*Laura*
Estar com Ares era mágico, por diversas vezes senti amada e acolhida por ele e poder contar o que Pandora disse me fez tirar um peso da consciência, não tinha motivos para esconder de Ares afinal ele me amava e compartilhar os problemas era o que tornava um casal unido. Confesso que ele tirou minhas dúvidas quanto a última noite, tinha me deixado muito satisfeita agora.
Encostei minha cabeça em seu peito e enrolei meu dedo no cabelo de Ares, não posso deixar de notar que ele era muito bonito e sensual. Me lembrei de Tânatos e tive curiosidade sobre o que ele cochichou para Ares.
— Posso te perguntar algo? — falei sem jeito, levantando para olhar em seus olhos.
Ares me olhou e riu, me envolveu em seus braços. Estavamos deitados lado a lado de novo e lá de fora vinha um barulho de chuva.
— O que você quer saber? Pode me perguntar qualquer coisa. — comentou ele rindo.
— Tânatos? O que ele te disse antes? — perguntei sem jeito, pois vi que Ares ficou vergonhoso quando ele cochichou e eu desejava saber se era sobre mim.
— Ele me disse sobre como tratar uma mulher, apenas isso Laura. — comentou ele desviando do assunto.
—E isso significa você me trazer aqui para me satisfazer, fazer amor comigo como fez? Ou outra coisa Ares? — perguntei rindo, queria muito ouvir as palavras de Ares.
— Ele me disse para te mostrar como sou viril. Satisfeita, você entendeu agora? — falou Ares e eu ri muito, pelos deuses, o abracei e ele riu.
— Você já é muito viril para mim. —comentei fazendo um circulo em seu peito com o dedo indicador. — Ainda mais depois do que fez comigo agora não acha?
— O que fiz com você? Sabe que você é importante para mim e cuidarei de você sempre. — respondeu acariciando meu cabelo.
— Me deixou de corpo mole. — respondi a ele que riu.
— Bom, você que me pediu para fazer daquela forma não se esqueça. — disse me beijando.
O abracei, realmente Ares era tudo, amoroso, engraçado, vergonhoso e sincero. Acho que ele só me disse por eu ter contado de Pandora, ela era ardilosa e sei que tinha de ter cuidado.
Ouvi passos e olhei para perto da piscina, ali estava uma mulher. Ela tinha um capuz no rosto e usava um vestido dourado. Ares jogou meu vestido em cima de mim e se cobriu com sua capa, que situação vergonhosa para ambos.
— Isso é pessimo, não sabe chamar? — falou Ares sem jeito.
— Essa é a garota que toca música? —perguntou ela tirando o capuz e mostrando os longos cabelos castanhos. Seus olhos por sinal estavam brancos e sem cor, era cega. Quem seria?
— Atena, por favor. — pediu Ares.
— Sou cega lembra, se estão nus podem se vestir não precisam se importar comigo e antes que perguntem eu ouvi vocês. — comentou ela rindo. — Você bom, são bem fogosos com todo respeito.
Segurei o riso e a vergonha, Ares me encarou sem jeito. Rapidamente coloquei o vestido e fiquei de pé, por qual motivo ela tinha ficado cega será? Que vergonha.
— Desculpe. — falei baixo e sem jeito.
— Está tudo bem, fiquei cega após a ultima batalha contra Gaia. Fiquei muito ferida e a visão me foi tomada, passei a ouvir melhor eu que peço desculpas por atrapalhar vocês. — pediu ela, parecia muito compreensiva. — Não queria atrapalhar o momento de vocês.
— Atena, o que faz aqui? — perguntou Ares terminando de arrumar sua capa.
— A chuva, ela está forte e senti a presença de Hera. — comentou ela.
Ares me olhou e entendi que precisava sair dali, andei pelo corredor sem parar enquanto Ares ficou com Atena.
Algo me tomava e eu sentia medo, talvez de encontrar com Hera e Cloto e descobrir morte? Voltei aos aposentos de Ares e abri a porta, encontrei Melissa com uma espada e uma menina junto de um menino abraçados, ela abaixou a arma quando me viu e entrei rapidamente.
— Estão todos bem? — perguntei abraçando Melissa. — O que aconteceu, contem para mim?
Melissa segurava o choro, corri até a porta e fechei ela, tranquei com as chaves e chamei as crianças para perto de mim. Estavam com medo, o que tinha acontecido.
— Sim, vamos ficar. — respondeu ela.
Para a idade que aparentava ter Melissa era muito inteligente, escondi eles no banheiro atrás de uma cortina e fiquei de olho na porta, arrastei o criado mudo e encostei. Ouvi passos novamente e fiquei próxima da parede para escutar. A maçaneta rodou, mas não foi aberta eu tranquei e me certifiquei que estava bem fechada.
— Esse é o aposento de Ares? — perguntou uma voz masculina.
— Sim senhor, esse mesmo. Está trancado ? — respondeu, acredito que era um dos guardas e um comandante não sei dizer.
— Então vamos voltar, Hera nos espera. É ótimo estar de volta, principalmente quando posso tomar tudo de volta e em breve Cronos também vai estar. — falou a voz se distanciando, quem seria ele.
Sai de perto da porta e fechei as cortinas do quarto, Melissa estava na porta do corredor do banheiro me encarando, ela tinha deixado a arma e parecia triste.
Sentei no chão do lado da cama e ela veio me abraçar, seu abraço era apertado e percebi algo molhado. Melissa estava chorando e aquilo me fazia ter dó dela.
— Fique calma, está tudo bem. Sua mãe está bem e tudo ficará bem. — comentei e ela me olhou.
— Eu não quero que mamãe morra, eu sei que ela briga com o papai as vezes e tem pesadelos horríveis de quando era humana, mas eu não quero perder ela. — explicou chorando e por fim as crianças que estavam escondidas também se aproximaram.
Fiz um gesto chamando eles e vieram ao meu encontro, o menino e ela abraçaram Melissa e eu abracei os três juntos.
— Obrigada titia. — comentou Melissa e ainda tinha me chamado de titia.
— De nada, mas por que titia? —perguntei a ela.
— Você é a namorada do tio Ares e provavelmente vai se casar com ele e então será titia. — comentou ela e riu, Melissa tinha um grande coração e me lembrava Nikaia. — Além disso vocês também vão ter bebês não vão?
Segurei o riso, Melissa era persuasiva. A abracei e ficamos em silêncio. Novamente ouvi barulhos na porta, corri com as crianças para que se escondessem no banheiro e voltei me escondendo na cama, precisava ver o que estava ali.
Fiquei em silêncio quando vi abrirem a porta com força, não consegui ver os rostos deles. Mas tinha um que era diferente, tinha cabelos avermelhados e olhos dourados. Os cabelos desciam até os ombros e ele possuía um sol desenhado em seu manto.
Percebi que um dos guardas ia em direção ao corredor e pensei nas crianças, não podia deixar isso acontecer.
No impulso rolei debaixo da cama gritando para que parrasem, fiquei cara a cara com aquele homem que por sinal era muito bonito e ele riu.
— Segurem ela. — ordenou ele e os guardas me prenderam.
— O que deseja senhor Apollo, agora que Hera lhe trouxe com a ampulheta podemos ficar a espera de Cronos? —perguntou um dos guardas.
— A leve para meus aposentos e tenham cuidado com ela, Ares não vai gostar de saber que sua querida está comigo. — respondeu ele friamente.
Agora entendi o sol, ele era Apollo e o que mais temíamos aconteceu, Hera usou a maldita ampulheta. Como Nicolle fala, ela é uma praga.
— Que ridículo. — soltei sem querer, Apollo me olhou e me deu um tapa no rosto.
— Silêncio mortal, está na presença de um deus. Deve saber obedecer. — rebateu ele e fiquei em silêncio.
Os guardas me amarraram e Apollo ria daquela cena, ao menos os pequenos estavam a salvo.