– Erick!
Eu corro para abraçar ele, eu nunca senti uma sensação dessa eu acabei de ser assaltado, mas estando aqui, abraçando meu irmão me sinto seguro de tudo e todos.
– Também senti sua falta mano. – Ele diz em um tom irônico. – Tá bom. Hmm. Acho que já chega agora.
Eu me afasto dele e enxugo as lágrimas que escorreram pela minha bochecha com as mãos, Bella se aproxima da gente.
– Nós... Nós... Fomos assaltados. – Bella ainda estava chorando muito pelo ocorrido. – Roubaram a bolsa do Sam.
– Meu Deus! – Erick tirou o celular do bolso. – Vou ligar pra a mamãe.
– Ah não! – O garoto ao lado de Erick falou e meus olhos seguiram a voz grossa e doce, ao mesmo tempo, que saia da boca dele. – Vocês estão bem? Ele estava armado?
Eu não conseguia falar nada, eu queria falar, lutava pra isso, mas não conseguia, tinha todas as palavras na minha mente, mas nenhuma delas saíram, minha boca não se abria só sentia meu lábio tremer um pouco, minha barriga estava congelando por dentro, que sensação estranha, minha mão estava suando incontrolavelmente, como iria responder o garoto se não saia uma palavra da minha boca, o que está acontecendo comigo? Eu não posso ter perdido a voz de tanto medo do cara que me roubou, isso era impossível, eu acho...
– Não precisam responder agora. – Ele olhou para mim. – Vocês devem estar muito assustados. Isso é normal. Não se preocupem.
Os olhos dele eram tão belos, azul-esverdeado, nunca vi um olho dessa cor, deve ser por isso que me impressionei tanto.
– Certo. – Erick estava no telefone com a mamãe. – Estamos indo agora. Isso. Tchau. – Ele desligou a ligação e colocou o celular de volta no bolso. – Melhor a gente ir. Bella vamos te levar até a sua casa.
Fomos até o carro do meu irmão, Bella e eu estávamos no banco de trás, Erick dirigiu até a casa dos Valentini e deixamos Bella em sua porta.
Durante todo o caminho até minha casa não conseguia falar uma palavra, o que estava acontecendo comigo? Ainda não sabia o nome do garoto e parecia que não era a prioridade de Erick me dizer sobre isso...
Chegamos em casa, minha mãe estava do lado de fora com o telefone na mão, descemos do carro e entramos na casa.
– O que aconteceu? – Ela perguntou olhando para Erick. – Onde vocês estavam? Eu já falei um milhão de vezes para não saírem nessa hora da noite. É perigoso!
– Eu sei. Eu sei. – Erick disse trancando a porta. – Como eu tinha lhe dito por telefone. Samuel foi assaltado junto com a amiga.
– Deus. Se o pai de vocês ficar sabendo disso...
– Já sabemos o que vai acontecer mãe. – E a primeira palavra saiu de minha boca depois do assalto. – Melhor não disser a ele.
– Lukas querido. Você está bem? – Minha mãe falou se virando para o garoto. – Não me diga que essas crianças te envolveram nisso.
– Está tudo bem Sra. Dias. – Ele respondeu. – O que importa é que estamos bem agora.
Por algum motivo quando ele falou isso me deixou mais calmo, acho que isso é um sinal para eu ir descansar minha mente tranquilamente.
– Licença. – Eu disse atordoado. – Acho que eu vou para a minha cama. Minha cabeça ainda está tentando processar tudo que aconteceu hoje.
Eles assentiram com a cabeça e foram até a sala para conversarem sobre o ocorrido na praça.
Ao entrar no meu quarto a primeira coisa que faço é tirar a minha regata e me deitar na cama, tem tantas coisas passando por meus pensamentos que me sinto exausto. Lukas? Então, esse é o nome dele, ele parece ser bastante legal e compreensivo, duvido que alguém da minha família faria o mesmo que ele fez, ele me entendeu e teve a calma necessária para me dá forças naquele momento, talvez por isso Erick e eles sejam amigos, afinal, Erick nunca havia me falado nada sobre Lukas, será que eles são colegas de classe? Podem ser amigos não tão próximos, certo? Tudo bem, eu não consigo pensar mais em nada sem que minha cabeça exploda de dor, eu só preciso relaxar agora...
Abro meus olhos e vejo um lugar familiar, estou em um local fechado e pouco iluminado, olhando por um pouco mais de tempo, percebo que estou do lado de dentro da casinha dos meus sonhos, não tem nada dentro, além de pequenas frechas de luz que vem das janelas e da porta e é isso que me deixa enxergar o incrível nada que tem por aqui, eu vou até a porta e tento abrir, mas continua trancada, verifico as janelas, só havia uma que estava aberta e decido sair por ela o mais rápido que posso.
Eu caio em cima de uma flor, tem um cheiro maravilhoso, a luz está mais forte do lado de fora, não há mais nenhum animal, só consigo ouvir o barulho de água caindo, me pergunto o que aconteceu em quanto eu estava fora daqui e por que estou menor que uma flor. Tento descer da Jasmim, que parecia ser um prédio de dez metros, mas era muito alto mesmo, sempre tive medo de altura e aparentemente isso não mudou nem nos sonhos, por alguns segundos eu perdi esse medo e me joguei em direção ao chão, não foi uma queda longa e muito menos alta, parecia que tinha voado e aterrizado no solo, novamente sinto aquela sede, mas agora seria cem vezes mais complicado de chegar até a cachoeira, por conta do meu tamanho, a sede foi se tornando cada vez mais forte e comecei a ficar tonto, perder a noção de espaço, minha cabeça está girando loucamente.
Fecho meus olhos por um instante e vejo que estou dentro da cachoeira, no meu tamanho normal, olho para o lugar onde tinha sido derrubado e vejo um rapaz pulando na água e vindo para perto de mim, nadando como um profissional, ele se aproxima de mim e me puxa para fora da água, começo a prestar mais atenção no rosto do rapaz e parecer ser...
– Lukas?
Eu digo, em um tom de incerteza, ele olhou nos meus olhos um pouco assustado e fugiu para a floresta que tinha ali perto, eu me levanto rapidamente e corro atrás dele.
– Lukas. Espere!
Próximo as árvores havia uma placa onde dizia "BEM-VINDO A GOLDEN VALLEY ", em letras maiúsculas. Eu acabo me distraindo com a placa e perdendo Lukas de vista, mas continuo entrando na floresta e vejo outras placas com setas apontando para várias direções diferentes, sigo uma placa que apontava para a direita e reencontrei Lukas, sentado de joelhos no chão e olhando para o céu, eu me aproximo lentamente dele e sentia que a cada passo que dava o meu arredor ia ficando mais escuro, me sento ao lado e observo o céu juntamente dele, o céu estava escuro e cheios de estrelas levemente amareladas, mas o que me deixou mais confuso foi ver grandes olhos azul-esverdeados no centro, eram os olhos de Lukas, eu me viro para Lukas e ele não estar mais lá...
– Pra onde você foi? – Eu escuto um barulho vindo de um arbusto. – Lukas? É você?
As estrelas e os grande olhos são o que me permitem ver um pouco das coisas, o arbusto começou a se mexer, eu vou até lá lentamente, mas antes mesmo de eu conseguir chegar um pouco mais perto sinto uma mão tocar meu ombro. Eu grito assutado e abro meus olhos, ofegante, vejo que estou novamente no meu quarto, Lukas estava lá com a mão em meu ombro, me olhando com aqueles mesmo olhos azul-esverdeados.
– Parece que vocês estava tendo um pesadelo comigo. – Ele ri. – Sei que as vezes posso assustar as pessoas com minha cara feia...
Sábado, 10 A.M
– Nã... Não. Não foi com você. – Falo ainda ofegante. – Foi apenas um sonho ruim.
– Então, por que você estava gritando meu nome? – Ele falou com um sorriso. Me sinto extremamente envergonhado, não sabia que conseguia falar enquanto dormia. – Ei. Eu só tô brincando.
Parecia que ele estava lendo minha mente ou só vendo minhas bochechas avermelhadas de vergonha.
– Seu irmão estava querendo falar com você. – Ele olhou para minha barriga e eu me lembrei que estava sem a regata, me sinto envergonhado de novo. – Ele tá te esperando lá embaixo.
– Ce... – Que raiva. Por que eu não consigo falar sem gaguejar? – Certo.
Ele saiu e fechou a porta delicadamente, diferente do que minha mãe faria por exemplo, eu vou para o banheiro e entro no box, ligo a água quente e começo a me ensaboar.
Essa já é a segunda vez que tenho esse tipo de sonho, penso, eles sempre parecem ser tão reais. Eu saio do banho e visto uma camisa preta do Batman junto com uma calça jeans, coloco uma meia e começo a procurar a outra pelo meu quarto, acho uma de um par diferente, mas mesmo assim coloco, ponho junto de um tênis All Star preto clássico.
Quando estava prestes a sair do meu quarto escuto o som da notificação de mensagem vindo do meu celular, vou até a escrivaninha onde meu celular estava carregando, desbloqueio meu celular e vejo uma mensagem da Sophie que dizia...
"Sophie:
Preciso que venha para a escola, agora!"
CONTINUA...