haunted • twilight

By majestyas

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Quando Riley Biers sumiu, a vida de Sarah Singer se tornou uma confusão de dor e tristeza. Agora morando em F... More

HAUNTED
PREFÁCIO
Memórias.
Fuga.
Protetores.
Alucinações.
Corrida.
Popular.
Suspeito.
Segredos.
Perseguida.
Sequestro.
Resgate.
Explicações.
Trégua.
Formatura.
Festa.
Decisão.
Treino.
Férias.
Velório.
Winchester.
EPÍLOGO
DICAS DA YAS

Sobrenatural.

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By majestyas

Encaro meu tio, sem conseguir falar. Me faltam palavras diante da situação que eu me encontro: tia Karen, que morreu há anos, está na cozinha fazendo tortas sem parar. Minha tia é uma zumbi. E aparentemente todas as histórias que meu tio me contou são verdadeiras. Existem monstros, eles são reais, maus... e meu tio caça eles. Os mata. Protege pessoas de seres sobrenaturais. E foi por causa disso que ele ficou paralítico. E agora ele está escondendo tia Karen do mundo. Porque ele sabe que está errado, mas a ama demais para mata-la.

E também tem o Apocalipse. Pragas estão se espalhando pelo planeta. Especialmente os Estados Unidos, como se a vida fosse um seriado de TV estadunidense. Por que todos os eventos importantes sempre acontecem aqui? Olá, por que a China não pode sediar o Apocalipse? Rússia? Brasil? México? Austrália? Bahamas?

— Querida? — tio Bobby balança meu ombros gentilmente — consegue me ouvir? Pode me responder?

— Bom — respiro fundo, tentando manter o foco — então acho que tudo bem eu estar namorando um lobisomem.

Agora é a vez dele de ficar em choque.

— Agente Willis falando — observo meu tio fazer seu teatro. Ele parecia seguro até sua expressão congelar — olha... eu não sei quem é esse... eu sou o agente...

Percebo que ele está metido em encrenca, então decido deixá-lo cuidar disso. Levanto-me, abraçando meu livro e indo para entrada do ferro velho, onde uma poltrona antiga mas super confortável fica em cima de um carro, de frente para a estrada. Tia Karen havia forrado um lençol por cima e deixado um cobertor lá para mim. Isso faz meu coração se apertar. Ela me ama como filha e tudo que eu consigo sentir é medo.

Mas quem não sentiria em uma situação dessas?

Quando me canso de ler vou para a sala, assistir um pouco de TV. O noticiário anuncia que o tempo em Washington está péssimo. Ótimo, mais uma coisa para eu me preocupar.

A campainha toca e eu abro a porta para Bobby, já que ele está ocupado com alguns livros.

— Bobby, nós... — um moreno alto para de falar, me olhando como se fosse um alien. Há outro também, mais baixo. Os dois são um pouco mais velhos que eu.

— Oi, eu sou Sarah — aceno para eles — sobrinha do Bobby.

— Sarah — repete o mais baixo, estreitando os olhos.

— Tio, você tem visita! — grito, recebendo resmungos em resposta — quem são vocês?

— Dean e Sam Winchester — o mais alto responde, trocando olhares com o outro.

— Os Winchester! — grito novamente e desta vez o velho grita que para eles irem até ele.

Dou espaço para eles entrarem e fecho a porta, os seguindo até o cômodo que meu tio está. Me encosto na parede, ficando calada e observando a cena a minha frente.

— Sabe quantas vezes ligamos? O que esteve fazendo? — Dean reclama.

— Jogando queimada — língua afiada definitivamente é de família.

— Que cheiro é esse? É sabão? Andou limpando aqui? — ele parece confuso e impressionado ao mesmo tempo.

— Quem você é, minha mãe? — tio Bobby reclama, fazendo o outro se calar.

— Sério, Bobby — Sam pede.

— Estive trabalhando — meu tio responde seco — você sabe, trabalhando em um jeito de deter o diabo.

Sinto meu corpo arrepiar de medo. É muito surreal que demônios existem e toda a merda sobrenatural que Bobby me ensinou durante anos.

— Encontrou algo? — Dean pergunta.

— O que você acha? — meu tio parece frustado. Bom, eu também estaria.

— Bobby, é só que, tem esse caso a menos de 8k da sua casa — Sam diz, se encostando na mesa do centro.

— O quê? O caso do Benny Sutton? É isso? — meu tio questiona.

Observo os irmãos trocarem olhares.

— Você sabe sobre isso?

— É claro, já dei uma checada — ele dá de ombros — não tem nada estranho.

— Exceto uma testemunha que viu um morto cometer o assassinato — Sam aumenta um pouco o tom de voz, parecendo indignado com a atitude do meu tio.

— Que testemunha? Coveiro Wells?

— É!

— Ele é um bêbado — reprimo a vontade de rir com a cara que meu tio faz.

— E a tempestade de raios? Parecem presságios — insiste Sam.

— Exceto em fevereiro, na Dakota do Sul, que é temporada de tempestades — ok, meu tio está fazendo eles parecerem bem idiotas agora — pessoal, eu também achei que tivesse algo lá. Às vezes um cigarro é apenas um cigarro.

— Então quem matou o cara? — percebo que Sam o olha desconfiado.

— Pode escolher. Esse Benny Sutton era um grande filho da puta. Muita gente viva adoraria dar um nó na gravata dele.

— Então está nos dizendo... nada? — Dean arqueia as sobrancelhas.

— Desculpem — meu tio suspira — parece que gastaram um tanque de gasolina a toa.

— Ok — Dean desiste.

— Querida, acompanhe eles até a porta, sim? — meu tio finalmente se dá conta que eu também estou na sala. Ele dá as costas para nós e os irmãos me seguem.

— Sinto muito pela viagem perdida, rapazes — falo para eles quando estamos na porta.

— Algo me diz que não foi perdida — Dean murmura. Ele pega um cartão do bolso e me entrega. É um cartão do FBI, com um nome engraçado — qualquer coisa me liga, pirralha, se ver algo errado ou Bobby continuar teimoso demais nos escondendo coisas.

Assinto, guardando o cartão no bolso da calça.

— Seu cabelo é incrível — elogio Sam, que sorri orgulhoso.

— Obrigado — ele olha para o irmão, que revira os olhos — viu, Dean? Alguém com bom gosto.

— Um dia você vai acordar e vai estar careca — Dean diz com um sorriso no rosto, sem nem olhar para o outro.

— Ele está só brincando — Sam diz para mim.

— Não, não estou.

Eles reviram os olhos em sincronia e eu sorrio.

— Nos vemos por aí, Sarah — Sam se despede.

— Até mais — Dean acena.

Sorrio e aceno para eles, vendo-os partir. Deixo o sorriso morrer ao fechar a porta. O que meu tio está aprontando escondendo tia Karen deles?

— Alô, casa do Bobby Singer, sobrinha dele falando — atendo o telefone. Acabei de sair do banho e o único som da casa é o cantarolar da tia Karen cozinhando. Ainda. Ela simplesmente não para. Não se alimenta, não vai ao banheiro, não dorme. Meu tio finge que não está acontecendo nada e eu finjo que não vejo ele fingir.

— Olá... posso falar com o Bobby? — uma voz feminina diz e eu franzo as sobrancelhas. Meu tio está traindo minha tia zumbi?

— Quem gostaria? — pergunto. Meu tio se aproxima, curioso. Me pergunta quem é.

— A Xerife — oh-ow — é a respeito de dois rapazes.

— Winchester? — chuto.

— Eles mesmo — ela suspira.

— Estão detidos? — mordo o lábio, preocupada.

— Peça para Bobby vir imediatamente — ela então desliga.

— Tio, temos problemas.

Enquanto meu tio fala com a Xerife, vou até Sam e Dean, que estão presos em uma cela.

— Agora eles são amigos?

— Eu não diria amigos — comento, me encostando nas grades — e nem amigáveis.

— O que está acontecendo, Sarah? — Sam me pergunta.

— Se eu soubesse... — suspiro. Saio de um furacão para acabar em um maremoto. Obrigada, mamãe.

Finalmente os garotos são liberados e vamos saindo da delegacia. Cruzo os braços e fico ao lado do meu tio, que tem a cadeira empurrada por Sam.

— Bobby, achei que a Xerife te odiasse — Sam comenta.

— E odiava, até cinco dias atrás — ele diz.

— O que houve cinco dias atrás?

— Os mortos começaram a ressuscitar na cidade — meu tio responde.

— E você sabia disso? — Sam o olha indignado.

— Sabia — Bobby tem a decência de parecer envergonhado.

— Acho que o Sam quis dizer: você mentiu para nós? — fala Dean.

Meu tio se afasta e vira-se para nós.

— Olha, eu disse que não tinha nada aqui. E não há. Não para vocês.

— Tem zumbis aqui — Dean diz.

— Existem zumbis e zumbis — sério, tio? — venham comigo.

Acho que é agora que tia Karen versão The Walking Dead será apresentada.

Vou na frente de todos, querendo observar a cara dos Winchester ao ver minha tia.

— Pode nos dizer...

— Olá! — a cara que eles fazem é impagável. Não consigo segurar a risada — eu não sabia que teríamos companhia.

— São quatro da manhã, amor — tio Bobby vai até tia Karen — não precisa cozinhar.

— Ah, por favor! — ela sorri — vou pegar mais pratos!

Então sai em direção a cozinha, toda alegre.

— Quem é essa? — Dean pergunta.

— Karen. Minha esposa.

— Nova esposa? — tenta o Winchester mais velho.

— Esposa morta — corrijo.

Um silêncio constrangedor se faz.

— Vamos nos preparar para a refeição — sorrio nervosa, empurrando levemente Sam e Dean para o corredor, sussurrando para eles: — falar sobre a condição da tia Karen não é um bom tópico.

— Ela está morta! — Dean sussurra raivoso.

— Você acha que isso não me dá arrepios também? — retruco.

— Precisamos falar com Bobby... — Sam começa, mas eu o interrompo.

— Vamos comer o que minha tia fez e depois pensamos nisso — retiro meu próprio casaco e penduro, os rapazes fazem o mesmo — sejam legais.

Eles se entreolham, mas não dizem nada. Lidero o caminho até a cozinha, nos sentamos e um silêncio profundo se faz. Ninguém sabe o que fazer. Então esperamos tia Karen voltar.

Ela traz uma torta deliciosa, que me faz suspirar.

— Isso está incrível, Sra. Singer — elogia Dean.

— Obrigada, Dean — Karen sorri amável e o outro sorri de volta.

Sam lança um olhar para o irmão que eu interpreto como "sério, cara?"

— Que foi? Está mesmo — murmura ele.

— Está ótimo, Karen, obrigado — meu tio agradece antes mesmo de comer — poderia nos dar um minuto?

A loira sorri mais uma vez e vai novamente para a cozinha. Não leva um segundo para os irmãos se virarem para o meu tio.

— Ficou maluco? Que diabos! — surta Dean.

— Dean, eu posso explicar — meu tio tem a cara de pau de falar com toda a tranquilidade do mundo.

— Explicar o quê? Ter mentido para nós? Ou a garota americana zumbi assando bolinhos na sua cozinha?

— Primeiro, é minha esposa, então tenha respeito — o mais velho olho sério para ele.

— Bobby, seja lá o que estiver lá dentro, não é sua esposa — Sam interrompeu.

— E como sabe disso? — meu tio retruca.

— Está falando sério?

— Parece tia Karen — comento, fazendo eles se virarem para mim — e cozinha como ela. — continuo a comer minha torta, já que a dos outros foram esquecida.

— Eu não sou idiota. Minha esposa morta aparace na minha porta e eu não vou testar de todas as formas que eu conheço? — tio Bobby diz.

— Então o que é isso? — Dean questiona — Zumbi? Espectro?

— Como se eu soubesse... Ela não tem nenhuma cicatriz, feridas, não reage a sal, prata, água benta...

— Bobby, ela saiu de um caixão — Dean murmura.

— Não, ela não saiu. Eu a cremei — conta meu tio. Arregalo os olhos para a informação. Só piora — de algum jeito, ela está de volta.

— Isso é impossível — Sam diz.

— Nem me diga — comento, pegando mais torta. Tenho que fazer essa viagem valer a pena de algum jeito.

— Sinto muito, criança — Dean faz uma cara compadecida. Eu dou de ombros.

— Você enterrou as cinzas dela? — Sam continua.

— Sim.

— Onde?

— No cemitério.

— Foi de lá que todos surgiram — comento — coincidência, não é?

Ele me olham pensativos.

— No nosso ramo não tem coincidências — Dean ensina.

— Quantos foram, Bobby?

— Quinze, vinte — me assusto com a quantidade — eu fiz uma lista.

Meu tio tira o papel do bolso e entrega a Sam.

— ... Xerife Mills, o garotinho dela voltou — presto atenção quando ele diz isso. Agora sim está explicado porque a Xerife prendeu Sam e Dean e está compactuando com tudo isso.

— E não houve sinais? Nenhum presságio? — Sam pressiona.

— Houve a tempestade de raios — o mentiroso foi pego no pulo...

— Foi o que dissemos. O que mais?

Meu tio vai até uma escrivania, pegando um pesado livro e abrindo.

— E eis que através do fogo estava perante mim um cavalo pálido. E aquele montado nele carregava uma foice, e eu vi desde que ele surgira, eles também surgiram e por ele e através dele — não entendo o que a citação quer dizer, mas sinto vontade de chorar. Foice quer dizer Morte. Morte não é nada legal.

— A Morte está por trás disso? — Dean é o primeiro a falar.

— A Morte mesmo? Com ceifeiros e tudo? — Sam questiona.

— Isso — Bobby volta ao seu lugar.

— Legal — Dean comenta, mas seu rosto diz que nada está legal — Outro cavaleiro. Deve ser quinta-feira.

— Bobby, por que a Morte ressuscitaria quinze pessoas — Sam se levanta e vai até o livro — em uma cidade pequena como Six Falls?

— Eu não sei.

Tomo meu suco pensando em como todos devem estar agora. Eles estariam lutando? Já haveria acabado? Mamãe está bem? Riley? Jacob? Sinto falta dele. É como se faltasse algo quando não está por perto. Será que ele sente o mesmo?

— Ela possuída. Eu a matando. Ela voltando — tento não parecer chocado ao olhar meu tio. Ele me olha triste.

— Sinto muito — murmuro. Ele assente.

— Bobby...

— Não me venha com "Bobby". Só escutem, tá legal? — todos fazemos silêncio. Tia Karen cantarola algo na cozinha — ela faz isso enquanto cozinha. Ela sempre fez isso. De um jeito endurecedor, mas... Nunca achei que fosse ouvir isso outra vez.

Seco as lágrimas que caem sem eu perceber. Pobre Bobby. Eu sei o que passei com a morte de Riley. E com sua volta.

— Leiam o Apocalipse — ele diz aos meninos — os mortos ressurgem no Apocalipse. Não há nada que diga que isso é ruim! Talvez seja uma coisa boa em meio há tanto sangue.

— E o que você faria se fosse nós? — Dean se inclina, olhando bem nos olhos dele.

— Eu sei o que faria. E sei o que vocês acham que eu devo fazer. Mas estou implorando. Por favor. Por favor. Deixem-na em paz.

Os dois decidem ir embora. Não aguento ver minha tia morta e meu tio quase chorando. Decido ir com eles mesmo sob protestos.

— O que vocês acham? — Sam pergunta para mim e Dean.

Os dois tomam um café, enquanto eu bebo um refrigerante. Estamos em uma lanchonete não muito longe da casa do meu tio.

— Não sei. Estou bem assustada com tudo isso, mas... — encaro minha lata — se essa é a droga do Apocalipse, a felicidade do meu tio e de várias outras pessoas não deveria ser algo bom? Mesmo que venha de zumbis?

— Não sei se há algo para achar — Dean suspira — Não vou deixar Bobby em casa com a noiva do Frankenstein.

— É minha tia! — reclamo.

— Como se você não tivesse pensando apelido pior — ele revira os olhos.

— O que quer fazer então, Dean? Entrar lá e estourar os miolos dela na frente do Bobby? — Sam o olha.

— Se ela decidir que Bobby é o prato do dia, gostaria de estar lá — o outro rebate.

— Tudo bem. Vejamos o que mais podemos encontrar — Sam diz.

Eles levantam e eu também.

— E aí, eu vou com quem? — sorrio, um pouco animada por fazer algo.

Eles se entreolham e estendem as mãos.

— Pedra, papel, tesoura! — Dean perde. Sorrio ao enganchar meu braço no dele, que faz careta.

— Eu vou ficar de vigia na ferro velho — ele se apressa em dizer.

— Chato! — largo dele e me agarro em Sam — vamos caçar coisas?

— Você não deveria estar no colégio? — ele me pergunta enquanto andamos pelas pacatas ruas de Six Falls.

— Me formei alguns dias atrás — conto orgulhosa.

— Parabéns — ele diz — sabe o que quer fazer da vida?

— Hm, ultimamente não tenho pensado muito nisso — franzo as sobrancelhas — talvez dança. Fui animadora, então tenho uma queda por isso. Talvez pudesse ser professora!

Me animo com a ideia, me imaginando treinando mini torcedoras.

— Tem tempo para pensar, é jovem — ele comenta. Continuamos conversando sobre profissões até ele conferir a folha que meu tio o deu.

Paramos em frente a uma casa e eu o largo, avaliando o local que parece um pouco abandonado.

— Sra. Jones? — ele bate na porta e eu espio nas janelas. Nada.

— Tudo fechado — anuncio, ficando ao seu lado.

Ele olha ao redor até que para e se aproxima do chão. Sigo seu olhar e percebo: sangue.

— Oh, merda — dou uns passos para trás — está fresco.

Sam pega na maçaneta e a força, abrindo a porta. Entro com cautela atrás dele. Fecho a porta e o deixo observar o cômodo. Que aliás, está um horror.

— Erza Jones? — ele chama.

— Nunca viu filme de terror? — sussurro para ele, colada na porta — é assim que os mocinhos acabam mortos.

Uma tosse do nosso lado direito me faz pular e ele revirar os olhos. Sam vai na frente e eu observo por detrás dele.

Há tanta bagunça que eu me sinto em um episódio de Acumuladores. Entramos em um cômodo que pode ser um quarto. Há uma senhora deitada em uma cama imunda. Ela parece bem debilitada.

— Erza Jones? — percebo Sam hesitar.

A mulher não para de tossir e eu morro de nojo, apesar de saber que talvez isso seja errado. Dane-se a empatia, essa mulher é um zumbi! Será que se encaixa nos direitos humanos?

Ela chama Sam com a mão e ele hesita. Mas acaba se aproximando. Ele realmente nunca viu filmes de terror, só pode. Olho em volta e percebo um velho castiçal. O seguro com força, me aproximando junto com Sam.

— O que é? — lá vem mais tosse — acha que pode me dizer a distância?

— Sam, para de ser idiota! — sussurro, segurando a parte de trás do seu casaco.

Ele avança mesmo assim.

— Acho que vou me arrepender disso — comenta.

Ele fica de frente para ela e vai se aproximando. Uma gosma sai da sua boca enquanto tosse e eu sinto ânsia de vômito. Jesus, pior momento da minha vida.

Mas piora quando ela empurra Sam de súbito, que cai com tudo no chão. Consigo desviar e bater com força em sua cabeça quando ela vai para cima dele. Bato vários vezes até ela cair ao lado de Sam.

— Eu... avisei! — aponto para ele com raiva. Vejo um corpo caído ao lado da morta. Ótimo, outro morto.

Sam se levanta e tira uma arma do cós da calça, atirando na cabeça da velha zumbi. Faço uma careta de nojo ao ver a gosma em sua cara.

— Limpa isso, cara — tampo meu nariz e saio de perto dele.

Me encosto na porta e espero ele vir.

— Talvez seja melhor a gente chamar o Castiel — ele comenta, já limpo — imagine só vinte pessoas assim pelas ruas.

— Caos — suspiro — mas o que Castiel tem a ver com isso?

— Ele é um anjo — acho fofo ele o elogiar. Será que eles tem algo?

— Eu percebi, conheci ele — sorrio — mas o que sua personalidade amável pode fazer por nós?

— Não — Sam ri — ele é literalmente um anjo. — o moreno fecha os olhos — ahn... Castiel? Pode vir aqui? Sei lá... agora?

Um barulho de asas batendo me faz pular para mais perto de Sam. Em um piscar de olhos Castiel está a nossa frente.

— Você chamou — ele diz o óbvio, olhando para Sam.

— Sim, eu... — Sam passa a mão pelo cabelo, hesitante — quero sabe se você tem alguma ideia sobre o que fazer com esses mortos vivos?

— Bom, Deus não nos deu nenhuma instrução sobre isso no céu — ele franze as sobrancelhas de maneira adorável — eu creio que não posso ajudar muito.

— Oi, Castiel — aceno para ele — então você é um anjo? Como na Bíblia?

— Olá, Sarah — ele inclina a cabeça um pouco para o lado — sim. Talvez. Depende de que parte está falando. Na verdade, nunca fui especificamente citado na Bíblia.

— Conheceu Lúcifer? Deus? Tipo, pessoalmente? — aproveito para perguntar.

Ele parece incomodado com as perguntas e vira-se para Sam.

— Vocês tem pouco tempo — diz — os mortos devem permanecer mortos, antes que matem inocentes.

E some. Assim. Sem se despedir, nem nada.

— Ele é sempre assim? — pergunto.

— Costuma ser pior — suspira Sam.

Decidimos voltar para casa do meu tio.

— Fiquem quietos. Karen está lá em cima — pede meu tio.

— Desculpa, estamos um pouco tensos agora — Dean debocha — quem é senhora Jones?

— Foi a primeira a se levantar — conta Bobby.

— E a primeira a se dar mal — conta Sam.

— Ela sempre foi uma dona louca — comenta Bobby.

— Louca como? Louca de comer o estômago do seu marido? — a fala de Dean faz o meu estômago revirar. Nojento — ela era louca assim em vida?

— Não — meu tio sussurra. Não sou capaz de olhar em seus olhos.

— Bobby, eu sinto muito — Dean continua — mas temos que reconhecer que não está enxergando isso!

Meu tio vira as costas para nós. Sinto um aperto no coração.

— Bobby, admitindo ou não, essas coisas estão se transformando. Precisamos detê-los, todos — Sam diz.

Meu tio finalmente se vira e tira uma arma escondida de baixo da sua coxa. Dou um passo para trás.

— Hora de ir — ele diz, sua voz baixa e rouca.

— O quê? — Dean parece chocado.

— Vocês ouviram. Fora da minha propriedade.

— Tio...

— Vá com eles, Sarah — o olho chocado. Eu sai de uma guerra entre vampiros, para acabar morta por zumbis?

— Está rejeitando até sua sobrinha? — Dean diz ácido.

— Vão!

— Ou o quê? Vai atirar? — Sam parece com raiva. Eu não o culpo.

— Se Karen se transformar eu dou o meu jeito.

— É perigoso — comenta Dean.

Em resposta, meu tio mexe em sua arma.

— Não vou dizer duas vezes — sussurra.

Os rapazes saem e eu os sigo, lançando um último olhar preocupado ao meu tio. Deixo meu celular no bolso, mesmo que não me sirva de muita coisa. Não sei se preciso tenho que levar algo mais. É o Apocalipse, eu deveria estar carregando o quê?

— Eu vou ganhar uma arma? — pergunto ao me acomodar no banco de trás do carro deles.

— Você sabe atirar? — o mais velho me olha com preocupação.

— Bobby me ensinou — conto — mas faz tempo que não atiro. Facas?

— Tem força o suficiente? — Dean questiona.

— Ela é bem forte — comenta Sam e trocamos sorrisos cúmplices.

Ficamos sem rumo até Dean parar.

— Ele está doido — diz finalmente. Ele estava louco para dizer.

— É a esposa dele, Dean — retruca Sam.

— Então ele dá uma de "Nascido para Matar" para cima da gente? Somos sua família, Sam. A sobrinha dele! Uma criança que não tem nada a ver com isso, expulsa de casa. Aliás, uma casa com uma comedora de cérebros!

Respiro fundo para não dar uma resposta mal criada.

— Temos peixes maiores, ok? — Sam tenta mudar de foco — os zumbis vão transformar a cidade em um gigante brinquedo de mascar.

— E ele está sozinho em casa preparando torta com um deles! — como Sam aguenta?

— Sim, e daí? — o mais novo rebate.

— E daí que... — um silêncio é feito — eu vou ter que voltar lá e mata-la. É a única coisa que eu consigo pensar.

— Meu tio vai fazer o que for preciso, Dean — encerro o assunto — não queira se meter nessa parte, não com a tia Karen. Você não estava lá, não sabe como foi vê-lo sofrer por sua morte. E agora ele vai ter que fazer tudo novamente, então cala a droga da boca e deixe-o fazer em seu tempo! Se ele morrer ou viver, de qualquer jeito o coração dele vai estar destroçado.

Um silêncio é feito no carro.

— Não vou desistir — bufo, cobrindo o rosto com as mãos. Por que tão teimoso, meu Deus? Por quê?

Pego meu celular e mando mensagem para minha mãe. Ela não responde. Tudo bem. Ela deve estar ocupada. Mando para Alice. Nada. Esme. Carlisle? Ligo para Sue. Sem resposta. Nem Billy Black. Reprimo a vontade de surtar.

— Vamos? — Sam me cutuca.

— Onde? — guardo meu celular.

— Convencer a Xerife a nos ajudar — conta. Rio sem humor.

— E mais o quê? Roubar a Monalisa? — debocho.

Dean nos deixa na casa da Xerife e me dá um arma. Prendo ela na cós da calça como eles, mas não fica tão discreta. Sinto que a qualquer momento minha bunda vai ganhar uma bala alojada.

Sam arromba a porta da casa da Xerife, me fazendo pensar "o que minha mãe diria se me visse agora?". Provavelmente eu ficaria de castigo pelo próximos trinta anos.

Espio pela janela. A cena que eu vejo é grotesca: uma criança está devorando um cara. Devorando.

— Alerta zumbi descontrolado — sussurro para Sam, que entra de fininho na casa.

Ouço uns gritos femininos e então pego a arma correndo para o gramado. Logo Sam traz a Xerife, aparentemente contra sua vontade.

— Meu marido! — a Xerife diz, parecendo em choque.

— Deixo-o! Está morto — retruca Sam.

— Não era o meu filho! — ela diz para nós, desesperada.

— Tem razão, não era — Sam diz — ouça, Xerife. Sua cidade está em perigo. Pessoas estão em perigo e nós precisamos ajudá-los agora. Pode fazer isso? Se concentrar?

Ela faz uma expressão de dar pena e quase arranca seus cabelos fora.

— Como os abatemos? — ela sussurra.

— Tiro na cabeça — respondo. Minhas mãos começam a suar. Isso não é como atirar em latinhas com tio Bobby no verão.

Ela assente.

— Precisamos de armas — diz, ainda chorosa.

— Podemos começar armando todos que encontrarmos — sugere Sam — onde há lugar seguro para levarmos as pessoas?

— Cadeia — responde.

— Só me dê um minuto — Sam pega sua arma e destrava. Seguro o ombro da Xerife, que me abraça. Ficamos abraçadas até um tiro ecoar do lado de dentro da casa. Assim como ela, deixo algumas lágrimas escaparem. Não posso imaginar a dor que ela está sentindo.

Ajudo Jody e Sam a distribuir as armas. Elas são pesadas, mas finjo estar acostumada. Faço cara de durona, imitando Sam.

— Se eu lhe der uma arma e você ver um morto, não importa se for um amigo, vizinho ou esposa, atire na cabeça — Sam instrue — é a única forma de sobrevivermos.

— Se importa de nos dizer quem diabos é você? — um cara pergunta a ele.

— Um amigo de Bobby Singer.

— Um dos bêbados da cidade — ele sorri. Não gosto, então fico olhando feio para ele.

— Não, eu achei... que ele era o bêbado da cidade — Sam aponta para o Coveiro.

— Quem te disse isso? — o cara pergunta.

— Bobby Singer — é claro que Sam responde. Custava mentir?

— Não vejo como isso seja um problema agora, já que claramente estamos salvando suas bundas da morte — falo com toda marra que possuo e jogo uma arma para o idiota, que recua.

— Fiquem alertas — Sam pigarreia — Vou vigiar a porta da frente.

— Vou com você — falo. Ele assente e vamos lado a lado até nossa morte, digo, entrada da delegacia. Mando uma mensagem para minha mãe dizendo que se eu sobreviver a essa noite, ela nunca mais vai me mandar para casa do tio Bobby.

Passamos um tempo lá, apareceu alguns zumbis, mas se ele não estão aqui, com certeza estão no ferro velho. Já aprendi que tudo de ruim sempre acontece com eles.

— Vamos ver Bobby e Dean — peço.

— Por quê? — Sam me olha.

— Se eles não vieram nos procurar, é por que precisam de ajuda — raciocino.

Ele assente. Deixamos a Xerife no controle e pegamos uma viatura, indo até o ferro velho do meu tio. Logo quando chegamos vimos vários zumbis entrando na casa.

— Droga — murmuro, lembrando de todas as cenas em Resident Evil. Eu posso fazer isso, repito mil vezes para mim mesma.

Erro meu primeiro zumbi, mas acabo pegando o jeito. Eles encurralaram Bobby e Dean em um armário, o que torna tudo mais fácil. Eles conseguem abrir e bem nessa hora eu e Sam começamos a atirar.

— Se abaixem! — grita Sam.

Torço para não acertar nenhum dos dois e acertar os zumbis. De resto, não posso pedir muito.

Finalmente todos estão no chão e eles me olham surpresos. Dou meu melhor sorriso para eles.

Um barulho no lado de fora nos assusta. Eu, Sam e Dean vamos ver o que é. Um zumbi vem correndo nossa direção e é Dean quem atira nele, que cai morto. Desta vez, para sempre.

— Esse é o jeito Winchester de resolver as coisas — o mais velho assopra a ponta da arma como nos filmes de Velho Oeste e sorri. Gosto da maneira que ele sorri e parece inocente por um momento.

— Eu imagino como deve ser a reunião de família de vocês — olho para o corpo com nojo — selvagem.

— Somos a única família que temos — Dean conta.

— Então todo dia é uma reunião de família — Sam completa — então, basicamente, todo dia é assim.

— Cada dia um monstro diferente para chutar — Dean diz, parecendo orgulhoso.

— Eu não consigo imaginar viver assim — faço uma careta, sendo auxiliada por Sam na hora de passar por um corpo na varanda.

— E nem queremos que imagine — ele diz, deixando sua mão em meu ombro de maneira protetora — considere isso uma atividade de férias.

— É, como num filme de terror de verão — zomba Dean — sem a parte da sacanagem.

Isso faz ele ganhar uma cotovelada de Sam.

— O cara que eu quero beijar está bem longe daqui, então esse filme de terror não terá parte boa — sinto meu coração vacilar ao lembrar de Jacob.

— Você é muito nova para beijar caras! — Dean me olha chocado.

— Tenho dezessete anos, quase dezoito — o olho com nariz empinado — sou uma adulta!

Ele e Sam trocam olhares e começam a rir, o que não me agrada em nada.

— Idiotas — bufo, cruzando os braços e entrando em casa para ajudar Bobby a sair do armário.

Mas nosso trabalho não acabou ali. Ainda haviam uns zumbis a solta, então nós três ficamos caçando a noite inteira.

Por fim, eu atiro no último zumbi, um velho que corria bastante para um senhor e zumbi.

— Vai se ferrar! — falo, tentando normalizar minha respiração.

— Muito bom, aprendiz caçadora — Dean vem mancando até mim, bagunça meu cabelo e observa o corpo.

— Sério? — falo, pensando no assunto. Eu fodona matando monstros igual Sam e Dean. Será que eles me ensinam a clonar cartão de crédito?

— Claro que não, pirralha — ele revira os olhos.

— É melhor irmos — Sam fica do meu outro lado — ainda precisamos te devolver inteira para sua mãe.

— O pior já passou — comento — agora é só tomarmos um banho e cuidarmos dos machucados. Ei! Podemos comer pizza no café da manhã?

— Pode até escolher o sabor desta vez — Dean se apoia em mim e vamos até o Impala.

— Extra queijo? — olho esperançosa para Sam. Ele já me disse ser natureba, então provavelmente implicaria com minha escolha.

— Por que não? — ele sorri.

Então eu sei que vamos ficar bem.

então, é isso. mais de cinco mil palavras. provavelmente o maior capítulo de Haunted... o que acharam? qual foi a melhor parte?

o próximo já está sendo escrito e vai contar com a participação dos Winchester. alguém morreu durante a luta vampírica. em quem você aposta?

esse capítulo foi uma mistura MUITO louca do EP 15 da TEMP 5 de Supernatural + coisas da minha cabeça. originalmente o castiel não participa do EP. os próximos acontecimentos que envolverem o mundo SPN vão ser uma bagunça. bjs!

ATT 09/05/2020
NOTA: esse capítulo foi escrito ANTES da pandemia do Covid-19. o comentário sobre a China começar um Apocalipse nada mais é que uma coincidência (bem estranha, admito), mas nada mais que isso (a não ser que eu seja uma bruxa e tenha poderes e só esteja descobrindo agora...).

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