Ensina-me amar

By alinemoretho

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Sarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de... More

Bem-vindo@:
Epígrafe
Prólogo
Um: Desamparada
Dois: Socorro
Três: Amizade
Quatro: Uma Chance
Cinco: Humilhação
Seis: Nova Vida
Sete: Boas-Vindas
Oito: Reencontro
Nove: Ele
Dez: Quebrada
Onze: Perdão?
Doze: Verdade
Quatorze: Reconciliação
Quinze: Medo
Dezesseis: Adaptação
Dezessete: Covarde
Dezoito: Sentimentos
Dezenove: Ciúmes
Vinte: Viagem
Vinte e Um: Pai
Vinte e Dois: Fé
Vinte e Três: Família
Vinte e Quatro: Sufoco
Vinte e Cinco: Retorno
Vinte e Seis: Confusão
Vinte e Sete: Temores
Vinte e Oito: Tormento
Vinte e Nove: Fuga
Trinta: Confissões
Trinta e Um: O Retorno
Trinta e Dois: Correção
Trinta e Três: Fazer o certo?
Trinta e Quatro: Temor
Trinta e Cinco: Voltar?
Trinta e Seis: Sujeição
Trinta e Sete: Aniversário
Trinta e Oito: Casar?
Trinta e Nove: Mãe
Quarenta: Padrinho
Quarenta e Um: Casamento
EPÍLOGO:
Agradecimentos

Treze: Bagunça

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By alinemoretho

A discussão com Victor me deixou muito abalada e fiz o máximo para disfarçar meus sentimentos quando retornei ao instituto e encontrei as meninas se aprontando e colocando suas coisas na van para saírem.

— Onde está minha filha? — perguntei repentina e dei um susto em Luana que estava distraída, juntando os brinquedos do pequeno Arthur do pátio numa mochila.

— Meu Deus, Sarah, assim você me mata, mulher! — Ela colocou a mão no peito e sorriu um pouco. — E então como foi o encontro com o...

— Foi terrível, mas eu não quero falar sobre isso, Lu — interrompi e só de lembrar dos momentos anteriores um nó se formou em minha garganta. — Já estamos saindo?

— Sim. Nós vamos até a igreja para nos encontrar com alguns irmãos e partir para a chácara em seguida — informou, mas não omitiu seu olhar preocupado. — Sarah, você não parece bem. Quer conversar?

Neguei com a cabeça e precisei respirar fundo, do contrário cairia no choro ali mesmo. — Quero apenas esquecer a existência daquele idiota, só isso.

Lu, em uma tentativa de me passar algum conforto, acariciou meu braço. — Não se preocupe. Vamos ocupar nossas mentes com outra coisa agora. Passaremos ótimos momentos desfrutando da comunhão dos irmãos, ouvindo a palavra de Deus e relaxando um pouquinho.

Esbocei um meio sorriso. — É tudo o que eu preciso para ficar bem outra vez.

— Ótimo! Então vá pegar seus pertences — incentivou já me empurrando em direção a porta da sala. — Ah! A Mabelzinha está com a dona Socorro. Ela sujou a fralda e precisou de um bom banho.

— Ok. Obrigada por tomar conta dela, Lu — agradeci desanimada e pedindo licença fui até o quarto.

Chegando ao cômodo, abri a porta e meu coração se encheu de alegria por encontrar minha senhorinha favorita cantando uma canção alegre para a bebê semi-vestida enquanto esta ria sem parar.

— Já voltou, Sarinha — constatou dona Sô enquanto terminava de colocar um lindo vestido azul em Mabel. — Eu estava arrumando essa princesinha, pois um acidente marrom aconteceu. — Ela deu risada, mas eu não prestei muita atenção nas palavras dela. — Qual o problema? Você parece triste.

— Estou ótima. Aliás, não reconheço esse vestido. É novo? — desconversei, me aproximando e sentando na cama perto da bebê.

— Bem, você havia dito algo sobre essa lindinha estar fazendo sete meses hoje e eu não quis deixar passar em branco — explicou toda contente. — Gostou? Amandinha me ajudou a escolher.

— Sim, ficou perfeito — declarei monótona e peguei Mabel no colo quando ela ergueu os bracinhos em minha direção.

Dona Socorro ficou em silêncio me analisando por alguns segundos. — Deixei-me adivinhar, a conversa com o doutor Victor, não foi nada boa, não é querida?

Depois de passar tanto tempo com aquela senhorinha perspicaz, ficava cada vez mais complicado esconder qualquer coisa dela. — Como a senhora sabe?

— Está estampado no seu rosto, querida — esclareceu e deu leve batidinhas em minha cabeça.

— Não sei o que eu estava esperando, dona Socorro. Nossas conversas nunca dão certo! Sinceramente, como pude namorar aquele, aquele... Ah! Eu não o suporto! — grunhi com raiva e abracei minha bebezinha cheirosa para tentar amenizar a carga dos meus sentimentos.

— Bem, você o deixou falar dessa vez? — questionou dona Sô com uma sobrancelha erguida.

— Sim, eu ouvi cada palavra. Victor falou sobre o seu pai e como foi sua conversão e tudo estava indo perfeitamente bem até eu ser acusada de ter traído ele! — expliquei com raiva e levantando com a bebê deitada em mim, comecei a separar as roupas para serem levadas na viagem para chácara.

— Como assim? Por que ele acha isso? — arguiu com estranheza.

— Eu não sei! Jamais dei motivos para aquele tonto pensar algo assim a meu respeito, eu sempre fui fiel, mas o gênio fez as contas e acertou, Mabel realmente foi concebida durante o nosso namoro, entretanto sequer imaginou que o pai era ele — esclareci enquanto conferia o número de fraldas guardadas na bolsa da bebê.

Quando olhei para trás vi os olhos espantados da senhorinha. — E aí você revelou tudo ao doutor Victor?

— Sim, fui bem clara em lembra-lo quem mandou eu abortar — respondi com ironia e voltei a sentar-me na cama, com objetivo de dar de mamar enquanto ainda tínhamos alguns minutos livres.

Dona Sô colocou a mão no queixo e andou de um lado para o outro, pensando durante alguns instantes. — E vocês já tinham conversado sobre isso antes? Sobre a bebê ser dele?

Afirmei veemente com a cabeça, mas logo reconsiderei. — Bem, eu falei com a mãe dele e ela garantiu qual era o desejo do Victor. Ele estava no início da residência e um filho, certamente o atrapalharia.

— Através dos seus relatos, Sarah, a mãe dele não parece uma pessoa confiável. Sendo assim, por que tomar por verdade as palavras dela em nome do doutor?  — falou e eu parei pra refletir.

— O que a senhora quer dizer, Dona Sô? — franzi as sobrancelhas e

— Sarah, não está claro? Se dependia da sua ex-sogra informar sobre a existência de Maria Isabel ao doutor Victor, então ela fracassou na missão e não me surpreende a ignorância dele quanto o assunto ou o fato de criar tantas hipóteses absurdas, como te acusar de traição, para tentar entender a situação. — Fez uma pausa ao ver meu choque. — E mais, se ele for um homem correto como julgo ser, virá atrás das duas para resolver essa questão.

Meu coração se despedaçou com as palavras proferidas por dona Socorro. Se ela estivesse mesmo certa a respeito de tudo, eu não saberia sequer como agir. Passei tempo demais preocupada em esconder Mabel, temendo sofrer as consequências de não ter seguido as supostas instruções do médico e nem mesmo me dei ao trabalho de questionar se elas vieram dele mesmo.

Aquilo não podia ser verdade!

Seria doloroso demais admitir meu erro e confessar como fui injusta com meu ex-namorado.

Senti os olhos ficando úmidos. — Meu Deus, não, não pode ser, Dona Sô. Se for isso, eu nem saberei como agir, eu...

— Você precisa sentar e conversar com o doutor Victor claramente. — interrompeu-me e falou com seriedade. — Os dois têm de colocar as cartas na mesa e, pelo bem da Mabel, darem um jeito de se entenderem.

Uma lágrima escorreu pela minha bochecha. Eu olhei para Mabel e pensei em como as coisas poderiam ter sido diferentes para ela, se eu simplesmente tivesse sido inteligente e falado frente a frente com Victor. Mas, não. Eu confiei cegamente em Raquel Ferraz e aceitei todas as palavras dela sem levantar questionar questionamentos.

"Senhor, eu não sei como, mas eu preciso da sua ajuda para consertar aquilo que o meu pecado quebrou" orei mentalmente, ainda absorta no turbilhão de pensamentos passando em minha mente.

— Vamos, moças. É hora de ir — Amanda nos chamou e após ter conferido se eu estava levando tudo, desci com a bebê no colo e sua bolsa também.

Nós fomos para a van e após Amanda checar se estava tudo certo, ela voltou para o seu carro onde Estevão, seu marido, era o motorista e nos deixou com Anelise. A moça começou a dirigir e levou a todas nós até a igreja onde alguns irmãos ocuparam os lugares disponíveis no veículo, conforme o combinado.

Depois, seguindo as instruções do pastor da igreja pegamos a rodovia principal até entrarmos numa longa estrada de terra.

Durante o caminho, não consegui me envolver com as conversas ou fazer qualquer outra coisa além de ninar Maria Isabel. Enquanto eu ficava observando a paisagem rural passando pela janela, minha mente vagava sem minha permissão até Victor. Eu nem queria imaginar como ele lidaria ao ter ciência de como afastei a bebê dele por longos sete meses e temia até mesmo a possibilidade dele tentar se vingar e no pior dos casos, concretizar meus piores pesadelos, levando minha filha embora.

Não demoramos muito para chegarmos ao nosso destino e fiquei feliz com a recepção carinhosa de outros membros da igreja. A chácara era enorme, com uma grande piscina, lindas flores colorindo todos os hectares de terra e muito espaço para as crianças correrem livres por aí.

Fomos direcionados para um pátio, onde tomamos lugares para esperarmos o início de uma palestra, culto ou algo assim. Tanto eu quanto Luana fomos privilegiadas com assentos perto dos quartos onde deixamos nossos pequenos dorminhocos tirando sua soneca e combinamos dividir os turnos de quem ficaria de olho neles durante esse tempo. Eu concordei em ser a primeira a olhar os bebês e Luana se dispersou para o pátio onde o pastor já apresentava a programação do dia.

Aproveitei os minutos de silêncio naquele quartinho para orar ao Senhor e derramar minhas aflições diante dele. Prestes a finalizar a oração, ouvi uma risada alta vinda do lado de fora do quarto e com medo do som alto despertar as crianças saí do local e dei de cara com o sobrinho bonitão de dona Sô no meio de uma conversa com um outro rapaz.

— Senhores, vocês podem fazer o favor de gargalharem em outro lugar? Não será nada engraçado se os pequeninos acordarem e chorarem até não poderem mais — mandei como boa mamãe coruja e vi os dois moços aflitos pedirem desculpas pelo grande vacilo.

— A culpa é do Coelho, ele sempre fala idiotices e eu me acabo de rir — o garoto mais jovem disse.

— Muito nobre da sua parte jogar a culpa pra cima de mim, irmão. — Coelho empurrou o outro rapaz. — Vá avisar pra tia Sô da nossa chegada.

O garoto rapidamente obedeceu e eu ficamos apenas eu e o belo sobrinho da dona Sô.

— Desculpe mesmo. Vim com o Judá guardar essas mochilas com nossas roupas do futebol e acabamos lembrando dos antigos acampamentos aqui e, sabe, todas aquelas lembranças nos fizeram rir — explicou apressado.

— Está tudo bem. — Esbocei um sorriso e ameacei voltar para o quarto. — Com licença.

— Espere, por favor — Coelho chamou minha atenção.

— Sim? — Encarei-o com curiosidade.

— Eu estava tentando lembrar de onde te conhecia e quando Victor falou de você pela primeira vez eu estranhei e...

— Victor veio com você? — atropelei-o aflita já olhando para os lados procurando.

O rapaz sorriu e negou com a cabeça. — Eu até o convidei mais cedo, mas ele foi para o hospital e toda aquela rotina chata de médico.

Senti meus pulmões enchendo de ar outra vez. — Ufa.

— Como ia dizendo, eu vi você, quer dizer, vi sua foto em um porta-retrato — revelou um pouco ansioso e eu estranhei aquela informação. — O seu pai é o pastor Flávio, certo?

Engoli em seco com aquela pergunta e apenas balancei a cabeça afirmando. — Conhece meu pai?

— Sim, conheço. Muito bem, aliás. Seu pai é o meu pastor e sou próximo dos seus irmãos — informou sorridente e eu senti um calafrio. — Ano passado fui em uma reunião de oração na sua antiga casa e reparei nas milhares de fotos espalhadas na sala. Você estava na maioria.

— Como todos estão? — ousei perguntar lutando contra minha vontade chorar.

— Sinceramente? Nenhum deles consegue compreender porque você partiu sem mais nem menos — explicou sincero e eu olhei para baixo envergonhada.

— Não contou pra eles, não é? Sobre eu estar de volta na cidade e tudo mais. — Observei o semblante do Coelho se entristecendo.

— Eu não contei, mas se quer saber, sua família sente muito sua falta, Sarah. Você nem faz ideia do quanto — informou com pesar e sentindo toda a pressão daquele dia eu não consegui fazer outra coisa além de chorar. — Ah meu Jesus Cristo, você está chorando, eu não queria te fazer chorar!

— A culpa não é sua — tranquilizei o rapaz, mas ainda assim permaneci sem conseguir conter o choro.— Não aguento mais essa bagunça em minha vida. 

— Oh Sarah, quando nossos pés escorregam, o amor leal do Senhor nos consola, salmo 94:18 — citou com sabedoria. — A solução é sempre se arrepender dos pecados e nos apegar ao Senhor para termos forças ao enfrentar as consequências dos nossos atos.

Respirei fundo, tentando me acalmar e concordei com ele. — Ore por mim, por favor.

— Conte com isso, Sarah — garantiu e ficou ali comigo por algum tempo. — Você ficará bem? Eu preciso voltar lá pra dentro.

— Sim, agradeço por ter gasto seu tempo comigo. — Sorri e ao nos despedirmos eu voltei para o quarto e aproveitando o fato dos bebês ainda estarem dormindo como duas pedras, eu pedi ao Senhor: — Por favor, me ajude a lidar com tudo isso. Eu sou fraca, mas tu és forte e em ti minha alma descansa. 

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