Ensina-me amar

By alinemoretho

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Sarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de... More

Bem-vindo@:
Epígrafe
Prólogo
Um: Desamparada
Dois: Socorro
Três: Amizade
Quatro: Uma Chance
Cinco: Humilhação
Seis: Nova Vida
Sete: Boas-Vindas
Oito: Reencontro
Nove: Ele
Dez: Quebrada
Onze: Perdão?
Doze: Verdade
Treze: Bagunça
Quatorze: Reconciliação
Quinze: Medo
Dezesseis: Adaptação
Dezessete: Covarde
Dezenove: Ciúmes
Vinte: Viagem
Vinte e Um: Pai
Vinte e Dois: Fé
Vinte e Três: Família
Vinte e Quatro: Sufoco
Vinte e Cinco: Retorno
Vinte e Seis: Confusão
Vinte e Sete: Temores
Vinte e Oito: Tormento
Vinte e Nove: Fuga
Trinta: Confissões
Trinta e Um: O Retorno
Trinta e Dois: Correção
Trinta e Três: Fazer o certo?
Trinta e Quatro: Temor
Trinta e Cinco: Voltar?
Trinta e Seis: Sujeição
Trinta e Sete: Aniversário
Trinta e Oito: Casar?
Trinta e Nove: Mãe
Quarenta: Padrinho
Quarenta e Um: Casamento
EPÍLOGO:
Agradecimentos

Dezoito: Sentimentos

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By alinemoretho

— Encontrei vocês! — exclamou dona Socorro da entrada da varanda. — Não devia ter te apresentado a Sarah, Josué. Vocês dois não se largam mais.

— Oh, minha tia, nunca foi minha intenção roubar sua menina de ouro — Josué zombou e aproveitou a oportunidade para me dar uma cotovelada de leve na barriga.

Após o término da aula de Defesa Pessoal, meu instrutor e eu tiramos algum tempo para relaxar separadamente e depois voltamos a nos encontrar para conversar sentados na cadeira de balanço aconchegante da varanda e comer melancia na companhia ilustre de Mabel.

— Estamos só conversando e sendo  lambuzados pelas mãos dessa ovelhinha — informei e dei risada quando Maria esmagou a fruta e ergueu o bracinho para tentar colocar a mão babada na boca do Coelho, que a segurava em seu colo.

— Tudo bem, fiquem á vontade. Eu só  fiquei curiosa para saber se estavam bem e também lembrá-los do culto ás oito horas da noite — sondou a senhorinha. — Os irmãos da igreja vão se reunir aqui essa noite.

— Ainda temos... — Josué olhou em seu celular. — Cinco horas e vinte e três minutos.

— Seus irmãos virão? — dona Sô questionou. — Estou com saudade dos meninos.

— Possivelmente. Se minha mãe conseguir convencer meu pai a colocar gasolina na Giringonça, então eles vêm sim — informou Coelho e dona Sô se mostrou alegre pela notícia.

— Certo, vou ligar pra Esperança e assim confirmo. Com licença! — A senhorinha se afastou e em seguida saiu da varanda, nos deixando sozinhos outra vez.

Josué, então cruzou os braços e me olhou fixamente, deixando claro ainda estar esperando a resposta de sua pergunta anteriormente feita.

— Pare de me olhar assim. Eu não vou correr o risco de contar e ver você ir fofocar para o seu melhor amigo — declarei e mordi meu pedaço de melancia.

— Então, vou entender isso como um sim — Ele ergueu as sobrancelhas freneticamente. — Você daria uma chance ao Victor sim, sua sapequinha.

Revirei os olhos, tentando não rir da careta dele me analisando. — Eu não disse isso.

— É, mas um passarinho me contou sobre o quanto os dois estavam próximos semana passada quando Vic tomou aqueles socos e você precisou fazer curativos nele — Coelho me encarou com um olhar desconfiado. — É, Rodrigues, eu sei de tudo.

— Karen é uma linguaruda — reclamei, mas não fiquei irritada. — Aliás, qual o seu problema? Por que quer tanto me ver com o Victor?

— Ora, porque eu amo bolos de casamento e não como um desde quando Joabe se casou com a Ritinha, ano retrasado. — reclamou e eu dei risada. — É sério! Fico orando pra essas meninas desse instituto arrumarem marido, mas devo estar com pouca fé.

— E agora eu preciso te aguentar me enchendo a paciência pra casar com o Victor? Por que você não se casa e come o bolo do seu próprio casamento? Hein? — questionei e ele fez uma careta.

— Eu até quero e oro muito, mas o Senhor é quem sabe onde está minha amada a quem comparo com as éguas das carroças de Faraó — ele citou com toda pompa e eu caí na gargalhada.

— Agora entendi porque você está solteirão — zombei e peguei Mabel no colo. — Seu tio Josué vai ficar solteiro pra sempre, não é, meu amor? É, se ele chamar a amada dele de égua, vai morrer solteiro sim!

Quando olhei para o lado, notei Josué apontando a câmera do meu celular na direção da bebê sorridente em meu colo. Eu o mandei parar, mas ele persistiu e eu continuei brincando com Mabel.

— Máma! — A bebê balbuciou e tanto eu quanto Coelho explodimos de alegria ao ouvir aquelas primeiras palavras da minha filha.

— Você ouviu! Ela falou "mamãe"! — gritei animada.

— Não só vi, como filmei! Ah Mabel, estou tão orgulhoso de você — Coelho comemorou e em seguida fomos ver a filmagem. Estávamos rindo e nos divertindo com a gravação quando Victor entrou pela porta da varanda. — Irmão, você não vai acreditar! — Josué saiu do meu lado e foi direto ao amigo para mostrar as façanhas da estrelinha daquele dia.

Victor ficou atento a tela e até deu sorrisinho desanimado quando acabou. — Legal — comentou monótono, deixou o amigo de lado e se aproximou para pegar a bebê em seu colo. — Então, você é uma mocinha tagarela agora? — perguntou a filha e deixou um beijo em suas bochechas gordinhas.

Era bom ver Mabel não mais estranhando Victor como pai e ele, por sua vez aproveitando cada minuto do seu dia apertado como médico para estar perto da menininha.

— Vou deixar vocês a sós — informou Coelho já caminhando para dentro do casarão. Antes de entrar, ele aproveitou o fato de Victor estar muito distraído conversando com a filha para fazer um sinal imitando alguém colocando uma aliança em seu dedo anelar.  — Casem — ele sussurrou.

— Vim te chamar para ir ao super-mercado comigo. Sou eu quem vou abastecer a dispensa do instituto e do abrigo para crianças esse mês — convidou Victor e eu fiquei orgulhosa por saber do empenho dele em usar seu dinheiro com o fim de ajudar outras pessoas.

— Só nós dois? — perguntei tentando disfarçar o constrangimento por querer saber aquilo.

— Não sei. Está pensando em levar o Josué também? Eu não me importaria, afinal os dois estão juntos o tempo todo mesmo — rebateu e eu senti uma pontada de ressentimento na voz do médico.

— Vou deixar a bebê com a Luana e trocar de roupa. Espere aqui — desconversei, já pedindo licença.

Quando fui pegar Mabel de volta, Victor pediu mais alguns minutinhos para abraça-la e esmaga-la em seus braços várias vezes. — O papai estava com saudades, meu amor — ele falou baixinho fazendo meu coração derreter. — Eu já amo muito você, filha.

Finalmente tomei a menina em meus braços e a levei até minha amiga que naquele instante estava brincando com Arthur na sala de televisão.

— Lu, você pode olhar a Mabel pra mim? Eu vou com Victor ao mercado e...

— Tá, mas não demore — Luana me cortou.

Minha amiga não pareceu gostar muito do meu pedido, sem deixar claro o motivo. Lu nunca reclamava em oferecer ajudar com a Mabel e eu também sempre me coloquei a disposição para cuidar de Arthur quando fosse preciso, mas naquele dia em especial, a situação foi diferente.

— Se não quiser, eu posso pedir a Karen ou a Fabi...

— Está tudo bem, Sarah. Fique tranquila, tá bom? — ela disse e em seguida pegou a bebê em seu colo. — Divirta-se.

Mesmo estranhando a atitude de Luana, eu não perguntei nada e me despendindo de Mabel, saí correndo até o quarto onde troquei minhas roupas de ginástica por um vestido azul escuro de mangas curtas e sapatilhas, aproveitando o fato de eu já estar de banho tomado para ficar pronta para o culto a noite. Quando desci encontrei Victor conversando com Coelho e eles pareciam entretidos até me verem.

— Está pronta, Sarah? — Victor sondou e ao ter minha confirmação, me chamou para segui-lo até o carro emprestado de Josué.

Entramos no automóvel e aguardei o médico começar a dirigir, porém percebi pelo rosto dele haver algo engasgado em sua garganta.

— Qual o problema? — questionei ao vê-lo massagear as têmporas.

— Eu contei tudo aos meus avós — revelou como se estivesse aguardando pelo momento daquela confissão há muito tempo.

— A sua mãe também sabe? — fui direto ao ponto, pois não podia correr o risco de ver minha vida destruída por Raquel Ferraz outra vez.

— Não — ele respondeu rapido, mas logo repensou. — Quer dizer, ela têm desconfiado da minha demora em voltar pra casa todos os dias e o fato de ter aparecido todo machucado a intrigou bastante, mas não fez perguntas além do aceitável. Estou me preparando para ter uma conversa séria com ela...

— Por favor, espere mais um pouco — implorei, já sentindo a garganta fechar e o estômago contrair. — Não estou pronta para estar diante daquela mulher ainda.

Victor ficou um pouco chocado com meu tom. — Nossos pais vão precisar saber, Sarah. É errado ficar escondendo algo tão sério quanto o fato de termos uma filha.

— Eu sei! — exclamei aumentando o tom de voz. — Mas você viu como Davi reagiu. Ele nem ao menos te deixou falar, Victor. A situação pode ficar muito pior com os outros, principalmente com dona Raquel.

Victor refletiu durante algum um tempo e já até havia dado início ao percurso para o mercado quando voltamos a tratar daquele assunto.

— Sabe, eu conheço bem a minha mãe e sei como as artimanhas dela te machucaram. Ela deve ter feito tudo o que fez por ganância, com a desculpa de estar pensando em mim e Suellen. No entanto, meus avós não são assim — garantiu com veemência e aproveitou um farol fechado para virar-se em minha direção. — E eles se empenharam em oração para contemplar minha conversão e são muito importantes pra mim, Sarah. Seria uma covardia sem tamanho priva-los de conhecer a bisneta.

Mordi o lábio, evidenciando o quanto aquela proposta me deixava insegura. — Você deveria ter me consultado antes de dar com a língua nos dentes. — Soltei o ar com força revelando meu descontentamento.

— Perdão, mas eu não consigo esconder nada da vovó — confessou e um arrepio saltou por cada uma de minhas vértebras quando ele segurou minha mão. — Eu não faria nada para colocar vocês em perigo, confie em mim. — Victor me encarou fixamente, pois sabia quanto poder havia naquele par de belos olhos azuis para me convencer.

— Você pode garantir que eu não vou precisar lidar com sua mãe? — questionei com seriedade.

— Sim, meus avós não moram em Santa Fé. Será apenas nós três e eles. Vamos almoçar e voltamos — explicou resumidamente. — Por favor, Sarah.

Pensei bastante e enquanto ele concluía o percurso, acabei tomando minha decisão: — Victor, às vezes eu tenho vontade de te acertar um soco, mas tudo bem vamos visitar seus avós.

O sorriso espontâneo brotando nos lábios do rapaz quando ouviu minhas palavras foi capaz de fazer meu coração acelerar, por isso agradeci extremamente quando finalmente ele parou o carro em uma vaga no estacionamento do supermercado.

Victor fez questão de abrir a porta do carro pra mim e juntos andamos em direção ao interior do grande estabelecimento. A pedido do médico, cada um de nós pegou um carrinho grande e demos início as compras de mantimentos no mesmo instante.

Passamos por diversos corredores escolhendo mercadorias e vez ou outra nos dividíamos, principalmente quando eu parava avaliar melhor o preço das coisas antes de colocar no carrinho.

— Ei! Você se lembra disso? — Victor questionou entrando no corredor de fraldas onde eu procurava por um item da lista. Ele segurava em mãos uma barra de chocolate gigantesca, a qual eu amava.

— Sim! Esse ainda é o meu favorito — comentei eufórica.

— Não consigo esquecer o espanto dos seus olhos quando eu te comprei umas dez barras dessas no seu aniversário, quando a gente namorava. — Ele riu saboreando aquela memória.

— Também te pedi uma música. Você estava todo animado animado com o violão, mas ficou triste porque não sabia notas o suficiente para compor algo além de "Borboletinha, está na cozinha" — complementei com as minhas lembranças e nós dois rimos. — E pra compensar, você quis me engordar com essas delícias!

— Era uma estratégia — Victor franziu os olhos com um ar de mistério. — Eu costumava pensar que se te deixasse bem cheinha, nenhum outro rapaz se atrairia por você e eu a teria só pra mim pra sempre. No entanto, para minha frustração você comia e comia, mas não engordava um quilo.

— Olha só! — Coloquei as mãos na cintura mostrando minha falsa indignação. — Isso mudou bastante depois da Mabel. Hoje eu engordo até bebendo um copo de água.

Victor revirou os olhos. — Nada disso, você foi e permanece tão linda quanto no dia em que nos conhecemos — elogiou e meu coração pulou em meu peito, enquanto minha mente buscava processar se havia algo a mais naquelas palavras tão gentis. — Deixei o carrinho no outro corredor e vou buscar. Aproveite e escolha o necessário para Mabel e o pequeno Arthur — instruiu interrompendo minhas reflexões e então me deu as costas e saiu rápido pelo caminho de onde veio.

Nós estávamos praticamente com os dois carrinhos cheios de produtos de boa qualidade e caros, por isso, não querendo abusar da boa vontade do doutor, que certamente gastaria uma fortuna com tudo aquilo, escolhi apenas dois pacotes de fraldas e alguns lenços umedecidos.

Enquanto ponderava se deveria continuar seguindo a lista ou aguardar por Victor fui surpreendida pela repentina aparição de Tatiana, gerente de minha amiga Gabi e mulher por quem fui entrevistada e humilhada há algum tempo. A moça segurava uma cesta de metal e ia passar reto pelo corredor onde eu aguardava, porém algo, ou melhor alguém, lhe chamou atenção.

A loira elegante voltou alguns passos até estar diante de mim outra vez. — Eu te conheço, não é? — aquela voz foi o bastante para fazer meu estômago embrulhar. Ela pensou um pouco e arregalou os olhos ao se lembrar de onde me viu. — Sarah, amiga da Gabi, certo?

— Sim, sou eu — respondi desconfortável e mesmo não sendo a maior fã de Tatiana, apertei a mão dela quando a estendeu em minha direção.

Tatiana pareceu incomodada quando notou o quão cheio estava o meu carrinho. — Como têm passado? Você conseguiu algum emprego? — o remorso pesou nas palavras dela.

— Não, mas Deus não me deixou passar  nenhuma necessidade — declarei com fé e  contei os minutos para ver Tatiana partir.

— Ainda bem. — Ela forçou um sorriso. — É complicado para qualquer empresa contratar uma mãe solteira. Vocês nunca podem se doar cem por cento, pois há sempre um serzinho requerendo mais atenção e amor.

— Verdade e as empresas não gostam de perder lucro ou tempo com mulheres tão abnegadas, não é? — comentei irônica, sentindo a raiva tomar conta de mim.

Aspirando falsidade, Tatiana soltou um risadinha. — São os ossos do ofício, não é mesmo? Cada um têm a cruz que merece.

Dei um meio sorriso e estava prestes a deixar meu bom senso de lado e falar poucas e boas para aquela dissimulada quando Victor finalmente retornou.

— Como imaginei, não encontrei essas pomadas da lista. Vamos precisar passar na farmácia. — O doutor veio andando distraído enquanto lia o rótulo da embalagem de bolacha e tomou um grande susto quando se deparou com a minha companhia. — Tatiana Bonfim? Você por aqui!

— Victor, querido! — Ela abraçou meu ex-namorado com força e me obrigou a revirar os olhos com aquela cena. — Quanto tempo não nos vemos, hein. Vou a casa da sua mãe praticamente todos os dias e quase não o vejo lá.

Victor se afastou da sua amiguinha e, eu não sabia a razão, mas me senti muito aliviada por aquilo. — É a vida de médico. Tenho trabalhado muito ultimamente.

— Eu não imaginaria um comportamento diferente vindo do esforçado Victor Ferraz. — Tatiana colocou uma mecha de seus cabelos loiros atrás da orelha, dando na cara seu encanto pelo rapaz.

"Eles realmente formam um lindo casal" pensei enciumada.

— Vocês dois vieram juntos? — Tatiana sondou ao perceber a proximidade de Victor comigo.

— Vim ajudar o Victor com as compras do Instituto Piedade — informei e a maneira com a qual Tatiana se virou completamente em direção a Victor, revelou seu total desinteresse em mim.

— Você precisa passar lá na Bonfim qualquer dia pra gente tomar um café — Tatiana convidou o rapaz. — Aliás, tenho um plano ainda melhor. Vamos fazer aquela trilha com piquenique na Montanha das Oliveiras, em nome dos velhos tempos. Eu posso levar as bebidas quentes dessa vez, se você prometer convencer sua mãe a fazer aquela torta de frango deliciosa.

— Parece incrível, mas meu tempo está corrido — meu ex-namorado recusou e ao mesmo tempo lançou alguns olhares em minha direção. — Mal consigo respirar.

— Não me obrigue a ir te buscar no consultório, doutor Victor — Tatiana fingiu dar uma bronca. — Vamos, por favor.

— Pensarei a respeito, Tati — garantiu o doutor e eu ainda precisei esperar os dois colocarem o papo em dia e me ignorarem completamente, antes da criatura finalmente se despedir, alegando estar com pressa para sei-lá-o-quê.

— Até mais Vic — despediu-se a mulher sem nem ao menos olhar na minha cara.

Quando estávamos só nós dois no corredor outra vez, eu precisei me forçar a engolir todo o meu descontentamento.

— Vocês conhecia a Tati, Sarah? — Victor procurou saber ao notar minha cara de poucos amigos.

— Há! Agora você quer me incluir na conversa? Com licença, Victor — declarei e saí andando para longe daquele médico idiota.

Victor demorou um pouco, mas acabou me alcançando quando cheguei a um dos caixas a fim de pagarmos as compras.

Nós ficamos em silêncio durante todo o processo de colocar e separar os itens nas sacolas e levar tudo para o carro. Já no estacionamento Victor aproveitou a oportunidade e começou a me importunar para saber de onde eu conhecia Tatiana. Vencida pelo cansaço e vontade de ir embora, revelei tudo a ele sobre o terrível dia quando fui apulhalada pelas costas na entrevista pela amiguinha dele.

Victor pareceu bem surpreso, mas não duvidou de mim. — Sabe, Tatiana sempre teve sentimentos por mim — ele revelou.

— Oh! É mesmo? Quase não percebi — zombei de um jeito infantil.

— Sim e ficou ainda pior quando minha mãe prometeu ajudá-la a se aproximar de mim — revelou envergonhado. — A ideia daquela trilha romântica foi de Dona Raquel. Ela armou tudo e eu teria me dado muito mal se Coelho não tivesse concordado em ir comigo.

— Você levou o Josué de vela para um encontro, é isso? — questionei e não segurei a risada quando ele concordou com a cabeça. — E por que fez tudo isso? Tatiana parece uma modelo. Não seria estranho se vocês dois acabassem juntos. Ainda mais porque sua mãe gosta dela.

— Primeiro, minha mãe gosta do fato da família Bonfim ter muito dinheiro e isso dá muita segurança pra ela. Segundo, desde minha conversão eu não consegui me relacionar com outras mulheres. Mesmo porque eu só tive olhos pra uma, ou seja, você — esclareceu rápido e só percebeu a intensidade de suas palavras quando eu me voltei para ele. — O que foi? Estou sendo sincero, Sarah.

— Vamos pra casa, hoje tem culto — desconversei envergonhada e ao guardar a última sacola, entrei novamente no carro.















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