WRONG PERSON [COMPLETO NA AMA...

By doomlost

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Após receber a notícia de que estava sendo caçado por um criminoso desconhecido e muito ágil, Trevor Hunter s... More

NOTAS
DEDICATÓRIA
PRÓLOGO
01 | Pingos nos i's
03 | Que comece a diversão
04 | Feitiço
05 | Quem é você?
WRONG PERSON NA AMAZON

02 | Estamos sendo caçados

39.9K 4K 1.6K
By doomlost

Quem está na sua sombra?
Quem está pronto para jogar?
Somos os caçadores?
Ou somos as presas?

Game of Survival || Ruelle

A insônia é o diabo disfarçado, querido.

Sempre que eu encontrava minha avó sentada no jardim mórbido de sua casa, ela me dizia a mesma coisa.

E Dahlia Hunter estava certa, no fim. A insônia é realmente o diabo disfarçado. Alguém que te atormenta em madrugadas regadas à solidão e sussurra memórias aflitivas no pé do teu ouvido.

No entanto, eu só fui descobrir a sensação disso alguns anos mais tarde, enquanto não conseguia dormir porque meu corpo estava sempre me pregando peças.

Havia cansaço nele, vazio. Mas também uma dose generosa de inquietação. A única coisa que conseguia fazer por horas era rolar de um lado para o outro na cama. Outras, sentia como se estivesse morto. O corpo estático, apenas encarando o nada.

No começo era péssimo. Mas depois? Acho que me acostumei.

O silêncio da noite se tornou a minha melhor companhia; apesar da mente barulhenta.

Sem conseguir evitar, deixei um suspiro escapar dos meus lábios. Eram exatas 5 horas da manhã e eu ainda não sentia um pingo de sono. Minha antiga psicóloga, Anne Gorden, com certeza me recomendaria tomar um calmante agora. Mas remédios nunca realmente supriram minhas expectativas. Embora dormisse bem, eu sempre agia feito um drogado quando despertava: pálpebras pesadas, fala arrastada. Corpo fraco e enjoos constantes.

Era uma merda.

E durante um bom tempo, aqueles comprimidos foram o meu maior vício. Uma espécie de salvação, uma vez que eu os ingeria e tudo o que desejava era dormir por um dia inteiro, e nunca mais ter que acordar novamente.

O clique de uma porta se abrindo interrompeu meus pensamentos. Lancei um olhar sobre o ombro. No mesmo instante, uma ruiva saiu do corredor onde ficava o meu quarto. Os fios vermelho-vivo finalizavam na cintura e o corpo curvilíneo estava coberto apenas por uma lingerie tom rubro.

A garota do baile.

Depois que eu terminei com Leroy e sai da festa na noite anterior, avistei-a perto de uma árvore no quintal frontal da casa. Ela parecia contemplativa analisando os próprios sapatos. Entrei em um conflito interno se deveria me aproximar ou não, pois logo agentes do estado apareceriam. As câmeras no interior da casa foram todas desligadas por Kiara, o que acionou um código chamando os policiais locais. Quando fui ver, porém, já era tarde demais. Eu estava ao lado da até então desconhecida. E só alguns minutos mais tarde, ela deslizava para dentro do meu carro.

Voltando ao presente, aproveitei para fazer uma análise minuciosa do seu corpo. A ruiva parecia estar procurando por algo enquanto passeava os orbes curiosos pela sala de estar. Eu não disse nada, nem acenei. Apenas esperei até que ela me encontrasse sob a penumbra, sentando numa poltrona. As luzes estavam todas desligadas e os únicos meios de iluminação bem vindo eram o da lua — que invadia pelas janelas largas do apartamento e batia em meus pés — e o fogo queimando a lenha na lareira.

— Aí está você — a ruiva quebrou o silêncio no momento em que me encontrou; o sotaque francês carregado.

Voltei a olhar para frente, terminando de enrolar um baseado. 

— Aqui estou eu — minha voz ressoou pelo cômodo feito um trovão, rouca.

No segundo seguinte, eu ouvi passos. A garota parou a minha esquerda, os braços estendidos para trás ao mesmo tempo em que uma expressão inocente estampava seu rosto. Quando eu a encarei, um tanto curioso pela maneira como me fitava, ela deslizou para o meu colo sem cerimônias e envolveu meu pescoço com os braços finos.

Não reclamei. Pelo contrário; desci minhas mãos para sua cintura de imediato, lambendo os lábios.

— Acordei e vi que não estava na cama — disse ela, inclinando a cabeça levemente para o lado — O que está fazendo aqui sozinho? Além de fumar maconha, claro.

Dei de ombros, erguendo um pouco as sobrancelhas.

— Apenas pensando.

— E eu faço parte desses pensamentos? — indagou, mordendo um sorriso malicioso.

Eu não me recordava do seu nome. A verdade era que a noite anterior não passava de um borrão para mim depois de alguns shots de tequila.

Talvez fosse Maya. Ou sei lá... Mary?

Talvez.

— E esse talvez envolve nós dois nus?

A encarei fixamente. Eu não estava tão a fim assim de transar, mas talvez gozar fosse uma boa maneira de sentir sono.

Minha mão deslizou por sua coxa até a alça da calcinha. Brinquei um pouco com o elástico, os olhos presos nos dela.

— Que tal você tentar descobrir?

O sorriso em seu rosto esticou. No segundo seguinte, Maya cobriu meus lábios com os seus. A princípio, ela era lenta e sensual. Mas não demorou até que intensificássemos o beijo e minha língua estivesse invadindo sua boca, arrancando-lhe um gemido baixo.

Depositei o cigarro enrolado na mesinha ao meu lado e ajeitei a garota no meu colo. Agora, ela estava sentada de frente, uma perna a cada lado do meu corpo. Dei um leve apertão em sua coxa assim que ela desceu as unhas cumpridas por minha nuca, ouvindo-a soltar um suspiro. Aquilo pareceu ativar algo dentro da ruiva, pois no segundo seguinte, ela começou a rebolar calorosamente no meu colo, em um frenesi torturante.

— Jesus — murmurou, ofegante — Você é quente.

Não retruquei dessa vez. Pelo menos não verbalmente. Enrolei algumas mechas de seu cabelo no punho e puxei os fios até que sua cabeça estivesse tombada para trás. Um arfar arrastado escapou dos seus lábios quando minha boca tocou seu pescoço. Talvez fosse melhor levá-la para o quarto e fodê-la lá. Talvez devêssemos só continuar ali, na poltrona, com ela por cima.

Estava me decidindo ainda quando meu celular começou a tocar em algum ponto próximo a nós.

Afastei meu rosto da curva do seu pescoço e encarei o aparelho sobre a mesinha de centro. Maya resmungou em protesto, mas a ignorei, inclinando-me para frente.

— Pode me esperar no quarto? — desviei o olhar para a ruiva, pedindo assim que vi quem me ligava.

A garota me encarou por longos segundos com as sobrancelhas arqueadas. Era como se dissesse: "tá falando sério?".

Aproximei a boca do seu ouvido.

— Prometo recompensar depois.

Senti seu corpo estremecer acima do meu. Não sabia se pelo frio ou minhas palavras, entretanto, quando afastei meu rosto o suficiente para fita-la, parecia bastante afetada. 

Maya se pôs de pé um momento depois, caminhando para longe. Ao ouvir a porta fechar num estalido atrás de mim, atendi a chamada.

Finalmente! — meu avô exclamou — Por que demorou tanto?

Ignorei sua pergunta de propósito.

— São quase seis da manhã, Christian. — grudei as costas na poltrona, tentando relaxar — Não podia ter me ligado mais tarde?

Aqui em Nova Iorque são meia noite, Trevor — tossiu ao dizer; consequência de fumar tanto charuto — Então que se foda.

Balancei a cabeça em negação, por mais que ele não pudesse ver.

Então — começou — Como foi com Leroy?

Respirei fundo, repousando o cotovelo no braço da poltrona, e girando o anel prateado que sustentava em meu dedo anelar. Uma mania que eu tinha.

— Ocorreu tudo perfeitamente bem — contei — A essa hora, a polícia já deve estar investigando o caso — fiz uma pausa — Claro que eles irão suspeitar das câmeras desligando sempre que eu passava, mas isso não será um problema. Não enquanto tiverem imagens do braço direito do prefeito comendo sua mulher em dez posições diferentes.

Era verdade. Podia imaginar a perícia agora mesmo juntando as peças do quebra-cabeça: a fita quebrada e jogada no chão do escritório, demonstrando espanto, ou talvez a raiva de Leroy — fita que eu jogara. Os tiros em seu melhor amigo; um na perna — de Louis — e outro na cabeça — todo meu. O vômito em sua boca; os olhos abertos e enigmáticos, indicando o ataque cardíaco — causado por mim.

Eles tinham mais coisas para se preocupar do que com "falhas técnicas" da casa. Mas também, se fosse investigado, não conseguiriam nada. Nem das câmeras ao redor do terreno.

Tudo fora hackeado.

Meu avô soltou uma risada divertida em resposta, provavelmente se sentindo mais leve. Os Hunters estavam fora da reta dos franceses novamente. Os segredos que carregávamos com Leroy morreram todos junto com ele.

E quanto ao infarto? — questionou, curioso.

— Vão levar a traição como um baque — expliquei — A morte de Peter também. Afinal, na visão pequena deles, foi August Leroy quem lhe acertou dois tiros. Uma vingança não pensada — busquei pelo baseado e o coloquei entre meus lábios, acendendo com um isqueiro em seguida — Ele se sentiu mal, não aguentou a pressão e faleceu. Simples assim — dei uma longa tragada — As digitais que você conseguiu no dia em que compareceu a casa dele e me entregou só reforçou tudo. Logo irão guardar o caso; a polícia sabe que o velho era corrupto, então nem vão fazer muita questão.

Como eu disse, lidar com criminosos não era uma tarefa fácil. Mas, quando se é um, você sabe exatamente o que fazer para foder com a vida do outro.

Você é o diabo, Trevor Hunter — concluiu Christian.

Dei de ombros, liberando a fumaça dos meus pulmões.

Caímos no silêncio mais uma vez. E, de alguma forma, eu soube que meu avô não tinha me ligado apenas para saber da morte do sócio. Tinha algo mais. Algo perturbando sua cabeça. E, quando ele suspirou de maneira exausta do outro lado da linha, confirmei isso.

— Sabe que odeio enrolações. Conte logo o que aconteceu.

Meu avô não era de enrolar dando notícias. O maldito era direto feito uma bala — algo que, às vezes, pegava meio mal. Então o simples fato de demorar a responder me causou estranheza. Parecia pensar em como dizer o que queria. Mas, como era péssimo nisso, começou do pior modo.

Você precisa voltar para Nova Iorque.

Soltei um riso nasalado, sem humor, esperando que aquilo fosse algum tipo de brincadeira. Depois, me levantei e caminhei até a cozinha, atrás de uma bebida.

Precisava estar minimamente embriagado para aquela conversa.

Abri um dos armários e cacei por uma garrafa de uísque.

Estou falando sério, Trevor — falou ele, ao notar que eu não o faria. — É importante. Até seus irmãos estão vindo. Chegam amanhã.

Sentindo o sangue sob minha pele fluir com mais velocidade de repente, tirei o cigarro dos lábios e travei a mandíbula, apoiando a mão livre no balcão.

Meus irmãos e eu não nos víamos há alguns dias. Eles moravam na Inglaterra comigo — apesar de não na mesma casa —, e desde que tive que limpar a barra do nosso avô, não havia retornado nem enviado mensagem avisando como estava. Saber que Christian comprara passagens só de ida à uma cidade que eles odiavam tanto quanto eu me encheu de raiva. Ele não tinha esse direito. Scott e Maeve eram minha responsabilidade.

— Escuta, Christian — meu tom era gélido e grave. Peguei uma garrafa de vodca francesa (já que não tinha uísque) e repousei-a no balcão — Não envolva meus irmãos nas suas besteiras. Fale comigo, me mande para qualquer país atrás dos seus negócios fracassados, mas não envolva meus irmãos nas suas besteiras.

Esse é o problema, meu neto — falou, expirando — O motivo de vocês precisarem voltar envolve todos nós.

Ponderei. Todo aquele suspense estava começando a me irritar. Porém, forcei-me a manter a calma e despejar um pouco da bebida cara em um copo. Virei um gole, sentindo o líquido descer rasgando por minha garganta antes de indagar:

— O que está acontecendo que eu não estou sabendo?

Prefiro contar isso pessoalmente.

— Que pena — fiz uma pausa, voltando para a sala — Porque eu não saio de onde estou enquanto não começar a falar.

Voltei a me acomodar na poltrona, observando a dança incessante das chamas na lareira. O crepitar da lenha era reconfortante; quase terapêutico. Eu balançava o copo com vodca em um círculo na tentativa de conter os nervos também, mas não obtinha muito sucesso.

Enquanto isso, Christian amaldiçoava minha teimosia na ligação.

Eu o ignorava.

Após alguns momentos que mais pareceram horas, ele voltou a vestir sua armadura inabalável que eu bem conhecia e anunciou, simplesmente:

Estamos sendo caçados.

Parei o movimento da minha mão no mesmo instante.

Christian ficou calado ao passo em que eu digeria a informação. Passaram-se minutos e nada. As palavras pareciam ter desaparecido da minha boca.

— Caçados por quem? — finalmente consegui perguntar, repousando o copo sobre a mesinha junto ao enrolado.

Tinha perdido a vontade de beber. E fumar.

Uma gangue mexicana. Diablos é o nome deles, pelo que parece.

Passei os dedos por entre os fios em minha cabeça, numa tentativa falha de afastá-los da testa.

Querem nos matar, Trevor. Mais especificamente, matar você.

— Que reconfortante, obrigado — resmunguei.

Ignorando-me completamente, ele continuou, dessa vez mais calmo, mas ainda assim firme:

Aumentei a segurança, mas não garanto que você a tenha fora daqui, filho. Nem seus irmãos, por isso mandei que os trouxesse. Volte para casa amanhã. Não quero ter que ceder seu lugar a um desgraçado qualquer; muito menos receber seu corpo sem vida em minha porta.

Fechei os olhos, massageando as têmporas.

Acabei de enviar sua passagem por e-mail. Me mande mensagem assim que chegar no aeroporto de Manhattan.

No segundo seguinte, ele encerrou a chamada.

*

N/A: olá

⭐️⭐️⭐️ deixa a estrelinha ⭐️⭐️⭐️

lembrando q as postagens oficiais do livro não iniciaram ainda; só em outubro. porém, sou humana e também peco JSJSJSJQJW

e ah! de vez em qnd solto spoilers de WP nas minhas redes sociais do q vem aí, então me sigam para mais novidades:

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