Melanie
Faz duas semanas que minha pequena Gina nasceu. Eu me sinto bem e feliz por tê-la.
Pietra e Gina a amariam, eu tenho certeza disso, e as agradeço imensamente por salvarem a mim e a minha filha. Assim como meus guardas.
Nesse momento, estou no campo com minha família, eles estão colhendo algumas olivas e supervisionando as outras plantações.
Minha tia disse que se eu não estivesse bem eu deveria voltar e ficar de repouso, mas eu me sinto ótima, e estou cansada de ter ficado dentro de casa nas últimas semanas.
Minha prima ficou com minha filha. E Dante não quis nos acompanhar, não nos falamos direito nessas duas semanas, eu me sinto mal por ele, por nós. Prometi a mim mesma que quando retornarmos eu conversaria abertamente com ele.
- Está tudo bem? - pergunta tia Rosa.
Pisco os olhos e a encaro.
- Sim - confirmo sorrindo - Apenas pensando demais.
Ela entrelaça o braço no meu.
- Tudo vai ficar bem, menina.
- Eu sei - murmuro.
Após passarmos a manhã, anunciam que estamos voltando.
Quando o jipe da minha família estaciona, e eu vejo Dante e Alessandro na entrada nos aguardando, eu sei que algo está errado.
Ando até meu primo.
- O que aconteceu? - pergunto.
- Precisamos conversar - diz Dante.
O encaro.
- Agora você quer conversar? Você tem me evitado nas últimas semanas...
- Eu...
- Família, entrem! - grita Alessandro - Nonna quer falar com todos.
Minha tia e primos entram rapidamente.
Encaro os dois.
- Alguém vai me explicar o que está acontecendo? - pergunto.
Alessandro olha para Dante com raiva.
- Ele vai te explicar tudo - diz - 5 minutos, ou ele mesmo virá aqui.
Ele? Ele quem?
Alessandro entra.
Confusa eu olho para Dante, que me encara tristemente.
- Eu... sinto muito - ele me diz - Eu precisava fazer isso.
Respiro fundo.
- Sente muito pelo que? O que você fez, Dante?
- Depois que brigamos... eu pensei... e refleti e tomei uma decisão.
Não falo nada. Não emito um único som, apenas aguardo ele se explicar.
- Eu liguei para meu irmão, disse que você já teve o bebê e onde nós estamos.
Lágrimas de raiva enchem meus olhos.
- Como você pôde? Eu confie em você, eu confiei em você, Dante... e você me traiu... Você escolheu sua estúpida lealdade, você deveria me escolher... não ele.
Ele estende os braços, mas eu me afasto.
- Não me toque - digo - Você fez sua escolhe, arque com as consequências.
Ele passa a mão pelo rosto frustado.
- O que você faria? Eu te prometi que manteria seu segredo até a bebê nascer, ela nasceu e você não sabia quando retornar, ele é pai da menina, ele merecia saber.
Balanço a cabeça.
- Se você pensa assim, então, nós realmente nunca fomos amigos...
Ele me olha magoado.
- Foi uma ideia terrível - continuo - Pensar que você e eu poderíamos manter uma relação além de cordial, eu não quero mais você em minha vida, a partir de hoje, você é apenas o irmão do meu marido, o tio da minha filha, a pessoa que eu não quero ver nunca mais.
Eu posso ver que eu o magooei, mas ele me magoou primeiro.
- Seu marido te aguarda lá dentro - ele me avisa - Adeus, Melanie.
- Adeus, Dante - sussurro e seguro o choro.
Entro na casa respirando fundo para me acalmar.
Caminho lentamente até a sala principal da casa.
É quando eu o vejo, meu marido, bonito marido ao lado da minha avó. Os dois estão conversando.
- Aqui estou - digo para anunciar minha chegada.
Os dois se viram.
Minha nonna se levanta.
- Vou deixar vocês sozinhos - ela diz.
- Obrigado, senhora DeLucca.
Aceno para minha nonna quando ela passa por mim. Eu preciso ser forte.
- Silas - o cumprimento.
Ele me olha de cima a baixo. Tento não me incomodar com isso, mas incômodada, eu sei que ainda estou acima do peso por causa da gravidez, estou usando roupas velhas e largas, e estou suada pelo calor.
- Melanie - ele se aproxima e me abraça, me deixando completamente confusa - Eu senti sua falta, esposa.
Me afasto ainda em choque, mas ele continua falando:
- Eu quase morri de preocupação, com medo de perder você e o bebê, depois que perdi minha mãe... eu nunca sofri tanto.
- Eu sinto muito pela sua mãe - digo - Nos últimos meses nos aproximamos, ela foi uma mulher incrível.
Ele me olha surpreso.
- Eu gostaria de ter estado aqui, quando nosso bebê nasceu.
- Minha vida corria perigo, Silas - explico - Sua mãe morreu, eu quase morri... diversas vezes, eu precisava me proteger.
- Do seu marido? - ele questiona.
- Alguém avisou aos irlandeses onde eu estava, Silas - murmuro.
- E você pensa que fui eu? - pergunta ofendido.
- Não você - admito - Mas alguém próximo a você.
- Isso é loucura - ele diz - Os irlandeses são espertos, eles provavelmente conseguiram achar vocês...
- Isso não importa agora - o interrompo - Eu fiz o que achei que deveria fazer, e não me arrependo. Graças a isso minha filha nasceu bem e saudável, em segurança.
Com a menção da filha, o rosto dele relaxa.
- Onde ela está?
- Para que quer saber? - pergunto na defensiva - Você não quer uma filha, quer um filho, um herdeiro para a máfia.
- Isso não é verdade!
- Você me disse isso.
- Claro que eu quero um filho homem, mas eu estou feliz por nossa filha, ainda podemos tentar ter um menino depois.
Não digo a ele que isso não vai acontecer em um futuro próximo. Como não comento nada, ele insiste.
- Eu sou o pai dela - ele diz - Eu mereço a ver.
- Merece? Merece? Não vou nem te dizer o que você merece.
- Por que está com raiva de mim? Eu não fiz nada. Você fez, fugiu com meu irmão, tem ideia do que as pessoas diziam?
Não respondo.
- Elas diziam - ele continua - Que vocês viraram amantes e fugiram juntos porque se amavam. Sabe como foi para mim?
- Não, Silas, eu não sei como foi difícil para você lidar com fofocas falsas enquanto eu fui perseguida por homens armados contratados para me matar, me desculpe se foi difícil para você - digo ironicamente.
- E as fofocas eram falsas mesmo?
- O que você está insinuando? Eu não traí você com seu irmão.
Ele não responde.
Respiro fundo e tento me acalmar.
- Se você acha que eu trairia você, nosso casamento, então você não me conhece mesmo.
Ele balança a cabeça.
- Eu sinto muito - diz - Eu fiquei com ciúmes.
- Não há motivo para ter ciúmes, eu tenho princípios e adultério é ir contra minha própria natureza.
Ele acena novamente.
- Eu vou preparar ela - digo por fim - Esse horário ela deve ter acordado do cochilo.
Ele sorri.
- Eu gostaria disso.
- Com licença - digo e me retiro da sala.
Subo as escadas, quando estou no corredor do quarto, vejo Dante.
- Eu... - ele começa.
- Eu não quero ouvir - rebato.
- Eu entendo sua raiva, eu realmente entendo, mas se você ignorar isso e me escutar, saberia como estou arrependido.
O encaro com raiva.
- Dante, você, suas desculpas, suas palavras não significam mais nada para mim - sussurro - Quando retornarmos eu não quero ver seu rosto novamente.
Eu vejo que o magoei profundamente, mas ele me magoou primeiro, eu pensei que poderia confiar nele, e ele me traiu.
- Fique com sua estúpida lealdade - digo e entro no meu quarto sem olhar para ele uma única vez.
Dentro do quarto, lágrimas deslizam por meu rosto.
É doloroso arrancar alguém importante da sua vida, mas é necessário.
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