Minha cabeça estava explodindo!
E eu não sabia se era por conta do álcool em excesso que eu havia consumido na noite anterior, ou se era por causa do toque irritante do telefone.
Olhei para o celular, e desliguei a chamada assim que vi o nome da minha irmã piscando na tela.
Mas não demorou muito, e logo o celular voltou a tocar. Soltei um palavrão, e peguei o celular que estava ao lado da minha cama.
— Bom dia maninho.— Ela diz animada, e revirei meus olhos.
— Liza, o que você quer?— Perguntei irritado.
Escutei Liza rir do outro lado, e bufei. Passei a mão pelo meu cabelo, e suspirei.
— Eu só quero saber como o meu irmão predileto está.— Diz com uma voz calma.— E saber quando você virá ver seu sobrinho!
Rolei os olhos.
— Estou ocupado.
Liza soltou um palavrão, e começou a me xingar. Tenho certeza, que, nunca tinha ouvido tantos palavrões, quanto nesse momento.
— Amanhã você vai levá-lo para fazer alguma coisa!— Não foi uma pergunta.— E me encontre naquele restaurante hoje, precisamos conversar.
— Está bem.— Suspirei.
Ela desligou o celular, e olhei para um porta-retrato que fica ao lado da minha cama.
Mirella e eu.
Estávamos em um piquenique.
Naquele dia, nós dois estávamos tão felizes.
E por algum motivo, eu não joguei essa foto fora. Eu simplesmente não consegui. Gosto de olhar para o seu sorriso radiante todas as manhãs, e também gosto de ver - mesmo que pela foto-, o brilho em se olhar.
O brilho que somente ela tem.
Até hoje, após anos, eu não consegui esquecer dela.
Não consegui apagar o que eu sinto por ela.
Mirella, foi um amor que eu tenho certeza que jamais acabará, e que eu em hipótese alguma irei esquecer.
Afinal, era ela.
A mulher a qual eu me apaixonei pela primeira vez.
Ela fez meu coração bater tão rapidamente, que pensei que ele iria pular para fora do peito.
Ela foi a única que me fez sentir assim, e eu não conseguia simplesmente esquece-lá.
Mesmo com tudo que ela fez, eu não deixei de ama-lá nem mesmo por um segundo nesses anos.
Entrei no restaurante italiano, onde me encontraria com Liza, e logo avistei ela, a mesma estava mexendo no celular.
— Olá, Liza.— Falei, me sentando na cadeira a sua frente.
— Olá, irmãozinho.— Ela revirou os olhos.
Ela guardou o celular na bolsa de couro preto, e me olhou.
— Quando você irá ver a mamãe?— Perguntou e suspirei.
Balancei minha cabeça. Eu e meu pai tivemos uma discussão a dois anos, e desde então não falo com ele, e consequentemente não vejo minha mãe com muita frequência.
A última vez que a vi foi a um ano, em um evento em minha empresa.
— Não sei.— Digo secamente.— Mas vou tentar vê-la semana que vem.
Ela suspirou, e me encarou por alguns segundos. Eu podia ver em seu olhar que ela estava chateada.
— Ethan, a mamãe não tem culpa dos erros do nosso pai.— Ela disse.— Nosso pai não é uma boa pessoa, e você não precisa falar com ele. Mas a mamãe sente sua falta, ela ama você, Ethan. Sabe disso. Sabe que ela jamais concordou com o nosso pai.
— Eu sei.— Digo frustrado.— Mas eu não quero vê-lo. E seu eu for até lá, eu irei ver ele. E eu não sei o que eu faria se o visse. Eu ainda tenho muita raiva dele.
— Eu sei. Confesso que eu também estou magoada com ele, mas não pode deixar que o seu rancor pelo nosso pai, deixe você se afastar da mamãe. Lembre-se, ela não tem culpa de nada.
O dia foi corrido. Tinha muitos problemas naempresa, que eu tive que resolver, muitos projetos novos. E isso tomou boa parte do meu tempo.
Depois do almoço com Liza, voltei a empresa, e só agora- onze horas da noite-, estou indo embora.
Só há eu na empresa, e os seguranças.
Todos os funcionários já foram embora. Entrei no meu carro, e comecei a dirigir pelas ruas movimentadas de Nova York.
A cidade que nunca dorme. A cidade que está sempre acordada e movimentada.
Há um tempo atrás, eu gostava de sair e me divertir. Eu fazia parte das pessoas que nunca estavam paradas.
Porém, quando a Mirella foi embora, muita coisa mudou, e eu me afundei no meu trabalho, tentando ampliar minha empresa que eu conquistei com muito esforço.
Aos meus trinta e um anos, eu posso dizer que conquistei meu império. Mas isso não quer dizer, que sou totalmente feliz.
Porque eu não sou.
Estacionei o carro na garagem da minha casa, e desci dele, pisei na grama molhada por conta da chuva fina que caía do céu.
Coloquei mais um pouco da bebida dourada no meu copo, e a bebi, apreciando o sabor.
Olhei para a gaveta que eu mantive fechada por todos esses anos, e fechei os olhos com força.
Peguei a chave na cor prata, e abri a gaveta.
Várias fotos, da Mirella, do nós dois juntos nos momentos mais maravilhosos que se podia imaginar. E embaixo de todas as fotos, tinha um envelope amarelo.
O envelope que destruiu tudo.
Destruiu nossos sonhos.
Destruiu minha vida.
O papel estava um pouco amassado, mas estava conservado. Ele havia ficado esse tempo todo nessa gaveta, trancada a sete chaves.
O puxei com cuidado, e as fotos que estavam em cima dele, caíram dentro da gaveta. Minha mão travou, enquanto eu tentava abrir o envelope.
Mas então eu abri.
E desenterrei o passado, que eu tinha tentado esquecer por todos esses anos, mas falhei miseravelmente.
Pois acima de tudo, eu não conseguia esquecer ela.
As fotos que estavam dentro do envelope, foram a causa de eu ter tido meu coração partido, e de eu perceber que o amor é uma merda.
Amar ela foi terrível.
Foi como o fogo, e uma hora ela queimou tudo a minha volta.
E destruiu tudo.
Absolutamente tudo.
Eu acredito que o amor só serve para destruir as almas das pessoas, e as fazerem sofrer.
Porque comigo, foi assim.
Mirella foi a mulher que eu amei.
E foi a mesma mulher que me destruiu.
Se passar de +200 comentários, sábado eu posto o capítulo 4!
lembrem-se que terá uma maratona assim que o livro chegar a 500K (faltam apenas 10K) está chegando, então divulguem bastante ❤️