Mal me quer

By AellaG

42 0 0

Eu sempre via, lia, assistia aqueles romances perfeitos e ficava imaginando como eu estava fadada a ser a vel... More

Prólogo
Últimos dias sabáticos

De volta, mas pra onde?

16 0 0
By AellaG


 Um som estonteante seguido de flashs de luz me despertam de um sono agradável, que não sentia a dias.

 Era a primeira noite que passava em casa depois de 10 dias viajando vendo meus amigos, não conseguia dormir tranquilamente e confortavelmente em muito tempo, que pareciam anos, mas logo meu despertador avisava que já estava na hora- na verdade estava atrasa!

- DROGA!

 Jogo o edredom contra a parede e em um movimento rápido para sair da cama pego o celular e vejo "6:00am". Saio pegando qualquer roupa que encontro jogada no meu quarto sem mesmo acender as luzes

- AH NÃO EU JÁ TO ATRASADA NO PRIMEIRO DIA! - colocando a calça e um sapato enquanto saltito para o banheiro com um sapato na mão tentando enfiar no pé e tentar escovar os dentes e o cabelo ao mesmo tempo em busca de economizar tempo.

 Ouço alguém batendo de leve na porta do meu quarto.

- Pode entrar - respondo com a boca cheia de pasta de dente olhando para a porta curiosa em saber quem seria. Era minha mãe abrindo a porta com cara de preocupada.

- Hoje é o primeiro dia Ana, não vai? - ela perguntou baixinho para não acordar as outras pessoas da casa enquanto me olhava com um olhar desconfortável.

- Vou sim! já to pronta na verdade - solto um sorriso esbaforido depois de cuspir a pasta na pia e enxugar o resto de água que tinha nos meus lábios com a manga da blusa.

- Sua blusa ta do avesso - ela disse enquanto fechava a porta e lá de fora fala em um tom mais alto para eu ouvir - Vamos sair daqui cinco minutos, desce que tem café na mesa.

 Então eu tiro a blusa e viro ela, dessa vez do lado certo e coloco de volta, um pouco amassada mas da pro gasto. Dou uns tapinhas na tentativa de desamassar um pouco, mas sem sucesso. Quando já ia saindo

- AH! Não posso esquecer o cachecol - volto para o quarto e pego ele de onde estava pendurado, perto da porta, onde sempre fica.

"Cachecol" que era um cobertor de avião vinho que sempre uso em dias frios, não nos separamos. Agosto começa a esfriar, ainda mais de manhã, e como até chegar na faculdade tem uma boa caminhada, não posso pegar um vento gelado e ficar doente, não posso perder a aula de maneira nenhuma.


 Era meu primeiro dia de aula na faculdade, fiquei parada por um tempo sem ir a aula nenhuma, nem mesmo do cursinho, tinha tirado um ano sabático, precisava colocar minha cabeça no lugar, ainda mais depois que tinha piorado da minha depressão e bom... quase deixado de existir digamos assim, então estava animada em ver pessoas depois de tanto tempo isolada em minha casa com apenas minha gata de companhia.

 Um turbilhão de pensamentos pairavam minha cabeça, como: "vou ser a unica menina da sala?", "as pessoas vão fazer trote?", "onde fica minha sala?", "vou fazer algum amigo?", "vou gostar do curso?" e mais um milhão de coisas que reviravam meu estomago me fazendo perder horas de sono e o apetite, então só peguei uma maçã e corri pro carro, por que o dia só estava começando.

 Chegando na estação de trem vejo aquele mar de gente, fazia tempo que não pegava trem,  e isso não me trazia boas lembranças, então tentei ficar um pouco longe da multidão, não queria me afogar nem chorar, muito menos levar cotoveladas e ponta pés. O cheiro de gente era forte, tinha pessoas de todos os tipos e idades, estudantes, trabalhadores, aposentadas, todo tipo que possa imaginar, todos começando seu dia. A maioria estava fixada em seus celulares ou jogavam conversa fora com quem estava perto, enquanto esperavam o trem chegar. Quando vi o trem se aproximando me sobre um calafrio direto da espinha, percorrendo todo meu corpo me fazendo perder a respiração e ficar paralisada por um tempo. "é isso" falei comigo mesma, agora não tinha pra onde fugir, não tinha mais como voltar atrás, era isso.

 O caminho até a faculdade não é muito amigável nem um pouco agradável de se estar, muitos ambulantes, moradores de rua, cães, mercantes, fumantes, pombas, pontes, tuneis e cheiros fortes de origem diferentes. Uma bomba de sensações pra uma HSP (higly sensitive person) chegar perto do colapso. Um percurso de 30 minutos andando pareciam horas, eram tantas informações que minha cabeça só sabia girar. Tinha medo de ser roubada já que assediada era comum. Tentava caminhar o mais rápido que podia, pelo tuneis escuros chegava a quase correr, queria ficar o minimo de tempo naquele lugar de 1,90m de altura e nem um 1,50m de largura onde dezenas de pessoas pessoas passavam as pressas quase se empurrando para chegar do outro lado, mas como era escuro não era fácil enxergar se estava prestes a trombar em quem estava na sua frente, mas com o tempo se aprende como essas ruas funcionam.

 Chegando na faculdade vejo aquele prédio grande e espaçoso, cinza mas com várias plantas e mais arvores do que alunos. O local antigamente era um shopping o que torna tudo ainda mais interessante. Seus corredores largos para muitos compradores e familias passearem, que hoje eram alunos, grandes vidraças que eram para se ver os produtos, mas que agora se veria os alunos, se não fosse o filme preto que colocaram para presar a privacidade das aulas.

 Rolei a catraca que estava leve, aparentava muito usada e que estava livre por ser a primeira semana de aula, percorri o único corredor possível e vi um quadro com as turmas e as salas. Com meu dedo percorri a lista procurando minha sala.

- 0Y04? onde que ficaria essa sala? - falei baixo, já nervosa, onde raios uma sala com letras do fim do alfabeto poderia estar num lugar não tão grande assim?

 Fui primeiro para um banheiro, precisava me acalmar e lavar as mãos para recobrar a sanidade. Fui andando rapidamente pelos corredores vazio, era muito cedo para ter alguém, menos pior. Chegando no banheiro empurro a porta pesada em um único movimento e já logo vejo o espelho, e me deparo com uma menina pequena com moletom de pijama amassado e com respingos do molho de macarrão que comera na noite anterior, cabelo bagunçado por conta do vento e da alta velocidade de se locomovia, cachecol escondendo metade do rosto e os olhos congelados sobre a bolsa de quem não dormia a um bom tempo. Tirei o cachecol do rosto e vi meu lábios brancos, quase azuis, é, eu estava quase entrando em panico. Respirei fundo três vezes enquanto me olhava no espelho e repetia pra mim mesma incessavelmente:"ta tudo bem, vai ficar tudo bem" quando vi já era hora de ir procurar a sala, não pode atrasar no primeiro dia certo? preciso causar uma boa impressão. Lavei as mãos rapidamente e fui em busca da minha sala.

 Chegando em um corredor com teto aberto onde as arvores ultrapassavam próprio prédio, que era térreo, era lindo, pena que o dia estava nublado e claro demais para olhar diretamente para cima. Encontrei minha sala, logo ali, 0Y04! E dois garotos estavam sentados a frente dela. 07:50 am... ainda tem tempo. Passei pela porta para ver se já poderia entrar e não precisar interagir com eles, e sim, estava, logo busquei  o melhor lugar, perto das grandes janelas que davam no corredor onde eu poderia observar o céu e as arvores, e também perto de uma tomada, essencial não é mesmo, e também caso eu queira dormir durante as aulas, perfeito, me sentei, não tão no fundo mas também não tão na frente, realmente o lugar perfeito.

 Até o professor chegar e dizer que teríamos que ir para o laboratório, e aos poucos a sala ia enchendo de alunos. Fomos ao laboratório, todos juntos andando pelos corredores, pelo menos desse jeito não me perderia. O laboratório era repleto de computadores um do lado do outro, enfileirados percorrendo as paredes com mesas, para cada aluno ter sua maquina para usar como quiser. A luz do lugar parecia mais um laboratório químico, era iluminado, mas se apagasse algumas luzes para ver melhor o datashow, parecia o IML.

- E quase nenhuma menina! - gritei dentro da minha cabeça. Queria morrer, não gosto de me sentir alvo fácil e vulnerável assim no meio de um monte de homem - preciso me aproximar delas de qualquer jeito - enquanto pensava em um plano o professor falou:

- Façam grupos para o trabalho do fim do semestre.

- Fim do semestre???? como assim fim do semestre, é só o primeiro dia? - mas me lembrei, entrei no semestre que seria como o ultimo do curso, então ele estava falando do tcc - COMO VOU FAZER O TCC SE ACABEI DE CHEGAR?? - eu estava cada vez mais nervosa e me afundando nos meus pensamentos que a cada nova informação aumentava a velocidade que corria, cada vez a crise se aproximava.

Enquanto afundava cada vez mais no meu desespero, se aproximou um menino meio gordinho de cabelos longos e uma bandana na cabeça e disse de forma mansa:

- Gostaria de fazer parte do nosso grupo?

 "Estou salva!!" Pensei aliviada, só sorri e fui atras dele, que me levou até onde o grupo se reunia, olhei e tinha uma moça mais velha. "Boa! que alivio", depois disso só consegui sorrir aliviada e toda a tensão derreteu para fora do meu corpo e eu me sentia finalmente relaxada, se ele demorasse mais um pouco eu choraria de desespero de estar sozinha. Eu e mais um menino eramos os únicos calouros do grupo, então estávamos "em boas mãos" segundo o professor.

 Depois de discutirmos o trabalho, eu não fazia a menor ideia de como faria, só queria descansar, tudo isso foi muito exaustivo. O menino que parecia ter assumido o cargo de líder do grupo se inclinou e pediu meu numero para colocar no grupo. Ele era enorme, cabelos enrolados e barba cheia, ele parecia uma boa pessoa, ainda mais com sua voz mansa. Dei meu numero e logo entrei nesse grupo e no grupo da sala, onde me arrisquei tentar interagir para tentar me acostumar, mas sem exito. Aceitei, pelo menos já estava a salvo, incluída em algum lugar, o que me deixava em paz de espirito.

 Eu já estava exausta, só precisava ir para casa. Acabou a aula e eu fui direto o mais rápido para casa, sem nem olhar pra trás.

Continue Reading

You'll Also Like

27.2K 5.3K 61
Você se acha capaz de ajudar uma pessoa a se livrar da depressão? Rebecca Patrícia Armstrong, uma cowgirl que administra a própria fazenda ao lado de...
953K 51K 61
Amélia Ferrari acaba de voltar do internato de Londres depois de 3 anos. Ela só não imaginava que esse tempo fora viria cheio de surpresas, começando...
2.6M 234K 66
Anelise tem uma paixão platônica desde muito tempo por Theo e decide que irá conquista-lo. Passando o tempo mirabolando planos para sua conquista, a...
167K 9.9K 107
.. vem descrever essa história comigo. (Autora nota) Uma coisa mas não menos importante Essa história não haverá muito hot, eu quero ficar mais no f...