Lucas no Mundo dos Contos

By Luque_Aqui

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Essa antologia de contos traz uma variedade de histórias de diferentes gêneros, com o objetivo de reunir em u... More

INTRODUÇÃO
01 - Véu Negro
02 - Asas e Escamas
03 - Romaria
05 - Rei Vermelho
06 - Papai Noel
07 - A Grande Ceia
08 - Sempre Neve
09 - Mirtes

04 - Uma Dança

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By Luque_Aqui

Marina

Estava jogada em cima da cama, quando pensei naquele encontro incrível que tive com Caio, na noite anterior.

Usava um vestido branco rodado, meu cabelo vermelho estava preso em um coque estranho, me sentia fora de órbita naquela festa. Paty, minha amiga, estava comemorando seus dezoito anos, não queria ter ido, mas nossa amizade valia muito mais que minha timidez.

Quando cheguei ao aniversário, me sentei no primeiro banco que vi e fiquei ali olhando as pessoas rindo e conversando, não havia ninguém que conhecia além da Paty. As vozes em minha cabeça diziam para ir embora, diziam que nunca me divertiria naquele lugar, mas as ignorei.

Pedi um drink para o barman, ele me ofereceu um pouco de whisky, fiquei alguns minutos olhando para o copo, enquanto brincava com a azeitona, a forma como ela se mexia era incrível.

A música começou a tocar e várias pessoas se reuniram para dançar, Paty tentou me arrastar para o meio da roda, mas eu jamais iria até lá, tinha medo dos outros me olharem.

Fiquei na minha, cantamos os parabéns e tiramos fotos, logo em seguida estava olhando fixo para a porta, queria muito sair dali e voltar para meu quarto, meu silêncio, meus livros, no entanto um rapaz franzino atraiu minha atenção de uma forma estranha, não conseguia tirar os olhos dele, seus cabelos escuros cobriam um pouco seu rosto, e assim como eu, ele também estava sozinho.

Por um momento quis me levantar e ir conversar com ele, pois tenho essas manias de maluco, sou tímida, mas não gosto de ver ninguém sozinho. Tentei me levantar, mas uma voz dizia em minha mente que ele me acharia sinistra e vulgar, a voz dizia que minha roupa era feia e que eu era estranha. Meu corpo ficou imóvel e apenas o olhei de longe.

Em poucos minutos o garoto se levantou, veio até mim e me chamou para dançar, dessa forma sem mais nem menos. As vozes sumiram da minha cabeça e só conseguia prestar atenção nele.

A música era lenta e mesmo assim me levantei para dançar.

Suas mãos seguraram as minhas, seu corpo se aproximou do meu, ele não falou nada apenas tentou me guiar. Estava tão nervosa, pois não sabia dançar e toda vez que eu girava, parecia que iria sucumbir de agonia e cada passo que eu dava naquela dança, começava a perder as esperanças.

Cheguei a pisar duas vezes no pé dele, comecei a ficar nervosa e as vozes começaram a rir de mim, olhei para os lados, as vozes riam mais alto dentro da minha cabeça, queria correr dali, mas ele me segurou.

— Apenas se concentre em mim. — O rapaz disse, e eu apenas me entreguei à dança, meu corpo foi guiado pela música, as vozes haviam sumido e tudo ao redor também, era como se eu e ele estivéssemos sozinhos, o moço percebeu a minha esquizofrenia e maneirou na condução, mesmo sem jeito eu fui aceitando aquela parada e no final achei tranquilo. Depois da dança, ele me disse seu nome e deu seu telefone, se despedindo, pois, uma moça estava o chamando para ir embora.

Fui para casa naquela noite, e não conseguia parar de pensar nele.

No dia seguinte, estava com o número dele na minha mão, fiquei em conflito interno sem saber se deveria ligar ou não, quem sabe chamá-lo para um passeio em um parque, não conversamos muito, mas sei que para dançar eu fui um desastre.

Criei coragem e disquei o número.

💃 💙 🚶

Caio

Estava largado no sofá quando me lembrei da noite anterior.

Havia ido à festa da Paty, era seu aniversário de dezoito anos, na verdade nem a conhecia muito bem, apenas fui porque minha irmã me chamou, elas eram colegas de escola. Não queria ir, mas não aguentava mais ficar em casa com meus conflitos internos.

Fui de camisa xadrez e uma calça preta, eram as únicas roupas decentes no meu guarda-roupa, já meu cabelo eu não fazia ideia do que fazer, acabou ficando jogado no rosto.

Chegamos um pouco atrasados na festa, pois me perdi no caminho para a casa da Paty, não conhecia muito bem aquele lado da cidade, o aniversário já estava rolando quando entrei, cumprimentei algumas pessoas por educação e a aniversariante é claro, me sentia um completo idiota, não ia ficar seguindo minha irmã como uma criança, queria muito ter cigarros, pelo menos poderia ficar sozinho sem parecer um doido.

Não sabia onde enfiar a cara, apenas procurei um lugar para me sentar e ficar por lá, observando as pessoas dançar, no fundo queria ser como elas, se divertir, beber e enlouquecer, mas minha mente estava presa por um monstro chamado timidez, me contentei com meu refrigerante.

Cantamos os parabéns por volta das dez horas da noite e alguns minutos depois notei uma garota no balcão, ela parecia diferente das outras, pois estava brincando com uma azeitona no copo. Confesso que ri sozinho, deixei meu cabelo cair sobre a face para ficar olhando para ela de forma sorrateira. Percebi que ela também me olhava e decidi que precisava falar com ela, mesmo ouvindo as vozes em minha cabeça dizendo que era feio, estranho e tímido.

Quando a música mudou para algo lento, me levantei e caminhei em direção à garota dos cabelos vermelhos, não sei por que fiz aquilo, mas a música me contaminou de uma forma tão intensa, que quando dei conta, estava de frente para ela.

A festa parecia ter parado para me olhar, minha mão tremia, suava frio, mas minha mão se estendeu para a garota.

Ela aceitou o convite e a puxei para o centro, segurei suas mãos e aproximei meu corpo do dela, depois disso já não sabia mais o que fazer, eu não sabia dançar. Tentei conduzir, mas parecia que eu apenas errava. Ela pisava no meu pé e aquilo só fazia me sentir cada vez pior, cada vez que eu a girava, parecia que minha perna iria sucumbir de agonia e cada passo que eu dava naquela dança, começava a perder as esperanças.

Notei que ela não parecia confortável, começou a olhar para os lados, aflita e eu, tentando ajudar, disse para ela se concentrar em mim, não sei por que falei aquilo, mas quando ouvia aquelas palavras da minha mãe, ficava mais relaxado.

A dança foi silenciosa, nossas mentes pareciam se conectar, nossos corpos falavam por si só, a música nos embalava numa maré de alegria e paz, era como se nós estivéssemos sozinhos nas nuvens.

Quando a música acabou, eu percebi que não tinha me apresentado para ela, minha irmã me chamava para ir embora, disse meu nome e entreguei meu número, sem esperança de receber qualquer resposta.

Deitado no sofá, comecei a pensar no desastre que fui naquela noite, "por que estava tão tímido? Aquela garota nunca iria me ligar", disse para mim mesmo.

Meu telefone tocou, número desconhecido, atendi imediatamente.

— Caio? — ouvi a voz de uma garota, logo reconheci de quem era.

— Oi! Sou eu mesmo, o Caio. — respondi completamente nervoso.

— Que bom, sou eu, a Marina, a garota da festa — ela disse, parecendo querer dizer algo além, mas parecia não ter coragem de falar.

— Sobre ontem. — comecei a dizer, mas ela me interrompeu inesperadamente.

— Só sei dançar com você. — Ela deixou escapar, meu coração parecia explodir, eu nunca havia sentido tanta emoção em uma ligação, na verdade nunca havia sentido aquilo em minha vida toda.

— Eu também só sei dançar com você. — falei, sentindo meu rosto corar, ficando cada vez mais vermelho.

— Isso é o que o amor faz? — Ela perguntou.

Eu conseguia imaginar o rosto dela ali na minha frente, me olhando com aqueles olhos grandes.

— Isso é o que o amor faz! — concordei.

Fim

conto baseado na música "Só sei dançar com você "- Tulipa Ruiz

"Conto com selo songfic/romance".

Notas do Autor:

Viva todas as formas de amor!!

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