WRONG PERSON [COMPLETO NA AMA...

By doomlost

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Após receber a notícia de que estava sendo caçado por um criminoso desconhecido e muito ágil, Trevor Hunter s... More

NOTAS
DEDICATÓRIA
PRÓLOGO
01 | Pingos nos i's
02 | Estamos sendo caçados
03 | Que comece a diversão
05 | Quem é você?
WRONG PERSON NA AMAZON

04 | Feitiço

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By doomlost

Algo perigoso, algo perverso
Como o toque do diabo
Algo mau

Something Evil || The Hot Damns feat. Marc Scibilia

Nova Iorque em si era uma bagunça, mas as ruas do Brooklyn... Elas eram o completo caos.

Trevor tinha ciência da reputação que o distrito carregava quanto a dar festas o tempo todo, ainda assim, não esperava por aquilo. Definitivamente não. O estado deplorável em que aquele lado da cidade se encontrava lhe causava náuseas. Era um misto de copos descartáveis e garrafas vazias abandonadas pelos becos, muros pichados e vizinhança arisca. Ao passar de carro por caminhos mais desertos, ganhava a atenção desconfiada dos moradores. Não sabia ao certo se por saberem que ele era um Hunter ou simplesmente ser atípico pessoas de fora cruzaram por ali.

O que aconteceu com esse lugar nos anos em que estive fora? Questionava mentalmente.

— Meu Deus, que dor infernal...

Como uma agulha furando uma bolha de sabão, Kiara arrancou Trevor de seus devaneios. O rapaz lançou um olhar de esguelha ao ouvir o resmungo, vendo a garota segurar a própria cabeça entre as mãos como se esta pesasse toneladas. Ele sabia que a amiga havia saído para beber na noite anterior, já que fizera questão de ligá-lo enquanto se arrumava, só não esperava vê-la tão mal no dia seguinte. Provavelmente participara da algazarra que deixou Brooklyn naquelas condições, pensou, pela ressaca desgraçada que estava enfrentando no momento. 

Apesar disso — e da maneira como ela parecia depressiva e curvada no banco do carona —, os cabelos cacheados continuavam impecáveis ao redor dos ombros, tal como a maquiagem que decorava o rosto delicado.

Reparando nisso, ele soltou uma risada.

Conhecer Kiara Rogers era saber que o mundo poderia estar se acabando, contudo, sua aparência iria sempre beirar a perfeição.

— Do que está rindo? — indagou a garota, mal humorada. Trevor deu de ombros.

— Nada — disse — Não podia esperar um pouco antes de ir a alguma festa? Não faz nem uma semana que chegamos.

Kiara suspirou, encostando-se no banco acolchoado do carro novo do melhor amigo. Ele havia comprado um SUV para usar enquanto seu legítimo não chegava. O automóvel era bastante espaçoso e confortável.

— Minha prima me convidou e eu não pude recusar. Você sabe — ela o encarou, tédio gotejando de suas palavras —, reencontros e blá-blá-blá.

Oh, sim. Claro que sabia. Afinal, reencontrar o avô depois de muito tempo fora ótimo. Matar a saudade e coisa e tal. Mas voltar a pisar naquela cidade foi se reconectar com o passado. E se tinha uma coisa que Trevor odiava, era seu passado.

— Susan? — chutou sobre a prima da amiga.

— Não — desinteressada, Kiara olhou para frente — Alicia.

O rapaz assentiu, não sabendo mais o que dizer. Nunca fora bom em puxar assunto.

Após alguns minutos dirigindo pelas ruas turbulentas do centro, finalmente estacionaram em frente de um prédio. A construção vitoriana de apenas 5 andares era bonita, possuía uma aura gótica e antiga. Trevor já estivera ali antes, anos atrás. O edifício lhe despertava memórias. Lembrava vagamente de esperar dentro do carro enquanto os pais tratavam de negócios lá dentro, na companhia de 2 ou 3 seguranças. Thomas sempre voltava estressado ao sair de uma reunião, embora fizesse o possível para não parecer na sua frente. E calado, o garoto apenas observava.

— Esses incompetentes de merda ainda vão me levar à loucura — o Hunter mais velho resmungou um dia, batendo a porta com força — Eles têm sorte de eu estar de bom humor hoje, senão os mataria.

— Thomas... — a mulher ao seu lado o repreendeu, disparando um olhar por cima do ombro.

A versão de 13 anos de Trevor continuava impassível nos bancos de trás, a atenção direcionada à janela. Mais especificamente, a garoa fina que caía lá fora.

— Não diga essas coisas na frente dele.

— Trevor não é mais um bebê, Light.

— Não, não é. Mas ele não precisa ouvir seus problemas.

Um suspiro frustrado alcançou seus ouvidos no segundo seguinte, antes de Thomas lamentar:

— Sinto muito, filho.

O menino assentiu, não dando muita importância.

— Só vamos para casa — pediu, distante — Preciso fazer umas contas de física e ficar nesse carro está me tornando claustrofóbico. 

Vamos?

A voz de Kiara o fez piscar uma, duas, três vezes, trazendo-o de volta ao presente. Quando notou estar onde estava, Trevor murmurou uma concordância quase inaudível e deslizou para fora do veículo. Ele andava meio aéreo ultimamente, isso era perceptível. Não que fosse muito difícil imaginar o porquê. Era meio óbvio, até. E Kiara estava ciente de que conversar a respeito era a última coisa que ele desejava, mas não pôde evitar a preocupação quando perguntou:

— Está tudo bem?

Lada a lado agora, ela conseguia ver sua expressão: olhos sérios, mandíbula trincada e sobrancelhas grossas levemente unidas.

— Por que não estaria?

Rogers se mostrou indiferente.

— Apenas verificando.

O casal de amigos finalmente adentrou o prédio. O clique dos saltos de Kiara ecoaram por todo o saguão assim que o fizeram, preenchendo o vazio e atraindo a atenção dos homens sentados num sofá disponível não muito longe. Ignorando a curiosidade em suas costas, eles alcançaram o elevador e subiram rumo ao último andar. Uma música irritante começou a vibrar logo que as portas se fecharam.

— Eu estou bem — assegurou o rapaz, encarando a pequena caixinha de som acima de sua cabeça — Estaria melhor se essa porcaria parasse de tocar, mas estou bem.

Kiara riu.

Velho — acusou.

Trevor caminhou na frente ao saírem do cubículo de aço; as mãos enfiadas no bolso do sobretudo preto e os ombros largos sustentando uma pose arrogante. Rogers puxou um chiclete de menta do bolso do casaco, não gostando do hálito morno na boca, e proferiu um "bom dia" baixo à recepcionista por trás do balcão. A mulher até tentou responder algo, mas travou imediatamente ao ver de quem se tratava.

Aparentemente, os boatos de que eles haviam retornado à cidade não eram apenas boatos.

Ouviram ruídos de vozes quando se aproximaram da única porta existente naquele piso, questionando-se mentalmente quem estava do outro lado. No entanto, não demoraram em descobrir, uma vez que Hunter rompeu a entrada sem se importar em estar interrompendo algo.

— Por esse motivo que eu acho que deveríamos nos aliar e...

As palavras morreram lentamente, e dois pares de olhos foram atraídos para a soleira.

— Trevor? Kiara? — a mulher sentada em volta da mesa comprida disposta no recinto chamou, surpresa. — Oh, meu Deus, são vocês mesmo!

— Zara.

Trevor cumprimentou. Ele não curtia muito abraços, então não se aproximou de primeira para não criar expectativas. Kiara, porém, era o total oposto e adorava contato físico. Caminhou até a mulher de cabelos crespos e pele retinta e a cercou com seus braços finos.

Enquanto a demonstração de afeto e palavras cheias de saudade rolavam, o rapaz não pôde deixar de notar a presença masculina junto a eles, que havia se levantado no momento em que pisou naquela sala. Ele tinha a pele clara, uma barba longa e ruiva e era careca. Bem alto também.

— Evan Walker.

— Você cresceu, garoto.

Deu de ombros. Fazia cinco anos que não aparecia em Nova Iorque. Era realmente surpreendente o porte físico que ele havia adquirido com o tempo — e altura. Agora, ele tinha gloriosos 1,86.

— Quando retornaram à cidade? — indagou Zara, curiosa e animada. Ver as crianças de seus velhos amigos crescidas era tão impressionante quanto assustador.

— Há dois dias.

A mulher abriu um sorriso enorme.

— Isso é incrível, mas... — começou Evan após alguns instantes, cauteloso e com os olhos semicerrados — Por que eu tenho a sensação de que coisas ruins os trouxeram de volta?

Trevor quis rir, contudo, se limitou ao contar:

— Porque coisas ruins nos trouxeram de volta.

*

— Então foi esse o motivo do tiroteio daquele outro dia? Uma gangue está nos desafiando? — perguntou Evan, um pouco perdido pelas novas informações que recebera.

— Exatamente — afirmou Kiara, colocando as pernas longas uma sobre a outra após se sentar e virar um gole de seu cappuccino.

Evan não aguentou; soltou uma risada cética e se recostou na cadeira. Nem ele nem Zara conseguiam acreditar numa coisa daquelas. Os Hunters eram como uma legião pelos Estados Unidos. Todos os temiam — principalmente o governo e sua corrupção. E por mais que não entrassem em uma disputa há muito tempo com ninguém, as pessoas sabiam que entrelaçar seu caminho ao deles era um erro. Sobretudo, porque eram ricos e um tanto... psicopatas.

Matar não era um problema, torturar também não. Então tinha que ser ou muito corajoso ou muito burro para tentar a sorte.

Ainda envolto nos próprios pensamentos, Trevor virou um gole do café que a mulher da recepção trouxera e lambeu os lábios. Cafeína sempre ajudava a refletir. Em seguida, apoiou o quadril contra um armário de documentos e cruzou os tornozelos. O relógio atrás de si reproduzia um barulho incômodo que, ao que tudo indicava, só ele parecia ouvir.

Tic tac. Tic tac. Tic tac.

Por um instante, quis pegar o maldito objeto e calá-lo num só golpe. Isso o faria parecer louco, portanto, não o fez. Trincou a mandíbula.

Nunca contou a ninguém, mas estava sempre ligado aos mínimos detalhes de tudo à sua volta. Como por exemplo; a forma como Zara não parava de bater o dedo indicador na mesa, ou Kiara o pé no chão. Odiava o barulho da gota d'água caindo na pia do banheiro ao lado, e a mania de Evan em morder a tampa da caneta como um animal faminto.

— As cinco regiões vão ter que se unir pela causa — continuou a garota Rogers — Manhattan, Brooklyn, Staten Island, Bronx e Queens. Não interessa quais sejam suas desavenças, vocês, os sub-líderes, têm que se revolver.

— Eu estava sugerindo o mesmo a Ahmed há pouco pelo número de roubos que vem aumentando, mas ela ainda está hesitante — revelou Walker. Zara, sentada à sua frente, expirou lentamente.

Nova Iorque era formada por 5 distritos — todos os que Kiara mencionara. E, apesar destes conterem prefeitos e homens de terno com um diploma bem trabalhado, quem realmente mandava eram os sub-líderes. Zara reinava o Queens, o maior deles. Ela quem cuidava dos cassinos e a diversão do lugar. O problema era que sua relação com os outros membros do conselho não era tão boa assim para simplesmente ordenar tais acontecimentos, como Kiara pediu. Nem o de seus discípulos com os deles. Embora estivessem sempre do mesmo lado, os integrantes de cada gangue não se davam bem. A raiva vencia a força de vontade e no fim, todos estavam discutindo, rolando no chão dentro de poças de sangue.

— Isso vai ser difícil — a mulher murmurou, coçando a nuca — Ainda assim, podemos tentar. De novo. O que acha, H?

O Hunter não estava certo quanto aquilo. Viveu tempo o suficiente na cidade para saber como seus peões trabalhavam, mas ignorou totalmente essa questão quando reparou em algo:

— Onde estão os outros dois sub-líderes?

Outros dois sub-líderes. Na verdade, faltavam três. Mas Christian Hunter era quem liderava Manhattan, então não contava. Todos sabiam que ele não iria aparecer.

Zara piscou, entreabrindo os lábios em desconcerto. Trevor não entendeu seu vacilo e, ainda curioso, acrescentou:

— Aconteceu algo que eu deva saber?

— Seu avô não te contou? — indagou o homem à sua esquerda, encarando-o.

— Acredite — falou —, meu avô não me conta muitas coisas.

Zara soltou outro suspiro, dessa vez mais profundo, e começou:

— Bom, não é novidade pra ninguém que depois que Staten Island foi atacada há alguns anos, Patrick não vêm mais às reuniões. Ele ficou revoltado e se nega a pedir ajuda. Seu avô não parece se importar muito, então... — fez uma pausa antes de continuar — Quanto ao Andrew... Bem, eu já ia falar disso com você — suspirou — Ele está morto.

Ao lado dela, Kiara arregalou os olhos, espantada. Trevor apenas ergueu uma sobrancelha, nada afetado com a notícia.

— Morto?

— Sim.

O rapaz deu outro gole em seu café.

— E ele morreu de que?

— Assassinato — aquele era Evan, girando a caneta entre os dedos com destreza — Uma garota o matou. Ela faz parte da Matilha também. Pelo o que eu soube, acabou com ele aos socos. A cara do coitado ficou deformada.

— Mas... — a líder do Queens prosseguiu, atraindo olhares — Ela teve motivos. Aparentemente, no dia de uma festa que a Matilha programou, há quase dois dias, Andrew tentava forçar uma menina a ter relações com ele dentro de um carro. Megan apareceu e foi flagrada pela polícia local alguns minutos depois, próxima ao corpo, com as mãos ensanguentadas.

— E a vítima? Não vai depor? — Kiara perguntou, o tom mostrando sua indignação.

— A vítima não foi identificada. Ela fugiu com medo do que podiam fazer e Megan quer deixar assim. Não revelou nome nem nada, o que só piora o seu caso.

— Não sei, não — comentou Walker, desconfiado — Talvez ela só tenha inventado essa história e matado Andrew por contra própria.

— Por que vocês homens sempre duvidam do que dizemos? Se ela disse que aconteceu assim, foi porque aconteceu, porra.

Enquanto os dois aliados mergulhavam numa discussão sobre verdades e mentiras, Trevor estava tão imerso que até esqueceu do copo nas mãos.

— Eu queria muito poder ajudá-la — a mulher voltou a dizer em algum momento, um pouco mais calma agora — Mas a fiança é cara demais e eu não tenho como conseguir esse dinheiro até hoje a noite.

Um relâmpago cortou o céu lá fora, causando um estrondo. Kiara estremeceu da cabeça aos pés. Trevor lançou um olhar para as janelas largas que cobriam a parede ao seu lado. Percebeu que se assemelhavam muito às de seu apartamento de Manhattan, principalmente a visão panorâmica que ela dava da cidade.

— Qual é o nome todo da garota? — perguntou ele, interessado, o sotaque britânico podendo se misturar facilmente aos trovões que despontavam por entre as nuvens.

Kiara fitou o melhor amigo com curiosidade, enquanto Ahmed parecia confusa.

— Megan. Megan Foster.

Ele assentiu, cruzando os braços acima do peito.

— Megan Foster... — testou o nome em sua boca, absorto.

Era a primeira vez que pronunciava o nome do diabo.

E, mesmo sem conhecê-lo, teve certeza de que havia algum feitiço nele, pois as palavras seguintes escaparam de sua boca automaticamente:

Quanto é a fiança?

*

N/A: aiai essa megan

no próximo capítulo o furacão foster e o nosso querido hunter irão se conhecer. ansioses?

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