Cap 08! Não se esquece de votar e comentar pra eu saber que vocês estão gostando! ♡
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Livia Mitchell
Eu estava excitada demais pra dormir, tudo o que eu queria era abrir a porta, atravessar o corredor e entrar no quarto em que David dormia. Na verdade, desejei que ele não conseguisse dormir, desejei que estivesse tão excitado quanto eu e que não conseguisse parar de pensar em mim. A visão que tivera dele, rendido por mim em sua cama, foi desconcertante. Eu nunca me senti desse jeito, insana por alguém. A sensação é pavorosa e deliciosa. Desejei por muito tempo experimentar o sabor de seus lábios, seu beijo foi mil vezes melhor do que tudo o que eu imaginei. Seu toque me desmontou.
Insano era a palavra que definia bem tudo o que acontecera. Com tanta gente no mundo como eu fui me atrair logo pelo pai de Natalie? Como ele foi se atrair pela melhor amiga de sua filha? Pensar em David atraído por mim, louco por mim, era massagear meu ego infinitamente. Só o olhar dele em cima de mim já me fazia sentir a mulher mais desejada do mundo.
Não consegui parar de me mexer na cama, a excitação só aumentava chegando num nível desconhecido por mim. Nunca, em toda a minha vida, um homem me deixou assim. Na verdade, eu me sentia mil vezes mais estimulada ao ler alguns livros. Sempre gostei muito de ler de tudo, e conforme o tempo foi passando, comecei a me interessar por esses temas mais "adultos".
Sempre soube me dar prazer sozinha, nunca havia me sentido atraída por alguém ao ponto de querer transar. As noites sozinha em casa ajudavam, privacidade era um ponto essencial. Eu não tinha privacidade ali, não com Natie dormindo na cama ao lado. Mas eu precisava me aliviar. Meu corpo buscava atrito com qualquer coisa: O colchão abaixo de mim, o lençol embolado na cama, mas não era suficiente. Eu precisava de mais.
Corri para o banheiro do quarto de Natalie e tranquei a porta. Escorreguei a mão para dentro do pijama encontrando minha pele totalmente molhada. Me afoguei no meu prazer, me aliviei e finalmente consegui dormir.
***
O dia não havia começado tão bem, David não estava presente na mesa do café, saíra cedo pro trabalho. Não o via desde que pegamos fogo no mesmo balcão onde Karen preparou pães para mim e Natie mais cedo. No caminho de volta da faculdade lembrei-me de passar em casa pra pegar umas coisas.
- Natie, vou precisar passar em casa pra pegar umas roupas.
- Eu vou com você, Liv, é bom que roubo mais um de seus livros - Natie provocou, era constante dela roubar meus livros, sempre que os achava pegava de volta, era um ciclo sem fim. - E também tenho chance de ver o Bryan.
- Eu sabia que tinha algum interesse por trás dessa bondade toda!
- Não seja malvada, Liv, eu sou a melhor pessoa que você conhece! - Não podia negar, eu a amava como uma irmã. Sorri para ela e revirei os olhos. Finalmente chegamos na minha casa.
Natie abriu a geladeira na esperança de encontrar algo para comer quando Bryan saiu do banheiro usando apenas uma toalha enrolada à cintura. Ela engoliu a seco, o som de seu engasgue chamou a atenção do meu irmão.
- Natie! - Ele abriu um largo sorriso. - O que faz aqui?
- Vim ajudar a sua irmã. Não é melhor se vestir? Vai pegar um resfriado. - Natie apontou com a cabeça para a toalha de Bryan. Os observei de longe achando aquela interação bastante cômica.
- Não sei não... Estou na minha casa, poderia andar até pelado se eu quisesse. - Bryan tinha um sorriso convencido que se desfez quando Natie revirou os olhos.
- Por favor não faça isso. - Intervi após pegar tudo o que eu ptecisava no quarto. - Vamos, Natie?
- Não se esqueça de passar no alfaiate pra fazer o terno e comprar sua máscara. - Natalie ordenou plenamente. Era notável o choque no rosto de Bryan.
- O que? - Perguntou ele sem entender nada.
- O baile, Bryan, o baile. - Disse Natalie num tom impaciente me seguindo para a porta de casa.
- Eu ainda não confirmei. - Ele gritou, sozinho na cozinha.
- Você vai. - Natalie gritou de volta, firme.
No caminho de volta pra casa notei um sorriso vitorioso no rosto de Natalie. Ela me contou cada detalhe do seu plano de conquista infalível e eu não parava de rir. As vezes invejava a autoconfiança dela, não que eu não tivesse confiança em mim, mas o jeito como ela lidava com os problemas e os transformava em solução era incrível. Ela jamais se rendia a ninguém, a menos que fosse parte de um plano dela. Natalie é o que podemos chamar de mulherão da porra.
Entramos pela grande porta da casa dos Collins, e logo na entrada já se podia ouvir o som suave do piano em uma melodia contagiante. Me aproximei um pouco mais e já tive a primeira queda de pressão do dia. Sério? Já?
David estava sentado ao piano, descalço, de calça e camisa social. Aparentemente chegara do trabalho há pouco. Sua imagem era incrível e eu tonteei. Imaginei que motivo o fizera destoar dos outros dias, afinal era raro vê-lo ao piano.
Meus olhos seguiam atentamente os longos dedos de David e eu era envolvida por cada nota que ele tocava. David estava tão concentrado que mal reparou em nós duas observando-o.
Natalie deu um beijo no rosto de David e subiu para seu quarto. Ele não reparou que eu estava ali, sentei-me na poltrona ao lado do piano para assistir àquele espetáculo. A cada nota os músculos de David ficavam mais evidentes, minha vontade de subir nele e arrancar sua roupa só não era maior do que meu desejo de continuar assistindo-o. Aquilo era bom demais, meu corpo todo sentia vontade de dançar a música envolvente que ecoava na sala, ela parecia perfeita.
Não sei dizer ao certo quando David percebeu a minha presença e passou a me observar. Em alguns segundos meus olhos encontraram os dele. Ele não parou de tocar e eu não parei de observá-lo. A música estava ficando muito intensa, tudo ao meu redor desapareceu, só havia David e eu naquela sala. Eu senti algo que jamais havia sentido, no corpo todo, mas também no coração.
- Oi. - Sua voz era rouca e grave, quase falhou, era como se ele estivesse me trazendo de volta à realidade.
- Fazia tempo que não te via tocar. - Respondi em um sussurro.
- Me senti inspirado hoje. - Deu de ombros.
- Algum motivo especial?
- Alguns. - Ele sorriu de canto.
- É sua?
- O que?
- A música. É maravilhosa.
- É minha, comecei a explorar o piano quando cheguei e essa melodia surgiu. Você gostou? - Seus olhos eram curiosos e posso dizer que um pouco esperançosos.
- Muito. - Sorri para ele. - Já deu um nome?
- Não tinha pensado nisso, mas se você gostou o nome vai ser Lívia. - Congelei.
- Vai dar o meu nome a ela?
- Eu a fiz pensando em você. Nada mais justo. - Ele disse sereno, como se essa fosse uma conversa casual. Esse homem iria me enlouquecer e não faltava muito pra isso.
- Não sei o que dizer. Não poderia te dar nada pada retribuir isso.
- Não fiz para receber algo em troca. - Ele se levantou e caminhou lentamente até mim. - Mas se você quiser me agradecer com um beijo, eu seria educado em aceitar.
- Eu posso considerar isso. - Começamos a nos aproximar mais e mais, faziam menos de vinte e quatro horas que meus lábios tocaram os dele, mas eu já morria de saudades da sensação.
- O que você tá fazendo comigo, Livia? - Ele me perguntou retoricamente, sorrindo. Lindo demais.
- O que você está fazendo comigo, Sr. Collins? - Percebi que chamá-lo por seu sobrenome era como acionar seu modo mais selvagem quando ele tomou meu rosto em suas mãos quase sendo doloroso.
Ele inclinou minha cabeça para o lado e beijou meu pescoço subindo até chegar em minha bochecha. Quando sua boca se aproximava da minha ouvimos os passos de Natie na escada. Rapidamente nos desgrudamos e cada um foi pra um lado numa tentativa falha de disfarçar o clima.
A estranheza não foi percebida por Natie que por sorte desceu olhando atenciosamente para o celular. Entrei em choque ao perceber que, se estivesse um pouco mais atenta ela faria provavelmente a descoberta mais surreal de sua vida: sua melhor amiga estava se apaixonando pelo seu pai.
Subi para tomar banho e só ao chegar no banheiro pude respirar novamente. Tirei a roupa e entrei de cabeça no chuveiro tentando afastar o pensamento de que estaria me apaixonando por David. Eu não podia. Meu banho foi um pouco mais longo que o normal, tentei pensar em algum plano, um antídoto pra essa paixão que começara a surgir em mim.
Terminei o banho e me arrumei no quarto. Ouvi vozes estranhas vindo do andar de baixo e me apressei pra descer. Na porta, uma linda morena de cabelos cacheados, que parecia apenas alguns anos mais velha que eu conversava com David. Quem é ela?
- Liv, vem cá! - Natalie fez sinal para que eu me abaixasse nas escadas. - Aquela é Laura, recepcionista da Mama's Bakery. Ela parece muito afim do meu pai, não acha? - Natie falou baixinho enquanto observávamos os dois.
- O-o que?! - Exclamei alto e David virou levemente o rosto pra mim não chegando a me olhar.
- Shhhh, fale baixo Livia, assim não consigo ouvi-los.
- E então, você vem? - Pude ouvir Laura perguntando-o.
- Eu não sei se é um bom momento agora... Eu estou cheio de trabalho e...
- Por favor, David, é só um jantar. Meninas, me ajudem aqui! - Laura nos chamou para tentar convencer David de sair com ela. Que conveniente.
- Pai, ela não vai te dar essa moral sempre. - Natalie começou a falar, descendo às escadas. - Uma noite sem trabalhar não vai te matar. - Todos riram, menos eu. Eu não achava graça. Eu não conseguia rir.
- O que você acha Livia, eu devo ir? - David virou seu rosto pra mim e me pegou de surpresa com sua pergunta. Maldito.
- E-eu... Talvez... Se você quiser...
- É claro que ela acha, pai! - Natie me interrompeu.
- Já que ninguém tem algo contra... - Ele disse enquanto convidava Laura para entrar. - Mas eu tenho uma ideia melhor, jantamos todos aqui hoje, eu cozinho! O que vocês acham? - Todos aplaudiram a ideia idiota de David. Ele mal a conhece! Como David pode ser tão idiota!? Minha mente gritava de ódio. Minha boca sorria.
- É uma boa ideia, pai.
- Certo, eu aceito isso. - Laura sorriu.
David subiu para tomar banho, como imaginei, ele acabara de chegar do trabalho quando o encontrei ao piano. De repente minha raiva se transformou em sede de uma certa vingança. O jantar será interessante.
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