Reinos em Floração

By RBPlushie

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Livro zero da saga O Amante do Tritão. Leiam o primeiro capítulo para mais informações! (Descrição e sinopse... More

Toda grande história tem um grande começo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Reinos Em Floração 1 na Amazon
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Interlúdio
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
LANÇAMENTO
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Interlúdio 02
Interlúdio 03
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80

Capítulo 35

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By RBPlushie

Água gotejava ao meu redor, estalando na pedra gelada e úmida onde eu estava deitado. Por um instante pensei ainda estar na Foz da Grande Confluência, mas quando abri os olhos dei de cara com um teto de pedra negra a um palmo do meu corpo deitado.

Tudo doía. Meus braços, meu pescoço... havia hematomas na minha barriga, tufos faltando no meu cabelo enlameado e partes sem escama na minha cauda. Filetes de água escorriam pelas rachaduras no teto e empoçavam no chão coberto de entulhos, impedindo a recuperação das minhas pernas.

O espaço era muito apertado para que eu levantasse então me virei de bruços e me arrastei com os cotovelos, tentando me lembrar do que havia acontecido.

A fuga para o castelo, os humanos se afastando no bote, a explosão... eu não conseguia separar o que era lembrança do que era alucinação. A Foz da Grande Confluência foi real ou um delírio?

Enquanto eu percorria o labirinto de pedras amontoadas, com o teto cada vez mais baixo, eu fui organizando os meus pensamentos para afastar minha percepção de dor. Me arrastar sobre as lascas de pedras afiadas não ajudava o meu estado deplorável.

O meu coração disparava com a chance de eu estar me arrastando a um beco sem saída, pois eu não conseguiria dar meia-volta naquele espacinho minúsculo, mas eu segui a sutil claridade mais adiante e de repente o teto ficou bem alto. Eu consegui me esgueirar para fora, recuperar as minhas pernas e me levantar.

Ao meu lado, através uma ampla abertura, eu podia avistar as estrelas e as ondas que brilhavam prateadas sob a luz da lua. Só então eu compreendi onde eu estava e corri para fora, a fim de ter certeza.

E eu não estava errado.

Não havia restado nada do Castelo Negro. As torres, os salões, tudo desabou e em grande parte desapareceu no mar. Algumas das paredes haviam cedido umas contra as outras, formando uma espécie de caverna que me impediu de virar pasta de tritão.

Com o coração zunindo e a respiração errática, eu percebi o milagre de ter escapado da morte. Se houvera qualquer outro tritão escondido naquele castelo, ele certamente se tornara um com o mar.

Não havia mais sinal de humanos, nem mesmo traços de seu cheiro, o que indicava que eles nem sequer se importaram em voltar. E se eles não estavam por perto só podiam estar de volta em Orla das Sereias completando o seu rastro de morte, se é que havia mais alguém para matar.

As lembranças nublaram meus olhos, mas eu segurei as lágrimas e saltei na água. Eu precisava recuperar os meus ferimentos e procurar por sobreviventes.

****

Talvez fosse um erro retornar à praia tão cedo, mas o cheiro de humanos já estava distante, quase sumido em meio ao cheiro de sangue rançoso. Sob o brilho da lua podia-se ver a nuvem de moscas e os caranguejos se aproveitando do tapete de corpos, que os monstros humanos nem tiveram a piedade de devolver ao mar.

Ainda dolorido e meio roxo, eu manquei até o papai. A maré havia recuado então agora ele estava estirado na areia seca, com a boca e os olhos abertos.

Sei lá como eu tive a força de espírito de fechar os olhos do papai e puxá-lo pela barbatana até o mar. Era como estar anestesiado, ou morto apenas por dentro quando todos os outros estavam mortos por fora também. Eu não conseguia chorar, nem sequer mudar minhas expressões faciais, apenas assisti o corpo do papai afundar nas ondas e desaparecer de volta aos braços do chamado.

O esforço de arrastá-lo gastou minhas poucas energias e ainda havia tantos corpos... eu precisava dar-lhes um final digno, mas precisava da ajuda de alguém, qualquer um.

Eu caminhei ao longo da praia em direção ao vilarejo, farejando o ar pútrido na esperança de encontrar o cheiro de sangue quente. Meus tios e primos, Marlon, meus massagistas e chefes de cozinha... todos se foram. Eu passei pelos corpos Cylen e de seu pai ômega, que realmente morreram abraçados, e também pelo que restou do Trigen e do Lairon.

O corpo do Shunsen permanecia no mesmo lugar de onde ouvi suas últimas palavras, não muito longe do seu predestinado e filhote.

Mesmo exausto, eu arrastei Shunsen e seu pequeno núcleo para o conforto eterno do mar. Eu devia esse tanto ao ele.

Seguindo o meu caminho eu desviei até o começo da floresta, onde Gryphon me defendeu com sua vida. Ele ainda estava jogado em meio às árvores eu não imaginava como arrastá-lo até o mar. Curiosamente o corpo da Suelen não estava ali com ele.

Um flash de esperança aqueceu meu peito. A mãe do Hian estava viva? Eu corri para a casa do Hian, me sentindo um idiota por ter me esquecido do plano do Gryphon. Os irmãos do Hian estavam escondidos nos baús e a Suelen com certeza voltara para eles.

Eu entrei rápido na casa do Hian, sorrindo como um otário. Logo depois meu sorriso se dissolveu assim como qualquer calor que ainda houvesse na minha alma.

No canto da casa havia um baú todo perfurado pelos buracos da morte. A tampa estava aberta e os irmãozinhos do Hian pendurados na borda, como se seu último esforço tivesse sido tentar escapar do esconderijo condenado.

Se eu não enlouqueci, foi por perceber que Hian não estava entre eles. Só então eu me lembrei do meu aquário de brinquedo. E então eu percebi algo que quase me fez cair no chão.

Hian ainda estava vivo. Aqueles humanos o levaram embora dentro do aquário, mas por que e para onde? Só havia um jeito de descobrir.

Com pressa eu devolvi os irmãozinhos do Hian para dentro do baú e fechei a tampa, prometendo voltar para eles e para todos os outros mais tarde. Eu precisava ser rápido antes do vento apagar as marcas das rodinhas do aquário.

Eu corri para fora decidido a resgatar o Hian, mas assim que eu deixei a casa eu travei no lugar, sem acreditar nos meus olhos.

Alguém estava saindo da floresta a passos arrastados e com os ombros caídos. Seus cachos brancos brilhavam sob a luz da lua e mesmo à distância eu podia notar o brilho intenso de suas íris vermelhas.

Khaligor Faroé. Por que aquele monstro havia retornado, sozinho e sem aqueles canos perigosos? Ele parecia mal se aguentar nas próprias pernas quando arrancou suas roupas justas de humano na beira do mar. Ele estava de costas para mim e contra o sentido do vento, não conseguiria me farejar.

Eu espiei ao meu redor e encontrei um pedaço de pau fincado na areia. Não era muito comprido e nem muito pesado, mas seria o bastante para atordoar aquele desgraçado antes de eu fincar os meus dentes no pescoço dele.

Empunhando a minha arma com firmeza diante do corpo, eu me aproximei suavemente. Ele permanecia de costas para mim, seria muito fácil, eu vingaria o papai e os outros mais cedo do que eu imaginava.

Alheio à minha presença, o monstro desgraçado sentou-se nas pedras baixas e deixou que as ondas atingissem seu corpo. As suas pernas desapareceram e em seu lugar surgiu uma cauda muito bizarra, era vermelha e sem escamas, com a barbatana enrugada.

Onde eu havia visto aquela cauda antes? Aliás, eu podia pensar nisso depois. Faltava muito pouco para arrebentar a cabeça daquele maldito, então eu subi com passos de pluma nas pedras logo atrás dele, e...

"Poupe-se do esforço, menino." Disse ele, sem sequer virar-se para mim. "Eu não chegaria tão longe se pudesse ser derrotado por um pivete magricelo."

Eu desarmei a minha pose, bravo por aquele cara não me levar a sério, mas também muito intrigado. Devia ser um truque, óbvio, mas nada em sua postura lembrava o sádico sanguinário que ria ao assassinar o meu clã inteiro. Diante de mim havia apenas um alfa quieto e triste, que bebia largos goles de água com um cantil para recuperar-se do que parecia ter sido um longo período longe do mar.

Era uma ideia idiota e eu sabia disso, mas eu deixei cair a minha arma e me aproximei dele, então sentei ao seu lado. A minha longa cauda de escamas douradas reluziu intensa sob a luz da lua, contrastando com sua cauda de couro aveludado.

"Por que você não me matou?" Eu perguntei para ele.

O alfa esfregou água nos ombros e manteve o olhar na própria cauda.

"Quem poderia dizer..." Divagou ele.

Eu suspirei e observei as ondas balançarem nossas caudas, me perguntando se eu havia ficado louco. Por que eu não sentia medo ao seu lado daquele cara? Algo em seu cheiro era tão familiar e ao mesmo tempo frio. Era estranho.

"A sua cauda é igual à dele." Eu falei meio que pensando alto.

"Dele quem?" Khaligor parou o cantil a meio caminho dos lábios.

"Era uma presença quase invisível, um ômega magrinho e com cachos tipo os seus, só que bonitos e volumosos. Ele me puxou para longe dos bastões de fogo e acho que me protegeu do desmoronamento do castelo, também."

Khalighor bufou, com o olhar ainda mais baixo e triste.

"Não faz sentido algum... por que ele te salvaria?"

O que ele queria dizer com aquilo? Eu não sabia de mais nada, nem do meu presente ou do meu futuro, nada.

"Vocês são os tais de selkies que o papai falou, não é mesmo? Os escravos que deveriam nos servir em Egarikena? Por que uma raça de escravos atacaria seus mestres?"

"Enfim uma pergunta de resposta fácil." Khaligor riu baixinho. "Agradeça ao chamado pelo milagre da sua sobrevivência e nade para longe daqui. Fique longe de outros como eu e você viverá um longo tempo."

"Não posso. Aqueles humanos levaram o Hian, eu preciso encontrá-lo."

"Esqueça o seu amigo. Bartolo e os outros seguiram para dentro da floresta. Em três dias eles chegarão a uma cidade humana e de lá podem desaparecer para qualquer lugar."

"Então eu só preciso ser rápido." Eu me levantei com urgência. "Em qual direção eles foram?"

Khaligor permaneceu quieto, com o olhar desfocado. Então ele apontou com um gesto da cabeça para a mesma trilha de onde ele havia saído.

"Eles já partiram há muitas horas, mas o transporte do aquário deve atrasá-los o suficiente. Um filhote como você talvez aguente uns dois dias longe do mar." Khaligor mergulhou o cantil até enchê-lo, fechou bem a tampa e o jogou para mim. "Três dias com isso."

Eu peguei o cantil de mau jeito, quase o derrubei nas pedras.

"Por que está me ajudando?" Eu perguntei.

Khaligor apenas deu de ombros e continuou observando as ondas.

Era óbvio que eu não conseguiria mais nada com aquela conversa, então eu lhe dei as costas e desci as pedras em direção à floresta.

"Ei, menino." Chamou Khaligor.

Eu me virei para ele, que me espiava por cima do ombro com suas íris de fogo.

"Quando você viu aquela alma de ômega... ele estava sorrindo?"

Que pergunta estranha. Eu revirei a minha memória para encontrar a resposta.

"Ele não tinha rosto, então não sei, mas ele pediu que eu te perdoasse porque existe uma imensa bondade no seu coração." Eu pausei por alguns instantes, observando o cantil em minhas mãos. "Não acho que ele estivesse mentindo."

Khaligor virou-se para frente de novo, observou as estrelas por um tempo e, sem dizer qualquer outra coisa, mergulhou no mar e desapareceu.

Eu segui para o lado oposto e entrei na floresta, precisava aproveitar cada minuto se quisesse resgatar o Hian a tempo.

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