O último ano do resto das nos...

By xxliswa

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[Concluída] O último ano do ensino médio era o limite para aproveitar e fazer todas as porcarias que se arrep... More

I - Tudo era bem mais fácil antes
II - Foi ódio a primeira vista
III - Eu não sei que tipo de amor é esse
IV - Jennie Kim é uma mentirosa
V - Pequenos grandes problemas
VI - Qual o meu problema?
VII - Apenas me dê uma noite boa
VIII - Se ela fosse um penhasco, eu me jogaria duas vezes
IX - As duas faces de uma mesma moeda
X - Posso dormir com você?
XII - Seu amor é brilhante, como sempre
XIII - Minha vela queima dos dois lados, não vai durar a noite inteira
XIV - A tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos
XV - O Karma é uma vadia
XVI - Raiva que consome
XVII - Não sabemos quem somos, até perdemos quem éramos
XVIII - Maus Hábitos
XIX - Isso é um adeus?
Prefácio: Depois do fim

XI - Inesperado

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By xxliswa

De Roseanne Park:

"e talvez as coisas fosse assim na maioria das vezes, as partes que escondemos de quem amamos é tão necessária como as partes que deixamos à mostra. "



Seus pés cambaleavam como se estivesse bêbada, mas incrivelmente naquela noite não tinha ingerido nenhuma gota de álcool. Estava sóbria a pedido de Jiyong, queria ver com os próprios olhos o que ele não podia lhe contar e agora que finalmente viu não queria acreditar. Encarou os pés, como se implorasse para que andassem em linha reta, mas acabou se encostando nos muros do fundo da boate, a respiração saindo em jatos fortes e quentes, hiperventilando apenas por lembrar-se do que viu há minutos atrás.

- Ande, Rosé, você precisar voltar pra casa... - resmungou em meio às lágrimas. Os soluços ecoavam em meio a música abafada, a batida era a única coisa reconhecível, ritmada junto ao seu coração.

Logo depois levantou-se, e passos cambaleantes como os seus se juntaram a música.

- Como veio para cá hoje? - A voz de Jisoo se tornou mais próxima, mas não se atreveu a olhar para trás. - Park Rosé!? Quem te trouxe aqui?

- Isso não te interessa! - berrou. - Já pode parar de fingir se importar comigo.

- Eu não sei do que está falando, eu nunca deixei de me importar com você.

Rosé respirou fundo, engolindo um soluço ao se virar para Jisoo. Doía encará-la daquela forma, era como ver uma garota parecida com a sua, mas ao mesmo tempo totalmente diferente. Pelo menos os cabelos castanhos estavam de volta e a peruca rosa foi deixada para trás, as lágrimas dela brilhavam junto ao glitter da maquiagem.

- Não se finja de burra. Agora você anda por aí como se fosse...

- "Como se fosse" o quê, Rosé? Uma santa? A porra da garota que todo mundo gosta de pisar e zoar e que é idiota demais pra revidar?

-... Como se fosse minha amiga! Mentindo pra mim, pedindo que eu me afaste desses lugares... - Uma onda de soluços interrompeu a sua fala, mas prosseguiu. - Você me diz para não frequentar boates e é a merda de uma stripper...

- Eu te peço para não vir aqui porque isso só te faz mal - rebateu Jisoo, suplicante. - Por quê o que nós duas fazemos é completamente diferente...

- Claro que é! Eu não sou uma pu...

- Não termine. - A voz dela era afiada. Jisoo era afiada, determinada, encarando-a dentro dos seus olhos como se enxergasse sua alma. Não se lembrava de uma época que a ouviu usar aquele tom de voz, que a ouviu soar tão firme assim. - Não ouse terminar essa frase, Roseanne.

- Hipócrita. - riu, desacreditada. - Você é uma hipócrita! Foi por isso que me afastou, não é? Para poder ser uma puta?

Rosé riu, era gostoso desobedecê-la, e quando a palavra saiu dos seus lábios evitou encarar os olhos de Jisoo. A distância entre as duas era significativa. Kim Jisoo tinha os cabelos ondulados, rebeldes, descendo como uma castata pelo tronco quase desnudo. Os olhos marcados por uma maquiagem brilhante, escura, que realçava seus olhos. Nunca a viu nem ao menos com um batom, mas ali o que preenchia a sua boca era um vermelho vinho. "Você nunca vai conhecer alguém completamente, nem se passar o resto da vida ao lado dela" era a verdade que pairava entre as duas. Era a constante que crescia dentro de Rosé: não reconhecia aquela Jisoo, como Jisoo também não a reconhecia, e talvez as coisas fosse assim na maioria das vezes, as partes que escondemos de quem amamos é tão necessária como as partes que deixamos à mostra.

- Eu te afastei porque, assim como essas boates, eu também te faço mal eu... me sentia tão culpada por tudo que eu te fiz, por ter te trazido aqui achando que seria só a noite das garotas... por não conseguir te corresponder no amor que espera de mim. Mas então eu percebi que nós nos sabotamos, mesmo que inconscientemente, e eu fui egoísta e hipócrita sim quando escolhi viver sem suprir as suas expectativas. - A maquiagem ficava borrada a cada lágrima de Jisoo, no fim seus olhos eram um borrão brilhoso. - Eu não consegui suportar a ideia de continuar ao seu lado te vendo tão triste pelo que eu não posso te dar.

A Kim fechou os olhos com força, as mãos passando pelos cabelos negros em alívio, como se finalmente tivesse respondido todas as perguntas sem respostas. Rosé só quis rir em escárnio, tão cheia de decepção que poderia transbordar por seus poros. Jisoo rezava por ela todos os domingos, como se Deus fosse realmente a solução dos problemas das duas, mas no fim do dia continuava com as mesmas mentiras e segredos. Ela não tinha entendido que Rosé não estava em condições de escolher, só tê-la ao seu lado bastaria, as migalhas do que recebeu a vida toda. Foda-se a sabotagem, se viviam nesse impasse de pensamentos não ditos.

- O que você espera que eu faça agora? - sussurrou. - Você conseguiu o que queria.

- Por favor... não. Rosé... me escute.... - Jisoo continuou a implorar quando a deu as costas, um passo de cada vez até chegar à calçada, e por impulso se virou para encará-la uma última vez.

Queria ter raiva de Kim Jisoo, ter tanta mágoa e ódio que eles seriam os responsáveis por fazer sumir todo o afeto que um dia nutriu pela amiga, queria tirar aquele sentimento partindo seu coração e costurá-lo por conta própria, seguir sua vida sem pensar em Jisoo ou o quanto ela chorava parada nos fundos daquela boate, em como seu peito subia e descia pelos soluços, as mãos passando nos braços desnudos, porque ela provavelmente sentia frio, sempre foi mais sensível das duas e Rosé sempre precisava sair com dois casacos, para no fim da noite colocar um nos ombros trêmulos dela.

Deveria ter raiva de Kim Jisoo, mas vendo-a ali, só conseguiu amá-la ainda mais.

Podia entender agora porque era melhor mantê-la longe. E suprimindo todas as forças que queriam correr até a garota e abraçá-la, a deu as costas novamente, sem conseguir se despedir.

Rosé deixou Jisoo para trás.




seis semanas depois.

Rosé estava debaixo da arquibancada da quadra de esportes. Evitava pensar em Jisoo, mas era inútil, se enfiou naquele esconderijo porque queria fugir da mais velha e sem nem perceber, seus pensamentos andavam de encontro a ela. Apagou o terceiro cigarro, encarando as outras bitucas debaixo da bota desgastada. O uniforme fedia a fumaça, a saia provavelmente estava suja pela terra daquele lugar, mas apenas deu de ombros, não era novidade para ninguém do seu pouco caso com as normas do colégio.

Ouviu um apito soar e a tranquilidade do silêncio foi interrompida por gritos das jogadoras entrando no campo. Agora era aula de educação física, teria que arrumar outro lugar para ficar, laboratório talvez, ou quem sabe poderia fingir uma dor de cabeça para ir embora mais cedo. Mas, se aqueles esconderijos funcionavam contra Jisoo, não tinham a mesma eficácia contra a amiga estrangeira dela.

Tomou um susto enorme assim que Lisa entrou de supetão no seu pequeno espaço e se sentou, as pernas enormes obrigando Rosé a quase se fundir com a parede. Arregalou os olhos, encarando o sorriso grande de loira, esperando uma resposta plausível para ter invadido seu espaço pessoal.

Lisa riu, estendendo a mão esquerda para Rosé apertar.

- Sou Lalisa Manoban, prazer.

Encarou a mão estendida, recusando a apertá-la até que ela a recolhesse, mas aquilo não pareceu incomodá-la, a tailandesa ainda tinha um sorriso grande no rosto. Rosé não conseguia encarar Lisa, permanência fitando o chão sujo onde elas se sentavam, observando o sol bater pela arquibancada e trazer sombras ao esconderijo.

- Hmm... legal. Eu sei quem você é. - Não tinha nenhum tom de piada na sua fala, mas ela riu.

- Eu sei, acho que sou bastante popular, sabe? - sussurrou em tom de segredo.

- O que você quer?

- Okay, rabugenta.... - Lisa passou as mãos pelos cabelos, deixando Rosé espantada com a audácia da tailandesa, porém, quando abriu a boca para responder a loira continuou. - Não nos conhecemos formalmente, mas já ouvi falar tanto de você que me cansei de "só ouvir" e vim por conta própria.

Rosé riu anasalado, um pouco mais confortável.

- E o que pensa que sou, baseado no que ouve por aí?

Lisa abriu um sorriso, dando de ombros.

- Briguenta, já rolou nos tapas com a Jennie muita vezes... não que eu esteja te julgando, ela merece umas palmadas, às vezes. Você tá sempre na detenção, acho que por causa dos cigarros, né? - Lisa pegou algumas bitucas no chão. - E tem uma relação complicada com Jisoo, ninguém sabe dizer se são amigas, inimigas, mais que amigas...

- O que acha que somos?

- Acho que podem ser mais do que são agora.

Um silêncio perdurou por alguns minutos, com Rosé passando os dedos pela terra, sujando as unhas.

- E o que você acha do novo hobby dela? Se esfregando em barras de metal, hm? - Rosé quis rir, mas no fim só tinha uma careta desgostosa.

- Acho que não é da sua conta o que ela faz com o próprio corpo... e antes que me xingue, porque sei que quer fazer isso agora... - Lisa tinha um dedo levantado, deixando Rosé encabulada, segurando um palavrão na garganta. - Foi você quem pediu minha opinião, e parece se importar bastante com ela.

- Claro que me importo, de alguma forma Jisoo gostou de você, Lalisa.

- Talvez Jisoo gostou do fato que eu a conheci agora, essa nova versão mais decidida do que ela jamais foi, que está descobrindo ser uma mulher forte e que pela primeira vez na vida gosta do que olha no espelho. Talvez você ainda conheça só a versão antiga, tenha se apaixonado por essa e esteja de alguma forma impedindo Jisoo de crescer, porque se ela crescer não vai ser a mesma Jisoo de antes, a pura e virginal que estará do seu lado, fazendo tudo para não te ver magoada, abdicando do que gosta porque você não gosta... mas deixa eu te contar um segredo, Rosé? Pessoas crescem, acostume-se com isso, nem você é a mesma garota de quando tinha 7 anos, porque Jisoo tem que ser?

Lisa parou abruptamente, olhando-a receosa. Parecia esperar um soco por falar aquilo tão descaradamente, mas Rosé não faria isso, mesmo que quisesse, mesmo que estivesse com as mãos em punho. Ela xingava a loira de todos os palavrões existentes mentalmente, pois no fundo sabia que a mais nova estava certa, de alguma forma dolorosamente certa.

Os minutos se passaram lentamente, penosos. Voltou a encarar a arquibancada, limpando os olhos lacrimejantes com a manga da camisa querendo que Lisa não percebesse, mas ainda tinha aqueles olhos grandes lhe fitando quando voltou a olhá-la.

- Acho que você está cheia dos "talvez" - murmurou. - Eu também ouço o que falam sobre você nos corredores, sobre a novata que não liga que saibam que gosta de beijar garotas, que fala o que quer, quando quer. Você desperta curiosidade, sabia? - prendeu os lábios, observando Lisa um pouco surpresa. - E se está aqui é porque se preocupa com Jisoo, naturalmente como eu me preocupo, mas eu também vejo mais do que ouço, e talvez seus encontros com Jennie no vestiário não são pra jogar bola, né?

- Isso não é um desafio, uma rixa ou o que tiver pensando... eu quero me aproximar de você e estou aqui pra dar a porra de um conselho. - Lisa parecia desconfortável naquele instante. Tirou, trêmula, uma caneta do bolso da saia e puxou o braço de Rosé a contragosto, mesmo que a ruiva tenha puxado de novo, a tailandesa era forte o suficiente e com seus dedos longos anotou o número do que Rosé achou ser um número de celular na pele exposta do seu braço. - Tenho que ir, só... pense no que eu te falei, e se precisar de alguém pra conversar, eu estou a disposição.

Lisa e encarou uma última vez antes de se preparar para sair, e Rosé quis muito conhecê-la melhor também, mesmo que quase tenha colocado tudo a perder. Dessa vez, não por ciúmes de Jisoo, ou porque Lalisa Manoban era assunto recorrente nos corredores, mas porque algo nos olhos grandes e taciturnos dela eram tentadores. Lisa parecia ser o tipo de pessoa que se ama ou odeia, e não há um meio termo entre esses dois polos, e Rosé já estava cansada de odiar tantas pessoas além de si mesma.

E antes que ela se levantasse e partisse a Park fez um esforço, grande demais para suas aptidões sociais e agarrou a mão da tailandesa, ainda receosa.

- Já que isso não é um desafio, uma rixa ou que eu estiver pensando... eu quero devolver a porra do conselho. - deu um sorriso de lado nas últimas palavras, tentando soar irônica e conseguiu, visto que Lisa também sorriu. - Não confie em Jennie Kim. O que quer que estiver pensando rolar entre vocês duas, pra ela não é nada. Jennie é egoísta, mimada, e não vai perder tempo quando a primeira oportunidade de ferrar Jisoo aparecer, e vai aparecer vindo de você. - continuou, dando um sorriso triste. - Boa sorte para o jogo de hoje a noite.

Lisa foi embora sem despedidas.

Rosé permaneceu alguns minutos depois, pensativa, fitando ainda surpresa seu braço rabiscado com o telefone da tailandesa. Enfiou a mão no bolso, tirando o último maço de cigarros amassados que tinha e assim que passou pelo primeiro latão de lixo, sem olhar muito, jogou fora.



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Amores, eu postei minha nova longfic do blackpink com uma pitada (um balde) de suspense/mistério, agorinha mesmo, já está no meu perfil. Se puderem dar amor eu ficaria feliz aaa





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Fanfiction

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