grupo e, lançando um olhar rápido ao namorado, sentindo que não parecia uma boa ideia deixar a mãe sozinha com o Kim, sorriu aliviado quando Taehyung lhe lançou uma piscadela divertida.

- Vá, estarei bem aqui - murmurou, observando o namorado correr em direção ao grupo de amigos animado.

Jungkook conversava com seus colegas de curso descontraído, sempre atento ao namorado e a mãe que pareciam se divertir enquanto falavam de algo que Jeon não sabia o que poderia ser, mas ficava cada vez mais curioso observando os dois sorrirem.

Caminhou em direção aos seus professores e posou para mais algumas fotos, chamando Taehyung para fotografar algumas e depois a mãe, sorrindo sincero desta vez para cada clique, sentindo-se realmente feliz e realizado por ter ambos consigo.

Até aceitou tirar uma foto com Jimin fazendo uma pose exagerada, rindo junto do amigo que parecia se divertir enquanto envergonhava o delegado, puxando-o para tirar uma foto consigo e juntos, os quatro sorrindo para a lente da câmera, imaginando como se sentiriam dali anos, quando olhassem para a fotografia e pensassem no passado e em todos os obstáculos que juntos tiveram que derrubar para chegar até ali.

Depois afastou-se para devolver a beca e o chapéu, enquanto Taehyung conversava animado com sua mãe, engajados em algum assunto relacionado a tortas de limão que Jungkook sinceramente não entendia porque talvez doce deixava o Kim tão eufórico.

Livrou-se dos trajes de formatura e caminhou em direção ao detetive, olhando-o com expectativa, pedindo em pensamento que o detetive aprovasse seu visual, porque sua mãe estava certa, queria impressiona-lo, como um presente de boas vindas.

Taehyung grudou os em Jungkook assim que notou sua aproximação e sorriu largo quando o mesmo se aproximou excitante.

- Você é a pessoa mais linda que eu já vi na vida - disse o loiro, dando um selinho rápido no namorado que sorriu aliviado. - por Deus, nunca pensei que pudesse ficar ainda mais deslumbrante.

- É só um terno.

- Não é só um terno - reclamou Taehyung. - é Jeon Jungkook, meu namorado que sempre veste jeans rasgados e moletom usando um puta terno bonito, - falou sério, fazendo rapaz corar com o olhar da mãe. Taehyung sorriu de canto e se aproximou, surrurrando na orelha do namorado, o hálito quente acariciando a pele pálida e agora arrepiada. - e está gostoso pra caralho com ele...

- Ob-Obrigado... Você também está lindo.

- Gostou? Escolhi cada peça de roupa pensando em você - murmurou, ainda com a boca colada no lóbulo de Jeon.

- Co-Como assim?

- Elas são tão fáceis de tirar, meu amor...

Jungkook tossiu engasgado e riu sem jeito para a mãe, que os encarava curiosa.

- Então, omma já precisamos ir.

- Oh, sério? Eu estive conversando com Taehyung e ele me convidou para jantar com vocês, Yoongi e Jimin, para comemorar sua formatura

Jeon piscou surpreso e concordou.

Juntos, todos se reuniram e conversaram animados sobre o caso em que Taehyung trabalhara, embora o Kim tenha ocultado maior parte das informações, dizendo que em breve a mídia iria relatar o ocorrido e que seria muito mais interessante assistir a tudo na televisão, mas a verdade é que estava cansado da viagem e queria descansar nos braços do namorado enquanto o sentia acariciar os fios de seu cabelo.

Não demorou muito para que voltassem ao apartamento e Jungkook fez exatamente oque Taehyung queria, o silêncio confortável pairando entre eles.

- Omma me fez uma proposta - o mais novo disse por fim, ainda com a ideia na cabeça.

- Eu sei - murmurou Taehyung, sonolento. - me parece uma boa ideia, vocês terem um tempo juntos antes de nos mudarmos e se isso pode ajudar no seu currículo para quando ir a Inglaterra, deveria aceitar.

- Será no começo do ano que vem - respondeu Jeon. - e você disse no restaurante que teria que se apresentar aos seus novos chefes na semana que vem.

- Verdade...

- Eu não quero ficar longe de você de novo.

- Não se preocupe com isso Jungkook - se virou, ainda com a cabeça deitada no colo do mesmo. - eu estarei lá esperando por você.

- Mas isso vai demorar no mínimo um mês. - choramingou.

- Você quer vir comigo agora ou quer trabalhar nisso com sua mãe?

- Eu quero os dois.

- Isso não é possível.

- Então eu não quero trabalhar com ela.

- Tudo bem.

- Mesmo?

- É sua decisão Jungkook, seu trabalho - respondeu Taehyung. - o que você decidir eu estarei de acordo.

- Eu não mereço você.

- Não diga isso - Taehyung fez uma careta indignada. - você é incrível e merece todo o amor que sou capaz de lhe dar, mas também deve pensar no que for bom para você, assim como eu fiz aceitando trabalhar na Scotland.

- Eu vou pensar nisso e... Até o fim dessa semana eu decido.

- Como preferir - sorriu o mais velho, deixando um leve selar em seus lábios. - agora, vamos dormir agarradinhos porque eu estava morrendo de saudades de usar você como travesseiro.

- Ah, mas que ousadia! - Jungkook reclamou quando o Kim jogou as pernas sobre seu corpo. - Então eu só sirvo pra isso?

- Exatamente - concordou o detetive, sorrindo de canto ao sentir os braços de Jeon em torno de si, suspirando agradecido por finalmente estar junto do namorado.

[Três meses depois]

O ar frio de início de ano ainda percorria as ruas movimentadas de Londres, a neblina densa atrapalhando a visão de Taehyung que dirigia calmamente em direção ao local indicado por seu chefe ranzinza.

Edgar, um velho de cinquenta e poucos anos tinha o humor ácido e estressado como Yoongi, embora aprovasse o bom desempenho de Taehyung durante as investigações, não o dizia em voz alta, querendo manter a pose séria e autoritária.

Mas o loiro gostava do homem, era alguém respeitável e muito competente, sempre o ajudando em momentos delicados ou em confusões que o Kim se metia - acidentalmente - durante suas peculiares maneiras de solucionar os casos.

Era quase dez da manhã e o Kim dirigia co atenção redobrada enquanto buscava pela rua indicada por Edgar, onde outro caso o esperava, que seu chefe assegurou ser interessante o bastante para Taehyung ser convocado.

Não foi difícil dentro daquele pequeno período de tempo conquistar uma fama ainda maior no país, mantendo a peculiaridade e facilidade em solucionar os casos que recebia, embora fossem claramente mais complicados, Taehyung se divertia enquanto trabalhava e amava ainda mais ter uma folga maior do que quando trabalhava na delegacia de Seul, sempre usando o tempo livre para conversar com Jungkook por chamada de vídeo.

O namorado ainda estava na Coréia, ajudando a mãe em diversos trabalhos pelos restaurantes. Os banners e catálogos estavam impecáveis e o Jeon não teve dificuldades em receber diversas propostas de emprego ao longo dos meses.

Estavam lidando bem com a distância, embora a saudades sempre falasse mais alto, sabiam que em breve se veriam novamente.

Taehyung visitara o namorado no natal e no aniversário de Yoongi para uma comemoração, sem contar o dia em que pegara um avião sem avisar então fevereiro apenas para visitar o túmulo de Hoseok, no dia de seu aniversário.

Seu novo cronograma o possibilitava fazer viagens como aquelas, mesmo que fossem cansativas na maior parte do tempo, o Kim se sentia regenerado sempre que encontrava o namorado o esperando no aeroporto e juntos matavam a saudade.

Seus pais também estavam progredindo com as consultas com a psicologa Willians e Yoongi prometera cuidar do casal, sempre enviando notícias a Taehyung, que não poderia se sentir mais agradecido.

O restaurante de Hoseok também parecia estar sendo bem supervisionado pelo chefe que o detetive contratou e Lalisa se mostrou capaz o bastante para cuidar do local.

Estacionou o conversível prateado próximo a cafeteria e franziu o cenho ao notar diversos policiais locais supervisionando a área, pedindo para que os curiosos se afastassem.

Se aproximou devagar, olhando ao redor com atenção, mostrando o distintivo com orgulho e vaidade ao policial que o parou e se desculpou ao reconhecer o detetive.

Taehyung sorriu gentil e agradeceu em um inglês perfeito o policial, entrando na cena do crime.

Peritos e outros agentes iam e vinham no cômodo repleto de sangue e estilhaços de vidro, enquanto recolhiam provas ou conversavam com testemunhas e suspeitos próximos a entrada do local.

O detetive suspirou pensativo e se aproximou de Edgar, perguntando oque aconteceu.

- Um assalto - explicou, indicando um homem morto próximo a entrada da cafeteria. - mas segundo as testemunhas dois homens fugiram e não temos nenhuma prova ou registro deles.

- Pediram um retrato falado? - perguntou Taehyung.

- Estavam encapuzados e a cafeteria não tem câmeras de segurança.

- Entendo...

- Mas há um rapaz que estava presente que disse que pode ajudar - disse Edgar.

- Ajudar como, se ele não viu o rosto dos suspeitos?

- Ele disse que um dos homens tinha uma tatuagem no pulso direito.

- Que tipo de tatuagem?

- Um triângulo, sem a base unida - respondeu.

- Assim? - Taehyung perguntou, desenhando o simbolo no bloco de notas de Edgar que concordou. - Imaginei.

- Você o conhece?

- É o simbolo de um grupo criminoso - respondeu. - eles fazem assaltos planejados em larga escala, me surpreende que um deles tenha tentado roubar a cafeteria.

- E ainda perdeu um de seus homens - comentou Edgar.

- Exatamente... - Taehyung piscou pensativo. - mas eu tenho uma ideia do que de fato se trata esse caso.

- Claro que tem - reclamou Edgar. - e não vai me dizer, não é?

- Me diga sua teoria primeiro - zombou o Kim, olhando com atenção os peritos que recolhiam alguns estilhaços de vidro cheio de sangue. - onde está o garoto?

- Sentado no fundo da sala - indicou Edgar. - converse direito com ele, é um suspeito.

- Porque lhe deu uma informação útil?

- Porque todos as outras testemunhas disseram não ver tatuagem alguma e se ele for um comparsa?

Taehyung riu soprado e deu de ombros.

- Não se preocupe, se ele for um suspeito valioso, o farei me contar toda a verdade - respondeu o Kim, ignorando o celular que começara a vibrar.

Taehyung caminhou lentamente em direção ao rapaz que conversava com Nolan, seu parceiro e franziu o cenho, sorrindo de canto, bem humorado.

- Ora ora...

Sem tirar o sorriso cínico dos lábios agarrou o celular e discou o numero de Jungkook, observando o rapaz atender o telefone depressa, as mãos tremendo, claramente inquieto.

- Oi amor - Taehyung falou casualmente, contendo a vontade de gargalhar ao notar a expressão aliviada de Jungkook.

- Tae, pelo amor de Deus, onde você está?

- Em casa, estava dormindo, por que? - mentiu ainda observando a distância Jeon fazer algum gesto para Nolan esperar.

Seu parceiro ergueu o olhar e indicou o mais novo e Taehyung levou o dedo em direção aos labios, fazendo um gesto de silêncio.

Nolan revirou os olhos e se aproximou de Jungkook.

- Eu terei que prender o senhor - disse Nolan, divertindo-se com a expressão de Jungkook.

- Es-Espera - Jeon gaguejou, o inglês soando falho e atrapalhado.

Taehyung apressou o passo em direção ao namorado e se colocou atrás do mesmo, curvando-se ao lado do rosto de Jungkook, sussurrando próximo a sua orelha.

- Parece que sempre teremos um homicídio entre você e eu, no fim das contas. - falou, rindo quando Jungkook arregalou os olhos e se afastou.

- Jesus! - exclamou irritado.

- Não, eu sou o Taehyung mesmo - zombou o Kim, fazendo o namorado revirar os olhos.

- Aish, tanto faz - reclamou. - explica pra esse cara que eu sou inocente.

- Desculpe amor, não posso fazer isso - o detetive respondeu, sorrindo de canto. - no momento você é um suspeito.

- O que?! - arregalou os olhos. - Eu só queria comprar alguns brownies pra te fazer uma surpresa e-

Taehyung balançou a cabeça e ergueu os ombros indicando que não poderia fazer nada, embora pudesse sim, mas estava se divertindo com a reação de Jeon.

- Infelizmente você terá que ficar em observação até que prove sua inocência - murmurou, se aproximando do namorado que franziu o cenho.

- Onde? Como assim?

O Kim sorriu de canto e tocou a bochecha de Jungkook com a ponta dos dedos, deslizando em direção a nuca do rapaz, os lábios roçando os do fotógrafo que prendeu a respiração.

- Na minha casa... - murmurou divertido. - deitado na minha cama...

Jungkook piscou em compreensão e riu soprado.

- Imagino que essa investigação vá demorar detetive.

- Então terá que ficar em observação por um longo tempo, garoto.

- Se for preciso...

- Com certeza é - concordou o loiro, tocando a cintura de Jeon com a mão livre, sorrindo ao notar o leve tremor bom corpo do mesmo.

Jungkook riu soprado e circulou o pescoço do Kim com os braços, unindo as bocas por fim, ignorando os olhares alheios sobre si.

- Então eu sou seu suspeito número um - respondeu Jungkook.

- E por isso merece atenção redobrada - concordou Taehyung.


[1 ano depois]

Prisão Intensiva de Seul

As grades de metal soaram altas quando foram abertas, os policiais chamaram pelo detendo e o empurraram em direção a sala de visitas, onde Lalisa se encontrava sentada, o sembrante sério.

- Dez minutos - alertou o carcereiro, sorrindo rapidamente para a Manoban que concordou indiferente.

Lisa ergueu o olhar para o homem a sua frente, Jackson tinha os lábios rachados e ressecados, enquanto a pele indicava sinais aparentes de agressão.

A garota sorriu de canto, contente por constatar que o homem não estava tendo dias fáceis naquele lugar.

- Que visita inesperada - murmurou o Wang, sentando-se em frente a ruiva que lhe estendeu um copo de café enquanto bebia o próprio, os dedos finos brincando com os biscoitos de amêndoas sobre a mesa.

- Beba, teremos uma longa conversa - falou a garota, levando o café em direção aos lábios.

Jackson franziu o cenho mas não recusou, sentindo falta de algo descende para comer, agarrou um dos biscoitos e comeu em silêncio, atento.

- O que a traz aqui?

- Em breve fará cinco anos que Jisoo morreu - murmurou.

- Idai?

- Embora tenha sido condenado a prisão perpétua senhor Wang, ainda não consigo parar de pensar em como tudo tem sido injusto.

- Se veio chorar no meu colo, desista - grunhiu o ex-oficial, virando o copo de café nos lábios.

Lisa riu sem humor.

- Chorar? Não - negou indiferente. - eu só precisava me livrar desse sentimento horrível que vem me consumindo durante esses anos...

Jackson se manteve calado, analisando a garota a sua frente e riu cínico.

- Você ainda não superou a morte daquela vadia? - bufou, apoiando os braços sobre a mesa, agarrando outro biscoito, jogando-o na boca. - O que tinha que acontecer aconteceu, Jisoo está morta, eu a matei e não me arrependo de nada.

Lisa piscou irritada e respirou fundo, tentando manter a pouca sanidade que lhe restava.

- Na verdade, me arrependo de não ter feito o mesmo com aquele garoto insignificante - rosnou, irritado. - mas a vida é uma caixinha de surpresas, não é? Então agradeça por estar viva agora, porque nós dois sabemos que o alvo era você.

Lisa engoliu em seco e concordou.

- Você está certo, - falou, levantando-se. - a vida é uma caixinha de surpresas e eu só queria me certificar de que você pagaria pelo que fez.

- Eu estou pagando garota, não vê? - ralhou irritado.

- Não da forma como deveria - sorriu a Manoban, indicando os biscoitos. - são de amêndoas, gostou? - perguntou com um sorriso cínico nos lábios.

Jackson franziu o cenho e largou um dos biscoitos.

- O que quer dizer com isso?

- Hoseok oppa era um homem de muito conhecimento - murmurou Lisa. - há alguns anos me contou que amêndoas escondem o sabor de cianureto.

Jackson arregalou os olhos e se levantou alarmado.

- Vo-Você...

Lisa deu de ombros, piscando inocente.

- Você matou minha melhor amiga - vociferou, os olhos brilhando de forma assustadora. - Pensou mesmo que ficaria impune?

+++++++++++++++++++++++++++++++

Acabou.... :(

O que acharam??

Me digam suas criticas e comentários aqui.

Não se esqueçam que temos o epílogo depois desse capitulo, então leiam por favor.

Eu gostaria de agradecer por todo o apoio que código 121 veio recebendo, sério, sem vocês eu teria desistido no primeiro capítulo.

Sou ainda mais grata por ter recebido tantos comentários bons a respeito da historia, mesmo sabendo que Código 121 não agradou alguns por conta do envolvimento de alguns personagens, mas tudo foi escrito com cuidado e atenção.

Código 121 era uma história que eu criei a anos atras e escondi no fundo da gaveta, com medo e receio de ser odiada.

O que eu posso fazer? Embora não pareça, eu sou muito insegura quanto se trata da minha escrita. Sério, nada parece bom para mim. E ainda hoje eu releio capítulos que escrevi e não me sinto satisfeita.

Mas saber que vocês gostaram e se empenharam em encontrar e descobrir o assassino assim como Taehyung me deixa imensamente feliz.

Eu amei escrever cada capítulo, ri com cada um dos surtos de vocês e anotei cada teoria maluca, sério eu passei horas lendo seus comentários e me diverti muito com a reação de vocês sempre que Taehyung desvendava algum mistério.

Nada teria acontecido sem vocês, mesmo errando nas esquetes ou me xingando na DM porque alguns personagens eram insuportaveis, eu sou grata por tudo.

Código 121 é um sonho que virou realidade. Então, muito obrigada. Pelo carinho, apoio e amor, embora tente, sei que jamais serei capaz de expressar minha gratidão.

Eu amo vocês, meus leitores e todas as suas pequenas coisas.

Obrigada por estar comigo até o fim desta jornada. Código 121 permanecerá eterno em meu coração.

E espero que o detetive Kim, o garoto dos olhos negros e a menina amável que sacrificou a própria felicidade sejam sempre lembrados por vocês.

Com amor, Vanny.

O adeus fica pra mais tarde, hehe.

Não esqueçam de ler o epílogo, vou postar depois.

Deixem seu purple heart aqui e não se esqueçam de comentar no twitter usando a hashtag #C121Final

~até🐯💜🐰

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