-Malia, estás a ouvir o que te estou a dizer?-a voz do Pietro despertou me dos meus pensamentos
Não conseguia tirar da cabeça a conversa que tinha tido com a Andressa, o que ela disse fazia sentido mas não poderia simplesmente acreditar que a minha melhor amiga, aquela que me apoiou, me animou e me aconselhou durante anos, era realmente assim
-Desculpa, podes repetir?-pedi olhando para ele
-O que é que se está a passar? Estás estranha desde que chegaste-ele comentou enquanto me analisava com cuidado
-Está tudo bem, só estou cansada-tentei sorrir enquanto ele me olhava atentamente
-Tu és uma péssima mentirosa-encostou se ao sofá e fechou os olhos
-Estive com a Andressa à bocado, e tivemos uma conversa que me deixou pensativa-admiti e a sua atenção voltou a mim
-Sobre o que é que conversaram?-perguntou curioso
-Sobre a Katherine-respondi
-Acho que já sei sobre o que é que se trata, ela teve a mesma conversa comigo-comentou
-Eu não quis ouvir tudo, mas o que ela diz faz tanto sentido-a minha voz fez se ouvir após alguns minutos de silêncio
-Ei, não fiques triste-ele aproximou se e abraçou me
-Ela é minha melhor amiga, conhecemo nos à três anos. Não posso acreditar que ela seja esse tipo de pessoa-senti os meus olhos arderem
-Eu estou aqui-sussurrou, e eu aconcheguei me naquele abraço
Alguém começou a tocar à campainha sem parar, o que me assustou
-É melhor ir abrir-murmurei, mas a verdade é que não queria sair dali
-Não deve ser nada, deixa estar-o Pietro disse enquanto fazia pequenas carícias nas minhas costas
-Malia! Abre a porta por favor-dei um pulo e corri para a porta, reconhecia a voz de choro da Katherine em qualquer lado
-Kathe! O que é que aconteceu?-o seu rosto estava vermelho e inchado de tanto chorar e as lágrimas não paravam de escorrer dos seus olhos
Ela abraçou me com força e começou a soluçar alto, o Pietro fez menção de se aproximar mas eu neguei, e levei a para o meu quarto. Já sentada na cama, deitei a sua cabeça no meu colo e comecei a fazer lhe cafuné para ela se acalmar
-Ele não gosta de mim-ela disse com um fio de voz, e o meu coração ficou apertado por a ver assim
-O Robert? O que é que ele disse para te deixar assim?-perguntei
-Um amigo nosso convidou nos para ir a casa dele, lá tinha piscina e íamos ficar o dia todo. Não éramos muitos, no máximo 20, até que um deles teve a ideia de jogar verdade ou consequência-os olhos dela encheram de lágrimas novamente- O jogo estava a ir bem até perguntarem ao Robert se ele namoraria com alguém da roda. Ele olhou para cada um, sorriu para mim que estava ao seu lado e disse que não-voltou a chorar sem parar
-Kathe tu és linda! Se ele não sente o mesmo por ti quem perde é ele, vais encontrar alguém melhor-disse tentando consula la
-Mas eu quero o a ele Malia! Não quero outra pessoa!-reclamou e eu suspirei
-Não podemos obrigar ninguém a gostar de nós, às vezes o coração escolhe a pessoa mais improvável para amar-a imagem do Pietro veio me à mente, mas logo tratei de pensar noutra coisa
Ela ficou a chorar até que por fim adormeceu, e eu não me mexi com medo de acorda la até que bateram à porta
-Como é que ela está? -o Pietro perguntou ao vê la dormir
-É melhor sairmos daqui para não a acordarmos-levantei me e fechamos a porta ao sairmos
-O que é que aconteceu?-ele perguntou quando entramos na cozinha
-Não sou quem te deve contar sobre isso, depois vocês conversam-respondi enquanto enchia um copo com água
-Tudo bem, tens razão-encolheu os ombros- Vamos dar uma volta?-perguntou com um sorriso
-Estás doido? A Kathe está a dormir, pode acordar a qualquer momento-disse nervosa
-Tu não queres sair comigo?-perguntou um pouco triste
-Claro que quero!-apressei me a responder de forma sincera
-Então vamos-sorriu e, pegando na minha mão, guiou me até fora do apartamento
-Onde é que vamos?-perguntei sem conseguir evitar o sorriso ao olhar para os nossos dedos entrelaçados
-Quando chegarmos verás-respondeu deixando me ainda mais curiosa e entramos no carro
Com o carro em movimento, eu olhava pelo vidro para a rua, que estava praticamente deserta por conta do horário. A voz do Pietro a cantarolar a música que estava a tocar na rádio prendeu a minha atenção e eu acabei por olhar para ele mais tempo do que deveria
-Gostas do que vês?-perguntou com um sorririsinho
-Bastante-respondi sem pensar e quando me dei conta do que havia dito senti as minhas bochechas corarem- Quer dizer, a cidade é linda, gosto muito-tentei corrigir me com vergonha
-Tu ficas fofa assim-comentou piscando me o olho, deixando me ainda mais envergonhada
-Ainda demora muito?-perguntei mudando de assunto
-Na verdade já chegamos-respondeu parando o carro e eu sorri ao perceber onde estávamos
-O miradouro-sussurrei enquanto saía do carro
-Percebi que gostaste de ver o pôr do sol aqui, então pensei em trazer te para veres algo tão ou mais bonito-a vista era de perder o fôlego, o céu estava todo estrelado e dali conseguíamos ver as luzes da cidade
-Sabes o que é que percebi?-perguntei olhando para ele
-O quê?-respondeu curioso
-Que as paisagens mais bonitas que já vi foram contigo. O pôr do sol aqui, o nascer dele na varanda de casa, e agora isto-comentei voltando a apreciar a vista
Senti o seu corpo aproximar se do meu, a sua respiração estava estava próxima do meu ouvido e as minhas costas coladas no seu peito. Suspirei e, ganhado coragem, entrelaçei os nossos dedos
-Tu és tão especial Malia-sussurrou no meu ouvido quando me abraçou por trás, fazendo todo o meu corpo arrepiar- Às vezes pergunto me se existes mesmo, a maioria das mulheres ficaria feliz com jóias, ou com um restaurante caro, mas tu encantas te com as coisas mais simples-as suas palavras fizeram me sorrir
-Talvez seja porque tu estás aqui, tudo parece mais bonito-decidi deixar a vergonha de lado e expressar o que sentia naquele momento- Eu existo Pietro, e estou bem aqui na tua frente-sussurrei, ficando cara a cara com ele
Uma das suas mãos, que antes estava na minha cintura, subiu para a minha bochecha e o seu polegar começou uma delicada carícia, que me fez fechar os olhos. Senti a sua respiração demasiado perto e quando olhei para ele tive a sensação que os seus olhos brilhavam tanto como as estrelas que estavam a cima de nós, estava a morder o lábio inferior e isso pareceu o convite perfeito para colar as nossas bocas, iniciando um beijo calmo