Ainda é você? | Concluído

De Pletsch_

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As pessoas mudam com o tempo, as vezes sem ao menos perceberem. É o caso de Matthew Martínez e Mary Evans, do... Mais

Introdução
Epigrafe
Capítulo um
Capitulo dois
Capitulo três
Capítulo quatro
Capítulo seis
Capítulo sete
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo cinco

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De Pletsch_

Mary Evans

A vida não é fácil, isso é um fato, e várias coisas ruins acontecem na nossa vida que a torna difícil. Mas às vezes essas coisas ruins podem não ser tão ruins assim. Às vezes essas coisas ruins acontecem conosco para que possamos aprender com elas, amadurecer e também para que possamos reconhecer as coisas boas quando elas baterem em nossa porta.

Pelo menos é o que minha mãe falava. E eu tento acreditar nisso.

Estava em uma vídeo chamada com Anne, mas ela parecia estar distante, mesmo quando falava animada sobre a sua nova amizade. — o que eu confesso que fiquei com um pouco de ciúmes —.

Sua nova amiga era uma garota brasileira que se mudou a pouco tempo para Londres, para morar com seu pai. Pela forma que Anne descrevia ela parecia ser uma garota legal.

— Ela é sarcástica como você, acho que vocês se dariam bem. Mas sei lá, ela parece esconder alguma coisa.

— Qual o nome da garota?

— Eliza. Elizabeth Tudor.

Fiz uma careta. Nome de gente esnobe.

-— Mas agora me fala a verdade: qual é o problema? - perguntei, Anne franziu o cenho.

— Nenhum, a Eliza é ótima, mesmo não parecendo confiar...

— Não. - a interrompi. — Eu sei que ela parece ser muito legal, mas você não parece cem por cento bem. - ela desviou o olhar para suas mãos. — Qual é, Anne, você sabe que pode se abrir comigo.

Ela relutou por alguns segundos, mas enfim falou, ainda sem olhar nos meus olhos.

— Eu estou apaixonada. - abri um sorriso, mas ela me cortou. — Não é recente. Na verdade eu estou apaixonada por ele a cinco anos.

— Uau. - murmurei. — E quem é?

— O irmão da Eliza. Ele já morava aqui, por isso o conheço desde criança, mas ele nunca me notou, então não fique animada.

— Como que ele nunca te notou?! Você é inotavel, garota!

Ela soltou um riso frouxo.

— Essa palavra nem existe!

Revirei os olhos.

— Não interessa. Mas e ai, o que ele fez pra você ficar assim?

— Nada. - ela suspirou. — Na verdade nós estamos nos aproximando mais, fizemos até parte do mesmo grupo.

— Então qual é o problema?

— Quando nosso grupo está reunido, é como se para ele eu não estivesse ali, como se eu não existisse. E quando ele fala comigo, é como se uma barreira estivesse entre a gente. Entende?

Apertei os lábios um no outro.

— Acho que sim. - murmurei.

Ela soltou mais um suspiro, logo se despediu de mim dizendo que a mãe a estava chamando para jantar. Depois de encerrar a ligação, fechei o notebook e rolei na cama de barriga para cima, as mãos espalmadas no meu estômago e o cabelo espalhado pela cama.

Fiquei olhando para o teto branco sem saber o que fazer ou o que pensar. Hoje foi o último dia de aula, amanhã a noite seria o baile dos formandos — o qual eu não compareceria — e depois teria acabado oficialmente o ensino médio.

Minha vida adulta iria começar.

Soltei uma risada nervosa. Isso era completamente apavorante.

Toc, toc. - uma voz veio da porta, seguida de duas batidas leves. Me sentei na cama corretamente e abri um sorriso para o meu pai.

— E ai, pai.

— E ai, minha formanda. - gemi, um som de puro desespero.

— Não fale assim, já estou apavorada o suficiente. - ele soltou uma gargalhada, sentando ao meu lado na cama, colocou um braço por cima dos meus ombros e eu deitei minha cabeça em seu ombro.

— Não precise se preocupar, minha querida. Logo você vai se acostumar com a faculdade e nem vai se lembrar de como é ser uma estudante do ensino médio.

— Eu sei, mas eu não gosto de mudanças.

— Mudanças são necessárias e incontroláveis. Devemos aprender com elas ou continuarmos sempre presos a um passado que não vai mais voltar.

Ele passou a mão pelos meus cabelos.

— E sabe... Viver no passado nunca é bom, para ninguém. Devemos saber seguir em frente.

Me afastei, me endireitando e aproveitando minha deixa.

— Então você está seguindo em frente?

— Bem... - papai começou, estava meio constrangido, o que o deixava fofo. — Eu meio que estou namorando.

— Sério?! - praticamente gritei, ficando de joelhos no colchão enquanto pulava e batia palmas, eu tinha um grande sorriso no rosto. Ele assentiu, agora menos constrangido. - E quando vou conhecê-la?

— Hã... Bem... Na verdade você já a conhece.

Parei de pular na cama na mesma hora e de bater palmas. Inclinei a cabeça para o lado.

— Quem é?

— Rachel Martínez. - falou, meio inseguro.

— É O QUÊ? - gritei, saltando da cama. — A mãe do Matthew?!

— Ela mesma. - ele abriu um sorriso inseguro, levantando e colocando as mãos nos meus ombros, e olhando para os meus olhos. — Mudanças são boas as vezes. – beijou a minha testa e saiu, me deixando de boca aberta.

Me joguei na cama na mesma posição que estava antes do meu pai chegar e jogar essa bomba nuclear aos meus pés e sair como se nada tivesse acontecido.

Meu pai com a mãe de Matthew Martínez. Puta merda.

E esse pensamento fez com que Matthew Martínez invadisse a mente. Matthew junto com seu cabelo castanho ondeado, seus olhos castanhos e seu sorriso. Ah, seu sorriso! Eu amava o sorriso daquele desgraçado.

Fosse o dia mais triste da minha vida, mas se Matt chegasse abrindo aquele sorriso, me abraçando e dizendo que tudo iria ficar bem... Eu acreditaria nele. Porque ele me fazia ficar bem.

Era impossível não ficar bem com o seu sorriso iluminando cada canto de mim.

Meu celular vibrou em cima do criado mudo e eu me estiquei na cama para pega-lo. Matthew, aproveitando a deixa, mandou uma mensagem.

[09:00 PM]
Martinez: Eu sei que você está brava comigo, mas você não vai acreditar no que eu descobri.

[09:01]

Eu: Eu sei do que está acontecendo, e sinceramente não estou acreditando ainda.

[09:01 PM]
Martinez: Que bom pq EU NÃO ESTOU ENTENDENDO NADA.

Martinez: Espera vou te ligar"

— O que?! Não! - gritei para o vazio, me sentando imediatamente.

[09:02 PM]

Eu: O que?! Não!

Matthew me ignorou e me ligou. Fiquei olhando o celular tocando em minha mão, sem coragem para atender. Não deveria o atender, afinal eu estava brava com ele.

A chamada acabou caindo na caixa postal.

[09:05 PM]
Martinez: Se você não me atender eu vou ir até a sua casa. Sabe que já pulei a janela várias vezes...

Bufei. As vezes parecia que Matthew nunca iria crescer. Eu mesma acabei ligando para ele, o mesmo atendeu no segundo toque.

E ai, gatinha? - sua voz soou do outro lado da linha, poderia apostar que ele tinha um sorriso nos lábios.

— O que você quer?

Eu que pergunto, foi você que me ligou.

— Não se faz de sonso, Martínez. - estreitei os olhos, repreendendo-o, mesmo quê ele não pudesse ver.

— Não estou me fazendo.

— Vou desligar. - ameacei.

Não, não, não! Tá, eu paro, gatinha.

— Para de me chamar assim!

— Então pare de ser uma. - Bufei. — Não. Gatinhas fazem miau, e não imitam um cavalo.

Eu tentei segurar uma gargalhada, mas ela acabou escapando mesmo assim.

— Você é um idiota.

Eu sei. Mas se for fazer você rir, então eu não me importo em ser um.

Engoli em seco, mexida com o que ele falou. Matt também ficou em silêncio no outro lado da linha.

— Então... - raspei a garganta. — Você queria falar sobre os nossos pais?

Ah, sim. Cara, como assim eles estão juntos?! Como aconteceu?!

Dei de ombros, mesmo que ele não pudesse ver.

— Eu não faço a mínima ideia. Meu pai só disse que eles estavam juntos e saiu dizendo que "mudanças são boas". – Bufei.

Eu acho que ele está certo. Sobre as mudanças.

— Eu não gosto de mudanças.

Por quê?

— Não sei. - me ajeitei melhor na cama, me cobrindo com um cobertor. — Todas as mudanças que aconteceram na minha vida foram ruins. Nenhuma nunca foi boa.

Mas não é só isso que está te preocupando, não é?

— Eu estou apavorada, Matt. - minha voz saiu trêmula.

Quer falar sobre isso?

Fiquei alguns segundos ainda relutando, se queria mesmo me abrir, e se faria bem para mim.

— Quero. - respondi por fim. Matt ficou em silêncio esperando eu começar a falar no meu tempo. — Eu vou para a faculdade daqui a alguns meses. Vou mudar de cidade, de casa e ter que conviver com pessoas totalmente desconhecidas. Eu tenho medo que dê tudo errado, eu tenho medo de eu não ter ninguém, que nem eu não tenho aqui. A minha vida vai mudar completamente. Vai ser uma mudança drástica. E eu tenho medo de que ela seja mais uma mudança ruim.

Franzi as sobrancelhas. Eu estava mesmo me abrindo com o Matthew? E sem ao menos perceber?

Mas eu não deveria ficar tão surpresa. Sempre foi fácil eu me abrir com ele. Sempre me senti confortável com ele. Matthew não é uma pessoa que fica falando tentando te entender, ou que dá um conselho qualquer. Matthew te escuta quando você quiser falar, ele nunca te pressiona a nada. E depois que você desabafar tudo o que tinha para desabafar, ele irá te abraçar e ficara ali contigo enxugando as tuas lágrimas. Ele não dirá que vai ficar tudo bem quando ele não tiver certeza disso, mas ele fará de tudo para que você fique bem.
Matthew era uma das melhores pessoas que eu já conheci.

Você acabou? - ele perguntou, quando viu que eu fiquei em silêncio muito tempo.

— Sim.

Então eu posso dar um conselho? - o permiti. — Mudanças são necessárias, Angel. Eu sei que pode parecer que não, e que elas podem te machucar no começo ou te assustar, mas são por causa delas que você amadurece. As mudanças ajudam a fazer quem você é.

Mordi forte o lábio inferior.

— Obrigada. - murmurei, depois de um tempo em silêncio.

Pelo quê?

— Por sempre achar uma maneira de me deixar melhor.

Você não deve agradecer.

— Como assim?

Sua voz saiu algumas oitavas mais baixa, quando falou do outro lado da linha:

Você também faz isso pra mim. Inconscientemente.

Sorri, mesmo que ele não pudesse me ver.

— Então estamos quites.

Estamos. - pude sentir o sorriso em sua voz. — Eu tenho que dormir agora.

— Eu também. - falei.

Mas nenhum de nós se despediu. Depois de alguns segundos só ouvindo um a respiração do outro, resolvi quebrar com a tensão, até porque ainda não havia o perdoado.

— Boa noite, Matt.

Boa noite, Angel. - o imaginei sorrindo do outro lado da ligação.

Encerrei a chamada e bloquiei o celular para que não tivéssemos aquele momento de novo.

Depois me ajeitei para dormir pude perceber que ainda tinha um sorriso bobo no rosto. Fechei a cara. Não podia estar sorrindo. Ainda estava brava com ele.

Mas será que estava mesmo?

— Você é um desgraçado, Matthew Martinez. - o xinguei para o vazio, mesmo que ele não estivesse ali para receber o xingamento.

Era impossível odiá-lo. Até porque não podia odiar uma pessoa que eu amava.

Fui dormir frustrada.

Acabei sonhando com um par de olhos castanhos.

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