Melanie
Marco de me encontrar com Alessandro, para nem Silas, nem outra pessoa desconfiar, chamo minha prima Giovanna.
Nos encontramos em um restaurante. Meus seguranças esperam do lado de fora.
- Oi - diz Giovanna.
- Como vai?
- Bem - responde e me abraça rapidamente.
Nos sentamos a mesa com Alessandro.
- Novidades? - pergunto.
- Algumas - comenta - Seu pai e Silas estarão se juntando próxima semana para discutir detalhes sobre os irlandeses.
- Entendo - sussurro.
- Discuti com seu pai e sua mãe, e achamos que seria melhor que você passasse a visistar alguns lugares comandados pela máfia italiana?
Engulo em seco.
- Como assim? - sussurro.
- Seria bom para você conhecer os depósitos, os estabelecimentos de faixadas, os homens de confiança e alguns funcionários, para que possam começar a respitá-la.
- Teria que ser tudo sem meu marido saber.
Ele acena.
- Os homens responderão a você, não seu marido.
- Eu sei disso - falo - Eu não irei compartilhar a liderança da minha máfia com ninguém.
Ele sorri com minha resposta.
- Mais alguma coisa? - questino.
- Seu pai quer te ver amanhã.
Aceno.
Olho para Giovanna.
- Você conseguiu? - questiono.
Ela confirma com a cabeça e me passa um envelope. Abro e leio o documento.
- Essa é a verdade?
- Sim - responde - Ela mandou matar o marido, meu informante confirmou.
- Obrigada - devolvo o envelope.
Descobri o que precisava.
Olho para meus dois primos.
- Eu decidi que ela vai trabalhar para mim, mas não posso dizer nada agora, preciso conseguir o contrato do meu casamento com meu pai. Mande alguém ficar de olho nela, por favor.
Os dois acenam em concordância.
♧◇♡♤
Em casa, encontro Elsa sentada sozinha bebendo chá.
- Oi - ela me cumprimenta - Junta-se a mim.
Me sirvo uma xícara e me sento em frente a ela.
- Onde está Olívia?
- Cuidando do filho - explica - Ele está meio adoentado.
Aceno e bebo um gole do meu chá.
- E Serena? - questiono.
Ela me encara por segundos.
- Ela está te evitando - admite - Ela me contou tudo, sinto muito.
Sorrio.
- Não sinta - murmuro e bebo meu chá tranquilamente.
Sinto ela me analisando em silêncio. Ignoro isso, e me concentro no chá. Por fim ela fala:
- Você mudou bastante desde que voltou. Você era gentil e alegre.
- Uma mulher tem que amadurecer - digo dando de ombros, demonstrando que sou indiferente a suas palavras.
- Eu sinto falta da antiga Melanie.
- Todos sentirão, ela era fácil de matar.
Ela arregala os olhos com minha resposta.
Coloco minha xícara na mesinha de centro e me levanto.
- Aproveite seu chá, Elsa - digo - E se vir Serena, diga ela que pare de ser uma covarde e venha até mim antes que eu precise ir até ela.
♧◇♡♤
Mais tarde no mesmo dia, cansada de ficar em meu quarto, pensando, pensando e pensando. Eu coloco um maiô e decido ir nadar um pouco.
Dou voltas e voltas na piscina até ficar sem ar, mas continuo nadando, pelo menos minha mente fica em branco.
Quando estou dando uma volta vejo pés na beirada fora da piscina.
Paro e levanto a vista.
Serena.
Sorrio e nado em direção contrária. Respiro fundo e saio da piscina.
Me aproximo de um roupão e o visto. Viro-me e ela está me olhando. A encaro por segundos. Percebendo que eu não irei até ela, ela vem até mim cautelosamente.
Mordo o lábio para não sorrir. Ela está nervosa. Isso é bom.
- Você descobriu - afirma ela.
- Sim - confirmo mesmo sabendo que ela não me questionou - Devo dizer que, infelizmente não fiquei espantada.
- Eu... - ela começa.
Levanto a mão a impedindo de continuar.
- Você provavelmente acha que ele te ama - digo.
Ela arregala os olhos.
- A verdade é que eu o amo - admite Serena - Eu sempre amei e isso nunca vai mudar.
- Saber do meu casamento com ele deve ter sido horrível - comento.
- Eu me senti morta por um bom tempo, mas depois Pietra me chamou para cá...
- E você veio correndo para o homem dos seus sonhos - falo ironicamente.
Ela me olha com nojo.
- Você pode não ver todas as qualidades de seu marido - diz - Mas eu sim...
- Acho melhor você parar por aí - digo duramente - Eu não continuaria se fosse você.
Ela se cala imediatamente.
- Eu pensei muito em como agir com você - murmuro - Pensei até em mandar te matar.
Vejo medo em seus olhos.
- Silas... - diz.
- Não faria nada - falo - Se eu oferecesse a barganha correta, você seria morta imediatamente, assim como seu falecido marido.
Ela arregala os olhos em choque e ofega.
- Sim - digo confirmando - Eu descobri o que aconteceu com seu marido, você mandou matarem ele achando que Silas casaria com você, mas ele me escolheu porque isso o favorecia.
Ela encolhe os ombros.
- Confiar em você foi um erro, Serena - digo duramente - Eu poderia te matar, te espancar, torturar, mas nada disso me traz alegria.
Ela continua calada de cabeça baixa.
- Onde está Silas agora? Valeu a pena fazer tudo isso por ele?
Ela não responde.
- Me responda sinceramente - peço - Você foi atrás dele depois que eu fui ou ele foi atrás de você?
Ela levanta a cabeça.
- Eu sempre insinuei - sussurra - Mas ele só aceitou quando descobriu do seu caso com Dante.
Isso me pega de surpresa.
- O quê?
- Depois que Dante ligou admitindo que vocês dois estavam juntos - ela continua - Silas me quis, ele acabou me confessando uma noite, por isso não me sinto mal pelo que eu fiz, nós duas fomos para os homens que nós amamos.
- Eu não amo, Dante - digo, mas não acrescento que nunca me envolvi com ele, não devo explicações a ela.
Dou um passo a frente, ela se afasta assustada.
- Você tem 1 semana para desaparecer dessa casa - ameaço - Se não eu irei te torturar por dias até você desejar morrer.
Ela acena.
Assisto quando ela se vai. Em silêncio e derrotada.
♧◇♡♤
Papai me liga e confirma nosso encontro, eu peço que meu marido não saiba disso. Ele não me questiona.
Antes de desligar ele diz que tem uma reunião com Silas em uma semana sobre os irlandeses, agradeço pela informação e desligo.
Estou na cama lendo um livro. Gina está dormindo no berço e só estou passando o tempo porque ainda estou sem sono.
Batem na porta.
Ando lentamente e a abro. Encontro Silas.
- Podemos conversar?
- Sim, mas em tom baixo, Gina está dormindo.
Ele acena e entra silenciosamente. Fecho a porta e me viro para encará-lo.
- Serena me procurou - me avisa - Pedindo minha ajuda.
- Então? - questiono.
- Eu disse que ela deveria seguir sua ordem.
- Deve ter sido ótimo para ela - ironizo - Pedir ajuda ao homem que ama e ele dispensá-la facilmente.
Ele não responde.
- Era apenas isso? - pergunto.
Ele me surpreende quando diz algo que eu não esperava.
- Nós iremos atacar os irlandeses novamente - vejo o olhar de vulnerabilidade - E eu espero que dê certo dessa vez, porque eu não posso perder mais homens.
Sua confissão sincera me pega desprevinida, que eu esqueço a mágoa que tenho com ele.
Me aproximo e coloca a mão em seu ombro.
- Você não vai falhar - digo - Os irlandeses irão pagar pelo que fizeram conosco, com seu pai e meu irmão.
- Se algo acontecer comigo... quero que você e Gina fiquem seguras.
- Nada vai acontecer com você, e nós estaremos esperando por você aqui.
Ele pega minha mão delicadamente.
- O que temos feito um ao outro? Ao nosso casamento?
Me afasto sem querer entrar nesse assunto. Não posso recuar agora, estou decidida a me tornar a chefe da máfia italiana e me divorciar de Silas.
- Nosso casamento é um acordo, para você conseguir se tornar mais forte, você me disse isso - o lembro.
- Eu sou um mafioso - ele diz - Fui criado para colocar a máfia acima de qualquer coisa.
- Você fez um ótimo trabalho até agora - digo.
Ele fica em silêncio.
- Está tarde - sussurro - Você deve ir.
Ele acena e se aproxima da porta. Nos olhamos em silêncio por um tempo e por fim ele vai embora.
Suspiro.
Sentimentos são confusos, fazem você repensar e tomar decisões idiotas, não há sentido nos sentimentos. E no fim de tudo, você sente que não há lógica para eles.
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