Retratos de Uma Vida - Parte...

natyrangel

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Passaram-se seis meses desde que Jennifer passou por todo aquele sofrimento e enfim aceitou firmar ainda mais... Еще

Capítulo UM
Capítulo DOIS
Capítulo TRÊS
Capítulo QUATRO
Capítulo CINCO
Capítulo SEIS
Capítulo SETE
Capítulo OITO
Capítulo NOVE
Capítulo DEZ
Capítulo DOZE

Capítulo ONZE

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natyrangel

~ Jennifer ~

Na terça-feira acordei abraçada com Donald. Olhei para o relógio e constatei que se não levantasse naquele segundo me atrasaria para o trabalho. Corri para o banheiro e me olhei no espelho. Parecia uma morta viva com olheiras e olhos inchados de tanto chorar. Precisei de uma boa dose de maquiagem, muito mais do que precisaria normalmente.

Já arrumada, corri para a cozinha, encontrei suco na geladeira e pus numa garrafinha. As torradas que encontrei no armário coloquei uma na boca e mais duas na mão em que segurava a chave do carro. Estava parecendo uma malabarista com bolsa, chave, café da manhã e umas edições antigas que eu tinha de revistas sobre arquitetura que prometi a Wagner que levaria. Porque perdi a hora? Tinha tanta coisa para fazer.

Quando entrei no carro já estava completamente enrolada nas minhas tralhas, meu cabelo que eu prendi numa trança estava com alguns fios escapando do penteado. Acomodei-me no carro e graças a grande sorte que eu tenho consegui não pegar muito trânsito e cheguei bem rápido no trabalho. Nem fui para o estacionamento do prédio pois quando ia com meu carro um manobrista precisava deixar num anexo da Revista. Todo o estacionamento já era ocupado e não achei justo tirarem alguém para deixar o carro que eu quase não usava.

- Bom dia senhora Jennifer, quer uma ajuda?

Mal respondi que sim e o segurança do prédio começou a pegar as revistas e minha bolsa que estavam quase caindo da minha mão.

Ele me acompanhou até o elevador e depois de reorganizar algumas coisas com mais calma consegui ficar um pouco mais descente. Limpei algumas migalhas de torrada da minha saia do terninho azul marinho e arrumei os fios revoltados do cabelo, naquele momento as portas do elevador se abrem. Como se o destino estivesse de muita sacanagem comigo, Victor, que devia estar subindo do estacionamento subterrâneo está me encarando com olhos enormes.

Levo alguns segundos para entender a cena por completo. Ao seu lado está uma mulher que sem sombra de dúvida é uma modelo ou uma daquelas acompanhantes que você paga pela companhia. Votei pela segunda opção porque eu estava de muito mal humor. Alta, magra, cabelos loiros e que caiam até sua cintura. Um corpo que toda mulher queria ter. Ela era linda. E ela estava abraçando o Victor.

Eu acho que entendo aquela história de que quando você morre você vê toda a sua vida em um segundo. Bom, foi mais ou menos isso. Em um piscar de olhos eu lembrei de cada momento que Victor me dizia que eu era tudo para ele, que nenhuma modelo do mundo poderia se comparar à minha beleza. Claro que aquilo era uma mentira enorme, mas eram seus olhos que me diziam o quanto aquelas palavras significavam para ele. Eu podia não ser a mulher mais linda do planeta, mas eu achei que era o que ele queria porque ele era o que eu queria e precisava também. Mas só até ele aparecer algumas horas depois agarrado ao estereótipo de mulher que ele dizia não atraí-lo.

Como ele teve a coragem de trazer para cá uma mulher depois de tudo o que passamos juntos? O que as pessoas vão pensar de mim? Ali era o meu trabalho! Eu devia ser a maior babaca do ano. Não! Do século! O que me quebrou em pedaços ainda mais foi seu olhar. Primeiro achei que ele fosse se afastar da mulher, acho que era o mínimo de respeito que ele poderia ter por mim, mas ele apenas me olhou como se eu fosse invisível, manteve seus braços em volta da cintura da mulher que lhe lançava sorrisos e beijinhos. Eca, eu iria vomitar.

Tirando forças não sei de onde entrei no elevador e virei minhas costas para os dois rezando para que ela não dissesse uma palavra. Agradeci a ajuda do segurança que eu já tinha esquecido completamente que estava aguardando o elevador comigo. Acho que eu podia ouvir o cérebro do homem trabalhando ao examinar a cena de Victor com outra mulher bem na minha frente.

Eu sinto Victor perfurando minhas costas com seu olhar, mas eu continuo ignorando. Agradeci por mais pessoas falantes entrarem nos andares seguintes, mas ainda assim eu tinha a plena consciência dos dois logo ali atrás de mim.

Não chora. Não chora. Não chora.

Senti minha mão tremer quando passei a mão no meu cabelo involuntariamente. Quando a porta do elevador abriu no meu andar saí com tanta pressa que esbarrei em uma menina que estava saindo junto comigo. Ela quase derrubou alguns papéis e eu consegui me equilibrar depois de quase cair no chão. Não me atrevi a olhar para trás. Segurei o que eu estava na mão e comecei a andar e respirar fundo para não chorar na frente de todos. Alguns me cumprimentaram alheios aos meus problemas e ao desespero que eu sentia, mas outros me olhavam com receio. Quando estava prestes a virar para a direita e seguir o corredor até o estúdio sinto algo em meu braço e em seguida sinto-me puxada para a direção oposta. Conheceria o toque daquelas mãos até de olhos fechados. A eletricidade que sentia sempre entregou sua proximidade.

Victor abre uma porta e entramos em um espaço cheio de roupas penduradas em cabides, algumas penteadeiras com maquiagens espalhadas. Parece um dos camarins dos modelos. Larguei as bolsas que eu ainda carregava no chão sem me importar com o conteúdo.

- Você perdeu a noção me puxando desse jeito! – Consegui dizer quando ele finalmente me soltou. Ele me olhava com raiva, muita raiva. Mas eu não ia me abater por isso, ele tinha passado dos limites. – E aquela vagabunda loira? Você superou muito rápido, não foi?

- Quem você pensa que é? Acha que pode me olhar daquele jeito e achar que eu não ia ficar puto!

- Te olhei de que jeito? Você pode fazer algum sentido? - Pude sentir o cheiro de álcool quando ele se aproximou de mim.

- Como se você se importasse! Como se você se importasse por eu estar seguindo a minha vida.

Meu Deus, quanto tempo eu fiquei trancada no quarto? Não foi só uma noite?

- Em primeiro lugar. É claro que me importo, seu egoísta idiota! Acha que vai estar tudo bem ver o homem que eu achei que fosse viver ao meu lado pro resto da minha vida com uma mulher qualquer? Acha que você pode inventar mentiras para si mesmo e preferir acreditar numa fantasia que em mim que estou falando a verdade? – As lágrimas escorriam enquanto eu gritava e pouco me importava se alguém fosse escutar ou não. – Em segundo lugar, aqui é um local de trabalho, trazer suas prostitutas para cá não fere só a mim de formas que você não pode nem imaginar como também a imagem da sua revista, imbecil! E em terceiro lugar, mesmo que não esteja valendo a pena tocar nesse assunto. Eu. Não. Estava. Beijando. O Matheus. – Disse pausadamente. - E se isso foi um plano seu para me magoar e fazer com que eu te odeie, você conseguiu! Eu não quero trabalhar todos os dias com medo de te encontrar pelos corredores se esfregando em alguma mulher aleatória. Não importa o quanto eu ame trabalhar aqui, nunca me faria bem te ver todos os dias só pra me fazer lembrar o quanto eu fui tola em me abrir com você e te amar como nunca amei ninguém. Você deve estar certo, eu não devo valer o voto de confiança ou um pingo do seu respeito.

- Não sei por que você está se fazendo de vítima agora, Jennifer. Foi você que saiu de casa sem ao menos conversar!

- Conversar o que? Você não quis conversar, você me chamou de vagabunda sem escutar minha versão e ao fazer isso, você jogou fora todos os meses em que você disse que confiava em mim e que me amava.

- Eu te amei pra caralho Jennifer! Mas eu vi! Eu vi que vocês dois estavam se beijando! Quando Amanda apareceu no meu apartamento meses atrás você correu e roubou meu carro! Não me deu chance de me explicar também.

- A diferença é que naquela época eu mal te conhecia! E além disso, um erro meu não pode justificar o seu. Eu errei e faria de tudo para não repetir. Você está usando isso como crédito pra você? – Suspirei. Nada do que eu falasse ali iria mudar alguma coisa e eu já estava farta. – Sabe de uma coisa? Definitivamente eu desisto. Volta para sua acompanhante de luxo e continue chamando atenção. Eu estou indo embora.

- Não, eu não estou com Rebecca para chamar sua atenção ou atenção de qualquer outra pessoa. Estou com ela porque ela é gostosa e me faz esquecer de você.

Pronto. Era só o que eu precisava escutar. Encurtei o espaço entre nós tão rápido que Victor não conseguiu desviar do meu joelho indo de encontro com suas bolas. Ele caiu no chão urrando de dor enquanto eu pegava minhas bolsas e corria para a porta. Assim que sai para o corredor esbarrei em alguém.

- Meu Deus, o que eu tenho que não consigo dar dois passos sem quase derrubar alguma pessoa?

-Jennifer, o que aconteceu com você?

Encarei Wagner e então quando ele reparou nos gemidos que vinham da sala que acabei de sair puxei-o pelo braço.

- É só o Victor. Vem que eu te explico.

Ele não pareceu confiante, mas não me impediu. Pegou uma das minhas bolsas e tomamos o elevador. Nunca atuei tanto quanto nesse dia. Eu devia ganhar um Oscar por não fazer ninguém desconfiar o quanto eu estava quebrada, desesperada, angustiada e muitos outros "ada's".

Entrei no meu carro e Wagner entrou no lado do carona.

- Você não vai dirigir nervosa assim, vai?

Só ele para reconhecer o quanto eu estava mal.

- Eu vou pedir demissão.

- Por causa daquela história com o seu amigo modelo?

- Você já sabe? – Olhei-o realmente surpresa. Se Wagner sabe, quem mais saberia? Será que todo mundo já estava rindo de mim?

- Victor me ligou ontem falando que você, palavras dele, estava o traindo com o tal...

- Matheus... – Completei. – E não. Eu não estava traindo ninguém.

Então rapidamente contei o que realmente tinha acontecido e depois as partes menos humilhantes da minha conversa com Victor e a joelhada que ele ainda devia estar sentindo.

Para meu espanto Wagner riu, nunca soube o que esperar dele.

- Vai ser uma bela história para contar aos filhos de vocês daqui alguns anos.

- Oi? Será que você não me escutou?

- Claro que sim. E eu também estou vendo as suas reações. Você o ama e pelo o que ele vem me dizendo incansavelmente todos esses meses também te ama. Vocês só estão complicando tudo.

- Vai dar uma de "Mestre Miyagi" e profetizar sobre meu relacionamento com Victor?

- Mas o mestre Miyagi não vê o futu...

- Você entendeu o que eu quis dizer. – Ainda assim não pude evitar um sorriso, mesmo que por trás se ocultava uma avalanche de tristezas. – Agora eu estou completamente sem rumo.

Era exatamente como eu me sentia, sem um sentido para continuar a fazer as coisas que eu gostava. Sabia que era um sentimento passageiro, mas viver aquele momento estava me desequilibrando pouco a pouco. Era angustiante perceber o quanto uma pessoa tem posse de sua vida através do amor. Eu me sentia tão parte dele que não me imaginava longe sob nenhuma condição. Como algo que parecia tão forte podia se quebrar tão fácil?

- Jennifer, você é a garota mais forte que eu já conheci. Sou muito grato por você ter feito parte dos meus dias por esses meses e, por favor, não ache que vai escapar de mim porque não irá!

Abri novamente um sorriso que ele retribuiu antes de continuar.

- Vá para casa, aproveite que agora não tem que trabalhar e, se sua situação permitir, afaste-se de tudo. Tenho certeza que quando voltar terá a resposta para algumas das suas questões. Ou pelo menos uma boa ideia por onde começar a encontrá-las.

Wagner então deu uma piscadinha e senti como se meu pais estivessem ali me aconselhando. Lógico que Wagner precisava ser alguns anos mais velho, mas o que ele disse me acalmou de certa forma. Agradeci novamente pelas palavras quando ele saiu do carro e voltei para casa pensando em como eu poderia me "afastar de tudo por um tempo".

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